Sporting Clube de Portugal: fim à vista ou alarmismo de mau gosto?

Segundo a lei, se um clube dissolve a sua SAD, tem de recomeçar a competir no escalão mais baixo possível - no nosso caso, a II Divisão distrital da Associação de Futebol de Lisboa. Foi o que aconteceu com o Salgueiros e o Farense. Se o tiver feito por falência, o clube não poderá voltar a competir nas divisões nacionais até saldar todas as suas dívidas (não sei como é que o Farense resolveu este problema).

Na prática, não acredito que houvesse interesse nem coragem para atirar o Sporting para a II Liga, quanto mais para as distritais. Somos “too big to fail” - como escrevi, damos demasiado dinheiro a ganhar em bilheteira e direitos televisivos aos outros clubes (incluindo Benfica e Porto) para que alguém tenha interesse em pôr-nos fora da I Liga.

O problema é que isso implicaria que muita gente (incluindo todos os pequenos accionaistas) perderia muito dinheiro - e sobretudo, muito gente perderia poder e capacidade de influência (Olivedesportos anyone?). O que significa que a oposição a uma falência seria fortíssima e envolveria quase todo o círculo de poder em Alvalade.

Acho que se devem ter todas as hipóteses em cima da mesa e discuti-las francamente. Mas a extinção da SAD não me parece um caminho viável.

Votei obviamente na opcão: “pela demissão do presidente e convocação de eleições”.

A dissolução da SAD é uma não-solução, é admitir que o Sporting tem de desaparecer para surgir algo novo no seu lugar (aproveitando o capital disperso de Sportinguismo que iria existir)… mas não seria nunca o Sporting. Seja como for, no caso de “morte” do clube - ou seja, tornando-se este insolvente ou algo do género como aconteceu com o Boavista - não restaria outra solução e seria esse o novo clube que iria abraçar de alma e coração.

A demissão do presidente e convocação de eleições antecipadas é a única forma de respeitar os estatutos e elevar ao expoente máximo os fundamentos do Sporting: uma associação desportiva gerida por sócios eleitos pelos seus pares. E se os sócios continuarem a ser inconscientes, preconceituosos e cobardes votando em soluções gastas, ultrapassadas e prejudiciais ao clube contribuindo assim para o seu fim então que seja… seria a lei natural das coisas e um fim minimamente digno - nasce pela mão dos sócios, acaba às mãos dos sócios. :arrow:

Obrigado, poupaste-me o teclado! é esta também a minha opinião.

Obrigado pela explicação Petrovich :great:.

O que eu preferia, sem duvida era a demissão de toda a estrutura dirigente, e a realização de eleições antecipadas, e que ganhasse alguém que acima de tudo amasse o clube como todos nós amamos. Alguém que fosse capaz de devolver o clube aos Sportinguistas.

Uma extinção da SAD, ou uma Refundação, seria sempre, mas sempre o ultimo recurso.

Subscrevo… especialmente o que sublinhei e posto aqui o que já tinha escrito e não consegui enviar:

Esta instituição é centenária, tem um nome a defender e como diz o LevezinhO tem como seu maior património o humano, os sportinguistas. Não vejo bons olhos qualquer tipo de jogada que signifique o sujar do bom nome do clube. As responsabilidades são para serem cumpridas. Nas falências encapotadas que vemos por este país, os bens são primeiramente desviados para nome de terceiros e os administradores ficam anos sem poder exercer a actividade onde estavam inseridos.

Hipotéticamente esquecendo a questão ética e face a visibilidade do clube, não vejo encapotamentos possíveis. Dificilmente se conseguiria novamente crédito junto da banca e podem tomar os bancos como papões, mas são fundamentais para o funcionamento de qualquer empresa.

Saliento que uma coisa é a extinção da SAD outra é a refundação, termo que muito leio aqui.

Em primeiro lugar assumo que não estou muito por dentro da realidade da SAD e das suas movimentações, mas pelo que leio aqui e nos jornais o passivo aumentou imenso e está agora num nível gigantesco. Também acho que gerir os clubes como empresas (apesar de a realidade ser cada vez mais essa) retira a essência do desporto, afasta os adeptos das equipas e enche mais facilmente os bolsos a oportunistas que vivem à custa dos negócios desportivos e, sobretudo, do futebol.

