Portugal e África

Não foi eleito, foi sim uma jogada política de extrema inteligência. Salazar para reassumir a pasta das Finanças (sim, reassumir. Salazar tinha renunciado ao cargo por não ver reunidas as condições para cumprir o cargo) exigiu ao Marechal Carmona o controlo sobre as despesas e receitas de todos ministérios. E não é que conseguiu equilibrar as contas, mesmo em tempo de recessão económica, conseguindo mesmo um superavit.

Se isto não é mérito, vou ali e já volto.

Se o teu argumento é simplesmente dizer que é um texto dum jornal que ninguém conhece, então não estás a ser intelectualmente honesto.

São mentiras, ou são verdades que sairam num jornal que ninguém conhece?

Quanto a Rui Mateus, ninguém fala na sua idoniedade ou na sua virgindade, o que é um facto é que o seu livro saiu de circulação sem se saber porquê, e nunca foi desmentido pelos visados.

Onde é que está a insinuação de que António Marinho é o mesmo António Marinho Pinto bastonário? Andas a ler coisas que não estão no texto. Apenas está lá o nome do autor e os cargos que tem, advogado e jornalista.
Mas já agora fica sabendo que realmente é mesmo o actual bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto o autor do texto.

A menos que desmintas o texto e o que nele é apresentado, não percebo porque te ris.

No momento em que as colónias ganharam a sua independência, acabou toda e qualquer responsabilidade de Portugal para com elas.

Chateia-me essa subserviência, não se pode tocar nos cabo-verdianos, moçambicanos, angolanos senão somos racistas.
Porque é que as nossas universidades hão-de ter vagas para alunos das ex-colónias?
Porque é que os ilegais das ex-colónias não são repatriados?
Porque é que a Administração Interna fecha os olhos à ocupação ilegal de terrenos e casas por parte destes srs.
Porque é que o SEF fecha os olhos aos ilegais das antigas colónias?

Eles quiseram a independência, conseguiram-na, parabéns. Para Portugal acabou. Quem quis voltar como português, fosse branco, preto, azul ou amarelo foi-lhe atribuída a nacionalidade portuguesa, quem quis ficar por lá e assumir uma nova nacionalidade deixou de ser português e passou a ser angolano, moçambicano, etc.

Conta essa aos brasileiros que dizem que somos responsáveis pelo actual estado do país deles. :mrgreen:

(Atenção, nem todos brasileiros dizem isso, mas há alguns que o fazem.)

Totalmente off topic: não havia alguém aqui no fórum a exibir uma imagenzinha com as caras do Djaló, Tiuí, Ronny e mais não sei quem também “moreno”, coladas numa banana? Não é uma coisa um bocado racista??? :think:

Creio que não é bem assim. Julgo que têm o mesmo tratamento que os outros ilegais. Pelo menos com os brasileiros é o que se passa.

Olha que pelo menos em Angola, nem todos puderam pedir a nacionalidade portuguesa. Creio que com a independencia, só quem tinha realmente origens portuguesas é que poderia ser considerado português.

Já que levantaram a lebre no tópico das legislativas e para não comentar lá este assunto porque este não é um tema nestas legislativas.

Não sei se tomaram conhecimento ou leram este livro :

Eu ainda não comprei o livro , mas ao desfolhá-lo rapidamente numa livraria , tomei conhecimento de factos que não conhecia e que são gravíssimos :

  • Desapareceram centenas de portugueses em Angola a partir da primavera de 75 , muitos nunca mais foram vistos , a maior parte gente influente na comunidade que se sentiam mais angolanos e que não queriam portanto regressar a Portugal fosse qual fosse o resultado do processo político.

  • O MPLA usou uma política de raptos e execução criteriosa , para através do terror expulsar os portugueses de Angola , foi isto que originou a fuga de Angola.

  • Há por exemplo o caso duma anestesista de Luanda , só havia dois anestesistas na altura , que um grupo desses foi buscá-la a meio da noite , ficando o filho sozinho em casa , ela nunca mais apareceu.

Bem esta política de terror , que levou à saída dos portugueses muito de vocês até já deviam mais ou menos saber , agora o que não devem saber é que segundo o que vem neste livro isto foi feito com a cumplicidade das autoridade portuguesas na altura , nomeadamente a Polícia Judiciária de Angola e Forças Armadas.

