[b]O colapso da TBZ[/b]
Por Futebol Finance em 6 Dezembro, 2008
A empresa TBZ, especializada em licenciamento desportivo, merchandising e gestão de instalações desportivas, entrou em colapso. A partir do Euro 2004 a empresa tornou-se a maior do seu ramo na península Ibérica e que teve a seu cargo o merchandising de Real Madrid, Benfica, Sporting e Porto. Com evidentes dificuldades financeiras, que os seus dirigentes nunca esconderam, pediu nos últimos meses um plano judicial de recuperação financeira para estabilizar as suas contas num prazo de 3 anos. No entanto no último ano, por alegados incumprimentos contratuais dos planos de pagamentos previstos, tem assistido a sucessivas rescisões unilaterais por parte das grandes marcas, as quais lhe tinham cedido o licenciamento. A TBZ é detida em 50% pela família Barroqueiro e o restante capital por um fundo de investimento ligado ao banco EFISA. Com cerca de 100 funcionários, a empresa anunciou que prescindiu de 67 empregados, devido às dificuldades financeiras. Segundo dados apurados pelo “Jornal de Negócios” a TBZ têm uma dívida à segurança social no valor de 784 mil Euros.
Dados relevantes:
A TBZ sofre arresto de bens, devido a uma acção judicial interposta pela China XXI, sua cliente e fornecedora de produtos de merchandising, por alegada dívida de 1 milhão de Euros. Segundo a TBZ a China XXI tem um dívida com a empresa no valor de 1.3 milhões de Euros.
A Expoagua entidade que organizou a EXPO Zaragoza ameaça por a TBZ em tribunal por alegada dívida de 2 milhões de Euros, referentes à exploração das lojas oficiais do evento. A TBZ só confirma um dívida de 1 milhão de Euros, devido ao número de visitas da exposição ter sido abaixo do esperado.
No passado ano o Real Madrid suspendeu o acordo com a empresa antes do final do contrato e interpõe uma providência cautelar em tribunal, alegando incumprimentos contratuais, deixando fora de hipótese a renovação do contrato. O clube de Madrid alega que os 2 milhões de Euros em patrocínios que deveria receber, por um período de 1 ano não foram alcançados.
A Puma, marca de equipamentos do Sporting CP, pediu a abertura de falência da empresa, através do Tribunal de Comércio de Lisboa, após 6 meses de tentativas para receber os pagamentos previsto no contrato. Em 2006 a TBZ rescinde o contrato de exploração do Leo Bingo com o Sporting, devido aos resultado negativos no valor de 1.2 milhões de Euros. No último relatório e contas da Sporting SAD na rubrica de devedores a TZB é referenciada como devendo cerca de 1.7 milhões de Euros.
Académica, Porto, Sporting e Benfica rescindem unilateralmente os seus contratos com a TBZ, alegando incumprimentos contratuais. O FC Porto através da sua participada PortoComercial tinha um contrato com a empresa até 2016 por um valor total 8,9 milhões de Euros. O SL Benfica informou que a gestão da marca Benfica e da Megastore do estádio da Luz, passariam a ser geridos pelo clube. A empresa ainda tentou retirar alguns produtos da Megastore, mas foi impedida pela direcção do Benfica.
No entanto os clubes eram os maiores beneficiados com as parcerias com a TBZ, vendo as suas receitas de merchandising aumentar nos últimos anos e em alguns casos cerca de 400%. O maior exemplo de sucesso com o merchandising é o SL Benfica, que em 2003 apresentava 22 contratos de licenciamento e receitas no valor de 200 mil Euros, para em 2004 chegarem aos 2 milhões de Euros. Hoje o Benfica tem 125 contratos de licenciamento que se traduzem em mais de 5 milhões de Euros.
A empresa tentou mais uma expansão internacional, através da proposta de candidatura conjunta com a OAS (uma das maiores construtoras do Brasil) para a construção do novo estádio do Grémio de Porto Alegre. Neste projecto também estava prevista a participação da Efisa, no entanto a TBZ desistiu antes do final do concurso.