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No final do Campeonato de Lisboa, Sporting Clube de Portugal e Benfica estavam empatados. No entanto, o Benfica não se conformara com a anulação de um golo no jogo que perdera por 1-2 com o Vitória e apresentou protesto formal junto da Associação de Futebol de Lisboa pretendendo a validação do golo, o que lhe daria mais um ponto e o título. A AFL indeferiu o protesto e procedeu ao agendamento de uma Finalíssima disputada à maior de três, sendo a primeira vez que a prova seria decidida nestes moldes.

Assim, a 14 de Julho de 1919 teve lugar a primeira mão da Finalíssima. A tensão entre os jogadores e adeptos era de tal ordem que se chegava à violência, pelo que Luís Plácido de Sousa, o árbitro nomeado para o primeiro jogo, não compareceu e foi substituído em cima da hora por Carlos Pinto.

O Sporting alinhou com: Quintela; Jorge Vieira e Amadeu Cruz; Caetano, Perdigão e Francisco Stromp; Jaime Gonçalves, Torres Pereira, Jusa e Marcelino, verificando-se ausência de Artur José Pereira, que só chegou depois do intervalo. Na 2ª parte o jogador do Benfica Cândido de Oliveira foi expulso e contra todas as expectativas o Sporting venceu por 1-0, com um golo de Alfredo Perdigão.

A segunda mão da Finalíssima do Campeonato de Lisboa foi jogada no dia 20 de Julho de 1919, no Campo Grande. O Sporting alinhou com: Quintela; Jorge Vieira e Amadeu Cruz; Caetano, Artur José Pereira e Boaventura da Silva; Torres Pereira, Francisco Stromp, Perdigão, Jusa e Marcelino.

O árbitro Luís Plácido de Sousa, que tinha faltado ao primeiro jogo, dirigiu o encontro no qual mais uma vez se registaram episódios de violência. Houve distúrbios entre os espectadores ainda antes do jogo começar, e cenas de pugilato entre os jogadores, que levaram à expulsão de Crespo e de Caetano ainda na 1ª parte, seguindo-se uma invasão ao campo por parte do público, obrigando à intervenção da GNR.

Os ânimos foram serenados e o jogo recomeçou, mas pouco depois Artur Augusto foi expulso devido a uma entrada violenta sobre o guarda redes Quintela. Seguiu-se o golo de Perdigão que levou o Sporting em vantagem para o intervalo.

No início da 2ª parte os Leões chegaram ao 2-0 com um golo de cabeça, e ainda antes de Cândido de Oliveira reduzir 1-2, Jusa terá recebido ordem de expulsão, mas depois de reclamar com o árbitro, acabou por permanecer em campo.

No final viram-se revólveres nas bancadas e os jogadores e dirigentes do Sporting foram apedrejados. Era assim o futebol naquele tempo de grandes convulsões sociais.

Apesar das duas derrotas, o Benfica não desarmou e continuou com os protestos. Segundo consta, foi por pouco que a AFL não voltou atrás e que não deu ao Benfica na secretaria o que não tinha sido conquistado em campo. O Sporting fez saber que se assim fosse decidido, daria o título e a taça ao rival, mas então que não contassem com ele no próximo Campeonato de Lisboa, pois passaria a jogar apenas contra clubes estrangeiros.

Já no fim do Verão a AFL decidiu finalmente rejeitar os protestos dos vermelhos e atribuir em definitivo ao Sporting o merecido título de Campeão de Lisboa da época 1918/19, o segundo da história do Clube.

To-mane 14:20, 21 Julho 2008 (WEST)