"Um suicídio no trabalho é uma mensagem brutal"

OK. E qual a tua opinião sobre o assunto (deves ter uma, para teres decidido abrir um tópico)?

Peço desculpa, era para por aqui esta entrevista há algum tempo, mas há bocado resolvi po-la aqui à pressa, e entretanto saí, só voltei agora. De facto o tópico com a noticia caído aqui de para-quedas parece despropositado. Mas não deixa de ser uma entrevista muito interessante e dentro da linha de muitas outras que têm tido direito a tópico próprio.

Obviamente que posso dar o mote e começar por dar a minha opinião.
Então basicamente aquilo que me impressionou nesta entrevista foi o facto de ter percebido um fenómeno que desconhecia, mas que acaba por não me surpreender. Pessoalmente nunca verdadeiramente tive contacto com essas técnicas empresariais, mas parece-me que estas são um sintoma de uma sociedade doente. Trata-se da verdadeira desumanização do trabalho, no quebrar de todos os laços sociais dentro do espaço do trabalho.

No fundo, estamos perante um resultado (no mundo laboral) de uma sociedade em que o modelo económico ultra-liberal. Isto começa a reflectir-se no local de trabalho e a ter repercursões preversas na vida das pessoas. Além de um modelo económico que se baseia na competitividade entre entidades colectivas e mesmo individuais, neste momento colocam-se os próprios trabalhadores em competição feroz entre si, sem que para isso tenham qualquer contrapartida tipica do mundo capitalista.

É verdadeiramente assustador, totalitário e esmagador!

Esta reportagem é muito reveladora da realidade do mundo laboral, onde tudo vale para validar metas irrealistas, baseadas em taxas de crescimento de margens de lucros expressas em progressões geométricas.

E perante a diluição das normas laborais, o aniquilamento e combate aos sindicatos por parte do Estado, o trabalhador é esmagado sem apelo nem agravo. Essa realidade assume maior destaque quando se comparam os níveis de desigualdade social (Portugal é o 3.º país mais desigual no Mundo - Newsweek) e taxas de sindicalizados entre, por exemplo, o nosso país e os países nórdicos: uns registam as maiores taxas de sindicalizados e menor nível de desigualdade, outros com taxas de sindicalização mínimas, as desigualdades sociais não cessam de crescer.

Muito oportuno este post, 1984. :clap: