Sobre a sina do Sporting

Como não sabia se havia de colocar este post no tópico do jogo com a Roma ou no tópico “A imagem do Sporting no estrangeiro”, decidi criar um tópico à parte, até porque se trata de um assunto que merece uma boa reflexão por parte de todos nós e merece, por si só, especial atenção.

Quase se podia fundir o tópico “A imagem do Sporting no estrangeiro” com o tópico do jogo da Roma tal é o espaço que se continua a dar às teorias do azar, do infortúnio, dos desígnios divinos, enfim, do discurso cada vez mais miserabilista dos que já acham “normal” a triste realidade que vivemos, como se sem isso o Sporting ficasse mais descaracterizado. Mude-se então o lema “Esforço, Dedicação, Devoção e Glória” para “Esforço, Dedicação, Devoção e Nicles” e substitua-se a Marcha do Sporting da Maria José Valério por um triste fadinho da Amália.

Até compreendo que haja quem durma melhor à noite se repetir dezenas de vezes para si próprio que sim, que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e que se o sucesso não se concretizou foi apenas porque um qualquer desígnio que transcende a vontade humana não deixou. São filosofias de vida, tão legítimas como qualquer outra e que admito e respeito. O que me causa impressão é que as pessoas não só tenham essa filosofia de vida e repitam essa ideia para si próprias, como sintam a necessidade de a apregoar aos 4 ventos e contagiar todos à sua volta com essa mesma postura. Causa-me impressão, não por discordar dessa postura, mas simplesmente pelo efeito perverso que a repetição incessante dessa ideia pode ter, neste caso num clube de futebol.

Quando alguém se quer referir ao (in)sucesso desportivo deste clube hoje em dia, já é um lugar comum usar as expressões “morrer na praia” e “maldito azar”, ou, de forma menos séria “campeões do quase” e “o clube com maior número de troféus do 2º lugar”. Constato assim que o sofrimento, que se tornou apanágio dos adeptos sportinguistas e do próprio clube após aquela travessia no deserto de 18 anos, não se esgotou aí, tendo sido esse período apenas o tempo que demorou a forjar uma mentalidade que veio para ficar e transfigurou (irremediavelmente, diria eu) o significado do Sporting hoje em dia.Lendo e ouvindo aquilo que se vai comentando, verifico que o Sporting adquiriu o estatuto de perdedor de estimação, não só para a comunicação social, sempre sedenta de histórias caricatas e de tradições para relatar, como também para os nossos rivais/adversários e, horrivelmente, para os nossos próprios adeptos, que, ironicamente, acabam por se substituir aos anteriores no cultivo desta imagem de desgraçados, de coitadinhos, de condenados a tristes fatalidades, fruto de um azar que, afinal ninguém sabe explicar de onde vem.

Já nem falo da estátua da Nossa Senhora de Fátima no balneário, que está lá muito bem, se for garante de que os jogadores crentes entrem em campo imbuídos de fé e animados de uma força e combatividade adicionais. Mas…de que valerá aos jogadores correrem e suarem durante a semana, treinarem e aperfeiçoarem a técnica e a táctica, treinarem as bolas paradas, estudarem as jogadas e os adversários, se no final do jogo tudo pode ser resolvido num golpe de sorte? Para quê dar 100%, aproveitar todos os minutos de treino e pensar em todos os factores possíveis e imaginários que podem ter peso no resultado de um jogo de futebol, se carregamos uma aura de infelicidade e insucesso? Para quê mover montanhas, fazer engenharia financeira, procurar, até ao mais ínfimo pormenor, os jogadores que melhor podem servir a equipa, se o azar pode bater à porta e arrumá-los com uma rotura de ligamentos?

Se as coisas correrem mal, todos vão dormir tranquilos: os jogadores, os treinadores, os administradores e os adeptos. Porque afinal havia um desígnio superior à sua vontade e ao seu empenho. E nunca haverá nada para melhorar, nunca haverá nada para aprender, porque tudo foi pensado, tudo foi trabalhado, suou-se até à última gota, mas o azar não deixou que os objectivos fossem atingidos. Como se já não bastassem os árbitros, o sistema, a falta de ventilação do estádio e os alegados oligarcas incompetentes que se instalaram no seio do clube, gera-se assim mais um factor a contribuir para não se dar o melhor, para lavar as mãos da responsabilidade, para maldizer e para justificar as derrotas e os insucessos. O pior é que esse factor adicional é algo abstracto, com que não podemos lutar, pela simples razão de que…não existe. E os verdadeiros responsáveis vão agradecer.

Azar? Eu já vi demasiadas derrotas do Sporting no último minuto ou no último jogo para ainda acreditar em azar. Já vi jogadores a terem demasiadas lesões para acreditar no seu azar. Azar na verdadeira acepção da palavra seria, por exemplo, se um pombo chocasse com a bola, desviando-a no momento em que esta se dirige para a baliza; ou se um parafuso do Vaivém Discovery caísse em cima da cabeça dum jogador nosso. E mesmo assim, ainda gostaria de averiguar se o Pinto da Costa pertence a alguma Sociedade Columbófila ou é accionista da NASA.

Mas para ilustrar como esta Teoria do Azar é falacciosa e perversa, dou-vos o seguinte exemplo: se um jogador, no decorrer dum jogo fizer 3 remates ao poste, ouve-se um bruá imenso no estádio, deita-se as mãos à cabeça e logo a seguir bate-se palmas e puxa-se pela equipa, e no dia seguinte a imprensa vai dizer que a sorte não esteve com o jogador e que um eventual empate ou derrota foi injusto. Mas se um jogador falha 3 passes para um colega e daí resultam contra-ataques perigosos, de imediato ouve-se um burburinho, seguido de vaias, assobios e pedidos de substituição, e no dia seguinte a imprensa vai dizer que um eventual empate ou derrota foram o produto de erros próprios. Ou seja temos uma diferença diametralmente oposta de atitudes perante 2 situações que, apesar de diferentes, têm substancialmente a mesma causa: falta de precisão centimétrica para colocar a bola num determinado ponto do campo. Mas vá-se lá saber porquê, num caso é obra divina, no outro caso é obra da incompetência do jogador.

Ainda sobre “azar” no futebol, também é curioso pensar no seguinte: se um jogador é constantemente flagelado por lesões (como por exemplo Carlos Martins), imediatamente o jogador recebe o epíteto de azarado e só lá para a 13ª lesão é que se começa a suspeitar que se calhar há algo mais além do azar. Mas até aí é sempre fruto do azar, são “coisas da vida”, “só acontecem a quem lá anda”, “e todos passam por elas”. Até aí nunca se vêm referências à susceptibilidade diferencial a lesões dos diferentes jogadores, como se todos tivessem a mesma estrutura anatómica e fisiológica; até aí nunca se questiona se os médicos, fisioterapeutas e o próprio jogador estão a fazer tudo para que a recuperação seja total e a susceptibilidade a lesões seja diminuída. Já se um jogador como Moutinho tem a ficha clínica praticamente limpa e nunca falhou um jogo por lesão, nunca se vêm referências à “grande sorte” do jogador, apesar de, no caso particular do jovem leão, ele ser um autêntico todo o terreno em campo e ser recorrentemente o jogador mais castigado pela brutalidade do adversário. Novamente, 2 tipos de situação subjacentes à mesma lógica, e 2 tipos de análise diferente (num caso há azar, no outro não há falta dele).

Se as derrotas amargas e a infelicidade eterna fossem a sina inevitável dos sportinguistas, então uma das maiores alegrias que tivemos nos últimos anos, com aquele golo de Garcia em Alkmaar nunca teria sido obtida da maneira que foi. E que visão tão cruel e pessimista essa, a de que há um qualquer superior que nos deixa sofrer 120 minutos daquela maneira, para no último minuto nos dar a maior alegria dos últimos anos e um dos maiores gritos de golo de sempre, tudo para, semanas depois sofrermos a humilhação da derrota na própria casa numa final europeia.

São só algumas ideias. Obviamente que não me acho detentor da razão absoluta, mas fico muito aliviado, quando, por exemplo no tópico do jogo com a Roma haja quem comece por atribuir as culpas do empate ao azar, para no dia a seguir já aligeirar o discurso e concordar que houve algo mais (mais do mesmo, o mesmo de sempre, diga-se) do que azar na maneira como a equipa deixou que a Roma carregasse e chegasse ao golo. Mas sobretudo fico aliviado por, no seguimento desse aligeirar do discurso do azar, se reconhecer que esse discurso repetitivo dos deuses e da sina sportinguista é como um vírus que contagia todos os que o rodeiam e alastra sem cessar até se converter num modus vivendi. E é pela perversidade dos efeitos dessa modus vivendi, pela fútil e contraproducente entrega a sentimentos de auto-comiseração, pelo crescimento da cultura da desresponsabilização, que se deve combater o alastrar desse vírus. É por isso que, acredite-se ou não no azar, acho necessário eliminar essa palavra do vocabulário leonino quanto antes, pelo papel didáctico que isso pode ter no crescimento do Sporting enquanto instituição, enquanto massa de adeptos, enquanto equipa. Mesmo que se acredite no azar e numa sina, não os usemos como desculpa, antes como algo que só permita que os jogadores, os treinadores e os próprios adeptos se transcendam a si próprios, de modo a que no fim possam dizer, de forma absoluta e objectiva: sim, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, sim demos mais de 100%. Um dia teremos a recompensa.

Em primeiro lugar, aquilo que escreveste, perante as situações que descreves, aplica-se a qualquer adepto, de qualquer clube, não é exclusivo dos sportinguistas.

Continuando, também acho inegável que existe a tradição neste clube de sacudir água do capote e culpar os árbitros, os deuses, ou a sorte, depende da situação, será talvez mais apanágio nosso que dos outros rivais, visto que nós em futebol ganhamos menos.

No entanto, tenho anos suficientes disto, para te dizer que certas situações e factos que já presenciei deste clube, me levam realmente a concluir, que o mesmo será um dos mais fatalistas na Europa e de longe o mais prejudicado em Portugal.

Quanto é que eu diria que isso tem de importância no mau desempenho do clube? Cerca de uns 5%, o resto é mesmo falta de cultura ganhadora que se perdeu quando a equipa que venceu a Taça das Taças se foi retirando, o vazio ganhador do clube para mim começa aí…

Em relação ao jogo da Roma disse e direi que foi azar e roubalheira… As duas juntas, não dá para bater, se és assim tão racional que não te permite acreditar, digamos, num padrão anormal de situação prejudiciais à equipa que estão fora do controlo da mesma, então é uma opinião só tua, mas não chames “carneiros” aos outros por causa disso.

Concordo contigo, mas não concordo com a ausência total do que enumerei atrás, nem que a mesma é superior no SCP que noutros clubes.

Peace.

Eddie_Verde, apesar de concordar em alguns aspectos acho que recorres a demasiados facilitismos numa desculpa igualmente fácil e maleável, como o azar que bate constantemente na nossa porta. O Futebol é um desporto, um desporto é um jogo e um jogo tambem é caracterizado pela sorte e pelo azar. Mas se, afinal de contas não podemos nunca mais soletrar a palavra “azar” no final de um jogo, será que podemos soletrar “sorte”? Posso afirmar que tivemos sorte em Alkmaar? Mas já não posso afirmar que tivemos azar contra a Roma? Porquê? Porque é que quando afirmamos que tivemos sorte é uma tentativa “legal” de viver bem com a nossa consciência e serve como uma prova da nosssa humildade? E porque é que quando afirmamos que é azar - segundo a tua lógica - é um estado miserabilista que já entrou no estado de espirito dos Sportinguistas? Por muito que não queiras viver com esta horrivel palavra, ela existe no futebol e por vezes, é utilizada em excesso por motivos ainda inexplicáveis. Agora, quando definitivamente temos azar, porque é que tenho de ficar calado?

Eu sei que isto pode ferir algumas suscpetibilidades porque afinal de contas o titulo do tópico é a “Sina do Sporting” mas vejamos, o benfica. Quantas vezes nós Sportinguistas afirmamos em completa unanimidade que eles têm uma sorte descomunal? Porque é que até o MadeiraLion já teve a paciência de fazer uma vaca com cores encarnadas? Porque é que o ano passado, o Sporting contra o Paços de Ferreira, em casa, esteve constantemente em cima do adversário e não marcou e o benfica numa exibiçao semelhante há duas semanas atrás, consegue marcar no ultimo minuto? Tem mais qualidade? São mais pragmáticos? Será que podemos realmente afirmar que são mais pragmáticos, se tivermos em conta que nesse mesmo o jogo, o matador Paraguaio falhou umas 6 bolas completamente escancaradas? Voltamos ao mesmo, porque é que podemos afirmar que alguns têm sorte e não podemos afirmar que alguns tambem têm azar?

