Pois é, pois... mas escolham uma das duas:
1.ª - Encher o tanque do carro cá em Portugal com gasolina sem chumbo de 98 octanas, pagando € 1.30/litro;
2.ª - Atravessar a fronteira, andar cerca de 10 Km por terras galegas, para comprar a mesma gasolina (Portuguesa da Galp) a €1.15/litro.
O que fariam?
O que eu faço, sei eu. 8)
Para já, encher o tanque num posto da Esso, Cipol ou outro qualquer que não seja Galp ou Repsol, pois estes detêm o monopólio de refinação do crude. Já repararam que a justificação para o constante aumento do preço dos combustíveis é sempre o aumento do crude? Então, porque é que essas grandes petrolíferas têm aumentado os lucros na proporção da subida do preço do barril? Poderiam perfeitamente absorver o aumento do “ouro negro”. Há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Por outro lado, o português estrabucha, estrabucha, estrabucha, mas não faz “nestum”; somos realmente o eterno país dos… brandos costumes. Cada vez me convenço mais que o nosso mal foi mesmo nunca termos vivido uma guerra a sério, seja ela civil ou outra qualquer, para despertar as consciências que mais sofrem de vícios e atrofias, para aquilo que realmente é necessário ao desenvolvimento de um país.
Não sei se já repararam, mas vivemos num regime bi-partido, praticamente desde o 25 de Abril (“ora vou para lá eu, ora vais para lá tu”) e são precisamente esses 2 partidos que mais casos de corrupção, favores, compadrios, etc., têm protagonizado sempre que estão no poder. O actual caso da Ota é o paradigma do que acabei de referir. Sabem porque é que não existem estudos de viabilidade económica para o aeroporto da Ota? É simples: vão averiguar a quem pertencem a maioria dos terrenos onde está prevista a construção do aeroporto e têm o enigma resolvido. “Em terra de cegos, quem tem um olho é rei” - diz o ditado com muita propriedade - e nós somos apenas fantoches que a classe política usa a seu bel-prazer, porque sabem que a sucessão partidária está garantida - ora governa o PS, ora governa o PSD. Os incêndios, são outra história “interessante” que merece ser contada, mas fica para outra oportunidade.
Em relação à questão de dar ou não primazia ao que é português, penso estarmos na presença de uma questão um tanto ou quanto complicada. Subscrevo praticamente na íntegra o que o Rui e o Stromp disseram, mas a questão também não é tão simples assim. É que os espanhóis dão preferência aos seus produtos, independentemente do facto de terem uma qualidade superior ou inferior aos produtos estrangeiros, enquanto nós, achamos erradamente que tudo o que vem de fora é que presta, quando nem sempre é assim. Isto faz-me lembrar aquela anedota do Norte-Americano e do Russo durante a guerra fria. Dizia o Norte-Americano para o Russo:
- Eh pá, o meu país é tão democrata, tão democrata, tão democrata, que eu entro na Casa Branca, dou um murro na mesa e digo: “Merda para o presidente que nós temos”
- Pfff!!.. Grande coisa (diz o Russo). O meu país também é tão democrata, tão democrata, tão democrata, que eu entro na Casa Branca, dou um murro na mesa e digo: “Merda para o presidente que vocês têm”…
Penso que está tudo mal. A mentalidade e a maneira de ser e de estar na vida do português, infelizmente, não é propícia a grandes desenvolvimentos estruturais. Somos invejosos, pouco criativos, pouco competitivos, pouco empreendedores, burocratas, culturalmente atrasados e… temos vergonha e desdenhamos o que é nosso, mesmo o que tem qualidade. Talvez daqui a algumas gerações, não sei… :!: