Concluída a excelente participação dos nossos “Conquistadores” com um 4º lugar que superou as expectativas, permito-me destacar dois nomes que representam a passagem do testemunho duma geração que ficará na história do futebol português como a mais consistente de sempre e aquela que nos colocou entre as melhores selecções do Mundo, para uma outra da qual se espera que consiga dar seguimento ao que até aqui foi feito.
Assim deixo aqui uma vénia a Luís Figo o jogador português mais internacional de sempre que fez uma carreira duma impressionante regularidade e sempre ao mais alto nível, que para a nossa Selecção terminou ontem com um passe mortal que originou o nosso golo.
Figo não terá feito um Mundial brilhante pois a idade já não o permite, mas como sempre, deu tudo o que tinha e ainda foi bastante.
Do outro lado tivemos um Cristiano Ronaldo que com 21 anos suportou uma campanha ignóbil iniciada pelos ingleses à qual os franceses deram seguimento, para ser concluída pelos alemães com beneplácito da FIFA e que levou o público inexplicavelmente a assobiá-lo vá-se lá saber porquê. Tudo isto perante a indiferença dos responsáveis da FPF, Scolari estranhamente incluído, o que só me fez lembrar o que aconteceu em Portugal a Ricardo, quando este resolveu optar pelo Sporting ao mesmo tempo que “roubava” a camisola nº 1 da nossa Selecção a Vítor Baía, sendo alvo de ataques de todo lado perante a apatia dos dirigentes e treinadores leoninos.
Só que Ronaldo é feito da massa dos maiores e não se deixou abater. A cada assobio respondia com dribles, sprints e remates. Frente à França no jogo mais complicado, quase sozinho realizou uma grande exibição à qual só faltou um golo que nos poderia ter levado mais longe e que ele bem mereceu.
Sai no entanto deste torneio mais experiente, mais forte e cada vez mais temido, pronto para assumir definitivamente a herança de Figo.
É verdade que a sua juventude e ansiedade de mostrar serviço, o levou muitas vezes a adornar desnecessariamente os lances ou a ir longe de mais no individualismo, mas isso são pormenores que com o tempo serão naturalmente corrigidos, sem que no entanto seja necessário apagar o virtuosismo que todos nós que gostamos de futebol esperamos que seja aquilo que continua a fazer a diferença no final dos jogos e não os dedos sujos dos “velhadas” da FIFA que continuam a manobrar nos bastidores agarrados como lapas ao poder, á medida que vão asfixiando o jogo e impedindo a sua evolução com a necessária adequação das regras aos novos tempos.
Posto isto um parênteses para Pedro Pauleta que também se despediu da nossa Selecção acabando como o seu melhor marcador de sempre. Não fez um bom torneio limitando-se a um golo, mas como sempre deu tudo e acabou como de costume por ser um pouco injustiçado uma vez que o nosso sistema de jogo também não o favoreceu.
Notas altas também para Ricardo, Miguel, Ricardo Carvalho, Maniche e Simão, enquanto Deco foi a decepção principalmente por aquilo que dele se exige.
Meira e Nuno Valente começaram aos tremeliques mas acabaram ao nível dos melhores.
Paulo Ferreira, Costinha, Petit e Tiago não passaram do aceitável e os restantes pouco ou nada jogaram mas mesmo assim Nuno Gomes merece uma referência pelo seu golo que demonstrou que este jogador merecia estar à frente de Postiga a quem não posso deixar de atribuir uma nota negativa.
Finalmente Scolari, a quem não podem ser retirados os louros desta excelente participação e cujos méritos já todos conhecem, esperemos apenas que seja capaz de perceber que precisamos dum sistema alternativo ao 4x3x3, que deve ser mais trabalhado para podermos ter soluções para superar as Grécias e Francas que nos vão continuar a aparecer pela frente.
De resto a renovação desta equipa está em boas mãos e valores prontos para entrar neste grupo não faltam exceptuando para o lugar de ponta de lança que vai continuar a ser um problema.
Venha o Euro 2008