Penso que te ridicularizas a ti próprio quando referes que “azar” só se um pombo bater na bola e evite que ela entre. Ou o teu conceito de infortunio é muito restricto, ou então vives na inocência de pensar que em todos os jogos de futebol os resultados são honestos (sem falar em roubos de arbitragem). É que segundo a tua filosofia - bem mais miserabilista, que a minha - uma equipa nunca têm azar em nenhum jogo, por isso todos os 3 resultados que podem acontecer durante um jogo de futebol, vão ser plenamente condizentes com o futebol praticado pelas duas equipas. Basicamente, o que defendes é que no futebol nunca existe azar. Não me parece que essa visão de um jogo, seja a mais correcta. Nota: Apenas considero a tua teoria miserabilista, porque apresentam factores de sustentação completamente falaciosos.

Se as coisas correrem mal, todos vão dormir tranquilos: os jogadores, os treinadores, os administradores e os adeptos. Porque afinal havia um desígnio superior à sua vontade e ao seu empenho. E nunca haverá nada para melhorar, nunca haverá nada para aprender, porque tudo foi pensado, tudo foi trabalhado, suou-se até à última gota, mas o azar não deixou que os objectivos fossem atingidos. Como se já não bastassem os árbitros, o sistema, a falta de ventilação do estádio e os alegados oligarcas incompetentes que se instalaram no seio do clube, gera-se assim mais um factor a contribuir para não se dar o melhor, para lavar as mãos da responsabilidade, para maldizer e para justificar as derrotas e os insucessos. O pior é que esse factor adicional é algo abstracto, com que não podemos lutar, pela simples razão de que…não existe. [b]E os verdadeiros responsáveis vão agradecer[/b]

Pensa, analisa e estuda o jogo com a Roma. O que é que nós podiamos ter feito para evitar aquele golo às duas tabelas? Se o Sporting continuasse - como muitos queriam - em cima do adversário e se porventura no final do jogo sofresse um golo em contra-ataque, o que é que voces iriam dizer? Azar? Não, essa palavra afinal de contas é para os fracos que se refugiam estupidamente e inconscientemente nela. O Sporting recuou no terreno por não ter mais força nas pernas e porque queria agora sim, explorar o seu contra-ataque. Sofremos uma falta que a meu ver não existe, a bola é passada para trás e num remate às duas tabelas a bola acaba mesmo por entrar. Se existe uma pessoa que até posso responsabilizar é o Moutinho, por não ter feito logo pressão em cima do adversário. Essa tua ultima frase é no minimo cómica, quem são entao os verdadeiros responsáveis? A equipa que deu bailinho e deu o litro em campo? O Paulo Bento que fez bem as substituições? Ah já sei, foi o Carlos Freitas e o FSF, pois claro. Como é que eu me esqueci. Shame on them…

Já nem falo da estátua da Nossa Senhora de Fátima no balneário, que está lá muito bem, se for garante de que os jogadores crentes entrem em campo imbuídos de fé e animados de uma força e combatividade adicionais. Mas…de que valerá aos jogadores correrem e suarem durante a semana, treinarem e aperfeiçoarem a técnica e a táctica, treinarem as bolas paradas, estudarem as jogadas e os adversários, se no final do jogo tudo pode ser resolvido num golpe de sorte? Para quê dar 100%, aproveitar todos os minutos de treino e pensar em todos os factores possíveis e imaginários que podem ter peso no resultado de um jogo de futebol, se carregamos uma aura de infelicidade e insucesso? Para quê mover montanhas, fazer engenharia financeira, procurar, até ao mais ínfimo pormenor, os jogadores que melhor podem servir a equipa, se o azar pode bater à porta e arrumá-los com uma rotura de ligamentos?

Nós já tivemos bastantes momentos de falta de sorte, mas daí a ser desculpa para tudo é evidente que não concordo. As derrotas todas do Sporting este ano, apenas em uma delas, o azar subiu na minha mente. Onde é que essa aura, afinal? É que basta os Sportinguistas dizerem uma verdade: tivemos azar na passada quarta-feira. E já começas a lançar discursos que temos uma aura de insucesso que desculpa todos os maus resultados? Mas desde quando? Quantas criticas já levou Paulo Bento pelas derrotas? Quantas criticas já levaram os jogadores por maus resultados? Quantos insultos já levou CF pelos maus resultados? Será que os Sportinguistas são mesmo uns estupidos do “azar”?

Se as derrotas amargas e a infelicidade eterna fossem a sina inevitável dos sportinguistas, então uma das maiores alegrias que tivemos nos últimos anos, com aquele golo de Garcia em Alkmaar nunca teria sido obtida da maneira que foi. E que visão tão cruel e pessimista essa, a de que há um qualquer superior que nos deixa sofrer 120 minutos daquela maneira, para no último minuto nos dar a maior alegria dos últimos anos e um dos maiores gritos de golo de sempre, tudo para, semanas depois sofrermos a humilhação da derrota na própria casa numa final europeia.
[b] Apesar da maioria - onde me incluo - concluir que tivemos azar neste ultimo jogo, ninguem é estupido o suficiente para achar que nunca na vida vamos ganhar nada apenas porque existe um Deus lá em cima que não tem cores verdes. Quando se diz "Que mal é que fizemos a Deus?", é apenas uma maneira de expressar a nossa insatisfação para com algum acontecimento menos produtivo mas ninguem vai pensar que não tem o apoio de Deus, porque foi "feito" para fazer sofrer os Sportinguistas. Ninguem disse nada disso.[/b]

Deixo uma pergunta que já coloquei em cima e que caracteriza todo o teu discurso. Se fosse o Sporting a empatar em Roma, sem nada o fazer para tal, no ultimo minuto com um remate que embate em dois jogadores romanos, posso dizer que tivemos sorte? Então porque é que quando é o contrário, não posso dizer que é azar? O Sporting que jogue sempre com a mesma entrega com que jogou contra a Roma e nao será necessário abrires mais tópicos como este.

Eu não fiz nada. A Vaca Gloriosa -de longe, o melhor jogador da história da Instituição- existe e foi criada para o Cow Parede Lisboa :lol:

Mas para explicar o azar do Sporting (que é verdade, não justifica tudo) e a sorte dos outros, fizeste bem em falar do Benfas: não jogam um peido há semanas mas marcam sempre no fim, seja por herros umanos, seja por remates que tabelam em 2 ou 3 jogadores. O Sporting jogou muito bem contra o vice-campeão de Itália e empatamos o jogo daquela maneira.

Mais, a final da UEFA em Alvalade. Aquelas duas bolas no poste, na mesma jogada, seguidas de um golo dos russos. Nunca vi coisa igual e vou morrer sem ver a repetição dessa jogada. Só no Sporting.

O meu irmão, que acredita em questões metafícas, já disse que estes azares podem estar a ser criados pela própria mentalidade dos sportinguistas: muitas cabeças cheias de fatalidades no mesmo espaço criam forças negativas. O contrário acontece com os arrogantes adeptos do Benfas: podem jogar contra quem seja, sempre acreditam que vão golear. Tretas? pode que sim, pode que não. Um dia acreditaram que a Terra era plana, mas àfinal não era.

Podes soletrar o que quiseres, podes afirmar o que quiseres, podes achar que tivemos azar com o Roma e sorte em Alkmaar, és livre de acreditar no que quiseres. Como já disse atrás , respeito e admito isso mas não sou obrigado a concordar, nem sou obrigado a acreditar que aquilo que é vulgarmente designado por sorte e azar no futebol tem realmente a ver com sorte ou azar. Se lesses com atenção o meu último parágrafo verias que admito tudo, mas que, como exercício didáctico prefiro não enveredar por esse tipo de discurso e muito menos banalizá-lo. É apenas isso que sugiro. Não estou aqui a querer converter ninguém, apenas a chamar a atenção para que, mesmo acreditando no azar, só temos a ganhar se não banalizarmos essa postura, pois facilmente se passa da crença no azar à desresponsabilização, e daí à inércia e ao comodismo.

Da mesma maneira que, não obstante as vergonhas que se viram nos últimos 20 anos em termos de arbitragens, há quem prefire não entrar pelo discurso dos “coitadinhos sistematicamente prejudicados pelos árbitros”, pois temos que ser capazes de ultrapassar todos e quaisquer obstáculos, e isso só nos poderá fortalecer, eu faço o mesmo exercício aplicado a coisas como auto-golos, golos sofridos no último minuto, campeonatos perdidos no último jogo etc. Se um árbitro nos anula mal um golo, então temos que marcar 2, se nos anula mal 2 então temos que marcar 3. Eu faço o mesmo, apenas substituo o factor “arbitragem” pelo factor “azar”.

Para ser curto e grosso: caguei para o Benfica. Se vamos usar o Benfica como bitola estamos bem mal.

Podes achar-me ridículo, mas então é porque não compreendes o conceito de “sorte” e “azar”. A palavra “azar” tem origem no árabe e era o nome de um dado de jogar. A palavra “aleatório”, vem do latim “alea”, que era o nome doutro dado de jogar. Tanto quanto sei, não há ninguém no Mundo que tenha a perícia suficiente para, ao lançar um dado, tirar a face que pretende com um determinado movimento de braço ou de pulso. Sempre que lanças um dado tens 1/6 de probabilidade de tirar uma das faces e não podes fazer nada contra isso. Sorte/azar é isso mesmo: ausência de controle sobre as circunstâncias. E no futebol a ausência de controlo sobre as circunstâncias é mínima comparativamente a um jogo de sorte.

Meu caro, neste parágrafo acabas por responder às tuas próprias perguntas e nem dás conta, repara:

Aqui temos uma primeira explicação em que não é preciso invocar a sorte ou o azar, apenas a preparação física e a racionalidade na gestão do esforço. Mas se isso não te basta, já foi referido por mim e por mais pessoas no tópico do jogo: se viam que se estavam a ir abaixo das canetas, tinham era que queimar tempo, não fazer passes longos para a área adversária em que se perdia a bola, não fazer correrias desenfreadas pelo meio campo deles em que se perdia a bola, e se fosse preciso, recorrer a tácticas mais manhosas (mas não ilegítimas) como pôr 2 jogadores a cobrir a bola junto da bandeirola de canto deles e obrigá-los a cometer faltas.

Aqui temos mais uma justificação em que não é preciso invocar o azar:

Chega-te ou queres mais?

Meu caro, acho que aqui estás a falhar completamente na análise. Não fui eu que lancei o discurso da aura do insucesso. São todos aqueles que não só dizem que tivémos azar no jogo com a Roma, como no seguimento dizem que “é sempre a mesma coisa”, “é sempre assim”, “ser sportinguista é mesmo assim”, “os deuses não gostam de nós”, etc. O que eu pretendo com este tópico é precisamente convidar a uma reflexão que possa mitigar esse discurso.

De certa maneira já respondi a essa pergunta e voltamos ao princípio. Não, não diria que teríamos tido sorte se empatássemos em Roma no último minuto num auto-golo às 2 tabelas. Diria que ganhámos porque acreditámos até ao fim, corremos até não podermos mais e conseguimos que a bola entrasse dentro da baliza deles, porque, como já disse, a aleatoriedade num jogo de futebol é residual. Poderá não ter sido consciente a acção de rematar de maneira a que a bola tivesse batido no defesa romano, adquirindo uma trajectória que enganasse o Doni e entrasse, mas certamente que foi consciente o esforço e a corrida para chegar à zona em que se arrancou o remate, tal como foi consciente e premeditado o acto de chutar a bola na direcção da baliza.

É aqui que te escapa uma coisa muito importante. É que não foi a falta de entrega que determinou aquele empate em Alvalade. Não foi isso que eu disse nem ouvi ninguém dizê-lo. O que determinou o empate, já o disse e não estou sozinho nessa visão das coisas, foi a falta de sangue-frio e racionalidade para gerir a posse de bola, abrandar o ritmo de jogo e impedir a subida dos italianos, fosse de que maneira fosse. E nisso, como sempre, a equipa foi ingénua, de nada tendo valido lições como aquele Beira-Mar 3 - Sporting 3, ou aquele empate nas meias-finais da Taça no Estádio do Dragão há 2 anos.

Gostei da piada do Paracelsus, logo após o jogo, culpando o azar pelo facto do Braga não ter jogado para a Taça UEFA na semana passada.

Rui Santos, a seguir, disse que Paulo Bento jogou com a mesma equipa de Roma porque não tem substitutos à altura. Eu não sei se o que se passou ontem foi falta de querer, cansaço, um super-Braga ou a mistura de tudo.

Não acredito em bruxas nem destinos marcados. O Sporting não tem mais azar ou sorte que os outros. O que acho é que está instalado um sentimento maioritário derrotista entre os adeptos que provavelmente vem desde o “jejum” e que dois títulos não curaram.

Sim, ouso dizê-lo, a maior fonte do “azar” é o derrotismo que salta das bancadas de Alvalade para os jogadores e equipas que por lá passaram. São mais responsáveis os adeptos do que quem lá está dentro.

E a solução não passa apenas por vitórias. É que, como quaisquer seres humanos, os derrotistas do Sporting precisam de ajuda para se curarem. Esta ajuda só pode ser dada por uma liderança capaz. Só um grande Presidente nos poderá reabilitar no que a este espírito diz respeito. É para isto que existem os líderes e já não temos nenhum provavelmente desde João Rocha.

Por exemplo o jogo em Braga. Haveria que aceitar co mais naturalidade a proveitar para fazer um bocado de humor. Ou não é tão mau perder em Braga do que empatar na Amadora após estar a ganhar por dois até 5 minutos do fim ? Os optimistas e vencedores desvalorizam as derrotas. Nós passamos a vida a falar delas.

O meu irmão, que acredita em questões metafícas, já disse que estes azares podem estar a ser criados pela própria mentalidade dos sportinguistas: muitas cabeças cheias de fatalidades no mesmo espaço criam forças negativas. O contrário acontece com os arrogantes adeptos do Benfas: podem jogar contra quem seja, sempre acreditam que vão golear.

Mas é como tu dizes, precisamos de um lider com carisma e de um discurso diferente.

A diferença é que os porcos empataram um jogo que estava no bolso, relaxaram, pensavam que tinham o jogo no papo e entalaram-se…e isto aconteceu nos últimos 10 minutos porque até ai eles estavam a jogar bem…
O Sporting entrou a pensar que as camisolas ganham jogos e que por o braga estar mal aquilo até ia correr bem…a grande diferença é que nós não jogámos nada, não foi só o resultado pesado, foi uma exibição miserável, do pior que já vi o Sporting fazer (existem mais jogos semelhantes…).

Em relação ao primeiro parágrafo parece-me que estamos de acordo, nunca se deve viver à custa da sorte ou de o azar. A sorte procura-se e o azar encontra-se. Não me parece que os Sportinguistas fiquem inertes aos maus resultados pelos simples facto de haver, um factor extra-futebolistico que não depende do rendimento directo dos atletas, como o azar. Simplesmente, temos de ter consciência que o Futebol, enquanto um jogo tem subjacente a sí o facto de por vezes haver momentos de sorte e momentos de azar. Se calhar existem equipas que merecem um pouco dessa sorte final, mas o azar não deixa de minar o campo de uma determinada equipa sem que haja uma constatação minimamente racional capaz de a denegrir.

No segundo parágrafo recorres a uma analogia pouco convicente, pelo menos no meu entender. Se somos prejudicados em todos os jogos, então temos de ter consciência que é preciso jogar sempre contra os arbitros. Esse pensamento até pode fazer sentido mas exigir uma vitória nesses moldes é no minimo demasiado exigente para qualquer equipa. Quais são as equipas que conseguem vencer quando o campo está inclinado? Como é que se pode exigir ao Sporting que ganhe a golos marcados com a mão e em fora de jogo? Os minimos exigiveis ao Sporting são entrega durante os 90 minutos, se no final desses 90 minutos acabarmos por perder com um golo marcado pelo árbitro, então permite-me que te diga mas o problema não é nosso por muito que tu queiras responsabilizar os atletas pelo tento sofrido. O factor sorte e azar por vezes são inexplicáveis e pouco humildes. O Sporting não merecia aquele infortunio no final do jogo, e isto não é andar aqui a lamurear-me com o azar que nos lixa a vida todos os anos, é apenas uma atribuição de um mau resultado por uma propensa falta de sorte.

Para ser curto e grosso: caguei para o Benfica. Se vamos usar o Benfica como bitola estamos bem mal.

Tendo em conta aquilo que nós estamos a falar e recorrendo agora sim a uma comparação minimamente sustentável, o benfica é a prova de que existe sorte no Futebol sem que os jogadores/equipa a mereçam. Sim ok, podes dizer-me que têm o mérito de continuar a atacar e chegar ao golo mas quantas vezes não tentou o Sporting tambem atacar e chegar o golo e não conseguiu? Voltamos ao mesmo, é falta de pragmatismo e eficácia? Será que estamos a ser honestos se dizermos que o benfica é mais pragmático que nós quando nesse mesmo jogo ganho no ultimo minuto falhou “golos feitos”?

Podes achar-me ridículo, mas então é porque não compreendes o conceito de "sorte" e "azar". A palavra "azar" tem origem no árabe e era o nome de um dado de jogar. A palavra "aleatório", vem do latim "alea", que era o nome doutro dado de jogar. Tanto quanto sei, não há ninguém no Mundo que tenha a perícia suficiente para, ao lançar um dado, tirar a face que pretende com um determinado movimento de braço ou de pulso. Sempre que lanças um dado tens 1/6 de probabilidade de tirar uma das faces e não podes fazer nada contra isso. Sorte/azar é isso mesmo: [b]ausência de controle sobre as circunstâncias[/b]. E no futebol a ausência de controlo sobre as circunstâncias é mínima comparativamente a um jogo de sorte.

Os teus conhecimentos culturais fascinam qualquer pessoa, no entanto, acabas de lançar um conceito que te arruina a teoria. Sorte/azar é ausencia de controle sobre as circunstâncias. Ora nem mais, não existe melhor explicação que esta. E por isso, pego nas tuas palavras e digo: Será que o jogador Romano que rematou aquela bola que acabou por originar um golo às duas tabelas, tinha o controlo sobre as circunstâncias? Ele tinha o controlo sobre o desvio inequivoco de Moutinho e Polga? É que se me conseguires garantir que ele sabia de antemão que quando fosse rematar aquela bola, ela iria bater em dois jogadores adversários e por fim entrar na baliza do Sporting, então aí sim estamos perante um caso de controlo sobre as circunstâncias. Mas como isto não cabe na cabeça de ninguem, torna-se lógico que o jogador Romano não tinha qualquer controlo sobre as circunstâncias e por isso foi um momento de sorte. Não podes rebater esta parte da mensagem porque estou a utilizar a definição genérica de sorte/azar que tu mesmo deste. Mas é claro, se me garantires que o jogador Romano sabia que com aquela colocação da bola e com aquele remate com determinado ângulo para um dos lados, ia conseguir tabelar em dois jogadores e entrar na baliza, eu fico calado.

Aqui temos uma primeira explicação em que não é preciso invocar a sorte ou o azar, apenas a preparação física e a racionalidade na gestão do esforço. Mas se isso não te basta, já foi referido por mim e por mais pessoas no tópico do jogo: se viam que se estavam a ir abaixo das canetas, tinham era que queimar tempo, não fazer passes longos para a área adversária em que se perdia a bola, não fazer correrias desenfreadas pelo meio campo deles em que se perdia a bola, e se fosse preciso, recorrer a tácticas mais manhosas (mas não ilegítimas) como pôr 2 jogadores a cobrir a bola junto da bandeirola de canto deles e obrigá-los a cometer faltas.

Depois do que disse em cima, não preciso de justificar esta parte da mensagem. Relembro, sorte/azar é ausencia do controle sobre as circunstâncias.

Meu caro, acho que aqui estás a falhar completamente na análise. Não fui eu que lancei o discurso da aura do insucesso. São todos aqueles que não só dizem que tivémos azar no jogo com a Roma, como no seguimento dizem que "é sempre a mesma coisa", "é sempre assim", "ser sportinguista é mesmo assim", "os deuses não gostam de nós", etc. O que eu pretendo com este tópico é precisamente convidar a uma reflexão que possa mitigar esse discurso.

Nesse aspecto estamos de acordo e a finalidade do tópico aceita-se e compreende-se. Apesar de tudo, há que compreender que muita dessa ladainha é fruto de uma força de expressão, igualmente irracional e fruto do momento tenso que viviamos depois do jogo. Ninguem acredita realmente que não gahamos nada porcausa de Deus (acho eu). :wink:

De certa maneira já respondi a essa pergunta e voltamos ao princípio. Não, não diria que teríamos tido sorte se empatássemos em Roma no último minuto num auto-golo às 2 tabelas. Diria que ganhámos porque acreditámos até ao fim, corremos até não podermos mais e conseguimos que a bola entrasse dentro da baliza deles, porque, como já disse, a aleatoriedade num jogo de futebol é residual. Poderá não ter sido consciente a acção de rematar de maneira a que a bola tivesse batido no defesa romano, adquirindo uma trajectória que enganasse o Doni e entrasse, mas certamente que foi consciente o esforço e a corrida para chegar à zona em que se arrancou o remate, tal como foi consciente e premeditado o acto de chutar a bola na direcção da baliza.

O jogador da Roma tem mérito por ter rematado à baliza e os jogadores Romanos têm mérito em terem jogado algum futebol nos ultimos 10 minutos, no entanto, relembro que não havia nenhum controle sobre as circunstâncias. Eles fizeram o que podiam e conseguir chegar ao golo num momento de sorte, momento de sorte esse que está subjacente à tal ausencia de controle sobre as circunstancias. Desculpa a vasta repetição desta definição mas permite-nos compreender melhor este lance. Se o golo tivsse sido num cruzamento normal e num remate normal no ultimo minuto de jogo, é evidente que não seria sorte. Nesses momentos é relativo falar de sorte porque existe sim controlo sobre as circunstâncias, afinal de contas o jogador que fez o cruzamento sabia para onde estava a cruzar e o jogador que rematou sabia que rematando daquela maneira ia marcar golo (coisa que o atleta Romano em Lisboa não sabia, daí o termo sorte ser muito bem empregue e justificado).

. O que determinou o empate, já o disse e não estou sozinho nessa visão das coisas, foi a falta de sangue-frio e racionalidade para gerir a posse de bola, abrandar o ritmo de jogo e impedir a subida dos italianos, fosse de que maneira fosse. E nisso, como sempre, a equipa foi ingénua, de nada tendo valido lições como aquele Beira-Mar 3 - Sporting 3, ou aquele empate nas meias-finais da Taça no Estádio do Dragão há 2 anos.

A partir da altura em que o termo sorte encaixa no momento que deu o golo à Roma, essas palavras apenas podem servir de reflexão proxima para evitar possiveis desaires. Não que tenham predestinado aquele golo final mas sim porque seria expectável que agissem duma maneira mais racional. Fomos ingénuos, ok aceito. A Roma teve sorte, tambem tens de aceitar e se não aceitares no final deste post, então é porque não vale a pena continuar a dialogar. Quanto aos jogos que referes, têm explicação naquilo que eu disse em cima, onde diferencio mérito no minuto final da sorte no minuto final.

Eddie, estás a pegar num jogo, Sporting x Roma, para generalizares. Na minha opinião, e basta ler a impressa estrangeira o lance que origina o 2-2 é fortuito e ao contrário do que tu dizes, os italianos não estavam em cima do Sporting. Aquilo foi um lance fortuito, um pontapé que bate em dois jogadores do Sporting e entra na baliza. Para mim foi azar, infelicidade, injustiça… escolhe a que quiseres.

Na minha opinião ao Sporting de facto acontecem coisas do arco da velha, desde sermos o único clube em Portugal em muitas décadas que viu um adepto ser morto em pleno estádio, até à derrota na Taça Uefa, jogada em casa. Num caso foi tragédia, no outro tristeza, azar e muita inabilidade. Mas aconteceu a este clube !

Não acho que a palavra “azar” faça parte do léxico do clube, nem os adeptos façam disso uma desculpa fácil, porque se assim fosse, ao longo dos anos não tinham saído tantos treinadores, jogadores e dirigentes. Tudo seria perdoado com o “Azar” e a vida continuava.

Apresentas depois duas “teorias” para defenderes o teu ponto de vista com as quais não posso concordar menos:

se um jogador, no decorrer dum jogo fizer 3 remates ao poste, ouve-se um bruá imenso no estádio, deita-se as mãos à cabeça e logo a seguir bate-se palmas e puxa-se pela equipa, e no dia seguinte a imprensa vai dizer que a sorte não esteve com o jogador e que um eventual empate ou derrota foi injusto. Mas se um jogador falha 3 passes para um colega e daí resultam contra-ataques perigosos, de imediato ouve-se um burburinho, seguido de vaias, assobios e pedidos de substituição, e no dia seguinte a imprensa vai dizer que um eventual empate ou derrota foram o produto de erros próprios. Ou seja temos uma diferença diametralmente oposta de atitudes perante 2 situações que, apesar de diferentes, têm substancialmente a mesma causa: falta de precisão centimétrica para colocar a bola num determinado ponto do campo. Mas vá-se lá saber porquê, num caso é obra divina, no outro caso é obra da incompetência do jogador.

Um jogador errar 3 passes é azelhice, desconcentração, não é Azar. Errar passes é o pão nosso de cada dia no futebol, acontece em todos os jogos e dezenas de vezes. Enviar 3 bolas ao poste é uma anormalidade, quantos jogos te lembras em que um jogador ou uma equipa envia essa quantidade de bolas ao Poste ? Aposto que muito poucos. Por isso, e bem, é classificado com azar, infortúnio, infelicidade.

Ainda sobre “azar” no futebol, também é curioso pensar no seguinte: se um jogador é constantemente flagelado por lesões (como por exemplo Carlos Martins), imediatamente o jogador recebe o epíteto de azarado e só lá para a 13ª lesão é que se começa a suspeitar que se calhar há algo mais além do azar. Mas até aí é sempre fruto do azar, são “coisas da vida”, “só acontecem a quem lá anda”, “e todos passam por elas”. Até aí nunca se vêm referências à susceptibilidade diferencial a lesões dos diferentes jogadores, como se todos tivessem a mesma estrutura anatómica e fisiológica; até aí nunca se questiona se os médicos, fisioterapeutas e o próprio jogador estão a fazer tudo para que a recuperação seja total e a susceptibilidade a lesões seja diminuída. Já se um jogador como Moutinho tem a ficha clínica praticamente limpa e nunca falhou um jogo por lesão, nunca se vêm referências à “grande sorte” do jogador, apesar de, no caso particular do jovem leão, ele ser um autêntico todo o terreno em campo e ser recorrentemente o jogador mais castigado pela brutalidade do adversário. Novamente, 2 tipos de situação subjacentes à mesma lógica, e 2 tipos de análise diferente (num caso há azar, no outro não há falta dele).

Mais uma vez escolheste um mau exemplo. O Carlos Martins foi um jogador que além de ter tido uma conduta errada extra-futebol, tinha de facto um problema fisiológico que afectava o seu rendimento desportivo. Um exemplo, Figo e Del Piero, ao longo da sua carreira Figo teve 2 lesões graves uma no Real Madrid ( lesão no tornozelo ) e agora esta fractura do perónio. O facto de ter passado ao lado das lesões fez dele um jogador de topo, do melhor que o mundo já viu. Del Piero, extraordinário jogador, mas constantemente afectado por lesões. Azar, sorte ? Se calhar nem uma coisa nem outra, é a fisiologia de cada um. Mas é provável que os adeptos da Juve, digam " que Azar" cada vez que o Del Piero encosta à enfermaria, é da condição humana, mas isso não quer dizer que o clube ou os seus adeptos sejam fatalistas.

Não podes exigir que quando algumas situações pouco usuais acontecem, se deixe de usar esta ou aquela palavra. Para mim ter dois reforços num espaço curto de tempo, arrumados para 6 meses é azar. Em dois anos seguidos, tocar-nos os grupos mais difíceis da LC, é Azar. Nunca o Sporting ter tido a “sorte” de ser sorteado com o “isento” :slight_smile: nos sorteios da Taça de Portugal, é Azar. São realidades que acontecem ao Sporting, sem que possam ser usadas como desculpa.

:clap: A liderança traz crença e positividade, logo, resultados. Continuar assim é que não. Uma direcção que só sabe falar para um tipo de adeptos não chega. O futebol é um desporto de massas e a maioria dos adeptos do Sporting não são da “elite”. O Sporting precisa de um “populismo” à sua maneira, que mobilize os seus adeptos. Essa mobilização contagia os atletas. Faz falta esse ambiente no clube, mas em quem manda actualmente não há sensibilidade nem habilidade para COMUNICAR com os sportinguistas.

Acho está reflexão importante, concordando com alguns aspectos discordando doutros.

  • Para mim o azar ou a sorte (a bola bater na trave ou em 10 jogadores em tabela e entrar) faz parte do jogo. Ou o golo no ultimo minuto.

O problema para mim é que o Sportinguista tente também a desvalorizar tudo o que bom acontece e valorizar tudo o de mau. A comunicação social (fortemente adversa) contribuiu para isso. Mas acontece o mesmo em relação ao FCP eles fazem precisamente o contrário de nós.

O Sportinguista médio é de um pessimismo limitante. Valoriza os insucessos e desvaloriza os sucessos. Contrariamente aos nossos adversários.
Exemplos:

  • Nunca vejo um Andrades falar os 19 anos que tiveram sem ganhar o campeonato. Nunca vejo um gaylinha falar os 12 anos que foram o jejum mais recente em relação a títulos de campeão. Isto mesmo foi algo inventado pelas gaylinhas para desvalorizar a SuperTaça e a Taça que ganhamos nesse entretanto. Nós é o pão-nosso de cada dia.

  • Já vi neste fórum falar mais de 20 vezes no vice-campeão de Itália. Portugal por acaso não teve vice-campeão?
    Logicamente que quando as gaylinhas são vice-campeões isso aparece vezes sem conta na comunicação social valorizando e animando as hostes. Nós próprios o desvalorizamos eu sei que alguns por táctica (politica de terra queimada) mas acho que a maioria porque isso sim …

  • A ideia do quase… é constantemente atirada pela comunicação social… e hipervalorizada por nós. Basta ver que com Paulo Bento em 5 jogos do tudo ou nada, sem a mínima hipótese de alterar um resultado só falhamos um.

  • Braga (ultimo jogo acesso directo à Liga de Campeões)

  • Ultimo jogo da Liga dos CAmpeões(fase Grupos) que perdemos

  • Ultimo jogo da epoca passada (acesso directo à Liga de Campeões)

  • Final da Taça

  • “Final” da SuperTaça
    Ou seja nos últimos anos não existe lógica nenhuma para o clube do quase mas isso é dito até a exaustão por alguma comunicação social e referido pela maioria dos Sportinguistas.

-Desvalorizamos completamente todas as conquistas. Quando ganhamos a Taça: é apenas a Taça. Quando vamos à SuperTaça: o jogo não tem muito interesse. Ou seja enquanto os nossos adversários valorizam os jogos em que participam nos desvalorizamos ao máximo seguindo acriticamente a cartilha de certa comunicação social. Na Taça da Liga já começou a campanha de desvalorização… o normal portanto.

Esta falta de entusiasmo, este pessimismo limitante, esta ideia de coitado, de mauzinhos é lógico que se transmite aos jogadores e treinadores.

