Um paradigma do nosso atraso, e porque acho que a situação ainda se vai agravar, é a falta de qualificação dos portugueses, e nada de estrutural se estar a fazer contra isso. Pelo contrário. Está-se a agravar o problema. Conheço bem o que se passa no ensino, porque tenho familiares e amigos que são professores. Todos me dizem que o ensino nunca esteve tão mal como agora e sentem-se profundamente desmotivados, e até revoltados. Não por questões que tenham a ver com remunerações, mas porque é cada vez mais difícil e frustrante exercer essa profissão, que qualquer sociedade civilizada devia valorizar, mas que com este governo é achincalhada para garantir os votos dos pais. A insegurança e a indisciplina no ensino público é uma coisa perfeitamente terceiro-mundista. Mais. O discurso da ministra vai no sentido de “ensinar” a cabular e a enganar os professores. Qualquer pai ou mãe pé-de-chinelo, conhece a “lei”, sabendo como a “criancinha” não deve ser obrigada a fazer trabalhos de casa, como deve passar administrativamente, ou a não reprovar por faltas. É uma crise de valores incentivada por este (des)governo!
Outra fraude completa é o programa “Novas Oportunidades”, que mais não é que a distribuição indiscriminada de diplomas do ensino secundário e complementar para subir artificialmente a estatística do nível de “escolaridade” dos portugueses, sem qualquer incremento de CONHECIMENTOS e CULTURA GERAL na população visada e muito menos daí advindo algum acréscimo de PRODUTIVIDADE para a economia nacional. Toda a gente sabe que a maioria dos trabalhos apresentados pelos “formandos” não são realizados pelos próprios, mas como não há qualquer outro meio de avaliação, os professores têm de passar os “alunos” das Novas Oportunidades. E mais grave, estas “tácticas” estão a ser importadas para o ensino regular, com as “pérolas” do novo estatuto do aluno e da “avaliação” dos professores pelos pais. Este país vai pagar duramente durante décadas tanta propaganda e desperdício de recursos. É com este tipo de “qualificação” que o país vai competir na globalização?? É com a crescente ignorância com que os alunos saem das escolas e universidades que vamos ter uma população preparada para a economia do conhecimento?? :naughty: Acho miserável que nenhum órgão de comunicação social exponha esta realidade, antes alinhando todos com o “sucesso” dos números dos novos “diplomados”. É lamentável a falta de liberdade de INFORMAÇÃO neste país.
Mais haveria para dizer sobre o que se passa no BCP e na CGD, com o bloco central no seu pior. E também no enfeudamento deste país a tudo o que é regime autocrático, desde Angola, passando pela Russia, até à Venezuela, precisamente pela mão daqueles que andam há trinta anos com a “liberdade” na boca. A falta de capital neste país está tornar-nos uns autênticos “pretos”, dependentes de qualquer pseudo potência emergente. Muito há para falar sobre as pressões do regime angolano sobre as empresas portuguesas que operam em Angola, ou sobre os negócios nebulosos na área energética com a Russia e a Venezuela. Uma coisa é diversificação de dependências, outra coisa é sermos “colonizados”, em alguns casos por quem já colonizámos. Mas ninguém fala nisto. São tudo “vitórias” para o (des)governo e para Sócrates, inclusivé a assinatura de um Tratado europeu, que podíamos não conseguir evitar, mas NUNCA deviamos festejar, porque é lesivo dos interesses de países da nossa dimensão. A pouca vergonha é tal, que este regime já nem se coíbe de tirar a sua bandeira do Marquês de Pombal e pôr lá a da UE. Simbólico! São mesmo uns capatazes de quem der mais… :sick:
Eu posso estar enganado mas penso que um dos principais problemas do país, pelo menos em algumas áreas, não é a falta de qualificação, mas sim o excesso de qualificação. Falas na indisciplina e insegurança que se vive hoje no ensino, mas esse é o menor dos problemas para um professor ou aspirante a professor. Tomaria muitos licenciados terem que aturar a indisciplina e insegurança dos alunos - era sinal de que tinham emprego. O principal problema para os professores é arranjar colocação numa escola. E isso acontece porque saem da Universidade mais licenciados habilitados a dar aulas do que aqueles que o Ensino consegue absorver.
Isso para mim é um problema de excesso de qualificação da população. De que te adianta ter o canudo se não tens possibilidade de exercer aquilo para que foste formado? Grande parte das vagas nas Universidades só estão lá para chupar a propina aos estudantes, porque não é da competência das Universidades formar activos em quantidade e qualidade que se adeque às necessidades do país. E a Universidade, claro está, agradece esse grau de autonomia, que lhe permite fixar o número de vagas de acordo com próprios interesses da instituição: abre as vagas, permite ao aluno levar com banhadas e banhadas teóricas de aulas, dá-lhe um canudo e depois ele que se desenmerde para arranjar emprego. O licenciado já não é um problema da Universidade, pois por essa altura, já terá cumprido a sua verdadeir função, que é a de deixar uma bela maquia nos cofres da Universidade e assim dar menos trabalho a quem tem que gerir os recursos financeiros da instituição.
As univerisidades são uma instituição como qualquer outra, que culpa têm que as pessoas saibam que há milhares de licenciados de história, ensino, linguas, direito, no desemprego, e depois continuarem a concorrer para esses cursos? Acho que é um tiro ao lado. Quando muito poderás dizer que o país não tem vagas para mais licenciados em “humanísticas”, então os miudos que se comecem a dedidar mais à matemática e às ciências e esolham carreiras de outras áreas.
O problema português não é (só) de falta de qualificações, é mais de falta de educação/mentalidade. É uma coisa estranhíssima, mas somos mesmo muito maus como pessoas e profissionais. Como não há explicação genética para isto, só pode vir da educação que temos, que vem dos nossos pais. São coisas que demoram gerações a mudar, mas só muda se houver medidas de fundo para isso, e se os nossos dirigentes acabam por ser maus também, o rumo continua a ser mau, as medidas não são tomadas, continuamos a afundar-nos na mediocridade. Vamos ser ultrapassados pela esmagadora maioria dos países da União, dentro de pouco nós é que seremos a Albânia da Europa.
Sejamos claros: há mediocridade em todos os países, mas os medíocres nos países mais desenvolvidos são devidamente enquadrados, em estruturas organizadas, bem orientados, e acabam por se tornar produtivos. Conosco acontece o contrário, os bons profissionais vão trabalhar para organismos parados no tempo e definham. Se trabalham bem são olhados de lado (“olha-me este…a dar graxa ao chefe…vais ver, vais…”).
Fico em choque com o que acabo de ler de alguém normalmente tão esclarecido como tu Eddie…
Num país com a maior taxa de abandono escolar da Europa, com uma das menores taxas de poupulação com educação superior se mantenha o discurso gasto de que há “excesso de qualificações”. É de bradar aos céus!!!
Mesmo que tal fosse verdade - não é - um país sério, com estratégia e visão aproveitaria essa matéria-prima valiosa, e nunca seria a opção menosprezar ou ignorar esse Conhecimento disponível.
É neste Portugal, país onde os professores são uma classe de “priveligiados”, que continua com escolas decrépitas e turmas com cerca de 30 alunos por professor. Temos uma oportunidade para melhorar o ensino, reduzindo a dimensão das turmas. Qual a opção seguida?! Manter turmas imensas, e dispensar professores. Isso é o que se pode chamar de visão estratégica… Na Finlândia tão querida como exemplo a seguir, TODO o ensino é gratuito, e as turmas nunca superam os 15 alunos. Deverá ser por isso que é um país de fim de tabela nos rankings de desenvolvimento…
Dizer que os professores deveriam estar contentes por terem emprego, independetemente da falta de condições e da violência, é estar a apelar à sua falta de profissionalismo. Quem está numa profissão deverá ter todas as condições para desempenhar de forma correcta e com o maior rendimento possível.
Esse discurso do excesso de qualificações é utilizado desde sempre desdes os tempos do antigamente, somente para desprezar o Conhecimento, e continuar a alimentar um modelo de desenvolvimento falido, baseado somenete nos baixos salários e investimento quase nulo em investigação e qualificação da mão-de-obra. O país está sem rumo porque simplesmente despreza tudo que seja Conhecimento. Por exemplo, como pode um país com uma História quase milenar dispensar arqueólogos e historiadores, manter fechados museus? Esse é o dito país do “excesso de qualificações”, como a ser verdade essa fosse uma forma de incapacidade.
Eu posso estar enganado mas penso que um dos principais problemas do país, pelo menos em algumas áreas, não é a falta de qualificação, mas sim o excesso de qualificação
Não concordo. Vamos lá a ver. O que se passa é que o modelo que se propagou aos jovens desde os anos 80, era tirar um curso superior e depois procurar um emprego na função pública. Toda a gente sabe que era meio caminho andado ter um “canudo”, qualquer que ele fosse, para se conseguir um emprego no Estado. Para se ter uma ideia, nos governos Guterres entraram 200 mil pessoas para a função pública. Foi assim que se comprou a “paz” social e reduziu o desemprego, provocado pela crise do início da década de 90.
Com a crise financeira desta década, o Estado deixou de dar empregos em número suficiente para absorver a massa de licenciados que aí anda. E não há, na incipiente economia de mercado :eh: portuguesa, procura para tantos licenciados, mesmo que estes tivessem formação para se adaptar a profissões que têm oportunidades de emprego, porque Portugal tem poucas empresas. Por outro lado há algumas (poucas) empresas que já se encontram num nível de organização de primeiro mundo, que não conseguem encontrar quadros médios para as suas necessidades, uma vez que o ensino não foi preparado para preencher as necessidades de mão-de-obra de uma economia de mercado desenvolvida.
Agora corremos o risco contrário, que é direccionar o ensino única e exclusivamente para as necessidades das empresas, esquecendo áreas sempre necessárias como as Ciências e as Humanísticas. Isso também vai acentuar o nosso atraso. Dado que o tecido empresarial português é pequeno e pouco desenvolvido, se se apostar única e exclusivamente naquilo que interessa aos empresários no momento, o país nunca dá o salto. Aliás, basta ver os anúncios de emprego para perceber que a maioria das empresas não estão propriamente à procura de empregados muito qualificados. Qual é a profissão mais solicitada nos anúncios de emprego, hoje em dia? Comerciais… Um país que se quer desenvolver não pode limitar-se a isto. É uma faca de dois gumes… :think:
Neste país há sempre a tendência de olhar o Estado como uma mera organização que absorve meros administrativos. Se não fosse o Estado em Portugal, o desemprego entre os licenciados seria ainda MUITO maior, o que revela bem como as empresas nacionais encaram a importância do Conhecimento. Se querem um estado que funcione melhor, esse deverá possuir Conhecimento e dispôr de meios para que actue de forma apropriada e adequada. Não se pode esperar que o Estado empregue pessoas com a 4.ª Classe, o que venham diplomadas com a chancela das Novas Oportunidades. Para isso já bastam grandes líderes e o actual PM…
Quem trabalha, ou trabalhou em Consultoria, e que se confrontou com a realidade empresarial deste país sabe bem como é encarado o estudo. Apenas se olha para o perfil dócil e para ignorância para se pagar pouco, do que empregar alguém que sabe que para um bom trabalho é fundamental ter boas condições.
Se não fosse o Estado, a miséria seria ainda pior. Há gente que foi despedida por “incompetência” simplesmente porque não alinhou numa ilegalidade, e tendo desistido do país, dá cartas lá fora. E dizem que a Lei Laboral é muito rígida…
Dizer que há excesso de qualificação, ou mais concretamente, excesso de pessoas licenciadas em determinadas áreas não é nenhum discurso, é uma constatação da realidade actual, nada mais. Além disso, parece-me um mau princípio essa ideia de “aproveitar a matéria-prima valiosa”, porque de certa maneira isso acaba por validar uma coisa que começou por ser errada. Basicamente o que estás a dizer é que, já que os formámos, vamos aproveitá-los, e esqueces-te da questão de fundo que é a seguinte: em muitas áreas não se formam pessoas em quantidade e qualidade adequada às necessidades reais do país. Ou seja, de acordo com esse raciocínio, para compensar a falta de uma estratégia inicial, a falta de um plano, a falta de visão para o futuro, deverão “inventar-se” necessidades do país para dar empregos às pessoas que entretanto se formaram, quando devia ser precisamente o contrário.
Quanto à “matéria-prima valiosa” do nosso país, podia falar-te de uma pessoa que eu conheço pessoalmente que é licenciada em História e se lhe puseres uma foto do Coliseu de Roma ela pergunta o que é aquilo, mas lá iremos…
Começando pelo princípio, é importante não confundir qualificação com literacia. A qualificação envolve um alto grau de aprendizagem, formação e especialização direccionada para uma determinada área, onde se desenvolvem competências específicas enquanto a(s) literacia(s) referem-se a uma aprendizagem mais básica, geral e é disso que se trata o ensino escolar obrigatório. Portanto, apesar de uma ser pré-requisito da outra, não são a mesma coisa, logo não se pode meter no mesmo saco a taxa de abandono escolar e a percentagem da população licenciada. Se consideramos que o grau de desenvolvimento de um país não se mede unicamente pelo seu nível de desenvolvimento económico e tecnológico, mas implica também todo um conjunto de valores como o sentido cívico, o sentido de justiça, a liberdade de expressão e implica ainda um certo grau de informação, penso que podemos dizer à vontade que o Ensino Superior é sobrevalorizado. É que para essas coisas não é necessário nenhum diploma, fazem parte do ensino básico de qualquer cidadão, e a sua aprendizagem não requer nenhum tipo de especialização profissional e pode ser feita de forma contínua ao longo da vida. O Ensino Superior é tão sobrevalorizado hoje em dia, que o homem mais poderoso do Mundo, George Bush, tem uma licenciatura em História e um masters em Ciências Económicas e não sabe como se chamam os habitantes da Grécia, nem sabia que no Brasil há tantos pretos como nos EUA, nem sabe expor um raciocínio de forma lógica e coerente quando abre a boca.
E torna-se ainda mais sobrevalorizado em contextos como o do nosso país, em que o desemprego de jovens licenciados atravessa várias áreas profissionais, ou em que certos cargos são desempenhados por pessoas com conhecimentos ou competências que ultrapassam ou se afastam desses mesmos cargos.
Concordo plenamente contigo relativamente ao desemprego entre os professores. Bastava aumentar o número de turmas e resolviam-se 2 males do Ensino. Mas quando falo em licenciados no desemprego não me refiro apenas aos professores, mas a todos os outros. Em várias áreas, uma boa parte dos licenciados actualmente tem apenas duas alternativas: emigrar ou arranjar outro tipo de emprego. Com tantos cursos que por aí há hoje e com tão pouco mercado, não é raro ver engenheiros, biólogos, advogados ou linguistas, a trabalharem em call-centers, em papelarias ou a fazer trabalho de secretariado, por vezes até em áreas diferentes daquelas em que se formaram. É para isto que as pessoas andam a queimar as pestanas e a desembolsar 600 euros por ano durante 4 ou 5 anos?
Claro que poderás dizer, e isso é um argumento recorrente, que independentemente do destino dos licenciados, o principal desígnio do Ensino Superior e das Universidades em particular, é a obtenção de conhecimento mas então pergunto-te se voltámos ao conceito medieval de Universidade. Para já, parece-me um pouco ingénuo acreditar nesse lirismo de que as pessoas vão para a Universidade ou tiram um curso superior em busca do conhecimento. As pessoas querem é um canudo que lhes permita inserirem-se no mercado de trabalho e receber um bom salário para pagar a casa e sustentar os filhos. Se o canudo implicar um título pomposo como Doutor, tanto melhor, e se o canudo e o título assegurarem um trabalho das 9 às 17 que não desgaste muito o corpo e a mente, então é o pleno. Claro que há e haverá sempre quem veja no Ensino Superior muito mais do que isso e se dedique de corpo e alma à busca do conhecimento, mas será sempre uma fracção residual dos estudantes.
Claro que ninguém julgará isso melhor do que os próprios visados, por isso desafio-te a perguntares a um qualquer licenciado que conheças que esteja a trabalhar num MacDonald’s ou numa loja de roupa, se está satisfeito com o Conhecimento que adquiriu durante a sua licenciatura. Poderás ainda mais longe e perguntar-lhe se ainda se lembra da matéria de uma qualquer cadeira ou perguntar-lhe em que é que a sua passagem pelos bancos da Universidade o beneficiou na actividade que actualmente pratica ou na sua atitude perante a vida em geral. Baseando-me na experiência de dezenas de colegas e amigos, posso assegurar-te que nessas pessoas, o sentimento geral é de indiferença, com raras excepções.
A coisa torna-se mais grave quando analisamos a filosofia de ensino que infelizmente ainda persiste na generalidade dos cursos e das Universidades portuguesas: centralização do ensino na teoria, não se incentiva o pensamento independente, nem o espírito crítico nem a capacidade de iniciativa do aluno, continua a dar-se demasiado peso à nota final e tem mais sucesso quem marra mais. Depois há ainda a existência de cursos obsoletos e cursos que nunca preenchem mais do que meia dúzia de vagas – basta consultar os jornais quando saem os resultados das candidaturas ao Ensino Superior para constatar isso.
Somando tudo isto, parece-me haver razões suficientes para considerar que o Ensino Superior, da maneira que está, é sobrevalorizado e conduz a qualificações que não se traduzem em mais-valias para a sociedade. As pessoas querem tirar um canudo porque é o passo seguinte mais óbvio a seguir ao Ensino obrigatório; porque vêm no canudo uma porta para o mercado de trabalho; porque em Portugal há a cultura do senhor doutor professor e o título é mais importante do que a função; porque quem não tira é um pé rapado; mas sobretudo porque o Estado incentiva as pessoas , quer por omissão, ao não controlar o número de vagas de certos cursos, quer de forma mais activa, estimulando os jovens a frequentar a Universidade com promessas desonestas e irreais. E aqui entramos no comentário do alemid:
É óbvio que as Universidades têm a sua autonomia e as pessoas são livres de escolher, e são livres de tomar a decisão de frequentar um curso com pouca saída profissional. Mas não deverão ser só as pessoas a responder por essa decisão, quando muitas vezes se trata de uma decisão não informada ou tomada com base em ilusões. E aí o Estado também tem responsabilidades, quando, por exemplo são distribuídos manuais em que os cursos são apresentados como num catálogo, cada curso com uma lista de saídas profissionais, mas omitindo que muitas dessas saídas são meramente teóricas e não têm cabimento na realidade do país. Tal como têm responsabilidades os Institutos e Universidades, que, desesperados por ter alunos, abrem cursos e mais cursos, vagas e mais vagas, e em que o processo de selecção de novos alunos é quase substituído por um processo de recruta. Por exemplo, outro caso que eu conheço: o que é que um indivíduo que demora 3 anos a fazer a Matemática do 12º vai fazer para um curso de Engenharia Física? Não há lugar na sociedade para ele? Será que ele não tem jeito, capacidade ou competência para mais nada? Tem necessariamente que tirar um curso de Engenharia Física para ter uma profissão e um papel na sociedade? Não. Mas o Estado quer, as Universidades querem, as Universidades precisam. Porque boa parte dos estudantes do Ensino Superior só frequentam a Universidade para a sustentar com a propina anual. E muitos vão ficar com o canudo mas nunca vão exercer ou praticar aquilo em que se qualificaram, logo, terão excesso de qualificação.
Em Portugal é um pouco arriscado qualificar qualquer licenciado como qualificado. É aqui que reside um dos grandes problemas: gente que pensa que é qualificada porque andou alguns anos a fingir que aprendia e a quem são dadas responsabilidades. Na verdade sabem muito pouco. A maioria dos licenciados em alguns cursos não são qualificados no sentido que usas.
Acho que o problema não é a pouca qualidade dos nossos cursos/universidades, comparando-os com outros países não há grande diferença. Têm é mais meios para os executar (sobretudo os cursos mais técnicos). Os problemas são outros.
os estudantes, que os encaram como meio para obter o canudo, logo um emprego
os professores, desmotivados por dezenas de motivos, e que normalmente não fazem mais que derramar teoria
o mercado de emprego, que absorve os estagiários numa perspectiva de emprego barato
Ok, os programas estão desajustados do mercado de trabalho, mas em que país é que não estão? Não há curso nenhum que ensine aquilo que se vai fazer na vida profissional. Os cursos superiores são apenas ferramentas, bases para executar as funções futuras. Metade das matérias da Universidade, mesmo nas Licenciaturas mais técnicas, são apenas bases, teoria. Mas são teorias que, se compreendidas correctamente pelos alunos, se “grocadas”, como diria o estranho numa terra estranha, servem para treinar o cérebro na resoluçao de problemas.
Faltam cadeiras que ensinem por exemplo a tomar a liderança; a saber falar em público; a ter iniciativa; a ser inovador; mas certamente que se houvesse cadeiras destas, os estudantes rapidamente quereriam aprender e decorar as técnicas, em ver de as assimilarem, de as “grocarem”.
Há alunos, que na falta de uma perspectiva de carreira após a Univesidade, vão a seguir fazer um mestrado ou pós-graduação. :wall: Isto é a subversão do conceito para o qual este tipo de cursos pós-licenciatura foram criados. Mas não há ninguém que seja capaz de dizer isto! Depois acontece como em Espanha (sim, não é só aqui), em que os filhos continuam a viver com papá e mamã até aos 30, 35 anos, por falta de emprego e portanto de condições para se autonomizarem.
Há pessoas que têm medo de meter as mãos na massa. São senhores doutores e não aceitam trabalhos menores. Só que é a fazer esses trabalhos menores que se tem que começar as carreiras, ou pensam que após tirar os cursos vão logo para directores financeiros? Só se forem “boys” ou então o papá tiver uma empresa. Só que eles não se capacitam disso, e basta ler alguns textos desta discussão para o perceber. Mais do que canudos e fitinhas, o que interessa é a vontade de trabalhar, de aprender, o profissionalismo, a capacidade de fazer, depois vêm a iniciativa, o trabalho em equipa, o respeito pelos colegas, a inovação, a autonomia, depoiis a capacidade de liderar pequenas equipas, etc etc, e isto não só não se aprende como, mesmo que se aprendesse, não se iria colocar em práctica a quente, sem experiência prévia, primeiro a aprender com quem sabe, mesmo a fazer tarefas menores, certamente que as oportunidades surgem a quem é bom trabalhador. Ah, e a sorte também é fundamental, às vezes tem que se conseguir estar no local certo, no momento certo, para conseguir aproveitar as oprtunidades que surgem.
Desculpa mas isto não é verdade. A maioria dos nossos cursos/universidades são muito maus relativamente ao que se passa em países mais desenvolvidos. Esta é outra das ilusões que importa acabar.
Não pretendo ser negativo nem derrotista mas acho que estas ilusões de acordo com as quais basta alguma vontade e organização para rapidamente sermos tão bons como os outros são muito perniciosas. Demora muitos anos e é bom ter conciência disso.
Tendo em conta que o crescimento da Eslováquia a volta dos 6% nos próximos anos a ultrapassagem a Portugal ocorrerá em 2009 e da Hungria, Lituânia e Letónia entre 2010 e 2012.
Uma vantagem, no próximo quadro comunitário de apoio seremos outra vez dos mais pobres com a Bulgária, Roménia e Polónia, logo os fundos continuarão chegar.
Essa é a verdade que nunca ouvi de nenhum comentador. Isso que disses-te F é o verdadeiramente politicamente incorrecto.
Ninguém tem coragem para o disser se não seria trucidado nas reacções, provavelmente nunca mais escrevia e seria duramente gozado nos programas de humor (tipo gatos e afins) que de critica verdadeira têm ZERO.
“Ok, os programas estão desajustados do mercado de trabalho, mas em que país é que não estão? Não há curso nenhum que ensine aquilo que se vai fazer na vida profissional. Os cursos superiores são apenas ferramentas, bases para executar as funções futuras. Metade das matérias da Universidade, mesmo nas Licenciaturas mais técnicas, são apenas bases, teoria. Mas são teorias que, se compreendidas correctamente pelos alunos, se “grocadas”, como diria o estranho numa terra estranha, servem para treinar o cérebro na resoluçao de problemas.”
Pois o problema é poucas pessoas compreenderem isto. Uma licenciatura deve principalmente servir para colocar a pessoas a pensar, a raciocinar e dar uma bagagem de cultura global. A resolver problemas complexos. O resto só pode vir depois.
Entretanto sabe-se hoje que o banco do Estado facultou financiamento a Joe Berardo & Ca. (o lixo da “economia” portuguesa) para assaltar o maior banco privado português. Em qualquer país normal isto seria um escândalo capaz de provocar a queda de um governo. E percebe-se perfeitamente para quê, e porquê, é que os partidos querem colocar operacionais nos bancos, principalmente na área do crédito. Não sei que tipo de “modelo” económico quer este governo implementar, quando anda a estender o tapete vermelho a mafiosos como Joe Berardo ou Stanley Ho. Perdeu-se completamente a vergonha. Isto é mais um caso de polícia que de política…
E parabéns ao “Público” porque é o único jornal com sentido crítico neste país, que vai denunciando estas negociatas, enquanto o resto da comunicação social tem alinhado pelo diapasão governamental. Neste caso do BCP, vê-se perfeitamente o alinhamento com o poder, quando se retrata Miguel Cadilhe como um desestabilizador, enquanto que Santos Ferreira é a “solução consensual”. É lamentável a falta de INFORMAÇÃO num país dito democrático.
Financiamento de 500 milhões a apoiantes de Santos Ferreira
[b]Joe Berardo e aliados compraram acções do BCP com crédito da Caixa[/b]
04.01.2008 - 09h02
Armando Vara tinha o pelouro do crédito bancário na Caixa quando foram concedidos os empréstimos a Alguns accionistas do Banco Comercial Português (BCP) que apoiam a candidatura do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira têm vindo a reforçar o seu investimento em acções daquela instituição privada com crédito concedido pelo próprio banco do Estado.
O PÚBLICO apurou que Joe Berardo, a família Moniz da Maia (Sogema), Manuel Fino, Pedro Teixeira Duarte e José Goes Ferreira receberam crédito da CGD para comprarem acções do BCP, o que lhes tem permitido ter uma palavra a dizer nos destinos do maior banco português.
Em causa estão operações de financiamento que, só no primeiro semestre de 2007, totalizaram mais de 500 milhões de euros, e serviram para adquirir o equivalente a cerca de cinco por cento do capital do BCP por um total de 22 accionistas, mediante recurso a financiamento da CGD.
Desta fatia, cerca de quatro por cento do capital foram adquiridos pelo grupo de cinco accionistas principais referidos durante aquele período. Neste grupo encontram-se os primeiros proponentes de Carlos Santos Ferreira para a presidência do BCP - Berardo e Moniz da Maia.
Conselho aprovou
A garantia destes financiamentos é feita em primeira linha pelos títulos adquiridos, sendo, nalguns casos, reforçada com outros activos de menor volatilidade, segundo informações apuradas pelo PÚBLICO.
Estas operações, que são legais, foram autorizadas pelo Conselho Alargado de Crédito da Caixa formado por cinco administradores: Carlos Santos Ferreira, o então CEO, o seu vice, Maldonado Gonelha, Armando Vara, Celeste Cardona e Francisco Bandeira. Com excepção de Bandeira, que vai integrar a equipa da CGD encabeçada por Faria de Oliveira, todos os restantes já saíram ou vão sair da gestão do banco público. Armando Vara tinha o pelouro do crédito bancário.
Além das dúvidas que podem levantar em termos de gestão de risco - uma vez que estão em causa clientes com carteiras de títulos de grande dimensão e cuja volatilidade envolve o risco de queda da cotação, como tem acontecido com o BCP -, estas operações resultaram em compromissos financeiros de accionistas do BCP aprovados, entre outros, por aqueles que agora são por eles apoiados na luta pela presidência do banco privado: Santos Ferreira e Vara. Todavia, quando o grupo estatal emprestou o dinheiro a Berardo, a Moniz da Maia, a Goes Ferreira e à Teixeira Duarte, não se previa ainda os acontecimentos mais recentes.
Reforço de posições
Este grupo de investidores tem vindo a reforçar a sua presença no BCP, o que lhes têm assegurado uma palavra a dizer no combate que se trava pelo controlo do poder no maior banco privado português. Actualmente, no quadro da assembleia geral de accionistas de 15 de Janeiro, todos eles subscreveram a lista que Santos Ferreira e Vara candidatam ao conselho de administração executivo (CAE). Admite-se ainda que Manuel Fino (que apoia Santos Ferreira) tenha igualmente financiamento da CGD.
No lote alargado de investidores do BCP com financiamento da CGD está mesmo José Goes Ferreira, um dos accionistas sob investigação das autoridades, dada a sua ligação a uma off-shore que comprou acções do BCP com crédito do próprio banco e que se suspeita que possa ser um testa-de -ferro do grupo fundado por Jardim Gonçalves (pelo que as acções não serão suas).
No primeiro semestre de 2007 a Sogema (holding Moniz da Maia) comprou dois por cento do BCP, reentrando no grupo que fundou em 1986, o que lhe permitiu posicionar-se na luta pelo banco, procurando travar Jardim Gonçalves (com o qual se incompatibilizou). Já a Teixeira Duarte, que tinha cinco por cento do BCP, aumentou nos últimos meses para 6,6 por cento, mas tem mantido um comportamento dúbio.
Por sua vez, Berado, que se opõe a Jardim, reforçou a sua presença em dois por cento, passando a deter sete por cento no primeiro semestre de 2007. Fonte ligada ao investidor admitiu ao PÚBLICO que Berardo tenha pedido um empréstimo adicional à CGD, equivalente a mais de um por cento do BCP, mas menos de dois por cento. Mas não confirmou a informação do PÚBLICO segundo a qual Berardo tinha já substituído na CGD a garantia de acções PT por acções BCP, o que implicaria, na prática, que os sete por cento que possui estivessem hipotecados ao grupo estatal. O mesmo responsável revelou que o crédito que Berardo recebeu tem uma cobertura acima de 100 por cento.
O PÚBLICO confrontou a CGD com estas informações, mas o banco preferiu não as comentar nem confirmar se alguns destes accionistas é seu cliente.
Este estudo da Eurosondagem dá uma ideia sobre o grau de analfabetismo funcional no nosso país, e porque é que o sistema político está bloqueado. O problema não são só os partidos políticos, mas a sociedade no seu todo. Logicamente que, perante esta atitude do eleitorado, o país caminha para a ingovernabilidade, principalmente se os políticos se preocuparem unicamente em agradar-lhe. Um exemplo. Quando questionados em que áreas deveria o Estado e o sector privado investir para aumentar o crescimento económico e o nível de vida da população, 89,4% (!!!) acham que se deve investir na saúde e na segurança social, contra apenas 20% que dizem que se deve apoiar a indústria, comércio e exportações. Mas por outro lado, três quartos do inquiridos não querem pagar IRS, e mais de dois terços não queriam pagar impostos sobre consumo, habitação, ou investimento, apenas aceitando impostos sobre álcool, jogo, tabaco e poluição. Ou seja, criação de riqueza os portugueses julgam desnecessário, uma vez que desprezam a indústria e o turismo. Mas também não querem financiar a saúde e a segurança social, porque são contra a maioria dos impostos. Isto é que é uma população “preparada” para a globalização… ^-^
[b]Pagar menos impostos? De preferência nenhum [/b]
Mais de três em cada quatro portugueses é de opinião que não se deveria pagar impostos sobre os rendimentos do trabalho. Segundo um estudo de opinião elaborado pela Eurosondagem, a que o DN teve acesso, 77,8% dos portugueses acha que pura e simplesmente não se deveria descontar nada sobre o ordenado que aufere mensalmente. Ou seja, dito por outras palavras, o IRS deveria ser extinto.
Mas quando perguntados sobre quais as áreas que deveriam pagar mais ou menos impostos, tendo em linha de conta “os valores éticos, morais e culturais da sociedade portuguesa e mantendo o Estado o nível de receitas necessário ao seu correcto funcionamento”, os portugueses não abrandam. Numa escala de 1 a 6, são 83,1% os que defendem que se deve pagar menos impostos sobre o trabalho. Nos grupos 4, 5 e 6 (deve-se pagar mais impostos) estão apenas 2,1% dos inquiridos.
Os portugueses, aliás, acham igualmente que não se deve pagar impostos sobre o consumo (70,6%), a habitação (70,1%) e sobre o investimento (63,3%). Dinheiro nos cofres do Estado só o que advenha da taxação de “vícios” (álcool, jogo e tabaco), posição defendida por 61,7%. Mais do que isso só o número dos que sustentam o pagamento de impostos pela emissão de “poluição”, os quais ascendem a 68,6%. A questão da “poluição” é a única que atinge o grau máximo - o tal 6 - da pergunta sobre que áreas devem pagar mais impostos, já que mesmo o item “vícios” não passa do 5.
Um tanto revelador é a ideia que os portugueses têm, maioritariamente, das áreas em que se deve investir mais. Quando questionados sobre “quais os sectores que devem ser mais apoiados pelo Estado e pela sociedade, de modo a promover o aumento do crescimento económico e do nível de vida dos portugueses durante os anos de 2008/2009” - tendo por base apenas a ideia de “construção” - os inquiridos preferem a “construção de saneamento básico”. Apesar de mais de 90% da população portuguesa ser já abrangida por este bem, quase 70% dos inquiridos ainda acha que deve ser uma prioridade. Seguem-se o “abastecimento de água”, com quase 90% de respondentes na parte alta do inquérito. Mas se a hipótese for “obras públicas” e “estradas e auto-estradas” a convicção da necessidade de investimento quebra drasticamente, já que em qualquer dos casos mais de metade dos inquiridos opta pelas possibilidades de resposta negativa. Menor mesmo só a necessidade que o país tem de “hotéis e pousadas” ou “aldeamentos turísticos”. São portanto errados, no entender dos portugueses, os milhares de milhões de euros actualmente em projecto nestes sectores. A meio da tabela - nem sim nem não - está necessidade “construção de habitação”.
Por grandes áreas - e não só tendo em vista apenas a ideia de “construção” - os portugueses pensam que “para aumentar o crescimento económico do País e o nível de vida dos portugueses” durante os dois próximos anos, o Estado e a sociedade devem investir em “saúde e segurança social” e de maneira nenhuma em “indústria, comércio e exportações” ou “turismo e ambiente”. De 1 a 5, são 89,4% os que acham que o investimento em saúde e segurança social preenche os requisitos para ser colocado entre o 4 e o 5. Já para turismo e ambiente, há 73,1% que pensa que o investimento deve ser nenhum ou quase nenhum (graus 1 e 2). Indústria, comércio e exportação devem ser apoiados, para 20,0%, e desapoiados para 53,2%.
Lion, já há um tópico intitulado “Portugal a marcar passo na Europa”, onde são abordadas estas questões, pelo que não faz sentido estar a criar um tópico à parte.
O teu post e a citação do estudo complementam bem um ponto de vista que lá assumi. É a falácia da busca desenfreada pelas qualificações. De que adianta/ como se pode esperar, ter cidadãos qualificados numa sociedade com tal défice da mais elementar literacia?
Então mas afinal o “povo profundo” é bom ou não. :D.
Real não tem nada a ver com o Rei, como eu sei que és monárquico.
Estava eu divertido a ouvir um grupo de colegas a falar sobre a gatunagem dos políticos, gestores e afins (com razão em muitas coisas, não na forma populista e simplista como foi dita) e alguém disse (sinceramente) é verdade que se eu estivesse no lugar deles ainda fazia pior. Este era o sentimento maioritário. :).
Alias, isto não é exclusivamente nosso, o problema é que a nossa classe media é completamente residual. Entre umas “famílias de bem” que partilham, vergonhosamente, o poder e os tachos (e uns que lá acederam e que ainda fazem mil vezes pior, patos bravos e afins), e um povo que quer é pão e circo (novelas, futebol e má língua) e profundamente inculto, país nunca deixará de ser um estado da América do Sul, geograficamente na Europa.
Depois toda a gente se queixa que não teve oportunidades, é verdade que existem casos de falta de oportunidades, existe uma desigualdade de oportunidades muito grande. Agora a verdade é que em muitos casos a falta de oportunidades é burrice e/ou malandrice.
Aliás, o mito do bom selvagem é o que é, um mito.
Nas eleições Américas é engraçado ver sociologicamente a distribuição de votos principalmente no lado democrata.
A crónica de Vasco Pulido Valente, fez no publico (o jornal dos engravatados :D, eu compro mas sou uma excepção que confirma a regra), uma analise excepcional e politicamente incorrecta como é habito.
Diz ele, o voto em Hillary é principalmente um voto feminino, do branco pobre e tem consigo a esmagadora maioria do voto hispânico.
Obama pelo contrário tem principalmente o voto negro, da classe media branca e o voto jovem.
Este voto do branco pobre em Hillary tem pouco a ver (nada?) com o programa nem com o carisma dos candidatos, mas sim para o branco pobre (eu pessoalmente acho que a palavra indicada não era pobre, mas bronco e iletrado), é impossível ver um preto como Senador, quanto mais como Presidente. Para o eleitorado hispânico a mesma coisa um preto na presidência era o fim do mundo.
Pelo contrário, a classe media Americana é praticamente indiferente a cor da pele, deseja é um Presidente competente e que corte com o passado recente.
Aliás eu acho que a maioria dos negros são enganados quando votam em Obama, pensado que este é um deles. Não é.Primeiro é filho de uma branco e de um preto de 2ª(do Keynia), e não de um afro-americano, depois nunca se queixou do seu legado, embora um filho de uma branca e de um preto de segunda (visto pelos negros Americanos) fosse um péssimo cartão de visita. Depois passou parte da adolescência na Indonésia, depois chama-se Hussein Obama.
Isso não o impediu de estudar em Harvard (salvo erro), de ser Senador, de ser o primeiro negro a ganhar as primárias em vários estados e de ser o negro com mais hipóteses de ser presidente.
Nota não levem esta mensagem muito a sério que ela é escrita por alguém que apesar de ter nascido no fim do mundo e pobre se considera hoje da classe média ;D. Contrariamente a outros que nasceram quase em berço de ouro, que tem um carro que vale 5 vezes o meu mas que se consideram do povo, porque é politicamente correcto.
E a classe média é petulante, vaidosa :D, politicamente incorrecta e tem a mania que sabe tudo. E interroga-se, logo terrivelmente perigosa.
Já o Salazar, o sabia muito bem, infelizmente como os filhos da pessoas das famílias de bem não queriam ir para Africa como oficiais, teve que criar uma (pequena) classe média para servir de oficiais em Africa. Os que depois foram os capitães de Abril.
Podias explicar melhor o que queres dizer com isso? É que já no tópico do telefonema das urgências mandaste a mesma boca e não percebo onde queres chegar, nem qual a relação que estás a fazer entre estes assuntos e o paradigma do bom selvagem.
Está-se a misturar alhos com bogalhos. A questão do “povo profundo” que o Old Lion levanta tem a ver com as discordâncias acerca da direcção do Sporting e do seu elitismo. Acontece que isto é básico. O futebol é um desporto de massas. Os clubes que mais receitas têm são também os que têm mais adeptos, e por isso são mais competitivos. O Sporting não pode ser “esquisito” e ter pruridos sobre quem pode ser, ou não, sportinguista. Isso tudo é uma perda de tempo.
Já em relação à política, não vale a pena ter ilusões porque o povo profundo e as “elites” em Portugal equivalem-se. Esse é que é o drama. Eu nem falo nos EUA, porque é outro mundo. Mas comparativamente com Espanha, país pelo qual não tenho (nem tenho de ter) particular simpatia, é evidente que esse país tem sido muito melhor governado que Portugal. É também inegável que a Monarquia espanhola tem sido um garante de estabilidade, sem a qual, muito provavelmente, o país já se tinha desfragmentado.
Mas, apesar de ser monárquico, evito transpor esta realidade para Portugal, dado não poder garantir que com uma Monarquia Portugal fosse mais governável, basicamente porque os portugueses não respeitam nada nem ninguém. A frivolidade por detrás do regicídio até arrepia. Só num país de gente louca é que se intenta matar uma família real inteira e acabar com uma Monarquia com quase oito séculos, por haver políticos do regime despeitados. Como resultado, a I República virou o país de pantanas e depois tivemos de levar com uma ditadura reaccionária do pior. E ainda querem comemorar com pompa e circunstãncia os 100 anos do 5 de Outubro. Se o ridículo “matasse”… :inde:
A minha opinião não tem nada a ver com o Sporting. A minha opinião têm a ver com o elogio à ignorância, à incompetência, à cunha, ao desenrascanço. Tem a ver com a culpa em Portugal é sempre dos outros, que nós somos uns coitadinhos, que não conseguimos estudar porque não tivemos oportunidades (mesmo que, como agora os meninos sejam levados ao colo para passarem e alguns não conseguem porque são mais burros e/ou malandros que uma porta :D).
Os elogios ao patos-bravos e afins que nunca pagaram nada (impostos, ect …), que pagam luvas a toda a gente e que ficam a dever aos empregados(e que pagam e tratam mal e porcamente) mas que depois são elogiados porque são do povo. ::).
Em relação a Espanha, haveria muito a dizer até o desenvolvimento de Espanha foi acompanhado a par e passo por mim :D, mas agora tenho que ir trabalhar.
Eu acho que todos até agora apontaram as principais razões do nosso atraso, no entanto eu sou apologista de que nada acontece por acaso, e tudo tem uma causa inicial que desenrola tudo o resto.
Meus caros, aqui há uns dias jogámos com a Itália, o bom povo vê a nossa selecção como uma potência. Perdemos 3-1, o jogo até foi renhido. No entanto se em vez de futebol, fosse Engenharia Mecânica ou Industrial levávamos 500-0. Fado e Futebol, as nossas tábuas mestras.
Mas, na minha opinião, a falta de ambição e de classe do nosso povo tem três causas identificadas: educação, cultura, ciência.
O povo é tacanho e ainda vai demorar outros 30 anos até que isso se altere. Ainda sobre Itália e sobre o peso da educação populacional, e recuando uns séculos. Se formos ao sul desse país vemos que aquilo é um miséria pegada, quase ao nível alentejano ou pior. Se formos ao Norte vemos a prosperidade em altas. A Italia fez parte do extinto Império Austro-hungaro, e o norte era o que mais influência gozava desse Império. Para terem a noção de onde quero chegar: ainda estávamos em 1774, e já imperatriz Maria Teresa mandava a guarda nacional a casa dos meninos que não fossem à escola.
Aqui no burgo, entre o fim da monarquia, com o regicídio, e os anos 30, andámos a brincar ás repúblicas, parados no tempo, entretidos com conspirações, tertúlias, ópio e absinto. Depois durante outros 50 anos as traves mestras eram de um progresso e inovação incriveis: Deus, Pátria e Familia… Uh la la, upa upa, que progresso!
Depois vem a segunda grande guerra e a primeira hipótese de vacas gordas com o plano Marshall, do qual só lucrámos uma ínfima parte, dos biliões e biliões de dólares que recuperaram as economias de outros paises europeus. Creio, mesmo assim, caso tivessemos aceite fazer parte do plano, que não o conseguíriamos sequer entender, nem possuíamos o manuseamento para evoluir com ele. Na era moderna, nos anos 80 e 90 aconteceu o mesmo com os cheques da CEE/UE. Tantos milhões por aqui correram, meu Deus, e para onde foram…?! Gastos ao desbarato, em planos de incentivos aos agricultores que como bons tugas encontraram maneira de lucrar sem produzir… Mas ao menos temos autoestradas, vá lá…!! Deveria ter sido tudo investido na educação.
Muito português simplesmente não sabe gastar o dinheiro. E não sabe porque é pouco inteligente, ou melhor, é mais esperto do que inteligente, e isso marca TODA a diferença.
Não dá valor ao dinheiro, mas queixa-se da falta dele, mesmo que não se aperceba que consegue SOBREVIVER quase sem ele ao longo do mês. E se conseguir, então vai continuar a fazê-lo, não vai suar uma gota para mudar para melhor.
Heróis do Mar. Nobre Povo…! :arrow:
Os portugueses sabem gastar dinheiro. Não sabem é investir para evoluir, como o estudo da Eurosondagem revela. Como escrevia o Vasco Pulido Valente no Público há umas semanas, a era moderna em Portugal começou muito mal, e o que nasce torto… O Liberalismo chegou a Portugal sob a opressão das invasões napoleónicas. Grande parte da população rejeitou-o por causa disso. A outra parte copiou-o mal. Os problemas da relação dos portugueses com o Estado começam aí. O que temos hoje é um Estado fraco com os poderosos e forte com a arraia miúda. Um Estado ineficaz nas funções de soberania, mas que se intromete demasiado na sociedade. Como consequência, dado o poder descomunal do Estado (onde não deve) tudo depende do Governo. E como tudo depende do Governo, ninguém suporta perder o poder. Por via disso tivemos um regicídio, revoluções, golpes de estado, etc. E o país continua a perder potencial de crescimento, com uma sociedade cada vez mais bloqueada, em que quem tem poder e quer mantê-lo, tem de ter muita influência no Estado. A prosmicuidade entre o poder político e o poder económico interessa a ambos, por isso que ninguém faça “queixinhas”. O que nasceu torto, ainda não se endireitou.