Longe de querer duvidar do que aqui foi dito, acho difícil que a extinção das SADs mande obrigatoriamente os clubes para a última divisão. Afinal, estes são, penso eu, soberanos no modelo de gestão que adoptam. Mas mesmo que assim seja, acho que ninguém teria coragem de pôr o Sporting (ou outro grande qualquer) a jogar na Segunda Divisão Distrital, e iriam surgir fortes movimentações contra isso. Portanto, e embora sem certezas, talvez me incline mais para a dissolução da SAD, apesar de conseguir entender pontos de vista contrários.

:arrow: Não diria melhor, vizinho

A dissolução da SAD significaria que, a Sporting SAD deixaria de existir:

Ponto negativo:

.o património da SAD nomeadamente a academia e passes de jogadores seriam usados para cobrir o passivo deixado pela mesma, o que significaria que o Sporting teria de libertar os jogadores é verdade, o Sporting clube teria de começar penso que na 2 divisão B;

Ponto positivo:

.o Sporting clube ficaria livre desse passivo, o que ate poderia permitir resgatar parte dos passes, e continuaria a ter o Estadio José de Alvalade, o multidesportivo e o terreno para a futura casa das modalidades;

Alarmismo puro! Sim, existe o Sporting que cada um deseja, e a esse nível é possível que o sonho não possa vir a ser cumprido, agora o clube nunca acabará. Poderá eventualmente é reduzir-se a uma condição menor, infelizmente… o caminho pelo menos já está a ser percorrido para essa realidade.

Diz-me, Dorian, com o futebol na segunda B, terceira ou na distrital, com que receitas é que o SCP vai pagar as responsabilidades financeiras associadas ao Estádio e à Academia ( que estão nas mãos da banca e servem de garantia real ).

O Sporting clube e a SAD estão em falência técnica. O primeiro ponto que eu antevejo é a necessidade de modificar os regulamentos de forma que a falência de uma SAD não tenha consequências desportivas e o clube possa substituir uma SAD nas competições nacionais. Isto não será difícil porque 90% das SADs em Portugal vão ficar insolventes nos próximos 3 anos e quase todos os clubes vão estar interessados nisso.

Para já uma nova direcção do clube precisa de:

  • Descapitalizar a SAD passando os activos (Academia, passes de jogadores) para o Sporting Clube de Portugal, de forma a penalizar os credores ao máximo numa inevitável futura falência. Numa falência os accionistas perdem tudo, os credores ficam com os activos.
  • Reestruturação da dívida do clube com os credores (banca), forçando um “haircut” (corte de cabelo) na dívida do clube de pelo menos 20 a 30% e alargando o prazo de pagamento por mais anos da dívida remanescente.

Claro que estas medidas vão mexer com os interesses de muita gente, mas a alternativa é a falência de um clube centenário com uma grande História. Credores e accionistas terão também de pagar pelos seus erros de investimento.

As mesmas que tem agora:

.A receita televisiva, Sporting mesmo na segunda B iria continuar a ter mais audiência que a maior parte dos clubes na primeira liga;
.Os patrocínios;
.As quotas dos sócios;
. A receita de jogo;

Agora é verdade que a receita televisiva e o valor dos patrocinios seriam mais baixos enquanto não regressar-se-mos à primeira liga, mas tambem numa divisão inferior não existiria necessidade de um orçamento tão alto para conseguir os objectivos.

Quanto as cotas e receitas de jogo, as primeiras é preciso não esquecermos que 75% da receita actual vai para a SAD com a extinção da mesma ira tudo para o clube, o que actualmente ronde em números redondos penso que 10M de euros.
As receitas de jogo estas não tenho tanta certeza se iriam diminuir, a juventos quando teve de descer para a serie B, teve a maior média de assistências do últimos anos, porque? porque nos momentos díficeis quem fica são os puros os verdadeiros, não é por acaso que quando o barco esta a afundar os primeiros a fugir são as ratazanas.

E eu ate acho que existem adeptos que estão de costas voltadas para o clube, e que nun momento dificil como esse iriam aparecer, existe muito adepto do Sporting “adormecido” pelo menos aqui no norte.

Mas atenção eu não estou a defender esta solução como a ideal, apenas que não deve ser colocada à partida de lado. Se tivermos de dar um passo a trás para dar dois em frente, não deixo de ser sócio e adepto do Sporting por causa disso.

