“Novo Okocha”, Príncipe do Futebol Africano, maior talento dos últimos anos surgido na África. Há três anos, não se poupavam elogios ao jovem meia nigeriano Rabiu Ibrahim, principalmente após suas atuações decisivas no Campeonato Africano Sub-17 e no Mundial Sub-17 de 2007, quando foi o grande nome dos dois títulos das Super Águias, sendo eleito também o melhor de ambas as competições - com somente 16 anos. Os elogios, porém, minguaram na mesma proporção à derrocada do garoto, que desde então tem passado longe de justificar toda a badalação que recebeu.Quando deixou a Coreia do Sul como campeão do mundo sub-17, Rabiu virou alvo real de diversos clubes europeus, com destaque a Manchester United, Liverpool, Arsenal e Chelsea. Mesmo assim, acabou seduzido pela estrutura do português Sporting na revelação de jogadores, que já o havia captado antes mesmo do Mundial para um período de testes, quando ainda defendia o nigeriano Gateway. Após aprová-lo, o time lisboeta pagou 800 mil euros ao clube africano, uma das mais caras despesas da história do clube envolvendo jogadores juvenis.
Em campo, o jogador não demorou a esbanjar as claras habilidades que possuía (e ainda possui). Além de muito bom passador e organizador, tinha no pé esquerdo sua principal arma. Mesmo já atuando na base do Sporting, seguia sob a mira européia, principalmente do Manchester United, já que Alex Ferguson revelara confiar em seu bom relacionamento com a diretoria leonina para tentar a liberação do atleta. O trunfo, sabe-se, seria mostrar que outros dois jogadores saídos do clube e que rumaram a Old Trafford (Cristiano Ronaldo e Nani) estouraram para o futebol na Inglaterra.
A resistência sportinguista se dava pela confiança de que, logo menos, Rabiu debutaria pela equipe principal. Mas não foi o que ocorreu. Primeiro porque nunca conseguiu ser decisivo, como fora pela Nigéria, com a camisa leonina em campeonatos de base. Com ele, a equipe júnior sagrou-se bicampeã nacional de Juniores (não se considera aqui o tri, em 2009/10, pelo fato de Rabiu ter sido emprestado), e em nenhuma das campanhas o meia foi aquele que encantou dirigentes de toda a Europa na Coreia do Sul. Em 2008/09, quando mais se esperava dele após virar titular, foi estranhamente “comum”.
A imagem internacional do nigeriano parecia intacta. Fora listado, em 2009, pelo The Sun, um dos 50 jogadores mais promissores do planeta, e à medida que os meses passavam, começou a ter sua promoção à equipe principal do Sporting “pressionada” pelo empresário Betram Ekenwa. Mas, notava-se, Rabiu ainda não estava preparado. Profissionais da imprensa portuguesa que o acompanham desde a chegada a Alcochete insistem que não o viram evoluir em praticamente nada sob o ponto de vista técnico, principalmente em seu maior ponto fraco: o chute.
Não são poucos os questionamentos que começaram a rondar Rabiu. As dificuldades de ele jogar em equipe são um exemplo. Considerado predominantemente um jogador individualista de grande habilidade, não consegue, mesmo tendo na armação uma de suas especialidades, adaptar-se ao jogo de sua equipe - coincidentemente, problema semelhante ao da eterna promessa Freddy Adu. A recordar do elevado índice de nigeranos “gatos” detectados na equipe campeã mundial sub-17 em 2007, até se cogitou que o jogador fosse mais um dessa leva, mas nada que pudesse ser comprovado.
A demora em ao menos receber alguma oportunidade na equipe principal, para a qual companheiros menos badalados já foram inclusive convocados para jogos - e justamente no Sporting, um dos clubes onde a ligação base-profissional é conhecida por ser mais próxima -, já deixavam dúvidas no ar quanto ao atleta. Prova disso é que seu contrato se esgotaria no fim da temporada 2009/10 e a renovação estava travada. Ekenwa reclamava, via mídia, não entender como seu cliente, elogiado pelo antecessor de Paulo Sérgio nos Leões, Carlos Carvalhal, não jogava entre os profissionais.
O ponto-chave foi mesmo seu empréstimo ao Real Massamá, juntamente com outros garotos do Sporting, para que pudesse ser avaliado uma última vez. Além de não ter tido quase relevância no pequeno time de Queluz, a cessão ao clube “parceiro” dos Leões não foi nada bem digerida pelo empresário. O clima, já ruim, ficou pior, e a decisão foi mesmo a do triste adeus de Rabiu a Portugal, e o início de uma corrida contra o tempo para se firmar em algum lugar. Até foi aprovado no pequeno holandês Venlo, mas não chegou a acertar bases salariais.
Hoje, Celtic e principalmente Club Brugge pintam como as equipes dispostas a contar com o nigeriano, e a abrir as portas para que este possa recuperar o futebol que o destacara no passado. O tempo ficou bem mais curto para que Rabiu chegasse ao posto de “novo Okocha”, mas ainda é possível configurar-se em um bom jogador, dotado de uma habilidade e imprevisibilidade que, se bem trabalhadas, podem ser um diferencial no cada vez mais combalido futebol nigeriano. E recuperar a disposição de jogar bola, algo que pela dificuldade em se firmar no Sporting - que, vale sempre lembrar, vive fase difícil no profissional -, pareceu ter perdido.
http://www.olheiros.net/artigo/ler/2224/nos_passos_de_adu
Gostei deste artigo, e como era um jogador dos júniores, decidi abrir um tópico aqui, visto que o tópico do jogador estava fechado.
Não coloquei no tópico de Ex-Jogadores, porque acho que só fará sentido se os jogadores tiverem chegado a profissionais no clube…e não foi o caso.