Em Portugal, os clubes das ligas profissionais acumulam um passivo superior a 816 milhões de euros. Só à sua conta, os três grandes absorvem quase 90% do total. O Benfica segue na dianteira dos devedores, superando o F. C. Porto e o Sporting juntos.
Entre 2008 e 2010, o passivo dos 10 melhores classificados da Liga e da Honra aumentou 321 milhões de euros. O Benfica agravou as contas de 125 milhões para 398,8 milhões. Este acréscimo deve-se à incorporação da Benfica Estádio e ao empréstimo obrigacionista. Claro que o investimento no plantel também inflacionou. As contratações (Roberto, Jara e Gaitán) e renovações (Fábio Coentrão e Jorge Jesus) explicam o crescimento. Adquirido por 8,5 milhões, Roberto tornou-se no guarda-redes mais caro da história do futebol português. Em contraponto, o activo subiu para 412,7 milhões.
O F. C. Porto também sofreu um agravamento, mas em muito menor escala, de 141,1 para 157,5 milhões. Esta verba inclui o corte de 2,6 milhões no primeiro trimestre de 2010/11. Mesmo assim, continuou o investimento na equipa, com João Moutinho à cabeça (11 milhões), passando os objectivos pelo título e pela ida à Champions. Em Novembro, os portistas aprovaram um orçamento de 94,7 milhões, o maior de sempre em Portugal. Hélder Varandas, CEO da Escola de Negócios EUDEM, diz que a política do F. C. Porto está correcta. “Só uma equipa competitiva pode gerar receitas. A Champions é muito importante”, comenta, acentuando a dependência dos clubes da venda de jogadores. “Uma área que o F. C. Porto tem sabido aproveitar”, acrescenta. “Má gestão e salários elevados” são algumas das causas dos elevados passivos.
Problemas à vista
A fechar o triunvirato dos grandes, o Sporting viu disparar a rubrica das dívidas para quase 173 milhões. Os leões têm fama de viver com o cinto apertado, ainda assim contrataram Maniche, de 33 anos, e que, desde este mês, viu o contrato melhorado, passando a auferir 200 mil euros brutos mensalmente. Comportamento meritório nas finanças teve o Braga. Reduziu o passivo para 5,4 milhões, em boa parte à custa das vendas, onde angariou 11 milhões, com Eduardo (4,5 milhões), mais João Pereira e Evaldo (ambos 3 milhões cada) em destaque. Do mesmo não se pode gabar o V. Guimarães, retido na fasquia dos 15 milhões, embora ainda sem contabilizar a transferência de Bebé para o Manchester United, por 8,8 milhões. Na tabela da Honra há dois clubes sem passivo, fruto do compromisso assumido pelos presidentes. Mas também há a dívida volumosa do Varzim (14,5 milhões). No geral, o comentador televisivo Camilo Lourenço conclui que os clubes vivem acima das possibilidades e antevê menor desafogo para os próximos tempos. “Menos público, menos merchandising e maiores dificuldades em recorrer à Banca podem antecipar problemas”, observa.
In DN.