Proponho-vos um exercício que me parece interessante:
Vamos supor que no fim da tarde do dia 14 de Maio o Sr. Paraty decide assinalar falta de Luisão sobre Ricardo e que quatro dias depois aquela bola que bateu no poste da baliza dos russos entra e em vez de 1-3 o jogo teria ficado empatado nessa altura, vamos também supor que como consequência destes dois pequenos pormenores o Sporting tinha ganho as duas ou pelo menos uma das competições em disputa.
Imaginem num cenário destes o que agora se diria e escreveria sobre homens como Dias da Cunha, Paulo Andrade, Carlos Freitas e José Peseiro, certamente que algo de completamente diferente do que se vai ouvindo e lendo por ai, no entanto a verdade é que nada teria mudado em relação aquilo que foi o desempenho destes protagonistas durante o ano.
Serve isto apenas para dizer que me parece que a ditadura dos resultados condiciona excessivamente as reacções dos media e da generalidade dos adeptos.
Não pretendo de forma alguma desresponsabilizar as pessoas citadas dos insucessos desportivos desta temporada, até porque a minha opinião em relação a essas pessoas é conhecida, só que não mudou nada apenas porque um apito não soou ou uma bola não quis entrar. Sei perfeitamente que o futebol não é uma ciência é apenas um jogo.
Dias da Cunha para mim definitivamente não tem perfil para ser Presidente dum Clube como o Sporting e muito menos duma SAD, é que para além de perceber pouco de futebol, é não raras vezes atacado por uma incontinência verbal desastrada, e curiosamente até na área em que mais se sente à vontade, que é a luta contra o sistema, ficou desacreditado pela sua aproximação contraproducente a um figurão como o Vieira.
Paulo Andrade neste seu ano de tirocínio no mundo do futebol, optou por uma postura cautelosa e pouco interventora. Agora terá poderes e responsabilidades acrescidas e por enquanto não me parece licito crucificá-lo, embora tenha algumas duvidas em relação à sua capacidade para desempenhar um papel mais activo, pois se no capitulo técnico terá de se apoiar em Peseiro e na arte dos negócios teve um ano para perceber o funcionamento do mundo da bola, o seu grande desafio será pôr ordem num balneário que teve algumas convulsões, uma missão para a qual é necessário não só falar com voz grossa nos momentos certos, como também ter alguma sensibilidade para perceber as complicadas cabecinhas dos jogadores de futebol. Espero para ver.
Carlos Freitas é uma figura algo sombria, ele sempre preferiu ficar longe dos holofotes e a forma silenciosa como saiu, fê-lo marcar mais alguns pontos para um pecúlio que na globalidade me parece bastante positivo, apesar das muitas reservas que lhe apontam. Espero que a sua falta não se faça sentir.
Antes dos dois jogos em que tudo se perdeu já aqui tinha escrito que Peseiro tinha conquistado o direito a cumprir o seu contrato. De facto ele conseguiu construir uma equipa que jogou um futebol atractivo e entrou quase sempre para ganhar e isso para mim já é um capital a preservar. Revelou algumas falhas no banco onde por vezes parecia excessivamente intranquilo, mas espero que possa aprender e evoluir nesse aspecto. O que dificilmente vai mudar é a sua postura de gajo porreiro muito mole para o meu gosto, por isso precisa de alguém que o ajude. Preferiu perder o Barbosa que na minha opinião seria um adjunto perfeito, esperemos que lhe arranjem um Director Técnico capaz de o proteger e de arrumar a casa