Aproveito para vir comentar o tal jogo que o Coração de Leão já falou resumidamente, o tal Sporting-União de Leiria que acabava por ser um verdadeiro cheque-mate em três tabuleiros.
O jogo realizou-se no dia de 1 de Junho de 1980, era o dia Mundial da Criança mas o Sporting comportou-se como um homenzinho. O FCP liderava o Campeonato até duas jornadas do fim. Com a escorregadela dos dragões foi a vez do Sporting assumir o trono, embora á entrada para a ultima jornada as equipas tivessem os mesmos pontos, neste caso 50 pontos respectivamente. O Sporting recebia em casa o União de Leiria e o FCP teria de se deslocar até Espinho. Naquela tarde de domingo, o Campeonato jogava-se então em dois tabuleiros. Os primeiros a festejar um golo acabaram por ser os de Espinho, com um golo madrugador, logo aos 3 minutos e não era preciso ser nenhum craque a matmática para perceber que com estes dois resultados o Sporting era Campeão. 60 mil adeptos do Sporting explodiram de alegria aquando do golo do Espinho. No entanto, o FCP não era de todo uma má equipa por isso apenas cabia ao Sporting assegurar o seu jogo e mais tarde quem sabe inclusivamente aproveitar o deslize dos dragões.
O golo que era tão ansiado acabou mesmo por chegar através dos pés de Manuel Fernandes aos 28 minutos, pondo assim fim ao jogo lento e nervoso por parte do Sporting até à altura. Havia apenas mais um tabuleiro em disputa que era o Jordão. Á partida para a ultima jornada era o segundo melhor marcador da Liga com 29 golos, apenas menos um que Nené. Ora, o tal terceiro tabuleiro jogava-se no Funchal, com o benfica a defrontar o Maritimo mas o que é certo, é que os minutos passavam e o Nené não marcava. Quase garantido o titulo de Campeão, competia aos jogadores do Sporting “empurrar” Jordão para o quadro de Honra dos melhores marcadores. E isso acabou mesmo por acontecer com um primeiro golo a ser marcado aos 37 minutos. Os minutos no Funchal passavam e o Nené acabou mesmo por ficar em branco. Os adeptos do Sporting apercebendo-se disso mesmo e sabendo que só precisava de mais um golo, tambem eles tentaram dar um “empurrão” a Jordão mas as coisas não pareciam estar bem encaminhadas. Até que a 180 segundos do fim da partida, através de um passe mortifero de Manuel Fernandes, Jordão dribla com muita classe Figueiredo, entra na área adversário e remata cruzado. Naquele momento, o Estádio congelou e após um momento kit-kat, nem o poste conseguiu evitar que a bola entrasse. Jordão começava então a construir a “ourivesaria” com a segunda bola de Prata. Já estava tudo feliz da vida e extremamente entusiasmados, quando soltaram uma gargalhada geral depois de saber que o Espinho tinha acabado de marcar mais um golo ao FCP.
Faziamos então cheque-mate em três tabuleiros. Este dia acabou por ser um dia Santo para o Sporting, que para além do Titulo de Campeão e da Bola de Prata para Jordão, conseguiu tambem festejar o primeiro lugar no campeonato de Andebol, Ténis de Mesa, Futebol Juvenil e a Taça de Portugal de Basquetebol.
Uma curiosidade revelada por Manuel Fernandes:
“…Já agora vou comentar aqui uma coisa que nunca contei a ninguém. No final do jogo, num recanto do balneário, o Jordão chamou-me e comovido, ofereceu-me a sua camisola. Disse-me ’ Está aqui, é para ti, tu é que mereces a Bola de Prata que eu ganhei ’ Nunca contámos a ninguém! O Jordão não gosta que estas coisas se saibam. É uma pessoa com um feitio muito especial mas é um homem sério, muito vertical e muito amigo. Ainda hoje, tenho a camisola dele guardada na minha sala ao pé dos meus troféus mais valiosos. São coisas que nunca se esqueçem”
Agora uma coisa, Tomané o relato que ouviste na altura era proferido pelo Ribeiro Cristóvão? É que ele fez algumas declarações á cerca do tal relato:
“Foi o relato mais emotivo que fiz em Alvalade. Fiz esse relato com o meu inseparável amigo, Alves dos Santos, e lembro-me de termos comemorado efusivamente esse titulo para o Sporting”
