José Salazar Carreira iniciou-se como atleta no Ginásio Clube Português, onde começou a praticar Ginástica com 9 anos de idade, antes de se dedicar ao Atletismo.
Médico de profissão, foi admitido como sócio do Sporting Clube de Portugal a 2 de Fevereiro de 1912, destacando-se ao serviço do Clube como atleta, treinador e dirigente, e quando chegou a Presidente do Sporting, ainda era o Campeão Nacional dos 400m barreiras.
Atleta ecléctico praticou Andebol, Natação, Râguebi, Ténis e Tiro, mas foi no Atletismo que mais se notabilizou nas disciplinas de velocidade, tendo representado o Sporting pela primeira vez nos Jogos Olímpicos Nacionais de 1914, onde venceu os 100m, 200m, 400m e 800m, numa altura em que já era evidente que estávamos na presença de um enorme atleta.
De resto o seu brilhante palmarés só não é mais rico, porque a I Guerra Mundial interrompeu durante alguns anos as competições oficiais por toda a Europa e só em 1922 é que os Campeonatos de Portugal de Atletismo foram retomados.
A sua grande especialidade era os 400m barreiras, na qual foi Campeão de Portugal três vezes e Recordista Nacional desde 1922, melhorando a sua marca por duas vezes e fixando o Recorde que perduraria até 1927, em 64,6s. Foi também três vezes Campeão de Portugal na estafeta de 4x400, e integrou a equipa do Sporting que em 1922 fixou o Recorde Nacional desta especialidade em 3,52,2, uma marca que perduraria cerca de 4 anos.
Salazar Carreira envergou a camisola do Sporting durante 25 anos, o que lhe valeu uma Medalha única, “Um quarto de século de actividade atlética”, competindo nas pistas quando já era Presidente e ajudando o Clube sempre que era necessário completar a equipa, em especialidades tão diversas como os lançamentos e os saltos, para além da velocidade e das barreiras.
Esta versatilidade permitiu-lhe também fazer excelentes resultados no Pentatlo, concurso em que foi Campeão Regional, o mesmo acontecendo nos 110m barreiras e nos 400m barreiras.
Assim foi durante muitos anos o Capitão Geral da secção de Atletismo do Sporting Clube de Portugal e sua paixão pela modalidade estendeu-se à sua filha, Margarida Salazar Carreira, que viria também a ser atleta do Clube.
Ao longo desses anos, foi o responsável pela introdução no Sporting do Voleibol, do Andebol e do Râguebi, sendo que foi nesta modalidade e por sua iniciativa, que se adoptaram as camisolas listadas que ele tinha visto em França, e que mais tarde se tornaram no equipamento oficial do Clube.
Enquanto dirigente do Sporting fez parte do Conselho Técnico, do Conselho Fiscal da Gerência 1923/24 e do Agrupamento Leonino. Desempenhou também várias funções na Direcção, começando por ocupar o cargo de Vogal, em 8 de Outubro de 1921, mas pouco tempo depois ascenderia a Vice-presidente, função para que foi eleito em 14 de Julho de 1922 e que voltaria a desempenhar na Gerência 1924/25, em ambos os casos sob a Presidência de Júlio de Araújo, que viria o substituir em 19 de Fevereiro de 1925, sendo reconduzido no cargo de Presidente do Sporting Clube de Portugal, a 30 de Julho de 1925, mas não concluiu o seu mandato demitindo-se em 23 de Fevereiro de 1926, altura em que passou a integrar a terceira Comissão Administrativa da história do Sporting, liderada por Sanches Navarro.
Durante a sua Presidência o Clube sagrou-se Campeão de Lisboa em Futebol pela 5ª vez, e consolidou a sua posição de dominador no Atletismo.
Em 1926 foi declarado Sócio Benemérito, sendo agraciado com a Medalha de Mérito e Dedicação a 4 de Julho de 1931 e com o Prémio Stromp na categoria “Dedicação”, em 1967.
Entre 1924 e 1931 foi Director e o principal dinamizador do Boletim do Sporting, que mais tarde, se transformaria em Jornal Sporting, tendo sido nessa altura que escreveu “Os dez mandamentos do Sportinguista”:
[size=12pt][i]1.º Ostenta sempre na lapela o emblema do Sporting como afirmação concreta das tuas aspirações desportivas.2.º Presta ao teu Clube o teu auxílio desportivo sempre que ele to exija. Seja qual for o teu mérito não tens o direito de o regatear.
3.º Quando envergares a camisola verde e branca lembra-te que a colectividade te honra, distinguindo-te como seu representante. Faz, portanto, quanto possas para merecer a distinção conferida.
4.º Nunca digas mal do que não possas fazer melhor; a crítica é fácil, mas prejudica quando imerecida e perdes o direito moral de falar se não puderes realizar aquilo que amesquinhas.
5.º Lembra-te que Directores são sete e coisas a dirigir mais de mil; exige àqueles o cumprimento do dever, mas moral e
praticamente presta o teu incondicional apoio a quem trabalha para o bem de uma coisa que é tanto tua como sua.6.º Nunca em público amesquinhes os actos de quem represente o teu Clube; roupa suja lava-se em família e o teu dever é criar em toda a parte, pelas tuas palavras e pelos teus actos, um ambiente favorável ao Sporting, enaltecendo-o.
7.º Cada novo sócio que proponhas é um elo mais que acrescentas à cadeia poderosa do Sporting; quanto mais forem os amigos menos incomodam os inimigos.
8.º Quando o Sporting disputa em campo a vitória, o teu silêncio é um crime; nunca insultes o adversário, mas incita os teus fazendo-lhes sentir o apoio moral da tua presença.
9.º Mesmo nos transes mais dolorosos conserva inabalável a fé nos destinos do Clube. O Sporting não pode retrogradar porque por ele pulsam em todo Portugal alguns milhares de corações.
10.º Quando os homens do Sporting triunfam em qualquer competição dizes sorridente: ‘Ganhámos!’ Pelo teu procedimento justifica a palavra[/i][/size]
Foi ainda Presidente da Associação de Atletismo de Lisboa, da Federação Portuguesa de Atletismo, da Associação de Râguebi de Lisboa e da Federação Portuguesa de Futebol, e Inspector Geral dos Desportos. Fez também parte do Comité Olímpico Português.
Faleceu a 7 de Dezembro de 1974, com 80 anos.
Fonte: Wiki Sporting