Embora me questione sobre a utilidade “desportiva” da Taca da Liga em si, uma vez que a Taca de Portugal é a competicão de culto para as equipas portuguesas, não posso deixar de reparar numa coisa:
A ideia em si pode ser uma das maiores revolucões dos últimos tempos no futebol português…
Tendo em conta que nunca ninguém gosta de ficar mal na fotografia, é de crer que os grandes vão estar sempre tentados a participar, quanto mais não seja para poderem ostentar o título de “quem tem mais tacas da liga” quando comparados uns com os outros. Também é de crer que as equipas da II Liga não irão desperdicar a oportunidade de poderem acrescentar um troféu à sua lista e eventualmente prestígio e dinheiro por jogarem contra os grandes do futebol português ou outras equipas da I Liga que trazem naturalmente mais público para os seus estádios. Tudo junto, dá uma vontade conjunta de praticamente todas as equipas disputarem o troféu, sendo que o facto da questão se resolver em penalties logo após 90 minutos pode seduzir em definitivo as equipas menos cotadas para tentarem a sua sorte.
Dizia eu que a ideia pode revolucionar o futebol português… porquê? Porque uma competicão a mais faz mossa. E faz mossa onde? Na condicão física e psíquica dos jogadores, parece-me a mim. Estou a pensar sobretudo no modelo inglês… eles têm tanta competicão em simultâneo que praticamente nenhuma equipa consegue ganhá-las todas no mesmo ano. O que resulta dessa “sobrecarga” é que aumentam as probabilidades de equipas mais pequenas alcancarem o sucesso - os grandes estão ocupados a LC ou UEFA e em manter o nível em todas as outras competicões e o que acontece é que vão invariavelmente baqueando aqui e ali. A desvantagem é que o nível global das competicões acaba por baixar e a Premier League por exemplo ressente-se disso. Mas tem a enorme vantagem de tornar a competicão mais emocionante devido à tendência para o nivelamento entre grandes e pequenos e permite por outro lado que mais jogadores tenham oportunidade de mostrar os seus dotes devido aos princípios de rotatividade que comecam a ser aplicados (e nem conto com lesões e snacões disciplinares) e, portanto, surgimento de novos talentos que de outra forma teriam o seu caminho tapado durante bastante tempo.
No caso do futebol português, a queda global da qualidade do espectáculo nem é coisa que me preocupe muito, de tão paupérrima que já é. Também a capacidade das equipas em atacar a Europa é tão duvidosa que mais vale termos lá poucos mas bons. Por fim, os Adriens, Celsinhos e afins terão oportunidades muito mais prematuras de serem colocados debaixo dos holofotes e isso é bom para o Sporting ou não fosse um dos nossos grandes orgulhos a nossa Formacão (partindo do pressuposto óbvio que o PB não continue a ser casmurro a 110% :P).
Para não me esquecer de concluir, penso que a Taca da Liga abre caminho a uma maior diversidade no rol de equipas que ganham troféus em Portugal. Isso pode ser uma desvantagem para o Sporting à primeira vista, mas pode ter um efeito catalizador no que diz respeito ao aproveitamento dos escalões de Formacão. E com isso levar a que o Sporting mantenha o nível quando comparado com os seus rivais, e consequentemente estabelecer-se como a potência número 1 do futebol nacional (ok ok, se calhar estou a sonhar um bocadinho alto, mas sonhar não faz mal ;)).
Estou a gostar da competição, é mais uma, e assim o futebol ainda se vai injectar mais nos adeptos de clubes com menor dimensão! Igualmente como a Inglaterra pode começar a haver um maior equilibrio nas equipas, mais acordos para cedência de jovens recém-promovidos a séniores a equipas de menor dimensão, cativando-os assim também para clubes menores porque participam na Taça da Liga, dando mais experiência e jogos nas pernas.
Devia haver um prémio para os finalistas, caso seja um clube da Liga de Honra, por exemplo dar acesso à UEFA. Ainda se tornava mais competitiva.
Os treinos é que têm de ser menos, espero que o preparador físico não se esqueça disso, lol. Em Inglaterra o Chelsea só tinha um treino por dia devido à carga de jogos semanais que realizava, quem fala do Chelsea fala doutro clube qualquer que esteja envolvido em todas as competições.
Um aspecto importante desta competição, à semelhança do que acontece na Taça de Portugal, é a possibilidade dos clubes pequenos realizarem receitas extraordinárias com a recepção aos grandes. Isto resulta do interesse que os adeptos dos 3 grandes, que residem longe, poderão ter ao ver o seu clube a jogar perto de suas casas. E do interesse que os adeptos dos clubes pequenos terão, face à possível conquista de uma competição por eliminatórias.
Para os 3 grandes, o único interesse será apenas a rivalidade pelo número de títulos conquistados. Em termos de receitas de bilheteira, ou pelos ganhos provenientes da conquista do título, a participação não se justifica. A sobrecarga de jogos e o desgaste manifestado nas competições realmente importantes e rentáveis, diminui ainda mais a contrapartida financeira que esta competição poderá oferecer.
Na minha óptica, enquanto sócio do Sporting residente em Lisboa, o meu interesse estará em ver o desempenho de jogadores menos utilizados - com a possibilidade de, no futuro, termos jogadores júniores a serem lançados nesta competição - podendo também comparar a profundidade dos vários plantéis, numa competição que será sempre uma oportunidade de rodar jogadores de segunda linha.
Uma coisa curiosa. Depois de ter sido eliminado pelo Benfica da forma que todos vimos, o Faquirá disse qualquer coisa como: “espero que o Benfica nos devolva o dinheiro que ganhar daqui para a frente. Para um clube pobre como o Estrela, esse dinheiro faz muita diferença”. Sinal de que atribuição de “prize-money” é uma boa forma de ultrapassar o snobismo face às competições de taça (FPF, abre os olhos!).
A aplicação da economia ao futebol tem limitações - e não são poucas. Mas nalgumas coisas faz todo o sentido: nunca percebi porque raio é que os clubes que pagam os seus profissionais durante 52 semans (i.e. um ano), resistem a rentabilizar esse investimento e optavam por concentrar-se no campeonato, que ocupava apenas 34 - e a um ritmo simpático de um jogo por semana.
O adepto de sofá tornou-se (infelizmente) rei. Assim, as receitas vêem na sua grande maioria dos contratos com as TV para transmitir o Campeonato e são negociadas em bolo muitas vezes a 4 ou 5 anos. Assim, as receitas um jogo individual como uma eliminatória da Taça são mínimas - por isso os clubes desprezam a Taça e tudo o que lhes interessa é a manutenção no campeonato, já que o os ganhos (das eliminatórias) não compensam o risco financeiro (de descer de divisão).
Mas se não os consegues vencer, junta-te a eles. Negoceias um contrato com um patrocinador e com uma TV (que assegura também a divulgação) e divide-se o dinheiro - digamos, 30% de participação (isto é, para todos) e 70% para prémios (para as equipas com melhor desempenho). E ao atribuir “prize-money” por performance, crias um incentivo para que a competição seja levada a sério pelas equipas e, por arrasto, pelos adeptos - o que te vai permitir da próxima vez negociar um contrato melhor. É uma ideia tão óbvia que custa a crer que se tenha levado tanto tempo
Com apenas dois clubes a descerem e as participações na Taça UEFA a darem quase sempre prejuízo, compensa bem aos ‘não-grandes’ o risco de jogar com a equipa mais forte na Taça da Liga. Afinal, o que é preferível: estar num marasmo de meio da tabela ou disputar uma competição que dá prémios e ainda poder ter o jackpot de receber um ‘grande’?
Estou convencido de que este é o futuro. O modelo da Champions vai alastrar e todas as competições passarão a ter prize-money por vitória, empate, etc. E acho bem.
Penso por exemplo no caso do Fátima, onde joga o Saleiro.
Jogam na liga Vitalis e esta época terão direito a duas receitas extraordinárias (FC Porco e SCP), para além da visibilidade dada aos seus jogadores (alguns ao nível da primeira liga). Já terão safo a época graças à nova competição.
Considero a Taça da Liga uma competição bem interessante, embora o modelo pudesse ser um pouco diferente.
Por exemplo, em vez dos quartos de final a duas mãos (totalmente diferente do que acontece no resto da competição), começavam já a fase de grupos. Dois grupos de 4. Os primeiros de cada grupo defrontar-se-iam na final.
Parece-me um pouco ridículo que se encontrem na final 2 clubes que já se defrontaram na fase de grupos.
Para além disso, um prémio monetário superior (digamos, o dobro) poderia atrair a atenção dos clubes, tendo em conta que alguns parecem dar muito pouco importância a esta Taça (Nacional, por exemplo).
É que esta Taça é para os pequenos mas também para que os grandes tenham mais alguns jogos entre eles. Como sorte, isto é, com 3 equipas grandes nos últimos 4, teriamos 3 jogos entre eles e depois ainda a final (que acho que é a 2 mãos) entre 2 deles, ou seja, mais 4 jogos oficiais com os grandes para 2 destas equipas, ou seja, mais 2 jogos em casa com perspectiva de boas receitas.
Em vez dos quartos de final a duas mãos, entrariamos logo na fase de grupos. Dois grupos de 4, passavam os 2 primeiros de cada grupo para as meias finais.
Se passassem os 3 grandes para a fase de grupos, em condições normais teriamos pelo menos 3 jogos grandes até ao fim da competição (1 ou 3 na fase de grupos, consoante tivessemos 2 ou 3 grandes num dos grupos, respectivamente; 1 nas meias finais, a menos que os 3 grandes tivessem calhado no mesmo grupo; e mais 1 na final).
Seriam 3 ou 4 duelos entre grandes.
Claro que partimos do pressuposto que os grandes vão ganhando os seus jogos, embora isso nem sempre seja verdade.