Não tendo ainda lido relatório mas atendendo ao que por aqui se vai comentando, o resultado é dentro do esperado, sobretudo devido à provisão da Doyen.
É interessante porque um resultado liquido negativo como este poderia à primeira vista ser visto com alguma apreensão, mas parece-me que há vários motivos para estar ao contrário, otimista.
As receitas de bilheteira cresceram e estão em linha com o que se tem visto em termos de aumento de sócios e apoio ao clube. Nesse aspeto, o repto lançado pelo presidente tem sido acompanhado pelos Sportinguistas.
Depois, há que contextualizar e perceber que estamos a falar de um exercício (2015/2016) em que não tivemos patrocínio de camisolas durante metade da época, em que e como sabemos o contrato televisivo em vigor era fraco e foi entretanto renegociado bem como houve o acordo para um novo contrato com a NOS, e ambas as situações não entram (ou entram parcialmente apenas) para as contas deste exercício, falamos de um exercício onde a aposta em jogadores mais experientes levou naturalmente a um aumento da carga salarial, falamos de um exercício onde se fez o esforço de manter a base da equipa não vendendo nenhum jogador nuclear, falamos de uma época onde a nossa participação europeia do ponto de vista de prémios, foi de “serviços mínimos” com aquela eliminação que todos sabemos como se deu, da UCL e que seria suficiente para equilibrar os resultados (se excluirmos a questão Doyen).
Olhando para este cenário, há que perceber que houve um enorme esforço por parte da direção em conciliar objetivos de gestão financeira com objetivos de performance desportiva, e que apenas factos externos ao “jogo jogado” nos fizeram por uma lado perder algumas dezenas de milhões em receitas da UCL e por outro, de vencer um campeonato em que todo este esforço foi concentrado e que seria merecido. Em todo o caso, por aqui se vê como o caminho da sustentabilidade dos clubes portugueses é um caminho difícil e que tem de ser feito com rigor. A linha que separa um resultado liquido negativo de um positivo é muito ténue e depende necessariamente de objetivos desportivos cumpridos, se assumirmos que não pretendemos vender jogadores nucleares durante um determinado período de tempo.
De resto, e olhando para o resultado liquido negativo, sobressai evidentemente o caso Doyen. É fundamental realçar este aspecto quando se fala destes resultados. O Majestade entende que é irrelevante, mas eu acho que não é, sobretudo porque é um argumento contra aquilo que já adivinhamos que acontecerá: um apontar de baterias para este resultado como justificação para criticas várias à direcção. É importante que as pessoas compreendam uma coisa muito simples: a provisão que acentua brutalmente o resultado negativo é, na prática, o assumir de um pagamento tendo apenas como condicionante a tempestividade do mesmo no futuro, isto é, carece de confirmação. Ou seja, na realidade o que o Sporting está a fazer é a assumir já um encargo como se ele já tivesse acontecido. É evidente que não deixa de ser um encargo, se em caso efectivo tivermos de pagar, e que já assumimos teria necessariamente de ser compensado com receitas da UEFA (12M à cabeça já com a entrada na UCL) ou com vendas de jogadores, no entanto há margem de manobra para gerir esta situação (e aqui foi fundamental a entrada na UCL) sem vender jogadores, embora eu entenda que seria mais confortável para nós se o fizéssemos (seja ainda dentro deste exercício, seja no próximo).
De resto, e passo a passo, como já alguém disse os vários problemas do passado vão sendo resolvidos e a sustentabilidade financeira vai sendo consolidada sendo que casos como este da Doyen, situações como as de Labyad ou Miguel Lopes ainda por resolver, etc, vão continuando a ser as “dores do crescimento” ao mesmo tempo que se vão consolidando coisas mais importantes como os resultados operacionais (sem vendas de jogadores) onde as receitas têm crescido e irão crescer mais com os novos contratos televisivos e de patrocínios, assim como se espera com o aumento do sucesso desportivo.