Um pouco de história (11) de 1995 a 2000

Seis anos depois de ter sido entusiasticamente eleito pelos sportinguistas Sousa Cintra cansado com uma imagem já muito desgastada, abdicava da Presidência do Sporting, também ele rendido aos novos ideais do chamado “Projecto Roquete” cujo mentor é o neto de José Alvalade. Era o regresso do Clube ás suas origens elitistas.

O Projecto Roquete assentava em três traves mestras a saber:
-A construção dum estádio novo que se pagaria a si próprio e seria sustentado pela sua envolvente de espaços comerciais.
-A aposta forte na formação com a construção dum Centro de Estágio que servisse não apenas o futebol profissional, mas também como uma fabrica de talentos que deviam alimentar a equipa e gerar mais valias.
-A constituição duma SAD como instrumento fundamental para uma gestão rigorosa e profissional, ao mesmo tempo que pretendia ser a locomotiva que obrigaria o futebol português a entrar no caminho do rigor e da transparência.

Mas nem tudo correu como Roquete tinha planeado, em parte porque o “projecto” assentava em alguns pressupostos errados, nomeadamente em relação ao Estádio e à sua envolvente comercial e principalmente no que diz respeito ás resistências ás mudanças previstas, para além disso esqueceu-se de que o mais importante era o futebol e disso ele não percebia nada e nem se queria meter em tal coisa, por isso ficou no Conselho Fiscal e pagou do seu bolso a Santana Lopes para ocupar a Presidência, cometendo aqui o seu primeiro grande erro.

O primeiro passo do novo Presidente após a conquista da Taça de Portugal foi convencer Queirós a ficar no Sporting, numa altura em que o Professor já tinha anunciado a sua saída. O sucesso da missão é publicitado com pompa num hotel do Porto, mas mais tarde o Santana Lopes confessaria que nunca tinha sido grande entusiasta desta decisão, pois preferia o brasileiro Paulo Autuori, no entanto na altura o Professor reunia um apoio bastante alargado junto dos sportinguistas.

A verdade é que Santana tem um ego enorme e sempre sentiu uma grande necessidade de protagonismo e rapidamente entrou em choque com as imposições do técnico, que queria ter poder total na área do futebol. O episódio da contratação do internacional irlandês Nial Quinn, que andou a passear no Cais do Sodré com o Presidente, para depois ser vetado pelo treinador, deixou marcar insanáveis entre os dois responsáveis, agravadas pelo facto de Queirós ter exigido um contentor de contratações, a maior parte das quais mal sucedidas, escapando apenas Pedro Barbosa e o jovem Vidigal.

O Campeonato começa mal com uma derrota nas Antas e um empate em casa com o Boavista, mas depois a equipa acerta o passo e chega ao final da 1ª volta em 2º lugar, com esses 5 pontos de atraso para o FCP. Pelo caminho já tinha ficado a Taça das Taças, depois duma 1ª eliminatória tranquilamente superada perante os israelitas do Macabbi Haifa, o Sporting voltou a ser eliminado por uma equipa austríaca, na circunstancia o Rapid Viena, e tal como dois anos antes num prolongamento depois de invertidos os 2-0 da 1ª mão.

A 2ª volta começa com três derrotas consecutivas a primeira das quais frente ao FCP de Robson, que sorri novamente em Alvalade, e o campeonato passa a ser uma miragem. Santana aguarda apenas o jogo da Luz que termina 0-0 e despede Queirós. O histórico Fernando Mendes pega na equipa mas depois de 3 empates em quatro jogos, é contratado Octávio Machado jogador e adjunto durante muitos anos no FCP. Segundo Santana Lopes ele passaria a ser a trave mestra do grupo, independentemente de quem fosse o treinador principal.

Já era tarde para evitar o 3º lugar, mas Octávio empata nas Antas para a Taça e ganha o desempate em Alvalade e a finalíssima da Supertaça em Paris por 3-0, quebrando assim o enguiço de Queirós que nunca conseguiu ganhar ao Porto de Robson, mas perde a Final da Taça de Portugal onde o Sporting chegou como favorito. A essa derrota por 3-1 junta-se mais uma tragédia, um adepto morre em plena bancada do Jamor assassinado por um very-ligth atirado pela claque do Benfica.

