Um pouco de história (6) de 1966 a 1973

Estávamos em 1966 mas já se davam tiros nos pés, o Sporting começava a transformar-se num cemitério de treinadores. Assim Otto Glória sai apesar de ter sido Campeão e de ser um técnico revolucionário para a época, e surpreendentemente o seu sucessor não é Juca, com quem formava uma dupla vencedora e que em 62 com 33 anos se tinha tornado no treinador mais jovem de sempre a ser Campeão.

A aposta no espanhol Fernando Argila foi desastrosa. O Sporting é afastado categoricamente na 1ª eliminatória da TCE pelos húngaros do Vasas de Budapeste e teve idêntico destino na Taça frente ao FCP. O campeonato não foi melhor e acabou com um 4º lugar apesar da entrada para o comando da equipa em Fevereiro do histórico Armando Ferreira, que nos anos 40 enquanto jogador tinha sido 5 vezes Campeão e vencedor de 3 Taças de Portugal, para depois ser Seleccionador Nacional em 1960.

Na temporada seguinte o Sporting escolhe Fernando Caiado um discípulo de Bella Gutmam. A época começa bem, a equipa afasta o Brugge da Bélgica e a Fiorentina de Itália da Taça UEFA. Ao virar do ano ganha 3-1 ao Benfica e vai à frente do Campeonato, mas não aguenta a pedalada. Em Janeiro caí aos pés do Vitoria de Setúbal na 2ª eliminatória da Taça, e numa noite de temporal na Suiça, perde por 3-0 com o Zurique não conseguindo virar a eliminatória em Alvalade, onde ganha por um magro 1-0, sendo assim surpreendentemente afastada da Taça UEFA. No Campeonato acaba em 2º lugar.

Caiado continua mas já sem grande espaço, ainda consegue eliminar o Valência da Taça UEFA no Mestalla, com um golo no prolongamento que desempata os 4-0 com que os espanhóis tinham respondido a idêntico resultado em Alvalade, mas na 2ª eliminatória o Sporting sucumbe perante os ingleses do Newcaste e no Campeonato vai de mal a pior. Em Janeiro Armando Ferreira volta a ser chamado agora para fazer dupla com Mário Lino. Tarde de mais para evitar um modesto 5º lugar no campeonato, ao qual se junta a eliminação nas meias-finais da Taça frente à Académica.

Em 69/70 inicia-se um novo ciclo agora sob o comando de Fernando Vaz, que já tinha sido Campeão pelo Sporting em 48/49 como adjunto de Cândido Oliveira, a renovação estava em curso. Históricos como Carvalho, Alexandre Batista, Hilário, Fernando Mendes, Morais, Figueiredo e Osvaldo Silva iam saindo à medida que entravam jogadores como Peres e Caló em 65, Damas e Gonçalves em 66, Marinho em 67, Chico e Bastos em 68, Manaca Nelson e Dinis em 69, Tomé e Larangeira em 70 Yazalde e Wagner em 71 Alhinho, Fraguito e Carlos Pereira em 72 e Baltazar em 73.

O Sporting voltava a ter uma equipa muito forte e nesta época sagra-se Campeão pela 13ª vez, mas perde a Final da Taça. Na Taça UEFA novamente um carrasco inglês na 2ª ronda, desta vez o Arsenal depois de afastados os austríacos do Linzer.

Em 70-71 o Sporting volta à TCE e depois de afastar os modestos malteses do Floriana, prova a primeira dose da maldição alemã que ainda hoje dura, frente ao Carl Zeiss Jena numa eliminatória cheia de azares que meteu um apagão e três bolas à barra. O campeonato é discutido ombro a ombro já com muita polémica à volta da arbitragem e o Sporting termina em 2º lugar depois de ter ganho a Taça dos Emigrantes, derrotando o Benfica por 3-1 em Paris, vitória que repetiria, desta vez por 4-1 na final da Taça de Portugal, a 7ª ganha pelo Sporting, numa edição onde estabeleceu uma goleada recorde, 21-0 frente ao Mindelense.

