Os tormentos de JEB

JEB deu uma entrevista a “A Bola”, publicada em duas partes durante o último fim-de-semana. Vou cingir-me à 1ª parte da entrevista pois a 2ª, entre divagações genealógicas sobre o nome Bettencourt, demonstrações de beatice e de insensibilidade social, não tem qualquer relevância para o Sporting.

Acusa-se muitas vezes (e não sem razão) “A Bola” de ser o órgão oficioso do Benfica. No entanto, se a entrevista fosse feita pelo jornal do Sporting, não conseguiria seria mais conivente com o entrevistado.

Desde logo, porque não são feitas perguntas chave - afinal qual é o orçamento necessário para lutar a sério pelo título, como se pensa aumentar as receitas para consegui-lo, como recuperar a distância desportiva crescente para os nossos dois rivais, qual é o calendário para a construção do pavilhão prometido há um ano, como se lida com o conflito de interesses gritante gerado pela presença da Olivedesportos (via Controlinveste) na SAD, etc.

Além disso, apresentam-se perguntas falaciosas destinadas a apresentar a perspectiva de JEB como natural e indiscutível ou a isentá-lo de responsabilidades: “Não é uma utopia querer ganhar quando os rivais têm orçamentos três vezes superiores?” (de onde vêm estes números e porquê utópico?), “considera o seu programa de governo abrangente, a pensar nas várias sensibilidades do clube” (qual programa? a fantástica folha A4 apresentada uns dias antes das eleições?) ou “tem agora a ideia de que o futebol visto por dentro é mais complexo do que as pessoas pensam?” (mas JEB não foi um dos grandes obreiros do título de 2001/02 e não é dirigente para o futebol há vários anos?).

Mesmo assim, JEB consegue ser igual a si próprio e produzir frases de deixar qualquer um de cabelos em pé: “sabia que tinha 90% de possibilidades de espetanço [sic]” (tinha sido interessante tê-lo referido durante a campanha eleitoral…) “fui a única pessoa que não leu os dossiers” (note-se o amadorismo e a irresponsabilidade) ou “era preciso alguém que assegurasse a parte de bater no fundo para depois vir o Messias” (e já batemos ou isto ainda vai piorar?)

No resto, o triste costume. Queixumes e mais queixumes – as elites que não o compreendem (quando é o povo que está a desertar as bancadas e o arquivo de sócios), o clube que é um “projecto atormentado” (no qual ele participa activamente há uma década, pelo menos), os rivais que não se comportam como ele espera (deve ser por isso que somos “diferentes”…), a UEFA que fez com que as receitas das Liga Europa sejam muito inferiores às da Liga dos Campeões, as dolorosas perdas pessoais e financeiras em que incorreu pelo sacrifício de assumir o indesejado lugar de Presidente do Sporting Clube de Portugal, etc. Quanto a visão para o futuro do clube, entusiasmo, criatividade, ideias e medidas para parar e inverter o declínio do clube, a entrevista é um rotundo e assustador zero .

No fundo, tudo fica resumido na fantástica frase “temos obrigação de ficar a 15 pontos do Braga”. Não é mau em si estabelecer-se uma meta concreta para que se possa depois usá-la avaliar o trabalho de dirigentes técnicos. É mesmo uma pena que seja tão raro num Sporting que ergue uma reestruturação financeira em grande projecto de uma geração de dirigentes, mas que é incapaz de concretizar o aumento anual no orçamento da SAD que ela vai permitir.

Mas esta meta é deprimente por três razões. Primeiro, porque estabelece o Braga como o nosso ponto de referência; segundo, porque sugere implicitamente que o natural é ficarmos a uma distância considerável dos nossos rivais; e terceiro, porque, neste momento, mesmo esta modesta meta parece longínqua. É que graças aos sucessivos espetanços do impreparado e atormentado JEB, ficar à frente do Braga, por um ponto que seja, parece bem para lá das capacidades da nossa equipa de futebol profissional.

A entrevista é realmente péssima.
Fica a sensação que toda a entrevista - e bem longa ela é - não passa de um prefácio e que as perguntas mais importantes ficaram por colocar.
Agora estou longe de achar que a Bola foi conivente, sem com quem for, pela razão simples que não acho que ninguém tenha ficado bem na fotografia: nem o jornal, nem o Presidente e, seguramente, nem o Sporting. Foi a coisinha mais inócua que me recordo de ter lido, sobretudo quando me lembro de outras entrevistas feitas a presidentes de clube.

Como já disse no tópico de JEB, foi uma entrevista insonsa, insensível à realidade do Clube e aos seus pergaminhos e história.

Dizer que tem obrigação de ficar a 15 pontos do Braga é mais uma vez o reconhecimento da incompetência do ano passado, em que ficou muito mais pontos atrás do clube minhoto. Mais, é a prova que tudo é feito consciente e propositadamente para ceder passagem quer aos corruptos quer aos papoilas saltitantes. É agora objectivamente um dado adquirido, um dos traços característicos e definidores desta direcção: o que interessa não é ver o Sporting sempre na frente, e sim ver os maiores rivais na frente, e apenas o Braga atrás, de preferência a muitos pontos, que é para desviar atenções e se assumir como candidato natural ao 3.º lugar na classificação.

É gritante esta política, revolta-me e deixa-me mesmo convencido que este presidente assume que não tem condições para o ser. Além de não ter projecto (ainda não se viu nada que se possa definir como tal, é até tabu), não tem carácter. Isso, JEB, não é Sporting!

Subscrevo integralmente o que @ Petrovich escreveu.

Como já disse no tópico do JEB, dei-me ao trabalho e à despesa de comprar “a Borla”, algo que não fazia há mais de 10 meses, só para ler a dita entrevista.

Confesso que depois de assistir à entrevista dado por JEB à jornalista Judite de Sousa estava com expectativas relativamente a esta pelas seguintes razões:

  1. Ia ser conduzida por jornalistas desportivos e ainda por cima não sendo propriamente simpatizantes do clube;

  2. Acreditava (que querem, sou estúpido, podem chamar-me) que JEB, em função das reacções dos Sportinguistas à entevista dada à RTP, depois do cartão amarelo que lhe foi mostrado na AG, se esmeraria para limpar um bocado a face e a impressão que a maior parte dos Sportinguistas têem dele.

Nada mais enganador. Aquelas perguntas que se estava à espera que fossem feitas, que revelassem preparação por parte do (s) entrevistador (es), que realmente embaraçassem JEB, simplesmente não foram feitas.

Estava à espera que lhe fossem feitas as perguntas que o @ Petrovich faz, por exemplo. Algo que não aconteceu.

E JEB mostrou que ainda é mais incompetente do que (pelo menos eu) pensava.

Então vir admitir que não conhecia os “Dossiers” quando fazia parte da Direcção cessante? Dizer que havia 90% de hipóteses de “espetanço” à partida? Não revelar qualquer objectivo para o futuro, ou melhor, revelar que a nossa referência não passam a ser o foculporto e o carnide e sim o Braga?

Então isto não é o assumir completo da sua incompetência?

E o “timing” da entrevista, para mim, não é inocente. Surge após a AG e a aprovação rés-vés campo-de-ourique do Orçamento. Para mim, JEB sente que já não tem condições para continuar. Mas a sua demissão neste momento seria o revelar que a cagança tão apregoada afinal era só conversa.

Por outro lado, o seu regresso à actividade bancária deverá ter condições. Deve ter metido uma licença sem vencimento pela duração do mandato e como tal não pode regressar antes, digo eu.

Se não, já tinha saído. Mas o mais grave é que tudo isto parece uma brincadeira, tipo um jogo daqueles de tabuleiro que eu jogava em pequeno, em que se comprava, vendia, com dinheiro a brincar.

Só que o Sporting não é, não pode ser uma brincadeira. E JEB tem que ser responsabilizado por andar a brincar com o Sporting e com os Sportinguistas.

Parabéns pelo texto, como sempre excelente.

Apenas uma correcção: penso que o que foi dito pelo presidente é que “temos obrigação de ficar 15 pontos à frente do Braga". Por que o objectivo de ficar a 15 pontos do Braga foi amplamente suplantado na época passada, quando ficámos a uns inacreditáveis 23 pontos.

Certamente questões de orçamento, falta de sorte, bolas no ferro, horários televisivos, túnel a menos e fosso a mais, Olarápios e Lucílios, pouca cagança ou demasiada Lei de Murphy.

Mas esta meta - a relativização face ao Braga - não é inocente.

O anterior presidente, do qual o actual foi vice, estabelecia de forma não assumida o segundo lugar como objectivo. Relembremos frases célebres como a de que era preferível dois segundos a um primeiro e um terceiro, ou de que era igualmente preferível um segundo lugar a uma vitória na Taça Uefa.

Objectivo do segundo lugar, com uma condição: à frente do benfica.

Nas eleições de Junho de 2009 ficou amplamente demonstrado que para a ambição dos sócios do Sporting esse objectivo é suficiente.

Agora que o benfica parece inatingível, estabelece-se uma nova referência: o Sporting de Braga. Um clube que deve ter 1/60 dos adeptos que nós temos, 1/4 dos sócios, e uma história certamente de fazer inveja à nossa.

É esta a nova referência da ambição sportinguista.

SL

A referência da ambição sportinguista é ser o melhor, está-nos no sangue, indepentemente de alguns seres mutantes, genéticamente deficientes, estarem, provisóriamente ( ok, há tempo demais… ) no poder.

:arrow: Concluindo, se JEB não é um verme, e parasita como a "sub-espécie" que representa, então comporta-se como tal.  >:(

@ Gebeeme e Brabicane

A dependência (e consequente submissão) dos jornalistas desportivos face às direcções dos clubes é um velho problema, e que se agravou com a passagem dos desportivos a diários em meados da década de 90. Fretes como o desta entrevista são vulgares. É assim que os jornais garantem depois o acesso aos jogadores, técnicos e instalações, recebem mordomias dos clubes, “caixas” sobre transferências, etc.

Não é por acaso que, por exemplo, o Apito Dourado saiu na imprensa generalista antes de qualquer referência na desportiva - isto apesar de os jornalistas desportivos estarem “carecas” de saber como o Porto controlava e viciava resultados. Apesar de conhecerem o meio e os seus podres como ninguém, é preciso recuar ao final da década de 80 para ver um caso de corrupção que tenha sido em primeiro lugar denunciado na imprensa desportiva (o caso Francisco Silva).

Se conseguirem passar para além da capa, verão que os jornais desportivos são autênticos panegíricos para os três grandes (e mesmo para os médios e pequenos clubes, quando lhes dão algum espaço). Têm secções diárias para Sporting, Benfica e Porto para alimentar. Por isso, quando não há jogos, é tudo fabuloso - os treinos, o presidente, o chefe do departamento do futebol, os jogadores que cá estão, os jogadores que hão-de vir, o treinador, a prospecção, uma estatística obscura, etc… E mesmo quando há jogo, só em caso de descalabro é que se vêem críticas. Aliás basta ver a crónica da bola sobre o jogo com o Rio Ave. Eu vi pelos meus próprios olhos um jogo muito fraco em que o Rio Ave, último classificado, manietou o Sporting até rebentar fisicamente nos últimos 10 minutos. Pois bem, se lessem A Bola, pareceria que se tinha assistido a um massacre desde o apito inicial do árbitro, em que só o azar tinha impedido um resultado histórico.

Quanto rebentou o “Apito Dourado”, o Zé Diogo Quintela dos Gato Fedorento mandou a “boca” de que acharia piada um dia serem os jornais desportivos a darem conta de um escândalo antes de todos os outros. Dias depois, o Alexandre “Shrek” Pais do Record respondeu enxofrado com esta extraordinária argumentação:

[i]“Trata-se de um desejo difícil de concretizar, pois quando o futebol perder de todo a credibilidade – traído por aqueles a quem dá de comer – aos generalistas não faltarão outros temas para exibir barba rija. Mas morto o futebol, o Record perderá a razão de existir. Que mexam no lixo que os tribunais largaram. Nós pertencemos a um circo que vive de emoções – de golos, erros, títulos e de frustrações – e não temos vergonha disso”[/i]

E, acrescentaria eu, não se incomoda os donos do circo que lhes dá de comer.

Foi o que eu pensei logo :mrgreen:

Infelizmente não sou só eu que gosta das figuras que JEB faz cada vez que se expõe.

Os tubarões da “elite” estão a deixá-lo tornar-se num bode expiatório de modo a branquearem todos estes 15 anos e os que hão-de vir.

@Petrovich e Leao09: A “plêiade” não largará a base social que é o Sporting. O próximo na calha é o grão-mestre dos oculinhos que tão famoso ficou por prestar um “serviço internacional” de “obediência”.

Na muche! :great:

Olá a todos!

Bem, eu realmente, depois de a entrevista dada por JEB à Judite de Sousa me ter deixado pelo menos um pouco mais aliviado por não terem sido ditas grandes barbaridades, estava na expectativa de ver a má imagem que tenho de muitas coisas ditas por JEB mudar. Assim sendo, decidi gastar uns preciosos 80 cêntimos na compra do Jornal dos Lamps no Sábado mas o que é certo é que depois de ler só confirmei que afinal JEB não engana mesmo e que não era impressão minha, ele é mesmo assim, não há nada a fazer… e desta forma evitei gastar outro tanto na compra da segunda parte da entrevista (devia ser para manter o suspense…) no Domingo. Mesmo assim tenho muita fé e esperança! Espero que consigamos ser Campeões!

O problema é que as situações a que o Petro alude, e que a alguns ainda provocam pesadelos, passam completamente ao lado daqueles que, no final, colocam as direcções no poder.

Ler um homem que foi director da SAD e vice presidente do clube afirmar que não conhecia a situação de forma a poder implementar uma estratégia de resolução dos problemas é aterrador, para dizer o mínimo.

E continuo a afirmar, é fundamental saber quem mente, o actual ou o anterior presidente.

Atendendo ao conteúdo da entrevista e às conclusões que se podem extrair dela creio que seria mais correcto intitular este tópico como “O tormento do JEB” em vez do actual " Os tormentos de JEB"!

Eu nao li a entrevista ,mas nem è preciso, à muito que tenho a convicçao que este nao è Presidente para o SCP, assim como este nao è o treinador para fazer o Clube Campeao , assim como sei que parte dos jogadores nao servem os interesses do SCP , os comentadores televisivos escolhidos para supostamente representarem e defenderem o clube sao uma làstima e alvo de chacota facil por parte da matreira “concorrencia” !- A culpa è …minha …è nossa a falta de ambiçao o acreditar no fatalismo è nosso !-Este sr. JEB nao està là porque tinha a maioria dos Sportinguistas com ele , està là porque a maioria nao quis simplesmente saber de ir votar, o estado de resignaçao è tanto que o estadio esta quase sempre às moscas , quem nao è visto nao è sentido !- Os tormentos nao sao do sr. JEB …sao nossos !