Entretanto Santana Lopes que tinha prometido manter-se afastado da política enquanto estivesse no Sporting, mas não resistiu ao apelo dum Congresso do seu Partido e lá foi na sua eterna ânsia de protagonismo. Não ganhou nada e acabou despedido por Roquete, que assumiu finalmente a Presidência, delegando o futebol no seu amigo Simões Almeida, outra escolha precipitada de um homem que falava de mais e que também nada percebia de futebol, e sendo assim apoiou-se em Norton de Matos para a construção do plantel de 96/97, daí a aposta no mercado belga donde veio o treinador Robert Waseige que trouxe o guarda-redes internacional De Wilde e o camaronês Missé-Missé, mas mais uma vez a politica de contratações foi um desastre escapando o marroquino Hadjy, que mais tarde renderia algum dinheiro ao Sporting, cujo plantel ia ficando cada vez mais pobre à medida que os prejuízos aumentavam, não se estranhando pois os maus resultados e mais uma chicotada, com o consequente regresso de Octávio a treinador principal, numa altura em que a Taça UEFA também já tinha passado à história, primeiro com a eliminação dos franceses do Montpellier, êxito que não seria repetido frente aos também franceses do Metz. O único rasto que o treinador belga deixou foi o lançamento do jovem central Beto.
Com Octávio as coisas melhoram um pouco, a equipa chega ao 2º lugar que dava acesso à pré-eliminatoria da LC, mas perde no Bessa nas meias-finais da Taça. Mesmo assim foi suficiente para se manter a aposta no “palmelão”.

Numa altura em que José Roquete afirma entender-se com Octávio por sinais de fumo, este assume a batuta das contratações ainda em conjunto com Norton de Matos. Apostam forte no mercado sul americano com a chegada dos brasileiros Carlos Miguel, Vinicius, Everton, Néne e Leandro, este vindo do Valência por um milhão de contos e do argentino Giminez, que se juntam a Nelson, Quim Berto e Lang, num lote de aquisições do qual praticamente nada se aproveitou, apesar da fortuna que custaram.

A época começa bem com o apuramento para a LC despachando os israelitas do Beitar Jerusalém. Segue-se uma vitoria por 3-0 frente ao Mónaco e um empate na Bélgica com o Lierse, mas a equipa não convence, perde em casa por 3-0 com o Leverkusen, ao que se segue um empate frente ao Varzim também em Alvalade, que deixa o Sporting a 5 pontos do lider na oitava jornada. Octávio ouve os primeiros assobios e demite-se fugindo numa altura em que se avizinhavam confrontos decisivos. O seu adjunto Francisco Vital fica com a equipa ao colo, começa por empatar nas Antas ao que se seguem duas derrotas na LC, no meio de outros maus resultados no Campeonato, a época estava praticamente perdida.

É então que alguém se lembra de contratar um velho treinador chileno que anda há muito tempo em equipas medianas de Espanha, Vicente Cantatore é o seu nome, e da mesma maneira que ninguém percebeu porque veio, ainda está por saber porque se fartou tão depressa. Em 15 dias fez 3 jogos perdendo em Setúbal e ganhando os outros dois, entre os quais o da despedida da LC frente ao Lierse. O Sporting termina na 3ª posição no seu grupo e eliminado, pois na altura aquele lugar não dava acesso à Taça UEFA.

Nova mudança de planos em Alvalade, o futebol é entregue a José Couceiro que vai buscar o brasileiro Edmilson ao PSG e aposta em Carlos Manuel um jovem treinador português que brilhava no Salgueiros donde trás três jogadores vulgares. Mas os resultados continuam a ser muito maus. O Sporting acaba em 4º lugar a 22 pontos do Campeão, chegando mesmo a estar em perigo a qualificação europeia. Na Taça é eliminado em Braga nos quartos de final após prolongamento.

Carlos Manuel vê reprovado o seu plano para a época seguinte, que contemplava a contratação de jogadores como Aleinichev e Pauleta e uma limpeza do balneário a começar pelo Capitão Oceano, ao mesmo tempo que José Couceiro passa a ser uma figura meramente decorativa.

Assim em 98-99 dá-se uma nova mudança de rumo, o Sporting aposta em Mirko Jozic, uma espécie de Queirós jugoslavo com muita experiência do futebol sul-americano. Com ele chegam os jovens argentinos Quiroga, Duscher e Kmet, mais tarde viriam Acosta, Heinze e o croata Krpan, enquanto aproveitando o bom relacionamento com o FCP se faz a troca de Peixe e Costinha por Rui Jorge e Bino, Ao Boavista é contratado Delfim. Era a aposta na juventude.

A época começa irregular com duas derrotas frente aos italianos do Bologna na Taça UEFA e dois empates nas três primeiras jornadas do Campeonato, mas apesar de ter sido eliminado da Taça logo à primeira pelo Gil Vicente que na altura estava na Liga de Honra, o Sporting chega a liderar a prova principal do calendário nacional. É então que começa o assalto dos árbitros, que depois de fazerem greve aos jogos dos Leões, após uma arbitragem vergonhosa num jogo em Alvalade com o Beira-Mar que terminou a zero e motivou veementes protestos dos dirigentes leoninos, atacam a equipa com tudo o que é apito e bandeirinha, numa sucessão de erros nunca antes vista, que leva a Direcção do Sporting a decretar luto, numa altura em que a época já estava perdida depois duma viragem de Campeonato cheia de percalços que uma equipa muito jovem não consegue superar, acabando na 4ª posição o que custa o lugar a Jozic, apesar do reconhecimento dos adeptos pela qualidade do futebol apresentado, e das atenuantes resultantes de tudo o que atrás foi referido.

Em 99/2000 chega Giusepe Metarazzi, um treinador italiano habituado a pequenas equipas do seu País, embora a grande contratação seja o enorme guarda-redes dinamarquês Peter Schemeichel vindo do Manchester United, com ele chegam também jogadores que pouco acrescentaram como Tonito, Hanuch e Robaina, para além do avançado ganês Ayew.

A temporada começa com uma humilhante eliminação frente aos noruegueses do Viking e uma série de empates para o campeonato que acabam com o despedimento de Metarazzi e mais uma revolução no departamento de futebol, onde entram Luís Duque, Manolo Vidal e José Manuel Trocato, finalmente gente que percebia da poda. Com eles chega Inácio, a principio apontado como futuro adjunto dum treinador consagrado a contratar, mas os resultados começam a aparecer e na reabertura de mercado as contratações são cirúrgicas. Com a chegada de André Cruz, César Prates e Mbo M’penza a equipa fica mais forte e a oito jornadas do fim passa para a frente do Campeonato ao bater o FCP em Alvalade por 2-0. Apesar dum susto na penúltima jornada o titulo é festejado no Porto com um claro 4-0 no quintal do Salgueiros, no dia em que se venderam bilhetes a 30 contos e em que o País não dormiu tal foi a festa duma nação verde e branca que acordava dum pesadelo. Tinha terminado um longo e penoso jejum de 18 anos e 17 temporadas e para a festa ser completa só faltou a vitória na Taça, perdida numa finalíssima frente ao FCP.

Com o Projecto Roquete assume-se definitivamente que o Sporting não pode continuar a sustentar modalidades totalmente profissionalizadas que acumulam prejuízos atrás de prejuízos.
Mário Moniz Pereira assume a Vice-presidência neste sector e naturalmente o Atletismo é a prioridade. O Sporting recupera a hegemonia nesta modalidade e surgem novos protagonistas.
Francis Obikwelu em 1996 sagra-se Campeão do Mundo de Juniores nos 100 e 200m. Em 1997 é Medalha de Prata nos 100m nos Campeonatos do Mundo, para nos Campeonatos seguintes em 99 ganhar duas Medalhas de bronze, nos 100m e 4x100m.
Rui Silva é Campeão Europeu de 1500m em pista coberta no Campeonatos de 1998, no mesmo ano é Medalha de Prata no Campeonato da Europa. Em 99 é Medalha de Ouro nos Europeus de sub-23 e em 2000 Medalha de Prata agora nos 3000m do Campeonato da Europa.
Carlos Calado è Campeão da Europa de Cumprimento e Medalha de Prata nos 100m nos Europeus de sub-23 em 1997, para um ano depois ser Medalha de Prata em Cumprimento nos Campeonatos Europeus

No entanto a coroa de glória do “Senhor Atletismo” acontece em 2000 quando o Sporting se sagra Campeão Europeu de pista, era o sonho duma vida realizado.

Os sócios são chamados a escolher uma segunda modalidade, elegendo o Andebol ao mesmo tempo que o Futsal começa a ganhar popularidade e espaço no Clube.