Em 71-72 na Taça das Taças depois de eliminar os noruegueses do Lyn Oslo, o Sporting é afastado pelo Glasgow Rangers, outra vez na 2ª ronda, já com o sistema dos golos fora a decidir, no célebre jogo em que Damas defendeu os penaltis todos que afinal já não eram necessários.
No Campeonato o Sporting acaba em 3º lugar e perde a final da Taça. Fernando Vaz não resiste aos maus resultados e sai em lamentável litigio com a Direcção, é Mário Lino que acaba a época.

Chegava o inglês Ronnie Allen mas a temporada de 72/73 é um desastre. Começa com uma humilhante eliminação da Taça das Taças com uma goleada frente aos escoceses do Hibernian, depois duma vitória por 2-0 em Alvalade. Em Portugal o peso dos árbitros continua a fazer-se sentir e a revolta sportinguista manifesta-se com uma invasão de campo num jogo com o Leixões. O Estádio José Alvalade é interdito por 9 jogos e o Sporting acaba o Campeonato em 5º lugar.
A época termina com Mário Lino novamente no comando, desta vez a tempo de ganhar a 8ª Taça de Portugal do Sporting derrotando o Vitória de Setúbal por 3-2 o que lhe valeria o lugar de Técnico principal para a temporada seguinte.

Nas modalidades o Atletismo continua em destaque, já com Carlos Lopes e Fernando Mamede a estabelecerem os seus primeiros recordes. Mas é no Ciclismo que nesta altura aparece o mítico Joaquim Agostinho que entre 68 e 73 representou o Sporting, para logo no seu primeiro ano de profissional ganhar a Volta a São Paulo e ser Campeão Nacional de Fundo, no primeiro de seis títulos consecutivos, e 2º classificado na Volta a Portugal, que ganharia por quatro vezes de 70 a 73, embora nesta ultima tenha sido desclassificado devido aos habituais problemas de doping. A sua classe leva-o a equipas estrangeiras, mas depois de um 2º lugar na Vuelta de 74, regressa em 75 quando o Sporting aposta forte na modalidade mas sem grande sucesso, o que o leva a sair de novo porque o seu lugar era no Tour entre os melhores do mundo, onde em doze participações ficou oito vezes nos dez primeiros, entre as quais estão dois 3º lugares.

HILÀRIO

O melhor defesa esquerdo da história do futebol português, 39 vezes internacional, 3 vezes Campeão Nacional, vencedor de 2 Taças de Portugal e da Taça das Taças onde falhou a final devido a uma lesão grave

JOSÉ CARLOS

Um grande Capitão do Sporting saudado pelos portugueses de Paris com a Taça dos Emigrantes na mão.
36 vezes internacional, presente na campanha do Mundial 66. 3 vezes Campeão e outras tantas vencedor da Taça de Portugal e Vencedor da Taça das Taças

VITOR DAMAS

Um dos melhores guarda-redes de sempre, defendeu as balizas do Sporting entre 1966/75 e 84/89. 29 vezes internacional, 2 vezes Campeão e 3 vezes vencedor da Taça de Portugal

CAMPEÕES 69/70

Em baixo: Gonçalves, Chico, Lourenço, Dani, Marinho, Peres, Nelson, Dinis e Alexandre Batista;
Em cima: Manuel Marques (massagista) Manaca, Pedras, Caló, Carvalho, Fernando Vaz (treinador), Pedro Gomes, Hilário, Celestino, Morais, José Carlos e Damas

FERNANDO VAZ

JOAQUIM AGOSTINHO

Cá irei contribuir mais uma vez para este tópico com alguma informação, não muita mas alguma.

Em 3 de Novembro de 1971, deu-se então o tal jogo esperado por muitos Sportinguitas. O confronto colocaria duas equipas em campo, o Sporting e o Glasgow Rangers. O Sporting até tinha conquistado um bom resultado fora, perdendo por 3-2 e por isso o resultado alimentava legitimas esperanças de sucesso. Outra coisa não esperavam os 40 mil espectadores que fizeram profissão de fé em Alvalade. O jogo terminaria no tempo regulamentar com o mesmo 3-2 do outro jogo, embora desta vez fosse favorável ao Sporting.