Os portugueses que regressavam e sabiam o que se passavam eram ameaçados à chegada em Lisboa para se manterem calados e ao longo do tempo eram lançadas falsas pistas pelas autoridades portuguesas dos desaparecidos aos familiares , do género , fulano x foi visto no Congo , etc …

Os arquivos e documentos que ainda existem sobre este processo todo e os seus intervenientes estão à guarda do Estado e ainda hoje estão classificados e assim continuam.

A verdade é que isso não é desclassificado , segundo o que parece para proteger os intervenientes no processo que ainda andam por aí.

Sempre ouvi dizer que o 25 de Abril foi uma revolução feita sem sangue , ora fica claro que isso não passou duma utopia , estas centenas de portugueses que desapareceram estavam sobre a protecção e jurisdição das autoridades portuguesas que nada fizeram , assistindo impávida e serenamente aos acontecimentos.

Não me admirava que houvesse participantes activos , dado tanto zelo em manter esses arquivos classificados , deve ser para esconder coisas deste género :

Uma carta do Almirante Rosa Coutinho ao Agostinho Neto , então líder do MPLA.

É curioso que nada destes assuntos foram discutidos naquela série da RTP sobre a Guerra Colonial , são assuntos tabu.

Este foi o pecado original desta revolução , o 25 de Abril tem esta vergonha , a traição na sua génese por isso não convem saber a verdade.

A Felícia Cabrita já tinha escrito um livro sobre crimes de guerra - nas palavras dela - cometidos em Angola pelo MPLA e pela UPA, contra portugueses e nacionais, civis ou militares, sempre “financiados” por partidos de índole comunista. No livro “Camarate” fica subjacente a ideia de que o assassinato de Sá Carneiro foi, de facto, antes um plano para atingir Amaro da Costa que, de acordo com fontes, tinha descoberto provas oficiais que demonstravam que o PCP financiou e ajudou as forças anti-coloniais com que Portugal se deparava na altura.

Tive um professor meu, que merece toda a minha consideração, portanto, aceito como verdade aquilo que ele me disse, que afirmava que amputados portugueses eram lançados vivos de aviões no meio do Atlântico, para que a miséria da guerra não fosse vista em Portugal.

Salazar recusou ser ministro das finanças na 1ª vez que lhe foi proposto porque, de acordo com as crenças dele, os poderes do MF deveriam ser mais amplos e não subordinados a qualquer outro cargo político.

Mais uma traição de Abril.

[b]Indignações despropositadas[/b]

Publicado por helenafmatos em 6 Setembro, 2008

Não percebo a comoção pátria com a atitude do governo de Angola face a alguns jornalistas portugueses. Luanda age como sempre agiu. Lisboa é que se está agora a fazer de novas. Afinal o que tínhamos de melhor entre a classe civil e militar não aprovou isto em Fevereiro de 1975?:

“Sobreviventes e ignorados: Dois relatórios oficiais, nunca tornados públicos, contam como os portugueses sobreviveram aos massacres do norte de Angola, em 1961, abandonados por Salazar” – assim começa uma reportagem sobre os ataques às fazendas, em Angola, no ano de 1961, publicada pelo semanário “Expresso”. Esse ataque contra civis fossem eles brancos ou pretos, em que os atacantes, longe de apresentarem qualquer reivindicação de carácter político, se limitaram a violar, queimar e esventrar quem lhes apareceu pela frente, particularmente as mulheres, as crianças e os trabalhadores bailundos foi uma data mais difícil para os portugueses do que para o salazarismo. Este último soube tirar dividendos políticos deste ataque, mesmo que isso implicasse, como implicou, não questionar a atitude negligente do governo português perante a segurança dos seus cidadãos.
Infelizmente estes portugueses não foram apenas ignorados por Salazar. Eles foram também vexados pela democracia. Por mais grotesco que tal possa parecer, um governo português entendeu por bem fazer do dia 15 de Março de 1961, data do início do massacre nas fazendas, um dia que Angola devia festejar. Em Fevereiro de 1975, ou seja muito antes da independência de Angola e numa fase em que o governo português nomeava ministros para o governo de transição de Angola, em que o Conselho de Estado, reunido em Portugal, determinava que o Alto-Comissário designado para Angola teria “categoria e honras idênticas às do Primeiro-Ministro do Governo Português”, achou o nosso governo apropriado e honroso que o dia 15 de Março de 1961 integrasse o calendário dos feriados de Angola, na qualidade de data festiva. Confesso que não sei o suficiente de História Universal para garantir que é inédito este gesto dos governantes, militares e civis, dum país, assinarem um decreto que transforma em dia de glória a data em que os seus cidadãos foram massacrados mas tenho a certeza que, em matéria de colonização e descolonização, os grandes crimes dos portugueses não constam apenas dos “relatórios oficiais, nunca tornados públicos” e que começam agora, felizmente, a sair do segredo e da poeira dos arquivos. Os crimes estão também aí diante dos nossos olhos, onde aliás sempre estiveram: na linguagem burocrático-enfatuada dos decretos que enchem diários e boletins oficiais.

