Se há coisa que eu não percebi , foi esta visita oficial do Presidente Cavaco Silva à Turquia e o seu inequívoco apoio aos turcos , qual o interesse de nós nisso , o que é que os turcos nos vão dar em troca ?
O nosso presidente foi usado numa conferência de imprensa
Em que a sua presença serviu ao presidente turco para atacar os políticos franceses e alemães acerca da adesão da Turquia à UE.
É normal que os líderes da França e da Alemanha tenham dúvidas , afinal , a Turquia tem mais de 70 milhões de habitantes , o desequilibrio que isso não provocaria ao nível da direcção da UE.
Não percebo esta atitude do Presidente Cavaco Silva , em pôr-nos numa posição contrária em relação à França e a Alemanha numa posição que não nos interessa directamente e afinal , se os turcos aderissem , mais fundos iríam fugir de Portugal , para satisfazerem os turcos.
O problema não é a população. é o facto de ser maioritariamente muçulmana. Há também a questão dos direitos humanos.
Mas a nível geopolítico e geoestratégico, a Turquia é um activo valioso para a UE. Os americanos têm lá uma base, que serviu como ponto de entrada a todas as incursões que fizeram no Médio Oriente.
A Turquia será uma enorme valia para a UE, mas tem que limar alguns aspectos da sua política interna antes de poder entrar para a UE.
O Cavaco mais uma vez, e ao nível de Durão mostra que tem uma espinha flexível e convicções nenhuma, hoje apoia a Turquia e amanhã calha estar em Paris e já vai estar contra a Turquia.
Portugal não tem política externa, copia a dos outros.
Quando a Turquia entrar para a UE (se isso vier a acontecer será daqui por vinte anos ou mais) Portugal já será um contribuinte líquido da UE (quer queira quer não, esteja preparado ou não…), portanto não vai perder dinheiro. Depois, Portugal fica bem visto em Washington por defender a entrada da Turquia na UE. E não menos importante, tudo o que servir para contrariar o desígnio de “Europa fortaleza”, defendido pelas potências continentais, é bom para Portugal. Não é por acaso que todos os países atlantistas são a favor da entrada da Turquia. E quando digo atlantistas, não quero dizer enfeudados aos EUA. A sua relação com os EUA não é uma “servidão”, é um meio que encontram para servir de contrapeso ao centripetismo do eixo franco-alemão, porque os EUA nunca poderão exercer sobre os países marítimos da Europa a pressão que a Alemanha e França exerceram ao longo da História. E ainda exercem com estratégias indirectas.
Sim , a lógica geo-política é a explicação certa para esse comportamento do presidente , mas acho que em relação à entrada da Turquia na UE , não se deve ír por esse caminho , porque é brincar com o fogo , a UE em relação a este aspecto deve estar acima de jogos políticos e de interesses nacionais , senão está condenada a acabar.
Porque a seguir a França e a Russia defenderão a entrada da Russia , os países do Norte de África tambem quererão entrar.
E nem todas as pressoões vindas do centro da Europa são más , veja-se o exemplo da taxa de juro , se não fosse o chapeu da Alemanha , ías ver onde já ía.