Ruben Amorim - Parte 1

“Associação não castiga treinadores. Quem não sabe as funções é por ignorância”

Domingos Paciência é vice-presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol

O caso do castigo que Rúben Amorim incorre, se for condenado por “fraude” no que respeita à sua inscrição, após um processo aberto pela Comissão de Instrutores da Liga, na sequência de uma queixa da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), foi debatido na RTP 3 com Domingos Paciência e João Alves, dois ex-jogadores internacionais e agora treinadores, a deixarem claro que tal situação não é única e precisa, por isso, que seja criado um ambiente para reflexão no presente e futuro.

Para o ‘luvas pretas’, é necessário que impere o “bom senso” e que se juntem as pessoas para “partir para a resolução do problema” que se vai arrastando ao longo dos anos com outros treinadores.

João Alves sustenta que tirou o seu curso, num outro tempo, mas lembra que é preciso regulamentar casos de antigos jogadores internacionais, como é o caso de Rúben Amorim.

“O Rúben Amorim tirou a ‘carta’ como jogador de futebol e com os treinadores que foi tendo que foram os grandes professores”, assinalou a antiga glória do Benfica e do futebol português.

Já Domingos Paciência, que é vice-presidente da ANTF, diz que “toda a gente sabe as funções da Associação Nacional de Treinadores de Futebol”.

“Quem não sabe [as funções do organismo] é por ignorância. A ANTF é uma associação que comunica irregularidades de acordo com o regulamento instituído pela UEFA, pela FPF, pela Liga e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude. É a única coisa que faz”, confirmou Domingos Paciência.

O antigo técnico de Sporting e SC Braga, entre outros emblemas, diz que a ANTF já o “fez com Pepa, Silas” e “faz de todos”, até porque, no entender de Domingos Paciência, “todos [treinadores] devem tirar o curso e estar certificados”.

Em defesa da associação de treinadores, Domingos Paciência sublinhou ainda que a “ANTF não organiza campeonatos, não abre processos, não castiga treinadores” e apenas se limita a fazer “o que o regulamento indica”.

A Associação Nacional de Treinadores de Futebol reagiu pela primeira vez às críticas que tem sido alvo, nos últimos dias, sobretudo depois do conhecimento público que foi dado a respeito de um processo movido contra Rúben Amorim pela Comissão de Instrutores da Liga na sequência de uma participação da ANTF.

O presidente deste organismo, José Pereira, referiu que esteve na tropa e aprendeu a respeitar as hierarquias estabelecidas e as regras. “Fui furriel do 25 de Abril, não me consta que, quer na altura, quer neste momento, que com esse posto pudesse comandar uma companhia”, assinalou José Pereira.

No âmbito deste processo movido contra Rúben Amorim, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol dispõe de 45 dias, contados a partir da autuação do processo, para deliberar sobre a acusação, que estão suscetíveis de evoluir para 75, em contextos fundamentados de complexidade da causa.

Se o processo não for arquivado, Sporting e Rúben Amorim poderão recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto, ao Tribunal Central Administrativo do Sul, ao Supremo Tribunal Administrativo e, em última instância, se for caso disso, para o Tribunal Constitucional.