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A NOVA ORDEM DO FUTEBOL
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O futebol português está a atravessar uma das suas horas mais sombrias.
As eleições, da próxima segunda-feira, para a Liga, são o corolário de uma série de acções e esquemas que têm como intenção a repartição do poder do futebol entre Porto e Benfica, eliminando o Sporting da equação.
Porquê o Sporting?
Há cerca de um ano e meio atrás, o Sporting precipitava-se aceleradamente para o abismo, fruto da inépcia duma geração de financeiros medíocres que dirigiu os nossos destinos, ajudados pelos abraços mortais com que nos enredavam os nossos opositores a cada desgraçada e incompetente aliança, ora a norte, ora a sul.
O Sporting fazia de bombo da festa, não era tido nem achado e, entre menções falsas e hipócritas de “melhoras” e de “respeito pela grandeza”, estava a ser trabalhado e destinado a ser varrido do convívio dos “grandes”.
E nem a chegada de Bruno de Carvalho à presidência do clube lhes retirou da boca, num primeiro momento, o sorriso de regozijo com o nosso infortúnio - era um miudo e não haveria de conseguir. As máquinas estavam montadas, o controle mediático era efectivo, pelo que a qualquer momento poderiam pisar, como de costume, caso tentasse levantar a cabeça, ou dar mesmo a machadada final.
Mas, ao contrário do que até os mais optimistas poderiam supor, o Sporting de Bruno de Carvalho não só se reestruturou como levantou o corpo inteiro. Com dificuldade, mas firme, com trabalho, mas determinado, com pouco, mas com solidez. E até dentro de campo voltou a ser um caso sério.
Pior, não só o jovem presidente passou por todas as arremetidas de desconsideração e desprezo com indiferença e pujança, revelando-se um portento mediático, como ainda se atreveu a atacar os poderes podres do futebol indígena, directo ao seu ponto mais fraco: a falta de ideias e programas estruturados.
Em menos de nada, havia um Documento a circular, aberto à participação de todos, propondo soluções consistentes e abrangentes para um futebol nacional transparente e competente.
Muitos clubes vieram ouvir e discutir, os podres ficaram desconcertados: o documento tinha conteúdo efectivo e abria as portas para um novo tempo. Era perigoso, muito perigoso, para a sobrevivência do sub-mundo que tantos anos e tanto trabalho lhes tinha dado a montar e tantos euros lhes tinha dado a ganhar, sobretudo agora, que estão falidos e descontroladamente acima das suas possibilidades.
A lógica vigente de poder pelo poder, assente em regulamentos e regras sofríveis e pastosas, passíveis de serem adaptadas à conveniência de cada circunstância, por decisores escolhidos a dedo nas fileiras dos interesses mais manhosos, estava em jogo.
Após o (não-)caso Apito Dourado, o Benfica havia dado cumprimento às intenções de LFV - “…antes homens na Liga que Ronaldos na equipa!” - começando a entrar nessa instituição pela acção da Leal Cunha ou dos juízos, pelas Costas, dum Ricardo ao serviço, iniciando, a golpes de carolinas e galhetas, a ascendência sobre os préstimos do errar é humano com que hoje domina a arbitragem.
Em resposta o Porto faz esvaziar a Liga através de Fernando Gomes, após uma pseudo-briga, levando todos os órgãos de poder para a FPF e colocando, pelo menos, um serviçal à cabeça de cada um (justiça, disciplina, arbitragem, observadores).
Esvaziada a Liga, desligaram-se olimpicamente, menosprezando a ascenção da agremiação de “pequenos” que faz eleger Mário Figueiredo. Aquilo estava vazio, o homem, era um tonto e os “pequenos” controlam-se com empréstimos. Pouco ou nada haveria de conseguir!
O tiro saíu-lhes pela culatra …e estava a correr na justiça o Processo que atinge em cheio a cabeça financeira do polvo: a Olivedesportos, que a perder o Benfica, estava e está em risco de perder, à luz do direito comunitário, os restantes contratos para lá de 3 anos de vigência. A decisão está próxima, urgia fazer qualquer coisa.
A crise e a acção dos bastidores por parte do Oliveirinha deixa a Liga sem cheta e na CS “vende-se” a culpa de Mário Figueiredo. Este, por consequência, não consegue fazer chegar euros aos clubes “pequenos”. Os “pequenos” ficam desesperados e, surprise, surprise, aparece-lhes… o Oliveirinha: até lhes arranja uns euros, mas em troca deverão derrubar o presidente da Liga e retirar o processo.
Com o relógio a contar imperturbável para o desfecho da acção judicial, sucedem-se, um atrás de outro, episódios degradantes, que culminam com a famosa reunião na bomba de gasolina. A CS alinhada esconde o desespero do polvo e projecta-o integralmente sobre Figueiredo.
Vêm as eleições e os vices de Porto e Benfica entendem-se: os euros são curtos e só dão para dois grandes.
A TV já está repartida, entre a BTV e SportTV e assim se quer que fique. O Benfica fazer-se-á de “indignado” com os interesses do Oliveirinha, mas deixará passar, sob pretexto que é assunto que não lhe interessa - tem a sua TV - e deixará que a acção contra a Olivedesportos seja retirada. A SportingTV, de preferência, que se dane!
Em troca, serão repartidos os restantes lugares de poder na FPF (aquando da prevista saída de F Gomes para a UEFA) e, talvez até, esvaziada e encerrada a Liga, voltando a gestão dos campeonatos para a federação.
As coisas correm mal, com os episódios patéticos da lista do Sistema Bicéfalo, liderada por Seara e Figueiredo volta a presidente. Com o apoio do Sporting, evidentemente!
Entram em acção os serviçais dos “Conselhos”, o branqueamento dos procedimentos é feito pela CS e comentadores alinhados, os “pequenos” acotovelam-se para vir comer à mão, tal é a fome e são lançadas novas eleições.
Nisto tudo, continua a sobrar aquela enorme pedra no sapato chamada… Sporting.
Para que não seja muito à cara podre, inventam-se umas “reuniões” para “discutir o futebol português”. A estratégia é provocar o Sporting, para o manter fora do processo, matando dois coelhos de uma cajadada só:
- Para poder ser abatido ou relegado para um lugar de 2ª, o Sporting não poderá estar no poder;
- Inibe-se qualquer tentativa de regresso do tal “documento” ou de qualquer discussão acerca do assunto, algo que não interessa de forma nenhuma à ditadura que se pretende impor.
Antecedendo o almoço em que os “dois grandes líderes” (não) estiveram á mesma mesa, é feito um convite a Godinho Lopes, em litígio com o Sporting, garantindo que o Sporting sabe disso, para que BdC não apareça.
A folha impressa previamente, para assinatura dos presidentes comensais subscritores, coloca Benfica e Porto à cabeça e o Sporting em 7º lugar. Se se der o azar de BdC aparecer, é por-lhe a folha à frente, que ele levanta-se e vai embora!
Godinho recusa, já não vai dar para esconder tão bem, mas mantêm a estratégia: venha o Duque, que ainda é pior - no litígio com o Sporting, é o responsável directo pelos factos participados. A provocação ganha ainda mais força e já é às claras.
A CS irá comentar o assunto, orientando a tónica para os “27” clubes - na verdade, dois colossos, mais 25 famintos inóquos que lhes vão comer à mão - e para expressões como “esmagadora maioria”, “quase unanimidade”, etc, etc. O facto de que muitos se chamam muitos por… não serem todos, justamente medido na diferença e no respeito que revela a existência de outra parte , fica na gaveta onde a deontologia ganha teias e pó.
São palavras e actos que fazem lembrar a repartição, tão vergonhosa como conveniente e episódica, da Europa, pelo casamento entre a tenebrosa Alemanha Nazi de Hitler e a sanguinária URSS de Stalin, apoiada numa infeliz maioria de nações, submetidas a critério da megalomania alarve de cada um dos noivos.
Mas também nessa altura, ficou isolado, inconformado e intransigente um “grande”. Sozinho, mas corajoso, determinado e convicto de si, o Reino Unido, acabou por sair por cima, enquanto os tais “colossos” se comiam um ao outro, como irá acabar por acontecer por cá, também.
Por agora estamos a assistir à tentativa de imposição da repartição ditatorial do futebol entre dois figadais inimigos falidos, tentando isolar e eliminar o único opositor à sua altura, servindo-se dos demais e disfarçando a asfixia ao lugar da verdade, do equilíbrio, da honestidade, da transparência, da modernidade, da evolução positiva, à única via saudável e verdadeiramente plural.
Ria-se, no Trio d’Ataque, aquele monte de lampioniosidade mórbida que dá pelo nome de João Gobern, dando eco às verdades que convêm às núpcias da sua cor:
“O Sporting faz-me lembrar aquela pessoa que entrou na auto-estrada em sentido contrário e jura que todos os outros é que estão em sentido contrário.”
Quando a autoestrada é a da corrupção, dos esquemas, da ditadura, o único caminho, o caminho dos lúcidos, o caminho dos que têm coragem é sempre o contrário. Por maioria, mas de razão, a piada saiu-lhe furada e a oportunidade de não fazer figura triste perdeu-se.
Os muitos ficarão sós, enredados e envergonhados na sua ditadura opaca manhosa e tenebrosa, fazendo do futebol nacional algo pequenino, medíocre, provinciano e comezinho, sem qualquer interesse ou força em termos internacionais como disse, e bem, o nosso Presidente. Ao Sporting e aos sportinguistas, resta-nos seguir o nosso caminho, convictamente, com solidez e pujança.
Ao jeito de Salazar, os imensos “2 …e mais vinte e tal” seguirão o caminho do “orgulhosamente sós”.
Nós, continuaremos a ser livres, a ter ideias, a querer o melhor sem ser à custa de outrem, de forma limpa e transparente, em nome dos valores mais nobres do desporto, ou não fosse o nosso nome Sporting Clube de Portugal.
Continuaremos a ser… ORGULHOSAMENTE NÓS!!!
“Aquele que tem uma ideia é um tipo esquisito até que a ideia vença.”
Mark Twain