A arte da guerra
Para que não seja mal interpretado:
Não sabendo se os nºs que são apresentados no 1º post deste tópico serão inteiramente corretos, não tenho qualquer dúvida (opinião pessoal) de que o cerne da questão está correto em tudo o que foi escrito e mais que poderá ter ficado por dizer.
Tudo o que se vai passando desde o “ataque à academia” parece comprová-lo.
Posto isto,
Entendendo o sentimento da “necessidade de guerra” ou de expressões como “Quem com ferros mata, com ferros morre”, parece-me que uma das principais razões para que a maioria tenha votado a favor da destituição tenha sido a forma de comunicação e consequentes atitudes. E não me refiro à direção ou ao Bruno de Carvalho. Antes, a todos nós. Não que o conteúdo esteja errado mas porque a maioria dos votantes (ou dos votos!) não se compatibiliza com este discurso. Foi, é, e será isto que os afasta.
Teremos sido vítimas do fervor do nosso Sportinguismo.
A maioria dos 71% não quer guerra. Não quer chatice. Não quer ruído. Não quer problemas. Não quer preocupações. Infelizmente, ou não, é um direito que lhes assiste.
Muitos dos 71% não votaram a favor ou contra a destituição da direção. Votaram no silêncio. Poderão ter sido egoístas mas, votaram na sua dignidade pessoal (instantânea!), na forma mais simples de resolver o problema que lhes transtorna a vida clubística e não nos interesses do Sporting, os reais pelo menos.
Não tendo nada a favor ou contra a pessoa em particular, até o José de Pina, cujo ganha pão no programa “Prolongamento” da TVI24 assentava numa figura algo apalhaçada e barulhenta, em representação do Sporting, disse por altura da AG23 que já só quer é paz no clube.
Vou, humildemente, citar-me: “ipara alguns, o clube do qual se é adepto se assemelhe à chave do automóvel que pomos em cima da mesa como sinal da nossa (suposta!) qualidade de vida(…)[/i]”
Estarão eles certos?!
Sejamos tão cínicos como os outros: não importa se estão certos ou errados. Enquanto sócios pagantes e com direito a voto, o que importa é, se queremos um Sporting diferente do passado, precisamos destes mesmos votos.
E isto dito por alguém que se afasta de gente cínica na sua vida privada…
Alguém acredita que haja um único sócio que - não tendo interesses pessoais e/ou ligações financeiras com o Sporting, ou seja adepto de outro clube - queira um Sporting que não pertença aos sócios havendo outra forma? Eu não acredito!
Fomos “nós” que começámos esta “guerra”? Esta, claramente, não!
Poderemos dizer que quando Bruno de Carvalho afirmou, entre outras coisas, “não comprem mais jornais!, não vejam mais televisão!” afrontou um “poder” mais forte que todos os Sportinguistas desunidos.
Pessoalmente, acho que Bruno de Carvalho, nestas afirmações, prestou um serviço público que deveria estar isento de IVA. A atualidade dos órgão de comunicação social nacionais assim o comprova.
Mais uma vez, a questão não foi o conteúdo, antes a forma, que virou o feitiço contra o feiticeiro.
Sejamos frios e calculistas: a guerra em curso, com Jaime Marta Soares a dar a cara, foi e ainda é brilhante! É de louvar e bater palmas.
Porque teve tanto sucesso? Como conseguiu, na opinião pública, transformar um dos anos de maior glória do Sporting num dos anos mais negros?
Porque se regeu pelas normas e o “parecer bem” da sociedade atual.
Porque enquanto de um lado se falava em estatutos (por muito que os tenham atropelado) do outro se falava em guerra.
Porque estiveram em surdina a elaborar um plano e o puseram em prática de rompante sem que nada o indicasse, o executaram e ainda executam de forma minuciosa e prolongada.
Mestres do crime?! Quem sabe… Talento parece não lhes faltar.
Eu revejo-me nos objetivos da direção destituída: um clube livre, dos sócios para os sócios. Um clube de Portugal e não apenas de futebol.
