O SS-Gruppenführer Otto Ohlendorf afirmou que em muitos domínios da doutrina espiritual da Antroposofia existiam propostas valiosas e resultados que prometiam superar o impasse nas ciências naturais.
O SS-Gruppenführer Otto Ohlendorf
Considerava que os aspetos espirituais da Antroposofia eram particularmente importantes para o desenvolvimento intelectual do Nacional-Socialismo, argumentando que o Terceiro Reich não deveria perturbar a pesquisa antroposófica e as suas instituições, de modo a poderem atuar sem quaisquer pressões, independentemente do resultado dessas pesquisas.
No decurso da 2.ª Guerra Mundial, a propaganda do Terceiro Reich utilizou no seu discurso de ódio o imaginário sobrenatural do vampiro para diabolizar os seus “inimigos raciais”: os judeus e os eslavos.
O SS-Obersturmbannführer Alfred Karasek-Langer
O SS-Obersturmbannführer Karasek-Langer, um proeminente folclorista das SS, ganhou fama com a sua pesquisa realizada com os Suábios do Danúbio (uma minoria alemã que vivia no noroeste da antiga Jugoslávia, ocupada pelos nazis entre 1941 e 1945). Relatos de testemunhas oculares alegaram uma série de atrocidades, de carácter vampiresco, cometidas pela guerrilha comunista do dirigente jugoslavo Tito, relatando atos de tortura contra a minoria alemã “nos quais [os vampiros eslavos] cortavam orelhas e narizes, arrancavam os olhos e os rostos”.
Em 1937, o comandante da Kriminalpolizei, o SS-Gruppenführer Arthur Nebe, instruiu toda a polícia do Reich a distinguir entre investigação de fenómenos inacessíveis à normal perceção humana e atividade que fomenta e explora a superstição.
O SS-Gruppenführer Arthur Nebe
A esse propósito, afirmou que o “ocultismo científico permanece fora do nosso alcance, do ponto de vista policial.”
O medium Erik Jan Hanussen (ao centro) dirigindo uma sessão espírita, em 1933.
Adepto da Antroposofia, o SS-Hauptsturmführer Franz Lippert foi um convicto defensor da agricultura biodinâmica.
O SS-Hauptsturmführer Franz Lippert
Em 1941, assumiu a responsabilidade de um projeto de cultivo biodinâmico no campo de concentração de Dachau, recorrendo ao trabalho escravo de prisioneiros judeus e ciganos.
Quando Mussolini foi deposto e preso em 1943, o astrólogo Wilhelm Wulff e um conjunto de ocultistas reuniram-se numa villa no distrito de Wannsee, em Berlim, no âmbito da famosa Unternehmen Eiche (Operação Carvalho), organizada pelo SS-Obergruppenführer Ernst Kaltenbrunner e pelo oficial das Waffen-SS Otto Skorzeny. Tinham como missão descobrir onde o Duce estava preso.
O SS-Obergruppenführer Ernst Kaltenbrunner
Um vidente chamado Curt Münch abriu um mapa da Itália e lentamente acenou com um pêndulo na sua superfície. De súbito, o pêndulo parou de vibrar num ponto geográfico localizado na região montanhosa dos Abruzos e Münch declarou que Mussolini estava detido nessa região. E de facto estava…
Radio der Natur (Rádio da Natureza), publicado em 1925, da autoria do rabdomante A.F. Glahn sobre o uso do pêndulo (radiestesia).
Embora não fosse um antroposofista praticante, o SS-Obergruppenführer Oswald Pohl era um defensor convicto da agricultura biodinâmica, uma das vertentes da doutrina mística da Antroposofia.
O SS-Obergruppenführer Oswald Pohl
Em outubro de 1939, durante a invasão alemã da Polónia, Himmler encarregou Pohl de planear a remodelação dos “territórios de Leste ao longo de linhas orgânicas”, contratando para o efeito antroposofistas como consultores.
Quando Himmler decidiu substituir o SS-Obersturmführer Herman Wirth na chefia da Ahnenerbe, escolheu o SS-Brigadeführer Walter Wüst, um prestigiado indologista que acreditava que os alemães eram descendentes de um antigo império indo-ariano atlante cujos ensinamentos religiosos foram preservados por monges do Tibete.
O SS-Brigadeführer Walther Wüst
Wüst comparou Hitler a Buda e afirmou que o Führer herdara a missão sagrada de Buda de preservar a raça e a religião indo-arianas. Considerava que através do Hinduísmo, do Budismo, do Yoga e de outras correntes espirituais asiáticas, poderia ser (re)construída uma religião que combinasse tradições nórdicas e hindu-budistas.
No seu segundo livro, A Corte de Lúcifer , Otto Rahn apresentou a teoria de que o Graal estava no centro do culto a Lúcifer, associado a uma antiga religião ariana do Tibete e do norte da Índia e que se expandiu até à Pérsia. Após serem acusados de heresia e feitiçaria, esses últimos representantes da civilização indo-ariana de Thule foram eliminados pela Igreja Católica, mas os seus ensinamentos foram preservados pelos Cavaleiros Templários e pelos monges tibetanos.