Nas modalidades amadoras em 1999 a ginasta Rita Costa é Campeã do Mundo de Duplo Mini Trampolim e o bilharista Pedro Grilo é Campeão da Europa de Pool numa prova que o Sporting também ganhou colectivamente.

O Projecto Roquete assentava em três traves mestras a saber: -A construção dum estádio novo que se pagaria a si próprio e seria sustentado pela sua envolvente de espaços comerciais.

Pois, só quem não faz projectos é que não se engana. :?

Há aqui um episódio fulcral do curto consulado do grande Santana que não deveria ser omitido: o lançamento da quota suplementar de um ano de quotas. Resultou em que 90 e muito por cento dos sócios (eu incluído) limpasssem o cu à cartinha e muitos deixassem de pagar quotas de todo.

1995-98, este sim o pior período da história do Sporting (até ver…)

Só há uma coisa que não percebi: Roquete pagou do seu bolso a Santana Lopes para que o homem do ego grande fosse presidente do Sporting?

E os sportinguistas pagaram redecorações no gabinete presidencial que custaram mais de uma dezena de milhar de contos e um elevador directo do referido gabinete ao parque de estacionamento - não fosse alguém raptar tão ilustre figura… :roll:

Ui que isto agora é que vai doer. Tocamos na ferida… :lol:

1995-98, este sim o pior período da história do Sporting (até ver...)

Quando eu aqui escrevi que o período entre 86 e 95 tinha sido o mais negro da história do nosso Clube, fui acusado de estar a ser parcial, mas é claro que bastou-me desafiar-vos a apontarem-me ciclo pior para ficarem sem argumentos, que não sejam completamente subjectivos.

Agora em relação a esta tua afirmação, basta-me dizer que nesse periodo temos um 2º, um 3º e um 4º lugar no Campeonato, uma Final, uma meia-final e uns quartos da Taça de Portugal, duas eliminações à 2ª na Europa e uma presença normal na LC, e ainda uma Supertaça.

Em qualquer uma das combinações de três temporadas que eu queira fazer entre os anos de 86 e 94 os resultados serão sempre piores do que estes e mesmo que acrescentes a época de 98/99, que apesar do bom futebol, foi muito má em termos de resultados, o cenário não muda muito.

Para além disso que eu saiba neste período que referes, no Sporting não houve jogadores a rescindirem por falta de pagamento, luz e água cortadas, anedotas a toda a hora à conta dos nossos dirigentes, nem porrada nas AG.

E depois eu é que sou parcial

1995-98, este sim o pior período da história do Sporting (até ver...)

Quando eu aqui escrevi que o período entre 86 e 95 tinha sido o mais negro da história do nosso Clube, fui acusado de estar a ser parcial, mas é claro que bastou-me desafiar-vos a apontarem-me ciclo pior para ficarem sem argumentos, que não sejam completamente subjectivos.

Agora em relação a esta tua afirmação, basta-me dizer que nesse periodo temos um 2º, um 3º e um 4º lugar no Campeonato, uma Final, uma meia-final e uns quartos da Taça de Portugal, duas eliminações à 2ª na Europa e uma presença normal na LC, e ainda uma Supertaça.

Em qualquer uma das combinações de três temporadas que eu queira fazer entre os anos de 86 e 94 os resultados serão sempre piores do que estes e mesmo que acrescentes a época de 98/99, que apesar do bom futebol, foi muito má em termos de resultados, o cenário não muda muito.

Para além disso que eu saiba neste período que referes, no Sporting não houve jogadores a rescindirem por falta de pagamento, luz e água cortadas, anedotas a toda a hora à conta dos nossos dirigentes, nem porrada nas AG.

E depois eu é que sou parcial

No período anterior coloquei dados objectivos comparativos entre as 6 épocas de SC e as primeiras 6 épocas do Projecto… tu não viste, não comentaste ou não acreditaste nos numeros, mas eles são reais e não mostram a tal superioridade deste novo ciclo, antes pelo contrário, mostram que houve uma semelhança nos resultados (até com superioridade da época SC).

Agora lanças estes novos dados e desafias outra comparação… eu assim de cabeça, para os 3 ultimos anos de SC (o tal período mais negro) lembro-me de um 2º e dois 3ºs lugares, uma taça e uma meia final, e uns quartos final da UEFA.

Pergunto-te de volta, onde está a propalada superioridade?

