É agora?

A eleição da actual direcção, foi um verdadeiro soco no estomago. Daqueles que nos fazem passar uma noite em claro e que quando finalmente se consegue fechar os olhos por um par de horas, ao acordarmos desejamos com todas as forças que tenha tudo sido um pesadelo. Não queria acreditar que a um conjunto de pessoas com um comportamento pouco ético numa campanha eleitoral cujo epílogo se tornaria histórico pelas piores razões, várias com responsabilidades, no passado, na decadência desportiva e financeira do Sporting Clube de Portugal, o destino tinha brindado com a honra de gerir este clube.

Para quem se fartou de ver os mesmos rostos à frente do Sporting, a mesma linha de pensamento e sentir o clube e está visceralmente contra toda o polvo criado na defesa dos interesses instalados, naturais quando o poder se prolonga durante o tempo e as figuras do “tachismo”, do “amiguismo” se tornam quase que intrínsecas, a direcção de Godinho Lopes era uma afronta. Um insulto. Acresce a isto um desenlace digno de um filme de terror, proporcionado por estatutos caducos, anti democráticos, a falta de rigor e o amadorismo no processo eleitoral, com resultados pouco esclarecedores e sobre os quais haverá sempre dúvidas, com o novo presidente do Sporting a fugir dos próprios adeptos.

Godinho Lopes sabia que não teria a vida fácil. Sabia, pese um certo conformismo dos Sportinguistas, dos anti corpos que criou no universo verde e branco. Tinha a seu favor, os notáveis e ex notáveis do clube, disseminados pela comunicação social, determinados na sua função de opinion makers em passar a palavra. “União”. Tinha a seu favor também, a prioritização de alguns sectores claqueiros, focados em não perderem os privilégios adquiridos, dos seus interesses enquanto grupo, aos que decorrem de ter opinião própria no que se refere ao clube. Por último, tinha a seu favor, o relacionamento com a banca. Godinho Lopes fazia parte do ADN de gestor de topo que não colocaria em causa, negócios do passado, tão querido pelos banqueiros.

Não é difícil, contudo, no futebol e quando se vive com a emoção, fazer esquecer o passado. As notícias de milhões disponíveis, mesmo sem saber a origem; a vassourada a um plantel com um desempenho desportivo insatisfatório e que como tal, induz a desejos de terra queimada por parte dos adeptos; jogadores novos a chegarem em catadupa, com grande pompa e circunstância; um treinador com competência reconhecida por quase todos… levaram os Sportinguistas aos estádios, novamente. Não só a Alvalade, mas a todo o país. Foi um sinal da força do clube, do amor dos Sportinguistas ao mesmo, que independente das suas convicções em matérias estruturantes, querem sonhar com o sucesso, precisam de sonhar, aliás.

Tenho dito que Godinho Lopes não tinha um plano. Isto não é inteiramente verdade. O presidente do Sporting detectou a sede dos Sportinguistas pela aposta forte em títulos. O seu cansaço por discursos economicistas e de rigor financeiro. Optou, até porque era preciso ganhar eleições, por fazer um brutal investimento no futebol. Tinha luz verde da banca para utilização de linhas de crédito, tinha activos que poderia hipotecar e vender parcelarmente, tinha parceiros para o apoiar nesse investimento. Gastar forte, para colher forte mais tarde. Afinal, em linha com o que muitos queriam. Mesmo os críticos. Ou alguns dos críticos.

Uma intenção, um plano… um “projecto”, contudo, além dos meios financeiros eventualmente disponíveis, precisa dos meios humanos para uma alocação correcta e competente dos recursos. Os investimentos têm que se direccionar para activos que sejam mais valias e realmente necessários, a gestão desses activos tem que ser capaz de os potenciar. No caso do futebol, a orientação técnica, táctica, motivacional dos jogadores tem que ter por suporte, uma estrutura capaz de exigir, exigir com responsabilidade, definindo objectivos e providenciando condições para que os mesmos sejam atingidos. Ora aqui, falhou-se redondamente. Godinho Lopes cometeu o erro de escolher pessoas que não se complementavam e que não tinham capacidade para as suas funções, em vários departamentos “core”. A falta de liderança do presidente, além de nunca ter conseguido aglutinar a equipa por ele escolhida e gerida, desagregou-a. A fogueira de vaidades onde têm ardido os dirigentes foi mais forte, mais uma vez.

Caem os vice presidentes, cai o treinador do “projecto”, caem os homens que seriam as traves mestras do futebol, cai mais um treinador. E mais outro. E mais outro. A equipa de futebol, que teria tido sempre a vida difícil, tal a revolução feita, depois de um período que soube segurar as pontas, foi-se desagregando pois não havia quem lhe desse a mão. O dinheiro começou a faltar e as vendas dos passes dos jogadores, às parcelas, foi-se sucedendo. Venderam-se jogadores importantes por preços irrisórios e em momentos pouco comuns, para um clube que precisa de vender bem. Começaram a ser evidentes os erros de casting na escolha da maior parte dos jogadores, que produziam pouco e eram demasiado caros. A equipa foi perdendo capacidade competitiva até a um ponto pouco visto na história centenária deste clube. Bateu-se no fundo. A intenção, o plano… o “projecto”, falhou em toda a linha. Os investidores exigem o dinheiro que colocaram num clube que desvaloriza activos, a banca, mais uma vez, finca o pé e ordena uma inversão completa de rumo. Mais uma vez, colocou dinheiro nas mãos de um dirigismo pouco capaz e que destrói valor. Mais uma vez, decide um rumo para este clube e exige que este seja cumprido.

E é o que tem feito Godinho Lopes, nestes dias. Por ordem de terceiros. Limpa os destroços de ano meio de disparates.

Que não haja dúvidas, que desde a campanha eleitoral última, que se criaram facções com posições exarcebadas como nunca. A palavra “ódio” encaixa perfeitamente para descrever o extremismo latente. E este divisionismo não se resolve, na minha opinião, pela recorrência a “consensos” que tenham os mesmos intervenientes do nosso dirigismo dos últimos anos ou que tenham sido sempre solidários com gestores que falharam redondamente. Não pode. A capacidade de análise, a vontade para a mesma, o reconhecimento do que foi mal feito e por quem foi feito, a exigência com quem dirige o Sporting, são condições que considero essenciais para quem vier a seguir. Se vier.

Falhou-se tremendamente, durante demasiado tempo. O que provocou uma crise identidade profunda, os tais extremismos, mas também a resignação e o conformismo. Criou-se, por outro lado e também, uma zona de conforto, onde é evidente o desejo que não se levantem ondas, não haja turbulência e posições de força ( não no sentido bélico, mas na natural expressão de convicções fortes ) não são bem vindas, não são desejáveis. Não deixam as pessoas confortáveis.

Sou de opinião que Bruno de Carvalho, certamente com responsabilidades no processo e estando para descobrir o que deseja para o clube nesta fase e quais são as suas soluções, deixou de ser uma opção forte ( partindo do principio que o foi e isto, que como em tudo, é preciso mostrar trabalho e capacidade), para ser uma opção possível e ( ainda muito ) provável. Revejo-me em várias das suas posições, não o escondi. Em várias, por antecipação. Mas assumo que se tornou um ponto forte de discórdia e dos tais extremismos, em parte sem culpa, tão evidente a tentativa de personalização no ex candidato, das posições dos insatisfeitos com o dirigismo do Sporting, que muitos já o eram e convictamente, muito antes de Bruno de Carvalho se ter tornado figura pública. E sabemos, até pelo histórico neste espaço, que essa insatisfação não significa nem significou o apoio, muito menos incondicional ao chamado líder da oposição.

O desejável, para mim, era uma candidatura livre de cumplicidades com os últimos anos do situacionismo. Essas cumplicidades ( por acção e omissão ) com esta fase final da Continuidade, não têm perdão. Lamento, não consigo ver qualquer cabimento nas mesmas. E sem os anti corpos criados pelo Bruno de Carvalho, vários sem ter a mínima responsabilidade, repito. É até onde vai o meu desejo por moderação e consensos. Não deixando cair a necessidade de responsabilização, pelo menos como forma de disciplinar os Sportinguistas, quanto à necessidade de exigir e de não pactuar com gestões muito perto de danosas e que hipotecaram o futuro do clube. Que o subalternizaram e pior, adulteraram os próprios valores do clube.

Estamos perto de um momento histórico do Sporting Clube de Portugal. Graças a um conjunto de sócios, os Sportinguistas têm a possibilidade de mostrar à navegação que não existe mais espaço para a mediocridade, a falta de transparência e de seriedade, neste clube. Que este momento sirva para a mudança e como um alerta para o futuro.

