Conseguiria compreender a revolta do atleta…se o treinador do Sporting ( aquando do jogo)…fosse aquele que não contou com os seus serviços.
Sou da opinião que devemos sempre separar uma instituição, das pessoas que realmente detestamos/ou que nos prejudicaram.
Logicamente que nem sempre é fácil, tal é a sede que temos em mostrar que realmente temos valor e que fomos “ignorados”/esquecidos/desprezados.
Mas julgo que em tudo na vida, é necessário ter presente a palavra distância e gratidão.
Devemos ter a capacidade de medir e avaliar quem realmente nos prejudicou/tratou mal.
Caso contrário, facilmente corremos o risco de passarmos por ingratos, mesquinhos e pouco sérios.
Não me refiro apenas ao futebol em particular. Poderíamos tomar o exemplo de um clube ( relação jogador/treinador), mas também de uma empresa (trabalhador/ um outro trabalhador superior hierárquico), ou de uma faculdade ( aluno/ professor), seja o que for.
Entendo a natural satisfação e alegria do Varela em se sentir útil e respeitado no Porto…e sobretudo em fazer tamanha diferença diante da equipa onde ele não teve lugar.
Mas creio que a alegria…assumiu contornos demasiado exagerados.
Já vi diversos festejos em finais da liga dos campeões e campeonatos do mundo…e comparados com toda aquela ejaculação de alegria do Varela…não são nada.
Toda aquela “raiva” e alegria…assume contornos mais peculiares…se “esmiuçarmos” a própria personalidade do atleta.
Mesmo em campo…é um jogador muito reservado, sempre " na dele", onde não se descortina um pingo de maldade.
Dito isto, dizer-se que se tratou de um gesto de raiva ( e que inequivocamente foi) e aceitar o gesto de ânimo leve…não é mais do que abordarmos a questão apenas num plano elegante e excessivamente compreensível.
Independentemente do Paulo Bento ter desprezado o jogador…o Varela ficará a dever eternamente MUITO ao Sporting.
Se hoje está a brilhar no Porto, a muito se deve ao seu trabalho, à sua qualidade, à sua mentalidade, ao seu profissionalismo…e à formação que o Sporting lhe proporcionou.
O facto do P.Bento não ter apostado no jogador…e de não ter sido aproveitado na equipa principal…não apaga todo o trabalho desenvolvido pelos responsáveis da formação do Sporting.
Salvo as ridículas e quase infinitas diferenças, dizer-se que o Porto transformou e tem ajudado o jogador a crescer, não é de todo falso. No entanto, da forma como a comunicação social gosta de “brincar com as palavras”, esta história do Varela…gradualmente faz-me lembrar aquela história em que a comunicação social tenta forçar um Conto que tem o título: Era uma vez um jogador chamado Simão Sabrosa que se fez jogador no Benfica.
Dá a sensação que o Simão foi para o Barcelona por acaso…ou que o Varela era chamado habitualmente às selecções mais jovens por acaso.
Enfim, para não me afastar do tópico:
Se somar o facto de que já nem sequer faziam parte da equipa técnica o Paulo Bento e o Pedro Barbosa ( que salvo erro em conjunto…negligenciaram a qualidade do jogador) ao facto do golo em questão não ter contornos decisivos ou surrealmente importantes…não posso tomar de ânimo leve aquela alegria (quase) “à Adebayor”.
Para mim, não foi correcto com a instituição e os adeptos que o viram crescer.
Logicamente que não estou com isto a dizer que o jogador não pode festejar como bem entender.
Naturalmente que pode. Tem esse direito.
Agora que não me venham com a ideia que o Varela é Sportinguista.
Sportinguista sou eu, és tu e todos nós.
Ou então, a palavra Sportinguista, ( tal como a palavra: amigo) anda muito barata.
Nota final: A título de exemplo, quando o Carlos Martins marcou o golo da vitória na final da taça da Liga do ano passado…apesar de me ter metido um nojo do tamanho do mundo…consigo compreender a raiva do jogador, devido à tensão que existia entre o jogador e o Paulo Bento.
Também consigo compreender a raiva do Quaresma quando marcou um golo em Alvalade, uma vez que o rapaz nunca havia dito nada de mal em torno do Sporting…e quase todo o estádio, sempre que ele tocava na bola, assobiavam-no violentamente e chamavam-lhe de filho da p***.
Neste exemplo, entendo a alegria e gozo ( muito longeeeeeeeeeeeeee de todo aquele festival do Varela)