http://blasfemias.net/2008/09/06/indignacoes-despropositadas/

[b]Angola é nossa![/b]

Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: “Memórias de entre o cárcere e o cemitério”. O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que “já sabiam”. Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as exacções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam “julgamentos populares”, perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores. A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: “Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela”.Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados. Um deles era Manuel Ennes Ferreira, economista e professor. Tendo-lhe sido assegurada, pelas autoridades portuguesas, a protecção de que tanto necessitava, dirigiu-se à Embaixada de Portugal em Luanda. Aqui, foi informado de que o vice-cônsul tinha acabado de falar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estaria assim garantido um contacto com o Presidente da República. Tudo parecia em ordem. Pouco depois, foi conduzido de carro à Presidência da República, de onde transitou directamente para a cadeia, na qual foi interrogado e torturado vezes sem fim. Américo Botelho conheceu-o na prisão e viu o estado em que se encontrava cada vez que era interrogado. Muitos dos responsáveis pelos interrogatórios, pela tortura e pelos massacres angolanos foram, por sua vez, torturados e assassinados. Muitos outros estão hoje vivos e ocupam cargos importantes. Os seus nomes aparecem frequentemente citados, tanto lá como cá. Eles são políticos democráticos aceites pela comunidade internacional. Gestores de grandes empresas com investimentos crescentes em Portugal. Escritores e intelectuais que se passeiam no Chiado e recebem prémios de consagração pelos seus contributos para a cultura lusófona. Este livro é, em certo sentido, desmoralizador. Confirma o que se sabia: que a esquerda perdoa o terror, desde que cometido em seu nome. Que a esquerda é capaz de tudo, da tortura e do assassinato, desde que ao serviço do seu poder. Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam. A esquerda e a direita portuguesas têm, em Angola, o seu retrato. Os portugueses, banqueiros e comerciantes, ministros e gestores, comunistas e democratas, correm hoje a Angola, onde aliás se cruzam com a melhor sociedade americana, chinesa ou francesa. Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam. Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?

António Barreto , Público de 13/4/2008

http://pt.no-media.info/162/holocausto-em-angola

Isso é um pensamento demasiado linear. Se os 50 anos de ditadura que antecederam ao 25 de Abril (e não só, já que somos livres apenas há 30 anos) teve repercussões e danos em Portugal, num Estado de direito e livre, imagina num país que a palavra liberdade e democracia é tão estranha como qualidade de vida. Exploramos, Europeus, até há exaustão os recursos de um continente e porque a Democracia e Liberdade exigiam uma nova etapa abandonamos-los sem olhar para trás, originando consequências que são conhecidas, corrupção, desorganização, falta de educação, estruturas que financiam as gerações vindouras… Nós somos os culpados pela miséria e corrupção que se instaurou nesses países. Poderíamos ensina-los a educar, a ter um papel cívico e moral, mas ao invés deixámos-los à sua vontade. Vontade de tiranos e parasitas. Por tudo isso, pela falta de opção, somos responsáveis pelo seu desenvolvimento.
A partir do momento em que se tem uma cultura de piedade os outros processos desenvolvem-se com naturalidade, na qual, tal como tu, sou contra. Houve um corte e esse corte teve consequências para esse povo - para nós também mas é outra história - e devemos ajudar naquilo que moralmente somos incumbidos, mas a partir do momento em que se tapa os olhos com a peneira desenvolvem-se ligações perigosas e o moral é substituído pela obrigatoriedade, apesar de não ser implícito.

Em setembro de 1970 Holden Roberto declarava ao longo de uma entrevista: "Não esperamos que os portugueses tomem uma decisão radical, mas penso que o regime deve sofrer um processo de liberalização e encontrar modos e meios que satisfaçam a todos. Esperamos o reconhecimento do princípio de independência. Depois disto, poderemos talvez perguntar-lhes quais as condições. De outro modo a independência poderia vir como dádiva venenosa; para o evitar, deveria haver uma cooperação activa e contínua com Portugal!" Entrevista ao "CONTINENTE 2000" Paris, Setembro 1970, pag. 21

Retirado do livro “ANGOLA” de Gianni Valenti, edição do autor 25.11.2002.