Deixo-vos com um pequeno vídeo de um filme que muitos conhecem. Creio que traduz um pouco a seriedade deste momento para o nosso clube.

Avatar - Jake - THIS IS OUR LAND (Speech) [HQ].flv

@Lion73

Muito Bom artigo :great: :great:

Que os Sportinguistas tenham consciência, coragem e sabedoria, acredito realmente que chegamos a um ponto de ruptura, é o SPORTING que está em jogo.

Se não for agora só vai ser quando os velhos burros que votam nestes abutres há 17 anos morrerem todos :wall: :wall: :wall:
Mas tenho fé que vai ser agora,o Sporting vai voltar a ser nosso :victory:

Excelente artigo.

Tem de ser agora, não à volta a dar.

Muito bom artigo, Lion73.

Oxalá seja agora. Depois ficará ainda mais difícil.

Excelente artigo de opinião.

Gosto particularmente do twist de não ser Bruno de Carvalho a encabeçar uma lista, para não materializar os anti-corpos que esta Direcção semeou por todo o lado.

Se ele não for cabeça-de-lista, boa parte das munições desta direcção fica sem efeito, porque não há arma de arremesso, tudo foi concretizado na figura de BdC, qual “Vale e Azevedo do Sporting”.

Mas isto traz outra questão: se ele não for o cabeça-de-lista, quem será?

Pois.

Excelente analise daquilo que tem sido o mandato de GL.

Depois de um processo eleitoral tudo menos transparente, os Sportiguistas uniram-se em nome do clube. Houve uma forte aposta na vertende desportiva esquecendo por completo o presente e o futuro do clube em termos financeiros. Mas os sócios e os adeptos apoiaram, as assistencias aumentaram e houve uam forte união à volta da equiapa formada.
Depois começou a dança de dirigentes e de treinadores, a continua entrada e saida de jogadores e os pessimos resultados desportivos. Face a n.º records pela negativa quer desportivamente quer financeiramente torna-se impossivel haver a tão paregoada união. Face a um 9º lugar no campeonato ninguem pode estar contente. Os jogadores sairam, os técnicos idem, a equipa directiva também e os maus resultados continuam logo chegou a hora de GL sair.

Quem será o proximo presidente do Sporting logo se verá, alternativas vão ser várias certamente. Mas agora é altura de acabar com mal, agora é altura de GL ir embora. A reabilitação a seu tempo será discutida.

Saudações Leoninas .

Texto realista , verrdadeiro de quem sente o Nosso SPORTING . Concordo a 100% .

Há tempo de agir , e tempo para reflectir . Mas , o Sporting Clube de Portugal é mais que um clube

é , um sentimento , algo que nos transcende …

Vou apenas comentar uns excertos que me parecem fulcrais.

Primeira pergunta: Ligas a necessidade de vencer eleições com a estratégia defendida/delineada na gestão financeira e desportiva. Esperas coisas boas para o Sporting no futuro? Não importa se melhores ou piores que o que existe hoje: mas suficientemente boas para o que o Sporting merece?

Não foram, apenas, alguns dos críticos. Foram praticamente todos. Não sei totalizar as percentagens de votos de GL, BdC e DF. De qualquer forma, esse total será elevadíssimo e representava a aposta numa ideia - a “ambição”, o investimento, a aproximação aos rivais (afinal, a conversa que nos foi presenteada durante todo o mandato de Soares Franco e mesmo durante a candidatura de JEB - o “sermos campeões nos pontos por milhão”, o “termos de nos aproximar dos rivais”, etc.

Os projectos de menor investimento (i.e., sobertudo o mandato de FSF) foram sempre assumidos numa lógica de que era esse investimento que não permitia chegarmos ao nível dos rivais. Nesses projectos, sempre se defendeu que quem gastava mais seria quem ganhava - e que por isso os resultados, para os orçamentos do Sporting, já eram excelentes (e capazes de manter um treinador até ele próprio ser o primeiro a perceber que já não dava nem era por aí).

A oposição do Sporting, nesses tempos, era muito reduzida. Porém, sabia o que queria - e o que queria por exemplo tinha muito pouco a ver com que a oposição de hoje pretende fazer. Diria até que a lógica da oposição desse tempo é perfeitamente oposta à lógica de Bruno Carvalho, que hoje reúne a larga maioria do apoio dos “descontentes” (seria, por exemplo, muito mais coincidente com a lógica que o SAM nos trouxe nas últimas eleições). É uma questão a reflectir.

Porém, os níveis de investimento adequados dependem também da estrutura de activos existente. E é por isso que a questão da “inversão total de rumo” me parece desajustada: os maus resultados levaram a que a estratégia se alterasse de forma profunda, mas a alteração - em si - já me parecia programada. Aliás, a “inversão” dos resultados financeiros era já prometida mesmo num periodo de resultados mais positivos. Creio que foi por isso que foi criada a Equipa B, por exemplo. Mas acho que, quem quer fosse eleito, teria de investir incomparavelmente mais (transferências e salários) nos dois primeiros anos, do que nos seguintes. Por um conjunto de factores: porque a equipa de júniores da temporada passada tinha incomparavelmente mais talentos que a(s) anterior(es), porque muitos dos jovens da formação têm hoje uma experiência que não tinham à data (devido à Equipa B), etc etc.

É por isso que (não procurando justificar nada, mas antes assumir um facto) quem quer que pegasse no Sporting no período pós-JEB teria uma missão muito difícil (muito mais difícil do que pegar no Sporting pós-FSF). Não havia dinheiro em caixa, as receitas estavam hipotecadas, e tinham sido hipotecadas para construir um plantel onde os melhores jogadores (Moutinho e Veloso) deixaram de estar, onde jovens com potencial (Adrien) foram desterrados para Israel, etc.

Pegar num Clube com as receitas hipotecadas e cuja equipa de futebol, por exemplo, tinha para o meio-campo o Pedro Mendes, o Zapater, o Maniche, o André Santos e o Matías Fernandez (vá) exigiria sempre algumas das coisas que hoje são muito criticadas: recorrer a fundos com a “mão estendida”, reformular o plantel (e para isso gastar um valor bastante significativo), etc. BdC falava em 50 M só para contratar jogadores (e a malta toda deliciou-se a fazer plantéis “à FM” com esses 50 M), GL em 100 milhões para contratações, dispensas e pagamento de salários, Pedro Baltazar (apesar do maior rigor financeiro que parecia pretender) em Quaresmas e Adrianos…

Eu não quero um candidato que venha dizer que o que foi feito foi mal feito. Não me chega. E eu não sei exactamente o que pensa o Bruno de Carvalho. À data, terei em atenção. Mas logicamente que se as suas ideias forem as mesmas das últimas eleições, jamais pensarei em votar nele. Por uma simples razão: elas já me pareciam questionáveis à data, hoje o contexto favorece-as ainda menos.

Porque se há coisas que o Sporting não precisa, hoje, são reformulações, sangrias e hipotecamento de activos futuros - tudo coisas que BdC e Inácio defendiam para o futebol do Sporting. Disso já chega, há que aproveitar o que de bom foi conseguido (porque hoje temos um Wolfswinkel quando antes tínhamos um Postiga, porque hoje temos um Carrillo e um Jeffren quando antes tínhamos um Salomão e um Cristiano, porque hoje temos um Adrien, um André Martins, um Rinaudo e um Schaars, quando antes tínhamos um Pedro Mendes, um Maniche, um Zapater e um Matías, etc).

Quanto ao apoio incondicional de que é alvo, eu acho que é óbvio. Quando se acha que os 50 milhões e outras coisas do género são dignas de elogio, ao mesmo tempo que se abrem tópicos onde se fala da hipotecação de receitas futuras pela venda de parte dos direitos económicos dos melhores jogadores…

O desejável, para mim, é que apareça alguém que dificilmente possa ser rotulado ou apelidado, quer de extremista quer de conivente (prefiro isto a “lambuças”).

Alguém que, ao mesmo tempo, elogie o que de bom foi feito (e, já que falamos no futebol, isso significaria por exemplo dizer que o SCP tem neste momento contrato com um conjunto significativo de jogadores - da formação e vindos de fora - com qualidade) e seja capaz de corrigir aquilo que de mal foi feito (essencialmente, a incapacidade de potenciar activos, que resultou sobretudo de uns últimos meses onde se tomaram decisões absurdas na gestão do futebol: a gestão das equipas técnicas em actividade, não só no futebol sénior - mas sobretudo - e as mudanças levadas a cabo na constituição dos jogadores da equipa principal).