Esta ideia de pessimismo está tão arreigada que quando alguém tem entusiasmo próprio da juventude (desculpem o paternalismo) como o Juve-Boy é logo trucidado. É verdade alguns forista com 16 anos parecem ter 61. Ou quando alguém como o Carlos Almeida tenta transmitir uma mensagem positiva, concordando eu ou discordando, é logo apelidado dos mais variados “mimos”.

Esta ideia é levada ao extremo nalguns casos. É raro um Sportinguista referir que somos a maior potência desportiva do país. O clube com maior numero de títulos, com maior numero de atletas olímpicos. Em Espanha os adeptos do Barça repetem tantas quantas necessárias.
Eu vi um forista referir que o Sporting nas modalidades de multidões por exemplo o Voleibol não ganha (está extinta). O Voleibol uma modalidade de multidões em Portugal? O Atletismo que obviamente que em relação ao Voleibol em Portugal e no mundo é muito mais importante é desvalorizada porque aí o Sporting ganha.

Isto não significa ter uma atitude de Papoila Saltitante como as gaylinhas mas acho que teríamos muito a aprender com os vizinhos do Norte.

O espírito critico é necessário mas o entusiasmo é tanto ou mais que ele. A ideia que um líder é que nos transmite o entusiasmo ou positividade, para não ferir susceptibilidades é redutora.
Tal como o Carlos Almeida diz eu sou do Sporting não sou do FSF, Cintra, Abrantes, Dias Ferreira da Juve Leo ou do Directivo. Hoje e até final dos meus dias eu vou lutar contra este pessimismo esteja no “poder” quem estiver.

Concordo com tudo o que dizes excepto esta parte. Não se deve subestimar a importância da liderança neste processo de inversão do derrotismo / pessimismo Sportinguista.

Aliás o exemplo que dás é claro. O fcp era assim até aparecer um líder capaz de lhe devolver o orgulho e espirito vencedor (não vamos discutir os processos porque desde já digo que não concordo com eles nem os queria ver no Sporting).

Mas isto não é uma vizão sebastiânica. É antes uma atitude de exigência perante quem quiser ser Presidente do Sporting. Não basta ser conhecido, ter umas ideias ou jeito para comunicar. Nem sequer ser apenas bom gestor. É fubdamental que tenha capacidade de liderança adequada.

Aquilo que é a “sina” do Sporting mais não é, na minha óptica, do que um profundo e crónico défice da cultura da EXCELÊNCIA. Durante o meu tempo de vida, não me lembro de alguma vez existirem pessoas no SCP capazes de imprimir essa dinâmica e essa mentalidade.

Em termos práticos, a minha visão da cúpula Sportinguista deveria passar mais ou menos por isto:

  • Um Presidente com grande capacidade de lideranca, carisma e de comunicacão. Capaz de dar prioridade ao que é de facto importante, com uma estratégia bem delineada no tempo. Capaz de mobilizar os adeptos Sportinguistas e de mopstrar firmeza na defesa dos interesses do Clube.

  • Um CEO altamente eficiente a delinear e aplicar a estratégia. Rigoroso, meticuloso, com capacidade muito acima da média no que respeita à gestão de grupos de trabalho, à distribuicão de tarefas e responsabilidades.

  • Vários grupos de trabalho, encabecados pelo respectivo responsável, para as mais diversas áreas, tendo em conta a estratégia e prioridades: formacão, prospeccão, marketing, só para dar alguns exemplos.

:think: :think: :think:

Neste momento está mais ou menos assim (not):

FSF: Presidente mas apenas em 1 hora vaga.
CEO: CF
Prospecção:CF
Formação:CF
Dinheiro:CF
Recursos Humanos: CF
periodos de 10 dias de introspecção:CF

:think: :think: :think:

Acabei de constatar que estamos com uma felicidade tremenda. O V.Setúbal e o Marítimo perderam os seus jogos, o Braga empatou, e o V.Guimarães ainda não jogou.

Estamos, portanto, em 3º lugar depois do empate com o Leixões e jogamos em casa com o “lanterna vermelha” na próxima jornada. Este fim-de-semana subimos duas posições, ou apenas uma, se o V.Guimarães pontuar. Pode-se considerar então, uma jornada de sorte.

Vamos agora a Manchester e pelo que tenho lido, Rooney e C.Ronaldo estão em dúvida para o jogo…

Convém também não ignorar que aquilo que se passará na 12ª jornada terá grandes semelhanças com o que aconteceu contra a Naval à 9ª jornada.

Vamos vencer convincentemente a União de Leiria, para gáudio de todos aqueles que ainda acreditam no trabalho de Paulo Bento e nos pontos perdidos por azar… porque a turma de Leiria, por mais sorte que tenha, dispõe apenas de 4 pontos na Liga até ao momento, sendo que não ganharam nenhum dos 11 jogos já disputados! Acho que mesmo com o Paulo Be… ops, mesmo com o azar que temos, se trata na realidade de bater em mortos.

EDIT (hoje, 3ª feira): E não é que o V.Guimarães nos fez mesmo o favor de ceder o 3º lugar?! Jornada milagreira esta… 4 clubes de 2ª linha solidários com o Sporting.

Mesmo correndo o risco de parecer ridículo, mantenho, porque tenho razões para tal:

[youtube=425,350]Die Papierkugel! und das anschliessende Tor - YouTube

Tinha mesmo que desenterrar este tópico depois de ter visto isto. Digam-me: se o 2º golo da Roma em Alvalade foi azar, este golo do Werder Bremen no jogo de ontem foi o quê?

:stuck_out_tongue:

Azar, foi só ter sido canto. De resto foi falha de marcação ao Hugo Almeida e um não aliviar do defesa do Hamburgo para o outro marcar. :slight_smile:

Quando se fala em equipas com azar está-se no fundo a falar de equipas com falta de calo. O azar bate sempre à porta dos mesmos, que são aqueles que tremem nas alturas decisivas. O Hamburgo precisava de marcar um golo rapidamente, ter cedido um canto tão estúpido desconcentrou-os por isso sofreram o golo no canto, é um situação muito habitual em futebol, normalmente acontece a equipas com falta de estofo. O Sporting teve azar com a Roma porque tremeu no fim do jogo, como já tinha tremido com o Real e com o Barcelona há uns anos. Há equipas que estão tão habituadas a ganhar e que acreditam até ao fim nas suas capacidades, por isso têm sorte.

A única vez que tivemos “sorte” foi na meia-final com AZ Alkmaar- o golo do Miguel Garcia foi tão inacreditável que eu não consegui festejar. Nesse jogo tivemos fibra de campeões, acreditámos até ao último segundo.