Não vai, simples. Como poderia fazê-lo? Nem os custos inerentes às operações da Academia o Sporting conseguiria pagar. Começar de novo, seja o que isso for, significaria ficar somente com as cores e o equipamento, porque tudo o resto teria de ser alienado.

Dorian,

As receitas televisivas não seriam as de hoje, muito pelo contrário; a receita vinda da bilheteira não seria a mesma (o clube seria obrigado a reduzir os preços); a quotização depende (muitos deixariam de ser sócios, até porque o clube deixa de poder oferecer algo em troca, pelo menos inicialmente); os patrocínios seguiriam o mesmo caminho das receitas televisivas. Que marca irá querer pagar a um clube que milita numa divisão secundária? Eles quererão patrocinar o Sporting, não tenho dúvidas, mas jamais por valores minimamente similares aos actuais.

A única maneira de garantir um nível de receita decente seria apresentar um projecto espectacular aos sócios, fazendo com a massa associativa do Sporting se una em torno do clube, mas duvido seriamente da capacidade em fazê-lo. O processo de refundação, que duvido que venha a acontecer, será um caso sujo, sem dúvida, muitas acusações, e sempre como nome do clube na lama.

Basta para isso analisarmos casos de clubes respeitados que desceram de divisão. O Newcastle United passou de cerca de 110 milhões de euros de receita para cerca de 60 milhões de euros. A venda de merchandising manteve os valores normais, mas todas as restantes rubricas caíram abruptamente: televisão, publicidade e bilheteira.

:arrow:  :arrow:  :arrow:

Não estás a atingir a sofisticação da coisa. Com as cláusulas de cross-default que constam do project finance, o Sporting é responsável pelo passivo da SAD. Num processo de insolvência da SAD, será liquidado o activo desta para cobertura do seu passivo, e as dívidas que ficam por pagar continuarão a ser responsabilidade do Sporting Clube.

Este problema deve ser encarado na posse de todos os elementos e sem lirismos.

A SAD, em si mesma e enquanto forma jurídica de organização de uma actividade, não tem problema nenhum. É verdade que traz implícita uma ideia de participação de investidores no capital dos clubes, mas com a norma que permite a estes deter 40% mais o resto através de uma SGPS, esse problema não se coloca.

Convenhamos também que, se não fosse o facto de o Sporting ter uma SAD (ou mais propriamente, uma SAD cotada em bolsa), obrigada a determinados deveres de transparência, nós não saberíamos nem uma ínfima parte dos podres de gestão que têm sido cometidos no Clube. Não é por acaso que a crónica da ruína económico-financeira do Sporting pode ser lida no site da CMVM - essa é precisamente uma consequência dos deveres de comunicação da SAD.

A isto acresce que a saída do modelo SAD implicaria a assunção de responsabilidades pessoais pelos futuros dirigentes do Clube quanto aos eventuais prejuízos da sua gestão, o que como é evidente é algo que ninguém no seu perfeito juízo estaria disposto a aceitar.

Por fim, temos a questão já referida de não podermos voltar a ter futebol profissional no Sporting senão sob a forma de SAD (não se trata apenas de recomeçar na III Divisão, é mesmo não poder voltar a participar em competições profissionais).

Dizem que a SAD não trouxe aquilo que prometeu. Pois, mas aí a culpa não foi dela - foi dos indivíduos que a geriram. Competência, rigor e profissionalismo não são atributos das formas jurídicas de pessoas colectivas, mas sim das pessoas que as dirigem.

Não podemos, nem precisamos, de extinguir a SAD. Pessoas como o Abílio Fernandes deviam ter algum sentido de responsabilidade e noção das enormidades que dizem. Mas não têm, porque apesar dos lugares que ocuparam, de terem acesso à imprensa e de passarem por entendidos na realidade do Clube, conhecem menos sobre o Sporting, sobre os seus problemas, os VMOCs, o passivo, o estádio, a academia, o património não desportivo, etc., do que a maioria dos frequentadores deste fórum (e eu sei do que estou a falar).

Se o que está em causa é recuperar o domínio total, então bastaria à Sporting SGPS lançar uma OPA sobre o capital da SAD. É claro que não se poderia pagar ao vulgo sportinguista que comprou acções por carolice os mesmos 2€ pagos a um sportinguista de estirpe superior como o Sr. Baltazar. E assim, feitas as contas ao que seria necessário gastar atento o valor de cotação das acções, não estaremos sequer perante nenhuma exorbitância - talvez se fizesse a festa ao preço de um Pongolle.