Para quem não sabe Holden Roberto foi presidente da FNLA, um dos movimentos que lutava pela independência de Angola.
E pelo excerto da entrevista dá para perceber que em 1970 não vislumbravam a vitória de nenhuma guerra mas apenas o reconhecimento do princípio de independência de Angola.

Infelizmente, o regime não optou pelo diálogo.

Holden Roberto numa versão muitíssimo light…

Os quadros do MPLA na altura, antas da purga, tinham proposto um plano de autonomia progressiva que levaria a um processo de independência. Mas tal projecto foi recusado, e resultou naquilo que sabemos.

A guerra em Angola estava ganha militarmente, mas era impossível manter o estado de coisas tal como estavam.

Isso é a grande verdade que muitas vezes não é relatada, existem uns livros de um general (ou algo parecido) americano que decidiu estudar a nossa guerra do ultramar por ter sido completamente contra a estrategia americana no Vietnam que fala muito bem destes aspectos bem como do tipico desenrascanço português que permitiu estar numa guerra (e quase ganhar) de guerrilha a milhares de kms de Portugal e com recursos super limitados e com embargos pelo meio.
Fala de factos que desconhecia como foi a reabilitação da cavalaria pois no mato voltou a ter importancia (é muito mais eficaz e silenciosa que uma unidade de tanques) como a adaptação de aviões e helicopteros comerciais para fisns militares com sucesso.

Nunca andaste a cavalo, pois não?

A cavalaria foi reabilitada porque era o meio mais adequado ao terreno. Benéfica também porque os cavalos são capazes de detectar a presença de elementos estranhos, e manifestam isso no seu comportamento. Não é o “silêncio”…

Com o passar dos dias e dos meses, com a palhaçada dos "Acordos de Alvor" em 15 de Janeiro de 1975, as incertezas, para os pessimistas, foram-se tornando certezas; também o entusisamos dos que tinham dado vivas ao fim da ditadura foi murchando como flor sedenta. O governo provisório de Angola, com o almirante vermelho Rosa Coutinho à cabeça, no qual havia sido integrado o engenheiro Fernando Falcão, um dos fundadores da FUA, movimento independentista dos anos sessenta, na ilusão de que os brancos de Angola e os seus interesses seriam defendidos, aniquilou as derradeiras réstias de ilusões que acabaram no túnel negro da insegurança e, para os mais fracos, do desespero. Os militares, na sua maioria desmotivados e muitos já sugados pelo remoínho revolucionário, só queriam largar as armas e regressar às suas terras e para o seio das suas famílias. Excluindo os que já tinham abraçado as teorias marxistas, já mentalizados para a entrega do poder ao MPLA, até não poderiam ser muito criticados: estavam fartos de guerra e da bagunça revolucionária!

Logo nos primeiros tempos, depois do tal Acordo de tragicomédia, que se reduziu à rendição total e sem condições aos Movimentos, favorecendo de prepotência o MPLA, declarado único e legítimo representante do povo angolano, apesar dos autóctones das etnias que o formavam estarem em minoria absoluta, em relação às dos outros dois Movimentos, criaram-se criminosamente as condições para os intermináveis conflitos que se seguiram.

 propaganda e a guerra psicológica dos que mandavam na Metrópole e em Angola, e que tinham monopolizado as mais importantes emissoras, era de molde a desmoralizar até os mais corajosos que não queriam fugir, ficando a aguardar o que viria a seguir. A lembrança das violências, dos muitos assassinatos que se verificaram, após o exôdo dos brancos do antigo Congo Belga em 1960 e dos trágicos massacres de Março de 1961, no norte de Angola, não podiam tranquilizar ninguém. As emissoras oficiais, de Lisboa e de Luanda, foram habilmente mentalizando os brancos, numa autêntica e bem orquestrada guerra psicológica, para os convencer que dispunham de uma única solução para escapar ao pior: a de aproveitar os navios e ponte aérea, financiados na maioria pelos Estados Unidos por solicitação da Cruz Vermelha Internacional, mais uma vez armados em bombeiros voluntários.

Mais excertos retirados do livro “ANGOLA” de Gianni Valenti, edição do autor 25.11.2002.

Já agora, Gianni Valenti era um italiano que administrava a Lupral em Benguela. Não sei em que ano aterrou em Angola, mas sei que por lá permaneceu até 1979.

E chegou o dia em que começaram as campanhas de aliciamento para os três Movimentos. A cancela da fábrica era um dos pontos considerados estratégicos e importantes pelos delegados, pois conseguiam juntar, com facilidade e à sua saída, depois do encerramento da fábrica, muitas centenas de ouvintes, cerca de setecentos, sem contar com os vários que se pisgavam à inglesa, pois não estavam interessados em ouvir sempre o mesmo "popia" (a mesma conversa) cuja única variante eram as palavras de ordem, repetidas ao infinito! Foi assim que surgiu uma peça decorativa e ao lado da cancela de entrada, o pódio oficial, um bidão vazio de 200 litros de combustível, em cima do qual, para todo o mundo os ver, os representantes do MPLA, da UNITA e do FNLA, se revezavam, para arengar aos trabalhadores da fábrica.

Mais excertos retirados do livro “ANGOLA” de Gianni Valenti, edição do autor 25.11.2002.

A maior parte do que está aqui é verdade. O meu pai era um quadro da UNITA, branco com esperança de construir um futuro bom para o país. Só que o MPLA, talvez o mais radicais dos 3 grupos, ganhou a guerra e a purga começou. Foram buscar um tio meu, que não se metia na política, a casa a meio da noite, não sabemos ainda nem nunca iremos saber o porquê. O meu pai, apesar de conotado com a UNITA, conseguir ir buscá-lo a uma dessas prisões, onde para entrar lhe encostaram uma metralhadora à cabeça, e só saiu de lá vivo, e com o meu tio (irmão dele) porque por uma enormíssima sorte o tipo que mandava na prisão tinha sido trabalhador do meu pai e reconheceu-o, e reconheceu o seu humanismo no tratamento das pessoas (sim, porque havia portugueses de todo o tipo, bons e maus) e deixou-os sair. Pouco tempo depois aproveitamos um dos últimos aviões da ponte aérea e regressamos. Já em 1975.

Angola perdeu uma excelente oportunidade para ser um país fantástico, pode ser que agora recupere. Se tivessem tido um bocadinho de tino, impossível em plena guerra fria, teriam tomado o poder mas aproveitado os quadros brancos mais capazes para se reestruturar; teriam feito a paz sobretudo com a UNITA e governado de forma a ultrapassar em pouco tempo a África do Sul.

Mas não culpem o colonialismo português. Todos os países da África negra estão na miséria, independentemente do país que os colonizou. A mentalidade tribalista não permite mesmo outra forma de viver que não seja o massacrar os enimigos, gastar tudo hoje sem pensar no amanhã. Nada que nós europeus não tenhamos passado já.

É abusivo que dizer que o MPLA era o mais radical. Quem sabe o que foi Holden Roberto, saberá o que é radicalismo.

O MPLA tornou-se intratável quando Neto assumiu o controlo absoluto e implementou as purgas. Tal como viria a suceder mais tarde na própria Unita.

Com antes já havia referido, quem não tinha rabos de palha não tinha que fugir.

História em tudo semelhante a alguns membros da minha família(parte materna).Por exemplo, o meu avô José Gaspar, filho do 2º maior produtor de Café de Angola - RIMAGA, de seu nome- , Ricardo Gaspar, que teve inclusive um busto á entrada da cidade de Carmona, foi uma das vezes alvo de emboscada uma estrada do interior do país. Só se safou porque uma das pessoas que estava a emboscá-lo tinha sido seu trabalhador, e depois de uma conversa na linguagem dos estalinhos, poupou-lhe a vida. Outro caso foi estarem todos a jantar em casa, agora em Luanda, e um dos meus tios nao ter morrido por milagre, porque uma bala passa-lhe a milimetros da cabeça e vai contra a parede.

Quanto ao resto que dizes, cheguei à pouco tempo à maioridade, e não vivi in loco a situação, mas pelo que os meus familiares me contaram e pelo que sei, concordo inteiramente com o que dizes. Inclusive as autoridades angolanas estão a promover a devolução de terrenos aos antigos proprietários, mas acaba tudo por esbarrar na teia burocrática

Sim já montei a cavalo.

Falei no silêncio em comparação com os tanques, um tanque no meio da selva é um sitting duck com um aviso de neon em cima como ficou demonstrado quando os americos os usaram no Vietnam.

Com antes já havia referido, quem não tinha rabos de palha não tinha que fugir.

:xock: :xock: :xock:

Está mas é caladinho porque não sabes o que dizes. Nas guerras cometem-se massacres a torto e a direito, e não tem a ver com justiça, injustiça, rabos de palha ou de aço.