Tudo o resto, sendo para muitos fundamental, é para mim acessório. E com acessório não digo que seja mais ou menos ajustado, mais ou menos recomendável: é simplesmente (muito) menos importante - para mim - do que o que falei acima. Até porque o que falei acima pode ser avaliado em critérios mais objectivos que os valores, a promiscuidade com a banca, a influência num Passado menos bom, etc etc.

Mais do que um mandato terrível, tem sido nos últimos meses que se vão sucedendo decisões, na gestão do futebol, que não só não concordo como não compreendo e acho absurdas. Mas há que aproveitar o que (muito ou pouco) de bom foi feito antes. “Cortar” a direito, por mais que se fale em dinastia e prolongamento de uma forma de gerir o Clube, foi o que se fez antes (e o que todos pretendiam fazer). Pelo menos, naquilo que considero “fundamental”.

Hoje, é preciso perceber que se estragou muito do que se mudou até ao Verão passado, e o que que se estragou é demasiado importante para passar ao lado.

GBC:

Mas eu não critico o “investimento”, por si. Mas há mau investimento e bom investimento. Repara que foi GL e os seus que falaram em vassourada ( outros falaram da necessidade de apenas 7, 8 jogadores. Nada de sangrias e revoluções. Reformulações, sim ). Que a fizeram, gastando milhões em rescisões, criando outros tantos em imparidades. Foi esta direcção que contratou 16 jogadores no ano passado. Foi esta direcção que contratou 28?29? jogadores em ano e meio. O “investimento” não significa milhões em custos que não acrescentam valor. E certamente que não significa a contratação de um plantel novo e de todos os custos associados, para poucos meses depois se procederem a mais rescisões de contrato e à necessidade urgente de colocar novamente no mercado, jogadores que não dão e não deram retorno desportivo. Não significava, também, duplicação de custos com o pessoal… principalmente em “pessoal” que não é mais valia, tendo no processo tomado decisões erradas em cima de decisões erradas nas escolhas dos profissionais com responsabilidades em potenciar quem, de facto, podia acrescentar alguma coisa.

E relativamente a esta questão, é disto que falo. Não é o paradigma que está errado, é a sua aplicação e a capacidade para o aplicar. Tal como do tempo de FSF, não era um problema de paradigma.

Eu não quero entrar num campo que passe pela discussão por programas passados, numa realidade que já na altura era má e que agora piorou exponencialmente. Percebo que se pegue numa pequena vertente de um programa, como na altura se fez e fizeram os candidatos, para não se discutir o clube, para descredibilizar uma proposta, para a reduzir a um fundo. Fala-se em hipotecas de activos futuros e tenta-se fazer a comparação da realidade, com o que foi proposto. Mesmo que as diferenças sejam óbvias, no que se refere a activos que já pertenciam no clube… e, mais importante, na transparência da informação e do esclarecimento dos Sportinguistas quanto ao que se propunha. Isso já passou.

Umas notas:

Não é significativo o que tu precisas ( ou eu ), em termos de informação relacionada com o clube. O que o Sporting precisa, sim.

Precisa de ter sócios e adeptos conscientes que a realidade do investimento efectuado por GL, foi totalmente diferente do proposto no seu “programa”.
Precisa de ter sócios e adeptos conscientes que a auditoria efectuada, não corresponde ao que foi prometido.

Precisa de ter sócios e adeptos conscientes que a operação que decorre da fusão, não resolve por si quaisquer problemas com o fair play financeiro e que não resolve em nada a situação financeira do clube.

Precisa de ter sócios e adeptos com consciência dos erros que se cometeram e dos seus autores.

Isto para prevenir mitos como os que verificámos no último escrutínio eleitoral. Que quem provou incompetência, não pode ser visto como competente. Não é uma questão de somenos importância. A informação e a luta contra a intoxicação, ajuda a que façamos melhores escolhas e que erremos menos.

Não fui eu que falei de “lambuças”. Nem a minha referência a cumplicidades, tem a ver com responsabilização, pelo menos em primeiro plano. Nem com divisionismos. Nem desclassificar Sportinguistas ou menoriza-los. Tem a ver com capacidade. É simples. Capacidade para prever maus resultados e de distinguir a competência de quem os gerou. Mesmo antes de os gerar. Quem não teve essa capacidade, errou. E quem erra, porque havia matéria suficiente para percepcionar pelo menos parte deste desastre, de forma tão profunda, não pode gerir este clube. Porque erros de análise desta grandeza, provam incapacidade analítica e daí só posso percepcionar incapacidade executiva.

