Zero pulsações por minuto

Não há muito por onde esconder. Algo se passa no desporto e pouca gente gosta de admitir. Por já ter passado por uma situação que me fez perceber esta fragilidade, qualquer nova ocorrência deste género faz-me repensar sobre tudo o que já pensei e escrevi sobre o assunto. A morte súbita por problemas cardíacos. Desta vez (infeliz a necessidade de ter que escrever em “vezes”), foi João Martins. Um nome que será estranho à grande maioria, se não a totalidade, de quem lerá este post, mas que teve, em tempos, uma promissora carreira.

Com 27 anos, João Martins foi um dos muitos jogadores que saíram das camadas jovens do Sporting do período pré-academia. Da geração de Simão Sabrosa, Caneira e Vargas, pertence a uma das poucas gerações, se não a única, que se pode orgulhar de ter sido campeã nacional em todos os escalões jovens. A nível de selecções, foi internacional sub-16 por seis vezes e um dos melhores momentos da carreira chegou quando assinou um contrato profissional pelo Sporting aos 17 anos. Chegando-se a treinar na equipa principal com Octávio Machado, acabou por seguir a carreira nos escalões secundários. Passando por clubes como Alcochetense, Alcains, Ribeira Brava, Cacém e Oriental, onde jogou na última época, João Martins foi um de muitos (infeliz a necessidade de ter de utilizar muitos!) que viu a sua carreira, e mais que isso, a sua vida acabar de forma precoce. Uma aula de RPM no ginásio acabou por ser o último momento da sua vida.

No ano passado, fiz uma reportagem sobre o eventual aumento deste número de casos e preocupei-me em falar com dois cardiologistas conceituados. Na altura, os dois corroboraram a ideia que os números não eram estatisticamente superiores, apenas eram sujeitos a uma maior mediatização.
Pessoalmente, deixei de acreditar nisto. A ser verdade, deve estar a desenrolar-se uma autência conspiração cósmica de coincidências. Algo se está a passar. Com culpados ou não, vítimas de radiações, má alimentação, má gestão do esforço físico, seja o que fôr, algo se passa e ninguém tem coragem para se chegar à frente e reconhecer que de momento está fora do alcance.

O que nos vale, e é sempre positivo, é que a nova lei de bases permitirá (ou já permite, não sei se já terá sido implementada), a inscrição em ginásios sem atestados médicos. A juntar à incompetência geral dos gabinetes médicos (se é que se pode chamar gabinetes médicos nos clubes amadores e semi-profissionais), caminhamos para um futuro pouco brilhante e sem muita preocupação.

E sobre isto, pouco ou nada há a dizer… e tanto ainda por fazer. Enquanto não se fizer, continua-se a brincar com coisas sérias

Olha eu inscrevi-me num ginasio a cerca de 1 mes, e nem me falaram sequer em atestado medico … mas paguei o seguro :shock:

Olha eu inscrevi-me num ginasio a cerca de 1 mes, e nem me falaram sequer em atestado medico ... mas paguei o seguro :shock:

Já não é necessário dar atestados médicos nos ginásios, vi há ns 2 meses na tv. A mim pediram-me quando entrei mas não dei, “esqueci-me”. :lol:

Triste, muito triste.

Eu nâo vou tanto pro lado da teoria da conspiraçâo “dopica”. Se isso fosse feito estructuralmente haveria mais casos ainda, embora tb a mim me pareça que este tipo de casos aumentou nos ultimos anos.

Penso que a causa será mais a falta de aptidâo natural por parte de alguns jogadores em manter, durante anos, ritmos elevados de preparaçâo e esforço fisico. Ainda assim, suponho que 1 dept. medico esteja em condiçôes de assinalar esse tipo de casos. Se nâo o fazem- e tomam medidas apropriadas- serâo eles tb responsaveis pelas consequencias

Olha eu inscrevi-me num ginasio a cerca de 1 mes, e nem me falaram sequer em atestado medico ... mas paguei o seguro :shock:

Aí considero que o utente é que deve ser responsável por si. Isto acontece porque os atestados no ginásio eram, na sua maioria, papeis passados por médicos amigos. Logo, tem todo o sentido não exigirem o atestado. Quem for responsável e se preocupe realmente vai a um médico, faz exames (como eu tive que fazer à coluna) e verifica se está apto para a prática.