Para complementar, encontrei também este artigo interessante que esclarece mais alguma coisa (mas não fala sobre a "posse do FCP sobre o Fundo):
F.C.Porto, Quaresma e o Fundo "First Portuguese Football players"
O comentário de um amigo ao artigo sobre a recuperação dos 9% do passe do Quaresma suscitou a minha curiosidade sobre o fundo e o valor em causa.
É de facto muito estranho… até porque o respectivo fundo inclui os passes dos vários jogadores - Ricardo Quaresma (9%), Paulo Machado (16,7), Ivanildo (16,7) e Vieirinha (16,7) - e foram readquiridos apenas pelo valor global de 1,7 milhões de euros.
Vamos “excluir” do raciocício os restantes jogadores… se 1,7 correspondesse aos 9% do Quaresma representava um potencial valor total de 18,88 milhões de euros.
Claro que o valor contabiliza uma pequena parte dos outros jogadores pelo que o Porto terá readquirido o Quaresma à proporção de 15M€.
Parece pouco! Tendo em conta que o Quaresma já esteve quase vendido por mais EUROS. No entanto devemos ressalvar que pode ter havido uma claúsula pré estabelecida para a recuperação desses 9%!
A renovação do Quaresma pode ter alguma a ver com isto… porque se o Porto renovou com intenção de manter o jogador o Fundo vê-se privado de capitalizar a curto prazo, com a venda do Quaresma. Pelo que, mais vale o Porto pagar os 1,7 M€ do que o Fundo ter que esterar cerca de 2 anos pela venda (com mais algum lucro). Isto faz sentido claro… se de facto eles estiverem a necessitar de capitalizar… e o Porto estar determinado em não vender!
Procurei informações sobre este fundo e…
Trata-se de um fundo de valores da OREY FINANCIAL, um grupo financeiro sediado no Porto e que opera no mercado português há mais de 120 anos, estando a holding do grupo Orey - Sociedade Comercial Orey Antunes S.A. - cotada na Euronext Lisboa (bolsa de valores mobiliários de Lisboa) desde 1986. Entre outras, detém uma holding, “First Portuguese” que detém fundos relacionados com o futebol:
Orey Forestry Fund (em projecto)
FP Football Players Fund - Boavista
FP Football Players Fund - Porto
FP Opportunity Fund Limited
FP Football Players Fund - Sporting
FP Multi-Manager Fund Limited
Detém portanto, fundos de jogadores do Porto, sporting e Boavista, entre outros.
Os Fundos de Investimento em Direitos de Transferência de Futebol, os quais me refiro são Fundos não regulamentados pela CMVM!
Os Fundos de Investimento em direitos de transferência de jogadores de futebol (“fundos de futebol”) visam facultar aos investidores um instrumento financeiro que lhes permita diversificar a sua carteira de investimentos num activo descorrelacionado com os mercados financeiros e aceder a um negócio que tem proporcionado margens muito significativas e que tradicionalmente tem estado vedado à comunidade de investidores financeiros.
A estratégia de investimento destes fundos assenta numa partilha com o clube do investimento realizado (ou a realizar) na aquisição dos direitos de transferência dos jogadores, beneficiando com a eventual mais valia resultante da posterior alienação dos passes dos jogadores em que participa. O fundo pretende alcançar retornos de 20% anuais.
A Equipa de Gestão é composta por: Tristão da Cunha - Chairman, Duarte d’Orey - CEO, Francisco Bessa - Vogal, Rui Mesquita da Cunha - Vogal. Não sei se alguém reconhece estes nomes… a mim não!
Já em 2004 tinha sido noticia a First Portuguese e o Footbal Players Fund Porto:
"A First Portuguese SGPS, holding de negócios da área financeira do Grupo Orey, anunciou a primeira cotação do fundo First Portuguese Football Player Fund – Porto, desde que foi lançado, em 21 de Maio do corrente ano. O FP Football Player Fund - Porto registou, a 30 de Setembro, uma valorização de 37,82%, beneficiando da boa performance registada no mercado de transferências, nomeadamente com a saída dos jogadores Deco, Pedro Mendes, Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, na sequência do sucesso desportivo do clube na época passada, com a vitória na Liga dos Campeões, na Supertaça e no campeonato nacional. "
Já em Outubro de 2007 voltou a ser noiticia no Diário de Noticias, mas relativamente ao fundo de jogadores do Sporting:
"A Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Sporting anunciou, esta semana, o pagamento de 3,240 milhões de euros à Orey Financial no âmbito da liquidação do fundo de jogadores constituído em 2001, que resultou no regresso ao clube de parte dos direitos desportivos de, entre outros, João Moutinho e Yannick Djaló. A razão para o fim da parceria foi a falta de liquidez do fundo, provocada pela venda de Cristiano Ronaldo em 2003.
O fundo atingiu um pico de rentabilidade de 80% com a venda do passe do actual jogador do Manchester United. Nessa altura, foram muitos os investidores que saíram do fundo com significativas mais-valias. Desde então, o valor da carteira foi caindo - devido à ausência de negócios semelhantes - e atraiu cada vez menos interessados, dada a dificuldade de voltar a retornos tão altos. No momento do fecho, a rentabilidade final do produto cifrava-se em 3%.
A Orey Financial explicou ao DN que a solução encontrada visa “proteger os interesses dos investidores”. A SAD do Sporting paga 2,474 milhões de euros pelas fatias dos direitos desportivos vendidos ao fundos, nomeadamente os de Moutinho (10%), Djaló (28%), Paulo Sérgio (28%), Carlos Saleiro (26,5%) e Marcelo Labarthe (20%). Dinheiro que já havia recebido, em adiantamento, na altura em que colocou estes jogadores no fundo. E que resulta do valor actual da carteira do fundo que integrava estes jogadores.
A SAD leonina paga ainda 765,4 mil euros por créditos devidos, relacionado com vendas ainda por liquidar (pagamentos a prestações).
Um montante total de 3,240 milhões de euros será pago em acções da SAD, numa percentagem total de 7,36% do seu capital. A vantagem do acordo celebrado com a Orey Financial estava relacionada com a injecção imediata de dinheiro nas contas do clube, com a venda de parte dos direitos despor-tivos dos jogadores ao fundos. O saldo final é difícil de calcular, porque depende das avaliações que foram feitas inicialmente (por um comité independente liderado por José Couceiro) e do valor final das transferência. Os exemplos mais penalizadores para o clube poderão ter sido as transferências mais avultadas, como a do Quaresma, Hugo Viana ou Ronaldo. Mas casos como os de Niculae, Danny, Luís Filipe ou Valdir, poderão ter acabado por beneficiar o Sporting."
Esta operação com o Sporting foi o ponto final no respectivo fundo. O fundo foi terminado, liquidado, e restituídos os valores aos investidores. De realçar que o Sporting pagou nessa altura 2,474 milhões de euros pelas fatias de Moutinho (10%), Djaló (28%), Paulo Sérgio (28%), Carlos Saleiro (26,5%) e Marcelo Labarthe (20%). É um valor sensívelmente maior do que o pago pelo F.C.Porto, sendo que, apenas Moutinho e Djaló são valores representativos, e mesmo esses, concerteza avaliados para valores inferiores aos do Quaresma.
O objectivo da operação com o Sporting, e agora com o Porto, provavelmente serão os mesmo. Liquidar os fundos. Ou seja, terminar os fundos e restituir os investidores. A corretora Orey já afirmou (relativamente ao fundo do Sporting) que o objectivo da gestora é, posteriormente, relançar o produto através de um novo modelo de fundo, desta vez fechado e com um perfil semelhante ao de um “private equity”. Talvez aconteça o mesmo com o Porto.
Estes dados a confirmarem-se são um pouco contraditórios com afirmações datadas de 2004 em que se referia à Agência Financeira e Diário Financeiro:
“Os três grandes clubes holandeses,o Ajax,o PSV Eindhoven, e o Feyernoord, vão integrar os fundos First Portuguese Football Players Fund, do First Portuguese Group. Já estamos em negociações com alguns clubes lá fora. As negociações já estão bastante avançadas na Holanda para este tipo de producto”, revelou Pedro Alves, director dos Novos Negócios do FPG, à Agência Financeira.
“Estamos a estabelecer parcerias na Alemanha e na Inglaterra. Em Espanha também já começamos com contactos”, acrescentou o mesmo. “A casa de investimento procura clubes desportivos para diversificar a sua carteira de fundos de investimento desportivos. Para a criação de um fundo de investimento de um determinado clube, o FP Group procura parcerias com clubes com uma elevada política de transferência de jogadores. Jogadores de preferência da União Europeia, cujo valor é superior, tendo em conta diversos factores como a posição em campo,idade e historial.”
Sem querer adiantar pormenores, Pedro Alves apenas adiantou o nome dos clubes holandeses que vão passar a integrar os fundos desportivos, que engloba já o Sporting,o Boavista e o FC Porto. Estes três fundos vão ser ainda integrados num único fundo. “Os investidores vão passar a investir nos três clubes através de um fundo em vez de dispersarem o investimento pelos três”, adiantou ainda Pedro Alves. Já os adeptos do clube da Luz terão de esperar pela criação de um fundo desportivo para o Benfica. As negociações com o clube da Águia prosseguem, ainda sem fim à vista. in Diário Financeiro
Ao que parece os negócios não andam a correr como esperado…
Publicada por Nuno Silva, 23/1/2008