O SS-Obergruppenführer Werner Best
O SS-Brigadeführer Erich Naumann
Muitos membros das SS sentiram-se atraídos pelo trabalho de Rahn. Por exemplo, na primavera de 1943, o SS-Obergruppenführer Werner Best solicitou duas cópias de A Corte de Lúcifer. Por sua vez, em novembro de 1943, o SS-Brigadeführer Erich Naumann autorizou a impressão de 10.000 exemplares do livro de Otto Rahn. Também mostrou interesse em publicar uma nova edição de 5.000 cópias em junho de 1944. Himmler pretendia que a maioria dessas cópias fosse enviada para as unidades das Waffen-SS instaladas em França.
“Lúcifer, o Portador da Luz” de William Blake (c. 1805)
Arquiteto paisagista e adepto da Antroposofia, o SS-Untersturmführer Alwin Seifert pertenceu, na sua juventude, à ocultista Sociedade Thule.
O SS-Untersturmführer Alwin Seifert
Durante a 2.ª Guerra Mundial serviu como oficial das SS destacado no campo de concentração de Dachau, tornando-se o administrador de 211 hectares de campos e de jardins destinados a projetos de agricultura biodinâmica.
O místico Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia
Desde janeiro de 1943 o SS-Oberführer Rudolf Peuckert foi chefe do Departamento de Desenvolvimento do Trabalho Agrícola e de Gestão Alimentar no Ministério do Reich para os territórios orientais ocupados.
O SS-Oberführer Rudolf Peuckert
Foi um acérrimo defensor da agricultura antroposófica, no contexto da colonização dos territórios conquistados pelos nazis na Europa de Leste.
O SS-Obersturmführer Hans Robert Scultetus, diretor do Instituto de Meteorologia da Ahnenerbe, era um dos principais defensores da Teoria do Gelo Cósmico (WEL) de Hanns Hörbiger, mantendo laços estreitos com o Instituto Hörbiger com sede na Áustria.
O SS-Obersturmführer Hans Robert Scultetus
Em 1936, Scultetus propôs o “Protocolo Pyrmonter”, um documento que designava a teoria cosmológica de Hörbiger como “o dom intelectual de um génio”.
O antroposofista Carl Grund, chefe do “Gabinete de Informação da Agricultura Biodinâmica”, foi nomeado oficial encarregado das SS, em 1942, onde trabalhou como especialista em agricultura.
O SS-Obersturmführer Carl Grund
Foi especificamente contratado por Himmler para avaliar a agricultura biodinâmica no território soviético ocupado em 1943. Por ordens de Himmler, Grund recebeu uma série de tarefas e de prerrogativas especiais como especialista em “agricultura natural” na Europa de Leste.
É peculiar ver antroposofistas nas SS, tendo em conta a perseguição feita ao Rudolf Steiner, que o forçou a emigrar.
A Thulegesellschaft opunha-se totalmente à visão da Antroposofia desde a sua génese.
O Sebottendorf como maçon que era, apesar de ter sido iniciado na Turquia, foi um dos instigadores.
É verdade que muitos nazis se opunham a Rudolf Steiner e à sua doutrina e a Gestapo encerrou a Sociedade Antroposófica no final de 1935, sendo a maior parte das críticas nazis dirigidas ao caráter supostamente judaico, cosmopolita e sectário das ideias de Steiner.
No entanto, o regime nazi acolheu muitas das ideias e práticas interdisciplinares e pseudocientíficas da Antroposofia, considerando-as uma alternativa à prática dominante das ciências naturais e sociais.
É nesse contexto que se explica a adoção pelos nazis da Agricultura Biodinâmica (uma das vertentes da Antroposofia), que preconizava uma visão holística da agricultura, sendo o terreno agrícola interpretado como um organismo integrado que compreende solo, plantas, animais e várias forças cósmicas, e em que a sementeira e a colheita são realizadas de acordo com princípios astrológicos.
De acordo com o paradigma da Agricultura Biodinâmica, é rejeitada a monocultura e os fertilizantes e pesticidas artificiais, confiando-se em vez disso no estrume e numa variedade de técnicas homeopáticas destinadas a canalizar as energias etéreas e astrais da Terra e de outros corpos celestes.
Uma política claramente apoiada pelo Himmler e o Darré. O primeiro sempre viu na homeopatia um caminho medicinal, via a influência da esposa dele, que era adepta da prática.
Há uns anos conheci um descendente familiar do Heinrich, da parte de um dos irmãos. Ainda mantinha o nome da família.
Chefe da secção agrícola do DVA (“Centro Alemão de Pesquisa em Alimentação e Nutrição”), o SS-Obersturmbannführer Heinrich Vogel era um acérrimo defensor da agricultura biodinâmica.
O SS-Obersturmbannführer Heinrich Vogel
Uma parte substancial das suas operações consistia em culturas agrícolas localizadas em campos de concentração, como Auschwitz, Dachau e Ravensbrück, bem como em propriedades nos territórios do leste europeu ocupados pela Alemanha. Muitos desses projetos agrícolas eram plantações biodinâmicas que cultivavam produtos para as SS e o exército alemão.