Fui daqueles que quis acreditar na competência do Sá Pinto. Tive a esperança que ele pudesse ter capacidade para colocar esta equipa a jogar um futebol que nos permitisse andar no topo da tabela a chatear o slb e fcp. Chamem-me ingénuo…
Ontem dediquei hora e meia da minha vida para ver o Sporting sem distrações. E hoje resolvi gastar 2 euros e comprar o Record e A Bola para verem o que diziam. Não era difícil adivinhar, mas quis ler na mesma. Sem surpresa dizem o que já sabia e o que todos nós já aqui escrevemos, neste momento esta equipa vale zero, joga zero. O descalabro é tão grande que ao fim de 7 jogos no campeonato, temos menos golos marcados que o Jackson e Éder, e os mesmos de um jogador da Académica (Marinho). Não há memória de uma coisa assim.
Chegamos aqui como? Vamos por de lado a questão directiva. Por muita asneira que o GL faça, ainda não dá treinos. A responsabilidade do pouco futebol que equipa joga é do Ricardo Sá Pinto. Quando ele assumiu o cargo de treinador, herdou uma equipa que tinha princípios de jogo. É verdade que o Domingos não teve sucesso, que em muitos momentos também resolveu inventar (Matias a extremos direito, lembram-se?), mas apesar de tudo ainda o considero um treinador com qualidades. E quando ele saiu a equipa tinha assimilado princípios básicos, fazia movimentações defensivas e ofensivas com algum critério.
O Sá Pinto, quando chegou pegou no trabalho já feito e introduzi-lhe uma novidade. Baixou o bloco defensivo, e passamos a jogar no contra golpe. Foi assim que vencemos o City, Metalist, Benfica, Braga, etc… Mas sempre que fomos obrigados a assumir o jogo correu mal. Setúbal, Gil Vicente e a derrota que era uma premonição do que a aí vinha, final da taça com a Académica.
Iniciamos a nova epoca, e o Sá Pinto quis mudar os seus princípios de jogo, desistiu do bloco baixo, porque valha a verdade em mais 80% dos jogos deste campeonato enfrentamos equipas que se fecham em cima da sua área e obrigam-nos a assumir o jogo. Foi aqui que ele borrou a pintura. Do trabalho que ele fez durante toda uma pré-epoca e grande parte do que já se jogou nesta temporada, vê-se… nada. O Sá Pinto não foi capaz de criar uma única rotina ofensiva, e mesmo a defender somos uma anedota. Os jogadores jogam de forma anárquica, porque nem o treinador sabia o queria. Em resumo um rotundo falhanço.
Entra agora o Vercauteren. O positivo da situação actual e que ele não tem que se preocupar com o que vem de trás, porque não vem nada. Basta dizer aos jogadores para fazerem reset e começarem de novo, porque do passado não se aproveita nada de nada. O negativo é que ele não tem tempo para experiências. Vai ter de confiar nos seus instintos e nas ideias que já terá na cabeça depois do que já pode presenciar. Porque o Sporting precisa de começar a ganhar… ontem.
É uma situação ingrata. Mas acredito que ele olhando para os jogadores que tem à disposição, tem a noção que pior é difícil fazer, porque na realidade é impossível jogar pior que isto.
Se eu estivesse no seu lugar, preocupava-me em primeiro lugar em recuperar a auto-estima dos jogadores: Capel, Schaars, Carrillo, Labyad, Insua, Elias, Adrien, são exemplos de atletas que tem qualidade, já o provaram, e que no meio desta anarquia simplesmente desapareceram em combate. Em seguida definir um modelo de jogo e começar a dar-lhe rotinas. Por fim, ter fé no seu trabalho, porque a empreitada é gigantesca e tem tudo para correr mal. Se ele conseguir que os jogadores o vejam como um líder, é o primeiro passo para ir contra as probabilidades desta aventura correr mal.
Não basta desejar-lhe boa sorte. Porque só a sorte não chega, neste momento temos de apelar ao divino e pedir um milagre para que se salve alguma coisa desta época.