Quanto a anedotas e porradas nas AG’s, existiram no passado como existem agora. A estória da luz e águas cortadas é engraçada mas aconteceu pontualmente e em áreas especificas, que eu saiba nunca um profissional do clube (profissional, note-se) ficou sem beber água, tomar banho ou secar o cabelo em Alvalade.

E mesmo com esses problemas que referiste, existiu sempre a confiança num futuro melhor, alicerçada no valioso património de que o clube dispunha… hoje em dia isso já não existe e segundo o actual presidente, segundo declarações na altura das eleições, o Sporting poderia mesmo fechar as portas se ele não fosse eleito.

Rui os dados que tu aqui lançaste foram apenas aqueles que te interessavam, ou seja falaste em mais vitórias mais golos e menos derrotas que de nada serviram, e é claro foste buscar os piores anos do Projecto, mas mesmo assim nesses 6 anos há um Campeonato e uma Supertaça contra uma Taça de Portugal que é o que realmente conta, mas se eu em vez dos piores fosse buscar os melhores anos do Projecto arranjava-te dois campeonatos duas Supertaças e uma Taça sem esquecer uma Final da Taça UEFA, os dados são objectivos e não deixam dúvidas e ficam aqui para quem quiser confirmar

CAMPEONATO	TAÇA	EUROPA	

86/87 4º Final 2ª Elim
87/88 4º 1ª elim. 1/4 Final Supertaça
88/89 4º 1/2 Final 2ª Elim
89/90 3º 1º Elim. 1ª Elim
90/91 3º 1/8 Final 1/2 Final
91/92 4º 1/8 Final 1ª Elim
92/93 3º 1/2 Final 1ª Elim
93/94 3º Final 3ª Elim

Rui os dados que tu aqui lançaste foram apenas aqueles que te interessavam, ou seja falaste em mais vitórias mais golos e menos derrotas que de nada serviram, e é claro foste buscar os piores anos do Projecto, mas mesmo assim nesses 6 anos há um Campeonato e uma Supertaça contra uma Taça de Portugal que é o que realmente conta, mas se eu em vez dos piores fosse buscar os melhores anos do Projecto arranjava-te dois campeonatos duas Supertaças e uma Taça sem esquecer uma Final da Taça UEFA, os dados são objectivos e não deixam dúvidas e ficam aqui para quem quiser confirmar
CAMPEONATO	TAÇA	EUROPA	

86/87 4º Final 2ª Elim
87/88 4º 1ª elim. 1/4 Final Supertaça
88/89 4º 1/2 Final 2ª Elim
89/90 3º 1º Elim. 1ª Elim
90/91 3º 1/8 Final 1/2 Final
91/92 4º 1/8 Final 1ª Elim
92/93 3º 1/2 Final 1ª Elim
93/94 3º Final 3ª Elim

Estás enganado, não foram os que mais me interessaram, foram dados objectivos dos resultados alcançados nos primeiros 6 anos de cada período (os unicos de SC e os primeiros 6 do Projecto) nos jogos disputados pela equipa de futebol.

Ninguem discute os títulos ganhos nem nunca quis comparar essa realidade, o que quis demonstrar, numa óptica que tem sido discutida de que com o Projecto é que o Sporting ganhava, é que efectivamente os resultados não são tudo aquilo que parecem.

O Sporting ganhou mais jogos no período SC que no período igual do Projecto, e isso dá uma leitura diferente daquela que tu fazes acerca do tal período a que chamas negro.

Depois existem é factores especificos que levaram a que, anos mais tarde, com menos pontos, o SPorting conseguisse alcançar títulos.

Mas os dados são claros e quanto a mim esclarecedores em relação à tal superioridade que referes e até ao sentimento de “vergonha” que te assalta quando te lembras desses tempos… e eu, com numeros, provo que nessa altura o Sporting ganhou mais jogos, o que quer também dizer que tu viste o Sporting ganhar mais vezes.

Além dos números há uma coisa a ter em conta: o desnorte.

Até a chegada de Luis Duque ninguém percebia de futebol lá dentro, sendo que no início os cargos eram oferecidos a “amigos pessoais” ou “conhecidos” que de futebol percebiam tanto como eu (é a realidade).

Chegados a esta época que tanto me toca, é altura de me alargar nos comentários (também porque a memória é neste caso mais detalhada):

O Projecto Roquete assentava em três traves mestras a saber: -A construção dum estádio novo que se pagaria a si próprio e seria sustentado pela sua envolvente de espaços comerciais.
A construção do estádio não era uma das traves iniciais do Projecto. Chegaram a ser feitos estudos para a recuperação do estádio antigo, e só em meados de 97, quando se concluiu pela inviabilidade dessa recuperação, foi tomada a decisão de construir um novo. E então sim, foi apresentado o estádio que custaria 14,5 milhões de contos com endividamento zero, graças à rentabilização imobiliária dos terrenos circundantes e às receitas de exploração comercial.
-A aposta forte na formação com a construção dum Centro de Estágio que servisse não apenas o futebol profissional, mas também como uma fabrica de talentos que deviam alimentar a equipa principal e gerar mais valias.
Não creio que a construção de um centro de estágio fosse também uma trave mestra desde o início, nem sequer a aposta na formação, em particular na vertente de fonte de receitas. Penso que isso só surgiu mais tarde, motivado pelo reordenamento da zona do estádio e pela deterioração da situação financeira.

Aliás, é em Junho de 97 que se ouve Roquette dizer que “se o novo estádio for para a frente, temos que construir em Lisboa, ou perto, um centro de estágio com seis campos e uma pista de atletismo. É necessário dotar o futebol profissional de um mínimo de eficiência”.

-A constituição duma SAD como instrumento fundamental para uma gestão rigorosa e profissional, ao mesmo tempo que pretendia ser a locomotiva que obrigaria o futebol português a entrar no caminho do rigor e da transparência.
A constituição de um grupo empresarial e a adopção de gestão profissional e de cariz empresarial foram de facto uma peça central das ideias apresentadas em 95. Mas a chave para isso não era tanto a constituição da SAD, mas sim a implementação de uma filosofia empresarial, que adviria da própria experiência e competência profissional dos dirigentes. Aliás, o próprio diploma legal que regulamentou as SAD data só de meados de 96, e o Sporting só criou a sua em 97.

Para além da referida gestão profissional estruturada sobre um grupo de empresas, o núcleo fundamental daquilo que em 95 foi apresentado com grande clamor era a rentabilização do património do Sporting. Dizia-se, e com razão, que o Sporting possuía na zona de Alvalade um vastíssimo património imobiliário que podia e devia gerar receita que pudesse servir as finalidades desportivas do Clube. A zona dos antigos pavilhões, os terrenos na Cipriano Dourado, toda a zona do Bingo, a enorme área desde o estádio até à Padre Cruz, onde estavam os campos de treino (e onde viria a nascer o novo estádio), os “baldios” junto ao Hospital, a bomba de gasolina… Tudo isso seria (muito graças a anos e anos de esforços de Tomás Aires, vice-presidente de um certo Cintra…) consolidado e transformado num projecto imobiliário de grande fôlego, que iria mudar a face daquela zona da cidade e encher os bolsos do Sporting. Viu-se, mas adiante.

O que fica claro, em todo o caso, é que a “multimédia e os conteúdos” jamais foram trave mestra do que quer que fosse, ao contrário do que mentirosamente vem sustentando o actual presidente, para justificar o total colapso financeiro do Projecto.

pagou do seu bolso a Santana Lopes para ocupar a Presidência, cometendo aqui o seu primeiro grande erro.
Isto nunca foi formalmente assumido, mas o que se contava era que o ordenado do Santana era suportado não só pelo Roquette, mas também por outras eminências pardas do Projecto, como Dias da Cunha, Ricciardi e Ribeiro da Fonseca.
A verdade é que Santana Lopes tem um ego enorme e sempre sentiu uma grande necessidade de protagonismo e rapidamente entrou em choque com as imposições do técnico, que queria ter poder total na área do futebol. O episódio da contratação do internacional irlandês Nial Quinn, que andou a passear no Cais do Sodré com o Presidente, para depois ser vetado pelo treinador, deixou marcas insanáveis entre os dois responsáveis, agravadas pelo facto de Queirós ter exigido um contentor de contratações, a maior parte das quais mal sucedidas, escapando apenas Pedro Barbosa e o jovem Vidigal.
Manifestação do ego de Santana foi a sua frase emblemática do discurso de posse: “Acabou-se a brincadeira!”, garantia ele, prometendo o fim do enxovalho ao Sporting e o retorno imediato ao primeiro plano das conquistas desportivas.

A conquista imediata do título foi uma decidida aposta dos novos dirigentes. Gastaram para o efeito a impressionante soma de 1,5 milhões de contos, com os resultados que referes. No plano organizativo, foi ensaiada o primeiro de milhentos modelos: Queiroz “manager”, Norton de Matos director-desportivo, Carlos Janela secretário-técnico, e pairando sobre todos a sombra de Santana, mais Paulo Abreu, Álvaro Castro, Viegas Soares e outros que me esqueço…

Roquete, que assumiu finalmente a Presidência, delegando o futebol no seu amigo Simões Almeida, outra escolha precipitada de um homem que falava de mais e que também nada percebia de futebol, e sendo assim apoiou-se em Norton de Matos para a construção do plantel de 96/97, daí a aposta no mercado belga donde veio o treinador Robert Waseige que trouxe o guarda-redes internacional De Wilde e o camaronês Missé-Missé, mas mais uma vez a politica de contratações foi um desastre escapando o marroquino Hadjy
Nova estratégia - agora a consolidação financeira, que mesmo assim permitiu gastar 800 mil contos em entulho - , novo perfil de treinador - completamente distinto do anterior - , novo organograma. O Projecto começava a mostrar de que massa era feito.

Os créditos desta época incluem o desbocado Simões de Almeida como face mediática do futebol - sábia escolha - , mas o executivo chamado para gerir o departamento foi o nosso amigo Pipinho.

não se estranhando pois os maus resultados e mais uma chicotada, com o consequente regresso de Octávio a treinador principal
E venha de lá mais um perfil!...
Numa altura em que José Roquete afirma entender-se com Octávio por sinais de fumo, este assume a batuta das contratações ainda em conjunto com Norton de Matos. Apostam forte no mercado sul americano com a chegada dos brasileiros Carlos Miguel, Vinicius, Everton, Nene e Leandro, este vindo do Valência e do argentino Giminez, que se juntam a Quim Berto, Lang e ao guarda-redes Nelson, num lote de aquisições do qual praticamente nada se aproveitou apesar da fortuna que custaram.
O defeso de 97/98 é muito importante. Não se trata apenas de deitar 4 milhões de contos para o lixo. Este dinheiro provinha da subscrição inicial de capital da SAD recém constituída. O património do Sporting deixava de pertencer exclusivamente ao Clube, e começava aqui a ser vergonhosamente desbaratado.

Em termos estratégicos, Roquette é claro: o saneamento financeiro está conseguido, agora queremos conquistar o título!

Nova mudança de planos em Alvalade, o futebol é entregue a José Couceiro que vai buscar o brasileiro Edmilson ao PSG e aposta em Carlos Manuel um jovem treinador português que brilhava no Salgueiros.
Mais um perfil, se faz favor, mais um organograma, por caridade. Continuava a dança, e responsabilidades, nem vê-las.
em 98-99 dá-se uma nova mudança de rumo, o Sporting aposta em Mirko Jozic, uma espécie de Queirós jugoslavo com muita experiência do futebol sul-americano. Com ele chegam os jovens argentinos Quiroga, Duscher e Kmet, mais tarde viriam Acosta, Heinze e Krpan, enquanto aproveitando o bom relacionamento com o FCP se faz a troca de Peixe e Costinha por Rui Jorge e Bino, e ao Boavista é contratado Delfim. Era a aposta na juventude.
Tal como relatas, nova mudança de rumo, agora para a aposta na juventude. Para se ver como é ziguezagueante a política seguida, é importante salientar que a contratação de Jozic surge no seguimento do fracasso da primeira opção: Oceano, jogador do plantel no ano anterior e com rigorosamente nenhuma experiência no cargo (muito menos na formação de jovens), foi o convidado para se sentar no banco em 98/99.

Falhada a aposta num jovem português, sem formação nem experiência mas com profundas raízes no balneário, escolheu-se um velho jugoslavo, com preparação académica e longa experiência nas selecções mas completamente alheado da realidade do futebol português. Era o desnorte total.

Nota para a factura: apesar das renovadas preocupações com o equilíbrio orçamental (afinal o saneamento, e tal…), traduzidas na aposta em jovens valores, gastaram-se mais 1,8 milhões de contos no defeso.

Em 99/2000 chega Giusepe Metarazzi, um treinador italiano habituado a pequenas equipas do seu País, embora a grande contratação seja o enorme guarda-redes dinamarquês Peter Schemeichel vindo do Manchester United, com ele chegam também jogadores que pouco acrescentaram como Tonito, Hanuch e Robaina, para além do avançado ganês Ayew.
Mais uma mudança de rumo. Novo perfil de treinador, declarada aposta na busca do título (o saneamento estava novamente alcançado), e um total de 3 milhões de contos gastos, com as contratações de Dezembro.
A temporada começa com uma humilhante eliminação frente aos noruegueses do Viking e uma série de empates para o campeonato que acabam com o despedimento de Metarazzi e mais uma revolução no departamento de futebol onde entram Luís Duque, Manolo Vidal e José Manuel Trocato, finalmente gente que percebia de futebol.
Não houve apenas despedimento do treinador e revolução no departamento de futebol. Houve sublevação dos adeptos, bofetadas num dirigente, demissão da direcção, eleições antecipadas e novo presidente da SAD (e já agora, acontecimento determinante nos anos subsequentes, houve a chegada de Cácá).

Metendo-me um pouco na discussão sobre qual foi o pior período, entendo as duas posições. Objectivamente, em termos de resultados este terá sido um tempo melhor que o do Cintra (um título, uma supertaça e duas finais da Taça vs uma Taça), mas a qualidade média das equipas terá sido bastante pior.

Por outro lado, em termos subjectivos, é bem verdade que no tempo de Cintra ainda se acreditava que melhores dias viriam, que havia gente de valor e património para rentabilizar, enquanto que a partir de 95 a gente “de valor” já lá estava, a trabalhar “profissionalmente”, o património começava a ser usado (ou dissipado), e as melhoras não foram grandes.

Além dos números há uma coisa a ter em conta: o desnorte.

Até a chegada de Luis Duque ninguém percebia de futebol lá dentro, sendo que no início os cargos eram oferecidos a “amigos pessoais” ou “conhecidos” que de futebol percebiam tanto como eu (é a realidade).

É verdade que o “Projecto” foi uma sucessão de erros, mas o tempo do Cintra não foi melhor, ele também não percebia nada de futebol e em seis anos nunca aprendeu

Por outro lado, uma análise custo-benefício das aquisições efectuadas em cada um dos períodos mostra que, por pouco que o Cintra soubesse sobre futebol, sabia mais do que as doutas cabeças do Projecto.

Por outro lado, uma análise custo-benefício das aquisições efectuadas em cada um dos períodos mostra que, por pouco que o Cintra soubesse sobre futebol, sabia mais do que as doutas cabeças do Projecto.

Sºao tipos de direcção diferentes!

Um é um parolo com dinheiro que até gosta de futebol …
Os outros são meia dúzia de doutores, com jeito para dinheiro mas que não fazem ideia do que é o mundo do futebol …

Os outros são meia dúzia de doutores, com jeito para dinheiro mas que não fazem ideia do que é o mundo do futebol ....

Podem fechar o tópico :slight_smile:

Bastava meter um gajo que percebesse de bola a mandar na bola e deixar os doutores do dinheiro com o dinheiro. Isto nunca foi feito por guerrinhas, invejas e orgulho. Hoje não temos autonomia, é tarde.

Quando vejo um “grande sportinguista” ter de receber para “fazer o favor” de ser presidente do Sporting e, depois, ver esse mesmo “sportinguista” ir embora para fazer política com o seu partido… BAH.

Têm jeito para o dinheiro?..

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Agora é que podem fechar o tópico! :smiley:

Têm jeito para o dinheiro?...

:lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Agora é que podem fechar o tópico! :smiley:

Não têm ?
Não sabem é gerir empresas no ramo do desporto!

…desde que a empresa não tenha uma bola a correr com 22 gajos atrás, sim.

...desde que a empresa não tenha uma bola a correr com 22 gajos atrás, sim.

Foi o que eu disse … não fazem ideia do que é o mundo do futebol …

Postamos ao mesmo tempo, e penso que a maioria (para não dizer todos) sabem que é assim :wink:

Mas volto a perguntar, será tão difícil encontrar um sportinguista que perceba de futebol? tem de ser engravatado?

Manuel Fernandes. Apoiou a oposição mas é do melhor que há. Ele devia estar em Alcochete todos os dias.