Quanto ao bom que foi feito… migalhas. Apenas isso. O que eu pretendo é um futuro no Sporting, livre de prisões deste polvo que abraçou este clube, onde o espirito critico não seja considerado um ataque à instituição e seja enquadrável com uma cultura de exigência, que não existe mais.

Por último. Esta gestão é um desastre. E sou favorável pelo fim de quem o originou. Fim enquanto dirigentes, entenda-se. E que se abra uma janela de oportunidade para um futuro melhor, o mais rápido possível. Urgentemente, aliás.

Quase, quase a desistir…

Antes demais parabéns pelo bom artigo, essencialmente pela sua pertinência.
Aparte do apanhado histórico que aqui focaste mas que é do conhecimento da generalidade dos adeptos e que conduziu a uma situação tal que, acima de tudo, reflecte a incompetência dos actuais responsáveis.

Mas aliada a essa incompetência, gera-se um espirito aglutinado pela ideia de que tudo isto mais não é do que um plano premeditado para fazer mal ao clube e aos adeptos em proveito de uma quanta banca e seus comparsas e amigos.
Infelizmente, para mim e sei que para ti, a realidade é bem mais cruel e não existe aqui teorias da conspiração mas apenas a assunção duma total e ineficaz capacidade para gerir uma empresa desportiva com dimensão mítica à escala nacional.
De resto, todos os mesmos bancos sem excepção se deparam com o mesmíssimo problema criado pelos outros dois adversários ainda que o cenário nas actuais circunstancias se encontre mais apaziguado.
Tomara por isso que não fossemos nós um problema para a banca! Saímos todos mais felizes…

Chamo eu a atenção para este aspecto porquê?
Porque o futuro, seja ele qual fôr, do Sporting passa por encontrar uma solução que resolva o problema com os actuais credores, torne o clube desportivamente competitivo e faça renascer uma alma há muito perdida que é e será sempre o oxigénio necessário para fazer respirar este ser vivo imenso que é o Sporting, o clube!
Sucede que aquela que é a alternativa mais óbvia, caso ela ainda se considere viável, é Bruno de Carvalho.
E sabemos todos hoje, em vésperas de assembleia convocada por sócios, que a ideia fundamental é fazer cair a direcção com a intenção de colocar BdC no poder, caso seja esse o seu próprio desejo.
Aquilo que tu aqui tão bem pareceu-me querer chamar a atenção é que ele não conduziu, seja por culpa própria ou alheia, nem se preparou para se tornar essa alternativa tão segura face às necessidades do clube.
Saberás tão bem como eu que a base de apoio de BdC reforça-se essencialmente na insatisfação criada em redor da forma como o Sporting se tornou um clube arredado do sucesso.
E que toda o apoio a um eventual regresso, com grandes chances de sucesso, se baseia numa gestão de expectativas muito válidas mas demasiadamente ambiciosas para o actual estado do clube.
Todo e qualquer discurso mais realista ou todo e qualquer prenuncio de sucesso defraudado conduzirá inevitavelmente a um desmembramento da massa adepta do clube, receio que ainda bem pior que a imensa desmobilização que se verifica actualmente.
Finalmente, independentemente das opiniões mais acaloradas, não é de todo possível viver sem o recurso ao financiamento e credito propocionado pelas instituições financeiras e nunca se poderia viver em ruptura ou em clima de falta de confiança com aqueles que têm o poder de executar o clube, ou o que resta dele, a qualquer altura.
De modo algum quero com as minhas palavras demonstrar que BdC não tenha a capacidade necessária para conduzir correctamente os destinos do clube.
Quero apenas salientar que os riscos sao imensos e a sua absoluta capacidade não está comprovada.
Diria que se tinha imediatamente de se apresentar com argumentos hercúleos sob pena de desfazer o sonho à partida criado.

Gostava que BdC fosse uma solução conduzida de dentro do clube e que não corresse tanto por fora…
Tenho alguns bons anos disto e já vi muita desilusão!

O Sporting precisa sobretudo de não errar mais…
E para isso, todos juntos somos poucos!

Excelente o artigo, mas respondendo à pergunta:

Cada vez tenho mais dúvidas que seja agora…

@pepeu

Longe de mim, presumir que o futuro do Sporting estará livre de ligações, estreitas, com a banca. Muito dificilmente a laboração de qualquer empresa está, ao longo da sua actividade. Muito menos quando falamos de grandes devedores. Que é o caso do Sporting.