A eliminatória estava então empatada e o jogo prosseguiu para prolongamento onde se marcou mais um golo para cada lado, colocando o jogo com um 4-3 final. Ora naquela altura já vigorava a regra do golo fora vale por dois mas mesmo assim o arbitro entendeu que o jogo continuava empatado e resolveu desempatá-lo através das grandes penalidades. Ora, foi aqui que entrou o génio Vitor Damas que defendeu todas os penaltys e deixou então os Sportinguistas contentes e eufóricos de tanta alegria, até que quando estavam já a regressar ao balneário, aparece no relvado Willie Wadell, manager Escocês, de regulamento em punho afirmando que tinha havido um grande erro. O Sporting ainda tentou protestar o jogo, alegando a danos de ordem moral, material e desportiva mas a Uefa não concordou e acabamos mesmo por ser eliminados. Para a historia fica esse tal arbitro de seu nome Van Ravens, que cometeu esse erro grosseiro.

Aqui ficam as declarações de Damas, o teórico heroi dessa partida devido ás suas defesas que acabaram por não valer de nada:

" Fui para a baliza, estava inspirado! Defendi os penalties todos, deixando assim todo o Estádio a vibrar. Saí do jogo como um heroi, as pessoas abandonaram o Estádio convencidas que o Sporting tinha passado a eliminatória. Até que o delegado da Uefa, que era o senhor Lacerda, por acaso também vice-Presidente da Federação, que descobriu tudo e emendou o erro. O dito senhor Lacerda, entrou no nosso balneário a seguir ao jogo e disse-nos ’ Isto foi tudo muito giro, vocês foram fantásticos, mas não valeu de nada, porque em caso de empate no prolongamento os golos marcados fora valem a dobrar '. Naquele tempo as noticias não circulavam tão rapidamente e os adeptos Sportinguistas apenas souberam que o Sporting tinha sido eliminado no dia seguinte, graças aos Jornais"

Enfim, mais uma vez (mesmo que tenha sido há muitos anos), só ao Sporting :?

Enfim, mais uma vez (mesmo que tenha sido há muitos anos), só ao Sporting :?

Tenho a impressão que esse foi o primeiro ano em que vigorou a regra dos golos fora e dos desempates por penalties. Até aí, jogavam-se partidas de desempate em campo neutro até haver um vencedor.

Assim e por causa das tosses, ficou escrito que, a partir daí, tínhamos de perder todas os desempates de penaties em que entrassemos, não interessando para nada que antes disse fizessemos grandes jogas - mandamento que geração após geração, as equipas do Sporting vão cumprindo com uma devoção. :frowning:

Os mexicanos têm um ditado em que dizem que Deus vive na fronteira entre o México e os EUA - com as costas voltadas para o México. Tenho uma teoria parecida para a 2ª circular… :frowning:

…esta noite tiveste outra prova.

Aproveito para revelar uma curiosidade á cerca do Artur Agostinho que possivelmente alguns já terão ouvido falar mas para aqueles que não conheciam esta história, eu terei todo o prazer de comentar.

Como todos sabem o Joaquim Agostinho foi sem duvida o melhor ciclista Português de todos os tempos e estava absolutamente imparável. A 32ª Edição da Volta a Portugal ficou na história do Ciclismo Português e na memória de Alvalade. Estreou-se no Tour com vitórias em duas etapas e um brilhante oitavo lugar na geral. A Volta daquele ano seria para confirmar, com uma vitória, a época que deixou os especialistas Mundiais na roda do Agostinho. Para aguçar ainda mais a euforia e entusiasmo dos adeptos Sportinguistas, a apoteótica consagração estava marcada para Alvalade. Não podia ser melhor!

Segundo reza a história, Agostinho como sempre comportou-se como um verdadeiro relógio Suiço, muito certinho. Entrou em Alvalada extremamente contente, arrancando o publico das bancadas e chamando os aplausos da multidão. Era o primeiro e terminou em primeiro! A hisória não podia ser mais bela se terminasse mas aqui não terminou. Apenas duas palavras, ou melhor palavrões haveriam de mudar o curso dos sorrisos naquela tarde: anfetamina e metilanfetamina. Eram dois estimulantes em voga no ciclismo Internacional de então e literalmente proibidos pelas entidades oficiais que foram detectados nas análises de urina de Artur Agostinho. Isto acabou mesmo por custar-lhe o titulo.

O melhor ciclista de todos os tempos apressou-se em desmentir tudo: " É uma intriga para dar cabo de mim!". Nesta altura, correram várias versões, diziam os criticos que tinha sido uma troca de frascos ou, ainda mais requintado, um estranho Sumol que Agostinho bebeu quando chegou a Alvalade. “Não sei quem mo deu, só sei que tinha um sabor estranho”, disse o ciclista aumentando ainda mais as suspeitas. No dia a seguinte, a Sumol tratou de publicar um comunicado de seis pontos nos jornais, que rematava a defesa da marca com uma frase escrita a bold: “Sumol é realmente um «doping» mas…DE SAÚDE”
Alves Barbosa foi sentado no banco dos réus. Houve quem dissesse que a televisão teria projectado o filme na etapa final, em movimento lento, através do qual se concluia que Alves Barbosa dava a Agostinho uma garrafa de refrigerante onde estaria a droga, o problema é apenas este e isto alguma pessoas podem não saber “Nesse dia e nessa hora estava a 200 quilómetros de Lisboa, em Montemor”

Ninguem acreditava nesta historia do Doping e Maria de Lurdes, ex-telefonista do Sporting afirmou que “…Todos reclamavam contra aquilo. Até enfermeiras ligavam com supostas explicações ’ Ó minha senhora, é tão facil introduzir o doping na urina…’ , diziam elas”

Deixo assim á simples opinião de cada um :wink:

Tou a ver que tens o livro das 100 historias, ou lá como se chama!! :lol:

Tou a ver que tens o livro das 100 historias, ou lá como se chama!! :lol:

Não diz quantas histórias tem mas o livro chama-se “Estórias d´Alvalade”.

Ofereceram-me aqui há uns tempos e tem coisas bastante interessantes.

Tou a ver que tens o livro das 100 historias, ou lá como se chama!! :lol:

Deve ser o Estórias d’Alvalade. Também tenho, muito bom.

PS: ups :oops:

Tou a ver que tens o livro das 100 historias, ou lá como se chama!! :lol:

Não diz quantas histórias tem mas o livro chama-se “Estórias d´Alvalade”.

Ofereceram-me aqui há uns tempos e tem coisas bastante interessantes.

É esse exactamente, os textos pareciam-me conhecidos… 8)

Também tenho esse livro.

BESSONE BASTO

Bessone Basto nos anos 60 é figura da natação nacional, sagrando-se Campeão em quase todas as distâncias e estilos.

Soma 37 internacionalizações, representando Portugal no Europeu de Leipzig, em 1961, e nas Olimpíadas de Tóquio, em 1964.

É o atleta mais ecléctico e premiado do desporto português. Bessone Basto guarda mais de 1500 medalhas e troféus ganhos em provas de diversas modalidades desportivas, a par de distinções como a Medalha de Mérito Desportivo e a Medalha de Amizade do Comité Olímpico Português

Na mesma década de 60 passa a praticar andebol e a paixão que dedica às coisas torna-o num jogador de sucesso. Sagra-se vencedor de sete Campeonatos Nacionais e três Taças de Portugal na baliza dos «leões». Representa a selecção de Andebol 45 vezes.

A pesca submarina é outra modalidade em que Bessone Basto se distingue. É 15 vezes internacional e ganha três Campeonatos Nacionais individuais, dois em duplas e dez por equipas. Internacionalmente, alcança o sétimo lugar no Mundial 75, no Peru, e o segundo no Mundo Submerso 76.

Pólo Aquático, Rugby, Judo, Karaté, Basquetebol, Ténis e Ténis de mesa são outras modalidades em que participa, numa vida inteiramente consagrada ao desporto.

Dirige a secção de actividades subaquáticas do Sporting há mais de uma quinzena de anos, cheios de sucessos (conquista de inúmeros títulos na modalidade de caça submarina), e de vez em quando ainda mergulha em aventuras que o levam a passar seis e sete horas dentro de água

ARMANDO FERREIRA


O Capitão José Carlos recebe a Taça de Portugal 70/71