Uma das principais razões para querer o Bruno Carvalho de volta (visto que a direção destituída já não existe no seu todo para que possa ser reeleita), assenta na forma como a destituição foi promovida - no meu entendimento – ir contra o princípio do clube livre, dos sócios para os sócios: um ato criminoso perpetuado por terceiros, uma demissão em bloco ao estilo golpe de Estado, o diz que não disse de uma demissão, e uma lista de assinaturas que teimou/teima em não aparecer.
Tivesse sido realizada por vontade dos sócios, de forma democrática, justa, transparente e imparcial e nunca estaria a defender a sua reeleição.
Para quem quer o clube de volta, já não importa (neste momento!) discutir de quem foi a culpa por termos chegado aqui.
O que importa é como vamos sair daqui e seguir em frente, se ainda for possível.
E, corrijam-me se estiver errado, continuar na mesma forma parece estar comprovado não produzir resultados. É prazeroso apenas para os militantes que encontram conforto em palavras semelhantes às suas, mas em nada contribui para convencer os outros e defender o Sporting. E, mais uma vez, quer se goste, quer não se goste, precisamos dos votos.
Escrever pela milionésima vez o que de bom a direção destituída fez, que a opinião pública foi manipulada pela comunicação social ou que tudo isto é um ataque ao clube, como resposta a um sócio com opinião divergente parece não produzir efeito. Não me parece que, no ponto em que estamos, seja por falta de informação que o sócio tem a opinião que tem. Pelo menos os que por aqui vão aparecendo.
Crie-se um tópico inamovível e só de leitura “Porque reeleger Bruno de Carvalho” e siga-se em frente. Chega de perder tempo a alimentar animosidades e insultos, post atrás de post.
Se queremos ainda vislumbrar uma possibilidade de ter um Sporting nosso, temos de mudar de estratégia.
Mais do que um exército de militares precisamos de um exército de advogados.
Se a comunicação social lança um boato em forma de notícia, se confundem artigo de opinião com notícia, ou se o artigo de opinião - sendo público - não esteja provido de bases verídicas e irrevogáveis condicionando a opinião pública, temos de obrigar a lei a agir.
Chega de chamar “Laranja” às Tânias. Se elas cometeram uma ilegalidade, exijamos punição. De forma reta, legal e incontornável, num Estado de Direito. Não só calaremos as “Tânias” atuais como tornaremos mais difícil o aparecimento de novas. Mataremos a Laranjeira, por assim dizer…
Se as votações foram alteradas, ou se essa possibilidade existe, deixemos de “chorar sobre o leite derramado” e exijamos alterações, fundadas e profundas, ao método de votação, para que a próxima seja transparente.
Se com estatutos nos retiraram o Sporting, com estatutos o recuperemos e depois os alteremos para que não volte a suceder.
Dividiram-nos para governarem? Juntemo-nos para os desgovernar.
As guerras de hoje são ganhas na pomposidade da democracia. As sangrentas são vis.
Alguns adeptos/sócios, como João Quadros (entre outros), parecem dispor de algumas informações/factos/opiniões importantes, graves até, que, a serem confirmadas, deveriam ser denunciadas.
Que nos juntemos, e o façamos em massa para ter a devida importância.
Se as instâncias nacionais não forem isentas, sigamos para outras. Mas sempre bem fundados e com a razão (o máximo que for possível) do nosso lado, sem nos rendermos à “força bruta” que terá sempre o efeito adverso (comprovado pelo ataque à academia).
Temos de ir à guerra? Infelizmente, sim… Mas com arte! Ou, temo, a batalha já está perdida e, provavelmente, a guerra também o estará…
Numa última nota, exclusivamente de opinião pessoal:
Acreditando que a direção destituída sempre defendeu os interesses do clube, dos seus atletas e funcionários, foi com mágoa que não vi os mesmos defendê-la, defendo o Sporting.
Estando por dentro e sendo isentos, poderiam ter sido a voz mais forte e importante contra o ataque ao Sporting.
A justificação que “não se devem meter”, comigo, “não pega”.
Ou a direção não era tão perfeita como “pintam”, ou prevaleceu o medo de perder o ganha pão em detrimento da defesa dos superiores interesses do Sporting. Não chega dizer uma frase vazia como “Família Sportinguista”…
Enquanto continuarmos a vender a nossa liberdade pelo conforto da nossa vida pessoal, só nos resta dizer uma frase semelhante, e agora antiga, “a culpa é do Sócrates!”…