Seleccao ainda é Nacional?

Eu vou explicar-vos o meu caso:

Eu sou brasileiro, e sou português. O meu pai é português e viveu no Brasil durante 16 anos; quando ele decidiu regressar a Portugal eu tinha 5 anos de idade. Como tal, fiz toda a minha formação por cá, desde a 1ª classe da escola primária até à faculdade, que estou a concluir.

Tendo pai português, beneficio automaticamente da dupla-nacionalidade; o que acontece é que, para mim, este estatuto não é apenas uma mera questão burocrática. Eu sinto MESMO, de todo o coração, a minha dupla nacionalidade, e amo Portugal, amo o Brasil, por igual.

Pela convivência com a minha família, mantenho o meu sotaque brasileiro. Não acho (ao contrário de muita gente) que isso me retire nenhuma legitimidade para defender que Portugal é a minha pátria, com tudo o que isso acarreta; direitos, deveres, etc, e posso afirmar que se tivesse que fazer uma escolha do género, por mais que ame o Brasil, optaria por Portugal, por ter sido aqui que fiz todo o meu percurso.

Quanto ao Deco e ao Pepe… é extremamente difícil para mim acreditar que eles representam Portugal pelo sentimento que nutrem pelo país, pois eles vieram pra cá com 17/18 anos… é óbvio que o sentimento existe, mas o de apego, de carinho por um país que lhes deu uma grande oportunidade e lhes mudou a vida, mas não acredito muito que seja uma verdadeira noção de pátria!

Se fosse basear a minha opinião apenas nisto, seria mesmo totalmente contra a chamada deles à selecção; não a considero necessária, mas já que acontece, acho que não devemos ser radicais, pois eles estão lá para ajudar e, se formos a ver bem, nem todos os jogadores, mesmo sendo “puros” portugueses, estão ali dispostos a por a camisa da selecção em primeiro lugar e defendê-la acima de tudo… não nos dias que correm…

Ygor, BINGO! É por isto que não defendo a chamada de ambos (e nem do Manuel da Costa, visto que ele nem sabe falar português).
Se fosse um caso de um brasileiro, que tivesse chegado cá há 10 anos, até seria diferente pois já tinha tempo suficiente cá, até porque a lei portuguesa concede a nacionalidade após esse tempo. O que se vê nestes dois casos é que existe um aproveitamento para o seu trabalho, apadrinhado por uma federação de desporto. Mal ambos tiveram direito à nacionalidade portuguesa, bazaram e foram trabalhar para outro país.

Mas agora que estão cá, que defendam condignamente a camisola.

Eu sou frontalmente contra estas naturalizações interesseiras no futebol.

Na minha opinião, as competições entre países só faz sentido na lógica da selecção dos melhores de cada país. Se é para andar com este tipo de naturalizações, mais vale terminar com estas competições.

No nosso caso, ganhámos o Deco, ganhámos o Pepe e queremos ganhar o Liedson. Só iremos acordar e começar a discutir as coisas com seriedade quando perdermos um “figo” ou um “cristiano” para países mais ricos.

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Sem dúvida , pelo andar da carruagem ainda veremos os seleccionadores dos países com melhores selecções e empresários a disputar e a andar atrás de jogadores jovens de outros países.

Ex: jovem craque brasileiro ou português recebe oferta de empresário - Queres ír para a selecção inglesa , francesa , espanhola ou italiana , se fores para a selecção x recebes x€€€€.

Vejam o exemplo do mexicano Geovanni dos Santos , andam a tentar desvia-lo para a selecção espanhola.

É pouco provável que aconteça, normalmente as naturalizações são intercontinentais, sul-americanos, africanos… mas se acontecer, um jogador que não queira representar Portugal não faz falta nenhuma! Há-de haver sempre quem queira, com maior ou menor qualidade, a dignidade é que conta.

Bem ou há moral ou comem todos, como costuma dizer o povo.

Se é para moralizar, então deve deixar de existir naturalizados na selecção de Rugby, Basquete, Andebol, Atletismo, etc…

Ninguem questiona o argentino convocado para a selecção de Rugby, nem a medalha de ouro do Nelson Evora ou as do Obikwelu ou Naide Gomes.

Só no futebol é que se levanta sempre estas questões. Portugal limita-se a seguir a tendencia, se paises como a Espanha, Alemanha, França e Italia que tem um base de recrutamento muito maior que a nossa, não tem problemas com isso, vamos nós nos armar em virgens ofendidas ?

Com a agravante de no caso da Espanha eles são naturalizados à pressão. O Pepe e o Deco cumpriram todos os preceitos legais e não existiu para eles nenhum regime de excepção.

Se tem qualidade e passaporte Português, não me oponha e para mim o próximo era o Liedson !

O que defendo é válido para todas as modalidades. Só não se fala tanto nesses atletas porque a visibilidade dessas modalidades é quase zero.

Além disso, eu gosto que Obikwelu e a Naide ganhem não é tanto por representarem Portugal, mas por serem do Sporting!

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