E poderia nem haver problemas com o Sr. Oliveira, porque caso o proponente de uma OPA consiga ficar com mais de 90% do capital, tem o direito de aquisição potestativa do capital que faltar para o domínio total.

Não me vou alongar muito.
Simplesmente para mostrar, ou reforçar, a minha tristeza em relação à escassez de votos na opção refundação do clube.
Parece-me torpe, tacanho, ridiculo, as pessoas pensarem que é com a mudança de caras que as coisas vão mudar.
O perigo de morte é efectivo, mas se calhar até benéfico.
O Sporting padece de um mal desde a sua fundação. Filosofia totalmente errada e desfazada em relação à realidade portuguesa. Não temos de ser um clube de elites, mas sim reforçar as bases populares de apoio que temos. Temos de existir para servir os sportinguistas, e não para que chulos se sirvam do clube.

Exacto, mais uma vez somos “DIFERENTES”, REFUNDAMOS um CLUBE CENTENÁRIO, é mais FÁCIL E CÓMODO!!! Sou do tempo em que a solução era o “BINGO”, o “POSTO de COMBUSTIVEL”, os “MECENAS”…Até que surgiu a “MODA” das SAD´S… Resultado?! Sempre o mesmo… CLUBES FALIDOS e INDIVIDUOS com maior ou menor historial clubistico a AUTO PROMOVEREM -SE!!! :wall: :wall: :wall: :wall: :wall:

Não será difícil? Caso não saibas, não são os clubes, a Liga ou a Federação que poderão tomar tal decisão. É o Parlamento! Achas que o facto de todas as SADs viverem acima das suas possibilidades é argumento para mudar a lei?

Penalizar os credores . . . deixa-me ver se entendi: penalizar os credores significa premiar os devedores! É um belo modo de vida, que na minha opinião se chama roubo!

O FLL, da forma clara e brilhante que o caracteriza, já explicou porque é que essa tese de falir a SAD e deixar os credores a arder não resulta. As cláusulas de cross default significam que quando os bancos emprestam dinheiro a uma das empresas do grupo, todas as outras empresas se tornam automaticamente solidárias pelo cumprimento do pagamento.

Brilhante! Primeiro deixas os credores a arder com a falência da SAD, depois vais ter com eles para renegociar a dívida do clube!
Com corte de cabelo pelo meio e tudo!

Tens que me explicar melhor porque é que eu tenho que pagar pelo meu erro de ter 122 acções do Sporting.

Sou claramente CONTRA a refundação. O meu clube do coração, o que amo e me faz sofrer, é o Sporting Clube de Portugal, fundado em 1906. Qualquer alteração feita fará com que nunca mais seja a mesma coisa. O que urge é retirar Bettencourt rapidamente de lá, tal como a corja que o acompanha. Eu vou fazer o meu papel, vou comprar gamebox segunda volta quando voltar para Portugal, vou estar lá sempre a apoiar a equipa durante o jogo e a pressionar os incompetentes no final. vou estar sempre presente em esperas em aeroportos ou seja onde for. Eu já defendi Bettencourt mas acordei e vejo que é preciso afastá-lo urgentemente. Comigo, a oposição conta para tudo. E acho que é uma questão de tempo até a maioria acordar e tornar insustentavel o ambiente aos pulhas que andam a destruir o nosso clube. Por isso digo, prefiro perder em setúbal, de preferência por 3 ou 4, a ver se com um passo a trás damos não dois, mas 10 passos a frente. Não duvidem que sair Bettencourt representa um passo fundamental para o ressurgir do GRANDE Sporting que eu aprendi a amar.

estamos a passar a pior fase da Historia do clube mas penso que a tese da refundaçao nao tem qqr cabimento. O real perigo é o SCP perder competitividade desportiva e tornar-se num Braga ou Guimaraes e por mto que me custe esse tem sido o nivel destas 2ultimas epocas mas quero acreditar que a direcçao que subs esta vai ser + competente e devolver o Clube ao nivel que merece.

Ao contrario dos clubes que falaram aqui Salgueiros,Boavista, Farense o SCP tem activos de grande valor e se forem bem explorados a saida para esta crise pode ser bem + rapida do que parece