Eu apareço muitas vezes como defensor do treinador. Não sou assim tão defensor dele. Acho é que maioritariamente é atacado por merdas que não são da sua responsabilidade. Se são, não deveriam ser.
Na mesma medida que defendi o departamento do scouting durante o tempo em que vinham os Borja, Jesé e etc., achando também na altura que sendo ou não os mais competentes, aquilo não passava por eles. E não estou a falar dos primeiros magos que vieram para esse departamento. Até porque assumidamente não era por eles que aquilo passava.
Um treinador é responsável pela linha estratégica a ser seguida em campo. E que pode ser dele ou de acordo com uma filosofia do clube e contratado segundo essa filosofia. É indiferente. Mas ela existe e está identificada. Sendo assim, cabe a ele dizer o que necessita.
O scouting é responsável por identificar alvos e/ou produzir relatórios sobre jogadores que chegam à SAD via outras pessoas.
Nenhum deles negoceia ou decide. Isso cabe à administração. Tal como cabe à administração criar condições para atingir os objetivos a que se propõe. Acredito piamente que quem tem melhores recursos, ganha. Só não ganha se for incompetente. Se for igualmente competente, tendo melhores recursos, ganha.
O Amorim tem culpas? Tem. Eu acho que quer uma filosofia demasiado ambiciosa face aos recursos que tem ou que terá num mundo realista. E sim, culpo-o pelo Paulinho (embora a culpa maior nesse seja da administração), pelo Esgaio e já tive maiores certezas quanto ao Rochinha. E culpo-o por manter o Esgaio. Aliás, sobre o Esgaio tenho a dizer que mantendo a coerência e se realmente acha que “o Esgaio joga melhor quanto mais jogar” e não é jogador de banco, então o Sporting não pode ter outro Porro. Se tiver, o Esgaio tem de sair. As duas não são conciliáveis.
Mas quem mantém o treinador é a administração. Única e exclusivamente. Se ele quer um esquema para o qual não conseguem recursos, se ele não aceita mudar de esquema e até nem foi isso o combinado quando veio, têm de promover mudança. Amigos como antes, mas não dá. Se aceitam, há que dar recursos. Não atinge resultados? Há um motivo válido? Se há, há que antecipar e resolver. Não há? Adeus.
É fácil dizer que ele tem é de bater com a porta. Mas para bater com a porta, tem de pagar. Ou ele pode rescindir com justa causa quando quiser?
Se ele deveria ser mais claro na parte do “por mim o Sarabia estava cá, o Palhinha, o Nunes e o Porro nunca tinham saído”? Ele não pode dizer isso, o Sporting nunca pode pagar o Sarabia e sim, é um clube vendedor, portanto os outros saíram naturalmente. Se deveria dizer “bem, eles saem, mas preciso de gajos capazes de minimamente dar à equipa o que ela necessita”? Eu acho que ele vai dizendo, mas não de forma clara, isso não. Mas também não fui eu que há uns anos andei aqui a elogiar o estilo comunicacional do treinador.