Sobre a discussão do futebol no Sporting.

Não vejo como arranjar jogadores de qualidade indiscutível e, simultaneamente, conseguir segurar miúdos que vão dando nas vistas e com isso merecendo melhores salários.

Vejo que se consiga, aqui e ali, um ou outro negócio similar a Rubio ou Carrillo, mas para manter os miúdos da formação, acho que esse deve ser o nosso nível de risco máximo em termos de investimento, tanto no que se refere à idade, como no que se refere aos valores envolvidos. Não digo que isto seja “sagrado”, mas devia ser o modelo…

mas porque raio uma das opções é gastar peseta em torsiglieris, pongolles e pranjics? porque não considerar isso com consequência duma gestão para a comissão, duma gestão desportiva e financeira desastrosa e desajustada da realidade do clube e simplesmente eliminá-la deste tipo de discussão?

o Sporting simplesmente não tem uma base que suporte 4 ou 5 chavalos da equipa B no “11”, assim directos. ponto.
a não ser que nos assumamos definitivamente como mais um belém e abdiquemos definitivamente do estatuto de grande neste país.

porque os resultados serão estes que temos tido. e a luta pela champions desaparece para dar lugar a uma luta pelos lugares europeus.

na minha opinião, isso seria uma vergonha para o Sporting Clube de Portugal que aprendi a gostar.

o insúa (e mesmo o Schaars, o Labyad ou o Rinaudo) desmente(m)-te categoricamente.

Desses, so o Insua e o Schaars sao claras mais valias. O labyad nao fez nada ainda e o Rinaudo, infelizmente, ja se viu que nao é jogador, pelo menos nestes moldes e sem um treinador que o ensine o que fazer em campo, para um clube como o Sporting. é terrivelmente dificil encontrar negocios Insuas por esse mundo fora. Mas obviamente concordo que com gestores competentes a dificuldade encurta.

O sporting sempre que foi campeão, desde que me lembre, teve uma base forte de jogadores fora de serie experientes, (Scheimchel, Andre Cruz, Jardel, Pedro Barbosa, Joao Pinto, Di Francheschi, Rui Jorge) misturados com jogadores medianos mas guerreiros e que sentiam o clube(Paulo Bento, Cesar Prates, o proprio Rui Bento, Nelson etc) e talentos jovens (Quaresma, Niculae e mesmo o Moutinho na fase inicial. Eu pergunto é, no estado em que se encontra o clube, além do Rui Patricio, onde temos os nossos Pedros Barbosas, Rui Jorges deste mundo?Perfeitamente conhecedores da grandeza do Sporting e capazes de integrar os nossos Quaresmas e Ronaldos? é que estes segundos acredito que tenhamos, como o Bruma, Dier ou Zezinho. O problema esta na espinha dorsal principal que os suporte, que claramente nao temos e dificilmente teremos nos proximos anos.

O que eu quero dizer é que, a errar na alocação de fundos, prefiro que seja pelo lado da segurança, no investimento interno, no crescimento da massa salarial de miúdos que vão crescendo e merecendo o papel. Por serem miúdos, será sempre mais fácil desfazer-nos dessa massa salarial em caso de sub-rendimento do que com um trintão internacional em que já poucos acreditam, esta flexibilidade, por serem miúdos, permite uma gestão mais fácil dos recursos.

Tenho esta opinião por manifesta falta de confiança no nosso departamento de prospecção e/ou pela nossa capacidade de negociação. Como disse antes, os negócios de Rubio e Carrillo, ou até Labyad, sem serem prodígios (no imediato…), são jogadores promissores, com presença nas selecções jovens dos respectivos países, no dia em que acharmos que já não servem é relativamente mais fácil arranjar mercado para eles sem ter que lhes encher os bolsos para se porem ao caminho.

E não vejo como necessário que um desinvestimento para os 25 M/época nos arrede da discussão pela Champions, pelo menos enquanto a Champions for acessível a partir do 3.º lugar.

o insúa (e mesmo o Schaars, o Labyad ou o Rinaudo) desmente(m)-te categoricamente.
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Insua e Schaars são jogadores muito longe de estarem acabados, ao contrário de Pranjic e Boula (até gosto do holandês).
Insua era um fora de séria mas Schaars, sendo um bom jogador e que eu aprecio, é um jogador passível de substituir a partir de dentro.
Foram ambos bons negócios de ocasião, na compra, do mesmo modo que Insua, João Pereira e Matias também o foram, mais tarde. Não sei se vamos ter capacidade de voltar a ter jogadores do mesmo patamar salarial.

Eu não sou contra ter jogadores de qualidade indiscutível, obviamente. Mas se nos encontrarmos com apertadas restrições financeiras, tenho dúvidas que os consigamos cativar.

aproveitei a deixa e acabei um texto, sobre este tema que já tinha em mente há algum tempo. é para dividir com o Ravanelli já que se enquadra perfeitamente na discussão que o texto dele suscitou e muitas das ideias nasceram de outras tantas “conversas” tidas aqui:

[i]lusofans.com has expired

nem só com notas se consegue cativar as pessoas. há outros argumentos. um projecto, uma ideia e as pessoas certas são armas fortes para quem não tem “cão”. e o nome Sporting ainda tem algum peso.

não nos resignemos a todo este fatalismo com o qual querem afundar definitivamente o Sporting Clube de Portugal.

É possível que eu esteja a entrar em miserabilismos por antecipação… :shifty:

Relativamente à ideia, ao projecto, foi mais por aí que eu expliquei a saída do Moutinho do que apenas com salário, por isso não estamos assim tão longe nesse ponto. Mas tenho dúvidas que tenhamos argumentos desportivos (Champions, LE…) ou económicos para conseguir aliciar outro Insua. Espero estar enganado, e aí entra o mérito de quem nos dirigir nessa altura.

O Insua é um jogador de qualidade, que veio com a atitude certa, mas que não passava por um bom momento. Não contava para o Liverpool e não se tinha dado muito bem na Turquia.

Não me parece que jogadores com este perfil sejam inalcançáveis para o Sporting, muito pelo contrário. O Sporting nestes 2 anos foi buscar 1 contentor de jogadores, muitos medíocres, mas vários com mercado, seja pelos clubes que representavam, seja por aquilo que tinham feito num dado momento da carreira, seja pela qualidade… vários não revelam nem revelaram o seu valor na plenitude, muito por causa do enquadramento e de um mal que é estrutural, mas também porque tinham características redundantes com aquelas que já existiam no grupo.

O “protótipo” de jogador à Freitas, caracteriza muitas das suas contratações, mas algumas ( as deste 2 anos ) fizeram todo o sentido… e só vejo que em vez de 30 contratações, se tivessem alocados o recursos para muitos menos atletas e para mais qualidade, teríamos certamente uma massa salarial mais reduzida, melhor futebol, melhores jogadores, melhores resultados e os jogadores estavam mais valorizados.

Sou frontalmente contra, a não ser em posições deficitárias e “não cruciais” , que se contratem jogadores de um nível semelhante ou mesmo inferior ao que temos, em alguns casos até na equipa B. De mediania, já estamos servidos. Espero é que haja um trabalho de sapa no mercado. No momento certo, nos mercados certos, há excelentes oportunidades de negócio que podem e devem ser aproveitadas. E a dimensão do Sporting foi suficiente para ser apelativa para internacionais de muitos países. A forma como se trabalha neste clube e os resultados que tem tido, é o que os afugenta.

Aparte dos jogadores, é preciso uma estratégia a 10/15 anos, um modelo em torno de toda a organização do futebol profissional.
Podem discutir jogadores, mais valias ou flops, que mesmo grandes craques não serão capazes para dar a volta um clube que vive desorganizado, sem perspectiva de futuro, cujas únicas mais valias são a excelente academia e um grupo de adeptos e sócios fieis. Modelos como o Barcelona ou a Ajax, são modelos consolidados que não se fizeram em dois anos por mão de um qualquer feiticeiro divino. há trabalho, insistência, insistência e mais… insistência.
Por isso, estar a discutir se o plantel deve ter x jogadores da B, mais valias, menos valias, mais ou menos estrangeiros, resulta na minha opinião, apenas num exercício teórico.
O modelo a 10/15 anos, isso era o que gostaria de ver discutido:

  • O Sporting da próxima época;
  • O Sporting daqui a 3 anos, objectivos e estratégia;
  • O Sporting daqui a 7 anos, onde queremos estar;
  • O Sporting daqui a 10 anos, o que devemos alcançar até la;
  • O Sporting daqui a 15 anos, o que devemos ter consolidado;

Em primeiro lugar pede-se competência. Uma direcção competente, capaz de gastar bem os poucos recursoss que temos. Um treinador competente capaz de valorizar o que temos de bom.

Aquilo que defendo para a proxima epoca é o aproveitamento dos bons valores que temos:

  • Rui Patricio (caso ninguem bata a clausula de rescição);
  • Miguel Lopes e Cedric;
  • Rojo;
  • Rinaudo, Adrien, Martins e Schaars;
  • Labyad, Capel e Carrillo;
  • Ricky.
    O regresso dos emprestados:
  • Nuno Reis;
  • Wilson Eduardo;
  • Onyewu.
    A aquisição de 3/4 jogadores capazes de lutar por um lugar no onze, jogadores já com alguma experiencia na Europa, que sejam claras mais valias e boas oportunidades de negócio:
  • Ghilas;
  • Um médio ao estilo de Fernando/Matic;
  • Um lateral esquerdo;
  • Um médio desiquilibrador.
    Aposta na formação:
  • Dier, Ilori, Zezinho, João Mário, Bruma, Esgaio, Rubio ou Betinho, podem e devem ser lançados aos poucos na equipa A. Não podemser lançados ás feras todos de uma vez e esperar para ver o que vai dar. Devem começar por ser convocados, ir entrando uns minutos e aos poucos começarem a ganhar o seu lugar no onze (se mostrarem qualidade para tal).

Á direcção cabe aproveitar o que temos de bom, adquirir bem para os lugares mais deficitários e valorizar a nossa formação. Não podemos depender só da formação, temos de saber equilibrar as coisas e compra jogadores já com alguma experiencia. Os lampiões vão comprar Djuricic por 5 ou 6 milhões. Um jogador jovem mas já com alguma experiencia e que á partida será uma mais valia para o plantel (assim como tem sido Ola Jonh), se para isso temos de recorrer a fundos que seja.

:clap:
É mesmo isto que deve ser entendido. Temos que ter “técnicos e dirigentes competentes”. Adianta de muito pouco estarmos ansiosos para ter mais jogadores de qualidade. Temos que ter um presidente firme e dps ir alterando lentamente todas as praticas do clube, na defesa dos nossos interesses.

SL!

«Não me queria colocar muito na pele do meu colega, mas o Sporting está a fazer uma grande aposta na formação e nos seus talentos, mas tantos ao mesmo tempo e num contexto difícil não será o melhor, mas o Jesualdo Ferreira está a fazer o seu melhor, com uma recuperação tanto mental como física dos seus jovens jogadores e protegendo a sua auto estima. Também vivi uma situação difícil quando cheguei ao Sporting, porque estava em oitavo lugar. No meu tempo fui relativamente bem sucedido, mas, agora, admito que seja mais complicado porque a qualidade é deficitária».

«É bom que surjam pessoa do futebol no Sporting, porque isso não tem acontecido. Quando treinei o clube disse que aquilo era um Fórmula 1, mas que muitas vezes não era conduzido da melhor forma. O clube tem imenso potencial, mas não tem seguido o melhor caminho.»

Carlos Carvalhal

Hoje mandaram-me uma “piadola” a que não achei piada nenhuma.

Dizia a tal “piadola” que o Sporting agora já não perde o campeonato até ao Natal, vai perdendo em duodécimos… ou qualquer coisa do género, confesso que apaguei quase imediatamente o e-mail…

O que é certo é que estamos numa situação desportiva terrível em grande parte por nossa própria culpa.

Eu percebo o excelente “post” do @ Ravanelli, que deu origem a este tópico. Mas acho que não estamos a ser realistas.

Se por um lado, é verdade que só com os putos não vamos lá (e viu-se com o Estoril), no entanto, não podemos ter expetativas demasiado elevadas quanto ao futuro, seja ele nas mãos de quem for.

Podemos legitimamente ter esperanças nos jovens da Academia. Mas eles fazem parte da solução, não são a solução na integra.

Temos que ter paciência e pensar que nas próximos duas épocas, pelo menos, vamos percorrer a nossa Via Dolorosa (juntando a esta).

Não vamos ter dinheiro para comprar grandes jogadores, se calhar não vamos conseguir manter alguns dos que temos (Ru1, Ricky, pelo menos) e vamos ter que improvisar… doa a quem doer, temos que nos mentalizar que vai ser assim.