Aqui a questão passa pela independência de gestão, através da sustentabilidade do clube e equilíbrio das suas contas e do retorno nos investimentos que faz. Quanto maior o equilíbrio, quando mais retorno der o investimento, maior será essa independência. Ora o Sporting, através de uma gestão desastrosa, está cada vez mais dependente, mesmo no pagamento de despesas correntes. Situação agravada por Godinho Lopes e este, com toda a desfaçatez, usa-a agora como arma de arremesso na luta desesperada pela manutenção do poder.

E, lamento, ao longo destes anos, tenho concluído que o estado actual do clube não deriva só da incompetência. As evidências apontam cada vez mais para uma teia de interesses, onde urge defender o passado de cada um no clube e evitar, a todo o custo, que alguém fora do círculo situacionista tome conta do Sporting. Cada vez mais duvido dos resultados das últimas eleições. Assistimos actualmente ao atropelo descarado da vontade dos sócios. Insultam a inteligência dos adeptos numa estratégia de vitimização e responsabilização de terceiros dos seus próprios erros, da sua própria incompetência. Numa altura em que o bom senso indica o fim obrigatório de um mandato de vergonha, Godinho Lopes e os seus amigos, através de meios jurídicos, de CI´s com todo o estilo de comandadas por um maluco à solta de um hospital psiquiátrico, sem a mínima noção do lugar que lhe cabe, das obrigações que tem enquanto”eleito” pelos sócios, simplesmente borrifando-se para o associativismo e para os resultados do seu próprio trabalho, que perigam a sustentabilidade do clube.

Este tipo de comportamentos, não é de quem é incompetente. É de quem tem uma agenda e quer proteger aquilo que acha que tem que proteger, a todo o custo. Por mais que se envergonhe a imagem do Sporting.

Que ninguém desista!
Que ninguém dê um passo atrás!

Pelo Sporting Clube de Portugal!

Todos à Assembleia!
Pelo menos, vamos saber que fizemos o que estava ao nosso alcance!

Obrigado, caro Lion73, por traduzires por palavras, aquilo que eu sinto. Penitencio-me pelo meu silêncio, nem tanto pela falta de tempo, mas sim por uma forte convicção de “desesperança”, pela ausência de soluções.
No contexto actual, de verdadeiro caos, receio bem que apareça outra figura com estatuto de “salvador da pátria”. Expurgando todas as ervas daninhas que se enraizaram nas últimas décadas, o que sobra? Bruno de Carvalho? Confesso que não seria o meu eleito.
Dadas as circunstâncias, e a sua gravidade, começo a aceitar de bom grado a sugestão de Daniel Sampaio, para a criação de uma comissão de gestão, transitória, até realização de novo acto eleitoral. O poder não pode cair na rua. O poder não pode estar subjugado a claques, nem outros demais interesses. Necessitamos, de momento, de pessoas que não busquem protagonismos, mas sim que colaborem desinteressadamente para reerguer o Sporting, que preparem com tranquilidade, e com tempo, um novo acto eleitoral. Já batemos no fundo, e espero que os sócios tenham disso consciência. Talvez agora estejamos preparados, espero, para podermos avaliar de uma forma mais racional, pretensos candidatos que venham a jogo. Certamente que muitos daqueles que votaram na continuidade, na pretensa estabilidade, hoje em dia se questionam sobre a orientação do seu voto.
Por mim, só tenho a lamentar que de entre o universo leonino, com personalidades de extrema relevância, não apareça nem um a avançar com propostas. Lamento, mas é verdade. Se assim for, feche-se a porta, ou chame-se uma Troika. O paralelismo da desgraça em que o nosso país se encontra, com o estado do nosso clube, é tal, que por vezes essa ideia me vem à cabeça.

Como de costume, as reflexões do @ Lion73 têm o condão de nos fazer pensar, pensar profundamente e sermos movidos à acção.

Um grande texto de um enorme forista, um articulista de eleição e um Enorme Sportinguista.

:clap: :clap: :clap: pela lucidez, pela excelente capacidade de análise, de pôr por palavras aqueles que são os sentimentos de muita gente nesta casa.

O tempo de novas propostas aproxima-se. Mas ainda não chegou. falta pouco. :great:

Um forte abraço, caro Leo. Palavras que não mereço, mas é sempre agradável ler… :mrgreen: :great:

:arrow: :great:

:arrow: :arrow:

:think: