Escrevo este texto no dia seguinte à derrota com o Brondby em Alvalade e, talvez por isso, com um estado anímico muito debilitado, ainda que, nos últimos anos, cada vez mais habitual, em função do constante “empequenecimento” do nosso clube. Após mais uma demonstração de incapacidade por parte do Sporting, a pergunta que faço a mim mesmo é: onde é que este clube vai parar? A participação na Liga Europa ficou quase definitivamente comprometida; no campeonato as perspectivas são más, por força da enorme diferença entre o Sporting e os (ex)rivais Porto e Benfica. Mesmo o Braga já está, e provavelmente terminará, à nossa frente.
A nossa equipa é uma autêntica manta de retalhos, em que ninguém parece saber o que está a fazer. Os jogadores são quase todos muitos fracos, mas assim, reunidos neste clube sem rei nem roque, ainda parecem piores do que já são. O treinador, nota-se claramente, não percebe nada do assunto, já que a equipa comete erros grosseiríssimos, como se viu nos dois golos sofridos: no primeiro o adversário recebeu a bola e rematou quando e como quis, sem qualquer oposição, sem que o Evaldo tivesse apoio de um companheiro, como é costume. No segundo, o Patrício voltou a soltar uma bola para a frente e apareceram três (3!) jogadores adversários livres de marcação e em condições de marcar. O Maniche é uma tristeza, aliás em toda a sua carreira só rendeu quando jogou no Porto. O Polga, não percebo como está ainda no Sporting, sendo mesmo um dos mais bem pagos. O Caneira, pior. O único jogador do Sporting que sabe jogar mais ou menos de cabeça, o Tonel, não joga. Mesmo o João Pereira, o único que tem genica naquele grupo, perde-se em quezílias com árbitros e adversários. Aliás, contrataram-se os dois laterais ao Braga, que os substituiu sem qualquer dificuldade, e o Sporting continua a não tirar proveito dessas posições, nem em termos defensivos, nem ofensivos. O central Moisés já esteve no Sporting, mas mandaram-no despediram-no com justa causa porque parece que tinha assinado por dois clubes. Agora no Braga, forma com Rodriguez talvez a melhor dupla de centrais do campeonato, enquanto o Sporting continua, tal como na época passada, a ter uma das piores. O Polga é uma anedota, mas mesmo o Carriço é fraco no jogo aéreo. No entanto, acredito que se o Sporting fosse também buscar ao Braga estes centrais a equipa continuaria a sofrer golos, porque o problema é o conjunto. A equipa, no seu todo, não sabe defender, não pressiona, é demasiado macia. Ofensivamente, então, nem se fala, que os mecanismos ofensivos são ainda mais difíceis de trabalhar.
E isso só tem duas explicações: uma, a mais directa e imediata, tem que ver com a falta de capacidade dos treinadores que o Sporting tem tido, porque os mecanismos colectivos, tanto defensivos como ofensivos, trabalham-se durante a semana e isso claramente não tem sido feito de maneira eficaz, como o comprovam os resultados. A outra está relacionada com a falta de ambição e de cultura de vitória que o Sporting desde há anos demonstra. De facto, os adeptos há muito que se habituaram, por muito que custe admiti-lo, a ver o seu clube não ganhar campeonatos, nem tão-pouco lutar por eles. É uma massa amorfa, resignada. Os dirigentes, actuais e anteriores, são os principais responsáveis do triste estado a que isto chegou. Os dois últimos, então, foram uma verdadeira desgraça. O Soares Franco, que não tinha tempo para ver jogos longe de Alvalade, não se cansava de referir que a dimensão do Sporting não se podia comparar à do Benfica! O Bettencourt vende o capitão ao Porto, numa atitude evidentíssima de subalternização face a um (ex)rival! Perante isto e tudo o resto a que com tristeza e, infelizmente, sem revolta os adeptos do Sporting têm assistido desde há anos, o que surpreende é que o clube ainda não tenha acabado. Até os jogadores da formação, a suposta base para um futuro glorioso com que nos tentaram convencer a suportar as derrotas dos últimos anos, se desfez em pó, sem resultados desportivos nem financeiros.
Perante isto, é preciso muita fé para acreditar num futuro melhor. No entanto, como não sou muito dado a fés, entendo que só uma alteração profunda nos procedimentos é que pode alterar esta situação. Não direi um investimento louco em jogadores, porque dinheiro não há, mas tem que haver mais competência na compra de jogadores e na escolha de treinadores. E a verdade é que tanto uns como outros existem no mercado, por preços ao alcance do Sporting, assim a prospecção os saiba encontrar. O nome Carlos Freitas, agora no Braga e tristemente corrido do Sporting há alguns anos, ainda diz alguma coisa aos sportinguistas, ou já ninguém se lembra?
Concluindo, no imediato só vejo duas coisas a fazer: 1.º – tentar ainda contratar dois ou três avançados (incluindo extremos!) antes do fecho das inscrições; 2.º – mandar o Paulo Sérgio embora e ir buscar um treinador competente. Se não houver dinheiro para mais, vá-se buscar o Inácio, que já foi campeão no Sporting, ou o Manuel Fernandes, que não foi porque não teve hipóteses. Não se perde muito dinheiro e de certeza que a equipa passa a ser pelo menos isso: equipa.