Como já referi aqui, é importantíssimo ter um treinador que conheça o futebol português e o jogador português ou do campeonato português. Esse treinador tem que ter sapiência para construir uma equipa, com solidez defensiva, um meio campo batalhador e um ataque consistente.

É pouco para um Sportinguista? Claro que é. Eu queria e quero mais.

Mas o mal está lá bem instalado e, seja Couceiro, Severino ou BdC que ganhe, não vai conseguir extirpá-lo num passe de mágica ou num esfregar de olhos.

Vai demorar; e vai doer, vai doer a todos os Sportinguistas que amam o Clube.

E nós, como diz o outro, vamos aguentar. Mas aguentamos até um certo ponto. Não nos peçam para negar o nosso ADN. Somos Sportinguistas, adeptos dum Grande Clube, uma Grande Instituição. E nunca deixaremos de o ser. Por isso, quem vier a seguir tem que perceber que pode pedir paciência porque nós vamos ter que a ter. Mas que essa paciência não vai durar para sempre, isso é uma certeza.

Discordo com grande parte com do post (@Ravanelli algum dia tinha de acontecer :great:)

Não senti o jogo com o Estoril como um abre-olhos em relação aos perigos de jogar com uma equipa de miúdos, pelo contrário, a questão da experiência pode ser real em muitas situações, mas no nosso caso não se pode aplicar… porque afirmar que a opção x ou y é mais experiente olhando para o B.I. é fácil…
Demonstrar essa valia em campo? Alguém viu? Alguém vê um único jogador no plantel do Sporting que mostre realmente “bagagem” emocional (para mim a percentagem mais importante da experiência de jogo demonstra-se assim) e faça passar essa valia nas acções que produzem por jogo?
só um… Rui Patrício… que até foi um dos culpados da derrota no Estoril, com aquela falha… (sem dúvida que é o único que tem credito para falhar). E esse é exactamente o exemplo a ser tido em conta, ele é indiscutível e o único que realmente transmite experiência… experiência adquirida com tempo de jogo neste clube e em Portugal (importa muito também) mas sempre com a noção de que interessa muito mais o talento e qualidades individuais.
A experiência só é uma vantagem aquando das escolhas de jogadores se a capacidade para praticar o jogo for ao mesmo nível… a partir do momento em que um não apresenta qualidade ao nível do outro a experiência que teem é (devia ser) irrelevante.
Porque a experiência serve para pormenores de jogo, já a qualidade aplica-se e exige-se em todos os momentos de jogo

Bom exemplo (para mim): Na teoria, olhando para os jogos praticados vejo um Eric Dier com bastante mais “experiência” que um Boulahrouz… Porque tem lido melhor e mais rapidamente as situações a que é sujeito… Mas todos sabemos que isso não podia ser mais falso. Isto explica-se com o simples facto de que experiência é bom… mas qualidade natural é melhor.

Ter jogadores de formação com qualidade (ainda que em potencial) é um luxo que não pode ser ofuscado pela fraca qualidade do restante plantel, é demasiado injusto.
Concordo que é impossível ser campeão com esta equipa de miúdos mais uns 3 ou 4 jogadores, por maior qualidade que tenham. Mas discordo que tal equipa não conseguisse lutar pela champions.
E isto é que interessa, não é a idade, não é o facto de serem assobiados ou não. Interessa aquilo que eles são capazes de dar em campo. E acredito piamente que se não existisse esta fornada de miúdos, as opções aqui discutidas seriam incomparavelmente mais trágicas.

Relativamente a aquisição de “Evaldos” da nossa liga… entendo perfeitamente o trauma, mas entre os ‘Evaldos’ é que se encontram os ‘Fernandos’, os ‘Limas’, os “Eders”, os “Netos” os “Nenes”…
Exige-se isso sim, critério e seriedade nas escolhas…

Por estarmos tão habituados a produzir jogadores com mínimo de qualidade deixamos desvalorizar este factor… Não é comum existir um clube que forma 3/4 jogadores de selecção por geração…
Algo que no mundo do futebol seria aproveitado por qualquer clube com uma estrutura organizada e competente.

Resumindo, entendo e relaciono-me com certos entraves que vês… mas não tenho duvida que se houver um caminho para a “retoma” daquilo que é o Sporting passa por estes miúdos. Os moldes em que esse aproveitamento pode ser feito é que teem de ser assentes em algo que não temos há algum tempo (para a evolução de jovens e tudo o resto): competências sérias no que toca a liderança e organização. (refiro-me a toda a estrutura directiva, mas principalmente, à ligação: Presidente - Director desportivo(s) - Treinador)

Em primeiro lugar, desculpar-me pela pressa com que escrevi o texto. Se calhar não fui suficientemente objectivo em algumas ideias. Mas a falta de tempo com que me tenho debatido, aliado à frustração de que não me consigo livrar (por muito que espere estes resultados, eles são sempre frustrantes) leva a coisas destas.

Uma das primeiras coisas que me sobressaiu da discussão (muito boa discussão, acho eu) que se desenrolou pós post, é a do passivo. A ideia que foi o caminho de auisições e investimento que levou aos 400 e picos milhões de passivo. Para mim, não foi. Para mim foi a de uma boa ideia que se estragou e a de gestores de topo, que de repente se esquecem do básico em qualquer projecto, ainda por cima um pioneiro: ir observando o contexto em que se desenrola e os objectivos a que se propõe (se estão a ser cumpridos e em em que medida se prevê o futuro dos mesmos). Claro que investimos mal. Toda a gente o faz. Até a Juventus nos anos 90 o fazia. Sim, após termos sido campeões e acabarmos com um jejum de 18 anos, investimos muito mal. Depois disso voltámos a ser campeões. Depois voltámos a investir mal, contudo ainda se conseguia alguma coisa. Depois deixámos de investir, de forma a abater passivo, baixando as despesas. Curiosamente, chegámos a Bettencourt e Godinho Lopes, ambos ganham com a necessidade de investir mais. Pelo caminho começou o desastre exibicional, a queda consecutiva dos resultados e… pronto, já sabem o resto. Como já foi dito, chegámos aos 400 milhões graças a incompetência, enorme e generalizada. O dinheiro que investimos em jogadores foi uma gota no oceano.

É suposto o investimento gerar mais-valias. É o único motivo para investir. Sejam mais-valias financeiras ou noutro qualquer objectivo a que uma organização se propõe. Neste caso, queremos financeiras e títulos. E glória, já agora. O nosso investimento é mais baixo que o de rivais e gera zero. Pior que o investimento em 2001, 2003, 2010 ou 2011, o que nos tramou foram os gestores de topo, incapazes de sequer gerir juros à banca, racionalizar despesas inúteis, bolsos cheios e um Grupo Sporting onde me cheguei a perder, tantas eram as dependências ligadas ao Clube. Quanto dinheiro não voou no meio disso? Sim, já desperdiçámos uma dezenas valentes de milhões. Mas não 400 e tal milhões.

Uma enorme fatia dessa divida tem a ver, penso eu, com a incapacidade de ter mais-valias minimamente aceitáveis face ao investido. Hoje discute-se em todo o lugar onde se murmura Sporting sobre a quebra de investimento, sobre baixar despesas. Sim, baixem despesas. Não baixem o investimento. Se o baixarem, que não seja de forma tão bruta como se discute e suba-se em muito a competência. Como foi dito aqui, não necessitamos de 20 jogadores numa época, mais metade (ou algo assim) na outra. Mas isso é o quê? Gastassem o mesmo em 1/3 desse total, mas em reais mais-valias futebolísticas (leiam-se bons jogadores), gastassem em treinadores e em estrutura competente e provavelmente teríamos resultados diferentes. Essa é a diferença. Isso é o que julgo ser certo. Melhor que eu, outros foristas poderão colocar aqui gastos em craques que se revelaram um perfeito fiasco. Sem ir a outros Presidentes e assim de repente… lembro-me de Alberto Rodríguez, Oguchi Onyewu, Atila Turan, Luis Aguiar, Elias, Valeri Bozhinov, etc, etc. Sem aqui dizer se têm ou não qualidade. Uns não, outros até sim. Mas não estão no Clube e duvido que voltem ou se tornem em mais-valias. Já nem vou ao Evaldo, Pongolle e etcs. Nem vou apresentar os nomes de outros tantos que não sei que raio ainda estão a fazer no Sporting. Aliás, sei. Está à espera da saída.

Seja por falta de qualidade dos jogadores, seja por entregarmos bons jogadores a amadores, seja pela estrutura que decide tudo isso… chegámos a esta […]! Investimento? Não. Queimar notas! É diferente! Mas alguém ganhou com esta […], disso tenho poucas dúvidas.

Agora é desinvestir, baixar despesas e meter os jovens no assador. Paciência, pede-se. Aguentar. diz-se. Para ganhar o futuro! Qual futuro? Digam-me o nome de uma equipa que nos últimos 30 anos, tenha conseguido algo do género do que se diz (ainda de forma mais ou menos escondida) ser possível. Promover uma data de miúdos da equipa B numa só época, ter um plantel praticamente sub-23 e em 3 ou 4 anos estar no topo. Isto nas 8 ou 9 maiores ligas europeias. Se quiserem falar do Ajax ou do Feyenoord, estou à vontade. Da liga holandesa também.

Mas pior, ouço abertamente flar disto como se fosse algo já devidamente atestado na Europa ou até em apenas Portugal. Sim, @Moutinho-Kun, disse abre-olhos porque estou farto de ler nos jornais, nas conferências de imprensa, nas conversas com sócios e adeptos sobre esta teoria. E ouço falar do Borussia e do Barcelona. Ora vejam lá outra vez, digo eu. Veja-se os jogadores batidos que Klopp tinha quando entrou. E depois, o Barcelona!

Existe esta ideia de que Guardiola juntou uma cambada de putos da B e fez uma das 5 melhores equipas de todos os tempos. Nem uma (a primeira), nem outra (ok, a segunda já é opinião minha). Mas a primeira não é certamente. E fica tudo a olhar para mim como se estivesse bêbado ou tivesse hibernado durante os últimos 5 anos. Mas já olharam para o primeiro plantel de Guardiola? Sim, fez uma limpeza brutal. Mas os putos que lá andavam (ou os mais putos, em termos de experiência) e que realmente interessaram em termos de jogo chamavam-se Piqué e Busquets. Messi já era o 3º melhor do mundo, Xavi e Iniesta eram batido e de selecção, tinham Puyol, Henry, “Rafa” Marquez, “Dani” Alves, Eto’o, Valdes, Keita, etc.

Para além disso, existe a ideia que a mudança de paradigma aconteceu do dia para a noite. Lembraram-se disso antes do Guardiola e zás, na época seguinte, miúdos a jogar à bola. Sim, mesmo concordando com o @bukowski quanto À revolução estrutural de Guardiola, ela não sucedeu em 2008. O projecto do Barcelona começou a ser sugerido em 1977/78. Andava eu na primária (e lembrem-se da minha idade, sendo que entrei e saí nas idades programadas pelo Estado) e já andavam com planos e imitações. No final dos anos 80, já se jogava à bola com a mente nisto. Depois reformulou-se, voltou-se atrás por contingências e jogadores, com Van Gaal voltou-se ao projecto. E Guardiola ainda refez muita coisa para dar certo. Sendo que já Rijkaard tinha tido sucesso, não foram décadas de deserto. No Sporting pensa-se fazer isto em 3 anos. Certo…

Não existem milagres. O nosso campeonato não é fácil. É duro para jogadores e técnicos. Querem meter miúdos contra xicos-espertos. Quando falo em experiência, não falo em trintões. Pode-se ser experiente aos 21 anos, sem dúvida. Quantos jogos de primeira Liga e Europa tinha o Moutinho aos 21? E o Patrício? Mas jovens da B, com rodagem de 2ª divisão e uma equipa às costas? Uma defesa sub23? Com tipos medianos a suportar isto tudo? Não aprendemos nada?

O Sporting, mais que baixar despesas, necessita de aumentar receitas. O nosso investimento é mais baixo que o dos rivais. Mas as nossas receitas são muito mais baixas que dos rivais. E ninguém aponta isto. Receitas! Boa sorte em obter receitas sem competições europeias. Boa sorte com patrocínios e negociações televisivas, etc, sem visibilidade e resultados. Boa sorte em manter os jovens sob contrato sem receitas. E este ponto então deveria dizer qualquer coisa e fazer pensar…

Tenho assistido ao tentar fazer vingar esta ideia. É na imprensa (basta ver alguns títulos após o dia 22), em responsáveis (actuais) pelo futebol, em comentaristas, opiniões maneira, notáveis, pseudo-notáveis, verdadeiros notáveis nem sempre reconhecidos como tal, sócios e adeptos. E também o peio aqui, em diversos tópicos. Mas pior: em alguns candidatos a dirigentes.

[hr]

Diz-me com quem jogavam os ‘Fernandos’, os ‘Limas’, os “Eders”, os “Netos” os “Nenes” quando singraram nos grandes do futebol português e depois discutimos isso. :wink:

Eu concordo com o Ravanelli. E nisso revejo-me numa declaração do José Couceiro (que entretanto descobriu que é Peyroteo) na sua apresentação em que diz que o problema do Sporting não é arranjar dinheiro. O problema do Sporting sempre foi gerir o dinheiro. Godinho Lopes conseguiu investir mais de 30 milhões num ano, dinheiro esse que não existia, tal como agora não existe. Desse investimento quais tiveram ou terão retorno? Insua já teve (aquém do que poderia ter rendido) e arrisco dizer que só Wolfswinkel e Carrillo é que poderão ter. O resto poderá sair por pouco mais, pelo mesmo, ou muitos até sairão (alguns já saíram) por menos do que aquilo que foi investido neles. E aposto que, quando todos os jogadores contratados durante essa gestão saírem, o Sporting pouco ou nada ganhará em relação aos tais 30 milhões de investimento. Daqui se prova que o problema não é arranjar o dinheiro. O problema é saber investir esse mesmo dinheiro.

Para realçar esta minha teoria, que no fundo vai de encontro ao texto do Ravanelli, deixo-vos uma pergunta para pensarem:

Purovic custou ao Sporting cerca de dois milhões de Euros. Falcão custou ao Porto cerca de cinco milhões de euros. Qual dos dois foi, para vocês, mais barato?

Umas vezes acerta-se, outras não. O mesmo FCP que sacou Falcao e Jackson também comprou Orlando Sá, Renteria e Walter.

:think:

Esse post está cheio de razão, mas o caminho mais fácil para aumentar as receitas era aumentado o investimento e mobilizando a massa associativa, como ainda se conseguiu fazer brevemente no período do Domingos. Mas acho que não temos margem para um fuga dessas para a frente…

A única maneira de aumentar receitas de modo controlado é aumentar a nossa competitividade sem um investimento que signifique outra fuga para a frente, racionalizando ao máximo os nossos activos, tanto em termos competitivos como financeiros. Mas para isso será preciso uma competência extraordinária no clube, “top to bottom”, um alinhamento de estrelas, quase. Um presidente que saiba escolher e aguentar o barco na tormenta e um treinador competente e corajoso, porque o percurso que se avizinha não vai ser fácil.

Eu vejo possibilidades de sucesso no modelo que mistura miúdos da Academia com jogadores que signifiquem efectivas mais-valias para a equipa - mas temos capacidade de as descobrir? E, descobrindo-as, temos capacidade de as contratar em condições favoráveis? Ou seja, temos “estrutura” e capacidade própria para ir buscar Schaars e Insuas ou para isso vamos ter que nos colocar nos braços de empresários e “overpay” em negócios como o do Elias? :question:

1- Presidente que saiba escolher.
2- Treinador competente e corajoso

Referes que para estas premissas é quase que necessário um alinhamento de estrelas e eu é que sou pessimista? :mrgreen:

Como referes no teu post, nenhum clube acerta sempre. Há os clubes que acertam mais vezes dos que falham, há os clubes que falham mais do que acertam e há os clubes que quando é decisivo não falhar, não falham, nunca. Ou quase nunca. O porto é um desses últimos exemplos.

Vamos lá a ver… o Sporting tem sido um case study de incompetência e de desperdício de recursos, falhando de forma estrondosa na politica de contratações, que na ultima década e meia gerou bem mais de uma centena de milhões de perdas financeiras, enquanto os rivais, em contra ponto, têm ganhos de centenas. Muitas centenas, no caso do porto. É evidente que os outros falham. Até digo, sem problemas, que determinados períodos de compras por atacado que os outros fizeram no passado, têm todos os sinais de serem motivadas por tentativas de ganhos por parte de alguns, em detrimento do ganho dos clubes e dos seus interesses desportivos e financeiros. Mas ainda, assim, o acerto tem compensado o que se falha, no que respeita unicamente a mais valias nas contratações externas.

Não é só o mérito de escolher bem. É de escolher e depois ter condições para valorizar os atletas. Ter uma máquina relativamente bem oleada, uma estrutura minimamente capaz e treinadores com o mínimo de capacidade para os potenciar.

O Sporting não tem tido nada disto. Contrata mal, muitas vezes sem qualquer tipo de critério que seja vislumbrável e quando acerta, não tem condições mínimas para fazer desenvolver os seus jogadores.

Eu acho que sim, o periodo Paulo Bento pode funcionar como um ponto de aprendizagem, desde que não se cometam os erros dessa altura e se repita o que funcionou relativamente bem. Que se ponha de lado a questão da personalização da figura do homem, mas que se discuta a mesma tendo em conta o baixo orçamento e a presença de vários elementos jovens no plantel.

1- Treinador. Competente, motivado e preparado para um trabalho de base, capaz de unir o seu grupo em torno de uma missão que será tremendamente difícil.

2- Estrutura ( a de topo e a de futebol ) coesa, liderada por alguém capaz de transmitir confiança e esperança num futuro melhor, ambicioso e corajoso. Alguém que faça acreditar os adeptos que para a actual crise há uma estratégia, vontade e capacidade de a terminar num futuro mais ou menos próximo. Nada disto se verificou a meio da década passada.

3- Jogadores de referência ( pela qualidade e experiencia ). O período 2005/2009 falhou neste aspecto. Havia Liedson e os putos, costumo eu dizer, de uma forma algo redutora e simplista. Não foi bem assim, mas penso que o que não foi feito na altura, tem que ser feito agora. Um trabalho exaustivo, diria mesmo que obsessivo, de scouting, de prospecção de mercado , de estudo profundo e rigoroso das alternativas e da procura dos meios para as concretizar, dentro das restrições existentes. O Sporting vai voltar a falhar nas contratações, mas não pode voltar a falhar quando estas são de crucial importância para o reforço competitivo do plantel. O Sporting precisa, neste momento, de jogadores de qualidade extra. E tem que conseguir ir buscá-los ao mercado. Uns 3 jogadores, 1 para cada sector, pelo menos e que 2 deles tenham poder de fogo e capacidade na tomada de decisão, que é a maior lacuna neste plantel.

Um clube com esta dimensão, TEM que ter dentro de si, ou capacidade de ir buscar lá fora, competência em funções chave no futebol. Não pode ser de outra maneira.

Este ainda é o Fórum do Sporting Clube de Portugal, certo? :shifty:

É que eu tenho 30 anos e o 1º Presidente de que tenho memória é Sousa Cintra. O último é Godinho Lopes. Pelo meio, Santana Lopes, Roquette, Dias da Cunha, Soares Franco e Bettencourt.

Presidentes “a sério”, não tive a felicidade de apanhar nenhum.

Pelo contrário, ainda me lembro do cometa Halley passar pela Terra, algo que só ocorre a cada 76 anos.

É preciso acrescentar mais alguma coisa? ::slight_smile:

:arrow:
Mas… e quem? Jovem ou com experiência? nacional ou estrangeiro?
Se me dessem a escolher, se calhar o JJ era o que acalmava mais as hostes. Também gosto de Jardim e apesar de dizerem que não tem títulos, o seu pico foi o Braga (excelente trabalho) e o Olympiakos, onde o título ficou entregue, com 10 pontos de avanço e um jogo a menos. Aguardo para saber qual a opção, mas acho que não vão fugir muito daqui.

Década passada? Como te disse, tenho 30 anos e nunca vi nada que se vislumbrasse com isso que apontas.
E seja qual for o presidente que venha, não vai ter tempo de organizar o clube, remodelá-lo de alto a baixo, a tempo de ter capacidade de amparar uma equipa montada nos ombros de miúdos, mesmo com esses 3/4 reforços primordiais que indicas.

Não vou ser totalmente pessimista, já vi coisas mais difíceis acontecer no desporto profissional de elite (posso dar exemplos, quem segue a NHL sabe +/- o que se passou com a equipa dos Phoenix Coyotes…), mas é algo de butalmente transcendente. A roçar o milagre.

Principalmente quando não há dinheiro.
basta ver o exemplo de clubes como o Paços de Ferreira e de como se tornaram competitivos no longo prazo, sempre com orçamentos reduzidos, sempre cumpridores com as suas obrigações.

O futuro não tem que passar por réplicas sucessivas do passado. Eu sei que é o que tem acontecido. Mas já nos aconteceu vezes demais, já esgotámos o stock da incompetência, da fraqueza de espirito e os tentáculos do polvo estão prestes a cair… :shifty: