O 'ideal' serve para ilustrar o tipo de treinador que muitos querem no SCP. É como a história do gajo que anda à procura a mulher perfeita.
A verdade é que quando chegar esse treinador “que dê confiança e tenha campo para falha” (como se nos últimos anos eles não a tivessem!), e ele cometer os primeiros erros, ou pseudo-erros, vão saltar logo alguns a pedir a sua cabeça. Sempre foi assim e continuará a ser e continuaremos com as estatisticas apontadas pelo Rei da Selva - 25 anos, 2 Camp. 2 Taças e 1 final UEFA.
Hás-de convir que o Projecto nunca fez um investimento sério num treinador de qualidade. Nestes anos todos, o mais parecido que tivemos com um treinador com margem para falhar foi mesmo o Queiroz. Nesta lista, a de todos os treinadores que orientaram a equipa principal do Sporting desde 1995, incluindo soluções de transição, sinceramente não vejo onde estão os nomes credíveis que dessem confiança e tivessem campo para falhar:
- Queiroz
- Fernando Mendes
- Octávio Machado
- Waseige
- Octávio Machado
- Francisco Vital
- Cantatore
- Carlos Manuel
- Fernando Mendes
- Jozic
- Materazzi
- Inácio
- Fernando Mendes
- Manuel Fernandes
- Boloni
- Fernando Santos
- Peseiro
Eu sou totalmente a favor da estabilidade e de que se dê tempo aos treinadores para implementarem as suas ideias. Conheço muito bem a lengalenga do Ferguson no Man Utd (embora aqui a diferença para o Peseiro se faça pelo curriculum que cada um apresentava quando chegou).
O que pergunto é se algum destes treinadores do Projecto tinha, à chegada ao Sporting, um percurso e um perfil que justificassem anos de espera até que as suas ideias estivessem totalmente assimiladas. E mesmo que não tivessem, qual deles desenvolveu no Sporting um trabalho de qualidade tão indiscutível que merecesse uma aposta continuada à espera dos respectivos frutos (neste caso, só vejo o Jozic, curiosamente num ano em que ficámos em 4º)?
Mais: será que a diferente natureza dos “perfis” de cada um deles consubstancia qualquer tipo de política desportiva a médio-longo prazo? Repara que tivemos desde os “formadores científicos” Queiroz, Jozic, Boloni e Peseiro até ao arruaceiro Octávio, passando por velhos estrangeiros de segunda linha como Waseige ou Cantatore e por semi-autodidactas sem curriculum como Carlão ou Inácio. Tiveste até casos de tipos contratados para adjuntos, porque se considerava terem o perfil adequado para isso, e que deram em treinadores principais por falta de outras opções, como Octávio e Inácio, e também casos de treinadores principais que se tentou “chutar para cima”, para cargos de director disto ou aquilo, como Inácio, Manuel Fernandes ou Boloni.
Tudo isto para dizer que o Projecto não tem nem nunca teve sombra de política desportiva, limitando-se a navegar à vista, contratando ora “professores” cujo trabalho se dirige a um futuro que nunca chega, o que implica a permanente ausência de responsabilização, ora zés-ninguéns que agradecem a oportunidade de trabalhar no Sporting e não têm força para dar um murro na mesa, exigindo, senão reforços, pelo menos tranquilidade e bico calado aos dirigentes.
PS- Cabe dizer por fim que o único dirigente desportivo que o Sporting teve na última década teve uma única oportunidade- falhada- de escolher um treinador, e que este, não tendo o tal curriculum à prova de bala, se chamava Mourinho. É o tipo de rasgo que não está ao alcance dos financeiros que actualmente nos regem.