O futebol português tem um problema com o Sporting. Não sei explicar as razões, quando começaram, porque começaram, mas o problema existe.
O futebol português habitou-se a tratar mal o Sporting, a não nos ter respeito, a agir sabendo que todas as provocações ficam impunes.
A coisa complicou-se sobremaneira nos últimos anos por duas razões, a primeira resulta da vontade de criar uma competição a dois, com vermelhos e azuis, sul versus norte, a serem os animadores de serviço. A segunda porque os nossos ex-dirigentes em vez de se preocuparem em criar um clube forte e independente andaram mais preocupados com alianças bacocas, umas vezes com o benfica, outras com o porto, dando sinais claros de fraqueza e de falta de rumo.
Metidos neste colete de forças, o Sporting foi sendo empurrado para a linha lateral do futebol português. Arbitros, dirigentes federativos, de corporações como a APAF, todos eles aprenderam perder-nos o respeito. Não é por acaso, que o unico clube que até hoje foi vitima de dois boicotes por parte dos árbitros foi o Sporting. Não é por acaso, que por norma é sempre contra o Sporting que os reguladores se lembram de aplicar as leis de forma mais dura.
Os dedos de muitas mãos não chegam para contar as vezes que em situações semelhantes jogadores do Sporting são punidos de forma muito mais severa que os seus adversários. Quantas vezes já vimos treinadores, jogadores, dirigentes de outros clubes, terem o castigos feitos à medida, ou serem obrigados a cumpri-los em períodos escolhidos a dedo, de forma a prejudicar o menos possível essas equipas? Isto acontece com o Sporting? Só por distração…
Esta falta de respeito está também espelhada na própria selecção, as convocatórias, as decisões dos selecionadores, tantas e tantas vezes são mais uma amostra desta ideia destorcida que diz ser permitido afrontar o Sporting sem consequências. O cumulo da ironia em redor desta questão, reside no facto de as selecções sem o Sporting e a sua formação dificilmente teriam qualquer presente, muito menos futuro.
Toda esta falta de respeito atingiu o seu esplendor no ultimo sábado e tem vindo a manifestar-se nos últimos dias.
Em nome da defesa do futebol, e do “grande espectáculo" que foi o ultimo benfica-Sporting, passou a ser proibido falar do Duarte Gomes. Apontar-lhe os erros clamorosos e que tiveram influencia directa no resultado final, significa dizer que somos maus perdedores. A nossa indignação, justa e com razão de ser, é destorcida e transformada em desculpas para esconder a derrota. A pouca vergonha teve o seu esplendor máximo no comunicado do benfica. E espalha-se pelos paineleiros e comentadores de serviço.
Em seguida temos a defesa da corporação ao Duarte Gomes, primeiro pela boca do presidente da APAF, com declarações a roçar o ridículo, para agora ser o Pedro Proença, outro benquista assumido que não se livrou de, mesmo assim, levar na tromba de um dos seus, vir defender a arbitragem de sábado, com outro argumento fantástico. Diz o ilustre que a arbitragem foi excelente porque em 150 decisões só duas ou três foram erradas, portanto a media é excelente, que importa se as duas ou três foram sempre para o mesmo lado, e das três, duas são lances de pénalti? Não importa nada, porque o que interessa é limpar o nome do Duarte Gomes, que é mais outro que faz parte do sistema, e que sabe a quem agradar, ainda para mais agora que com a profissionalização na calha, são mais uns milhares de euros garantidos ao fim de cada mês.
Para o ramalhete ser completo, começa a soprar uma corrente na imprensa, que procura convencer-nos das virtudes de uma aliança com o benfica. Não nos faltava mais nada.
Porém esta temporada está a acontecer algo que as mentes distorcidas que governam o futebol português não esperavam. O regresso do Sporting. O lema “o Sporting está de volta”, deixou de ser uma frase de campanha, para passar a ser uma manifestação da realidade, e um estado de alma que está também a emergir em todos os Sportinguistas.
Ora isto complica as contas àqueles que tinham o plano já todo traçado. Benfica e Porto a lutarem pelo campeonato e com os milhões da liga dos campeões sempre garantidos. Pelo meio três ou quatro clube que vivem na sombra do poder do norte a disputar os lugares europeus.
Ao Sporting era permitido andar por ali entretido com o quarto lugar e a lutar com o Braga para gáudio da imprensa que entretinha-se escrever teses sobre quem era o terceiro grande.
Por vezes era-nos permitido umas gracinhas, porque afinal de contas ainda somos uns milhões e damos jeito para vender jornais, assinar a SportTv e dar audiências ao programas que nascem como cogumelos para falarem de futebol.
Porém o panorama começa a mudar e o futebol português está assustado. O Sporting, contra todas as expectativas, está a renascer, os Sportinguistas estão a sair à rua e a encher estádios. Surgem relatórios da PSP que dizem preto no branco que a deslocação das nossas claques à Luz, foi a maior coluna de adeptos que alguma vez se viu em Portugal.
Mas o que assusta mais, é o Sporting ter um presidente independente, que respira Sporting e por isso não se verga a nada nem a ninguém. Que tem ousadia de ir para o banco, de estar próximo dos atletas e dos adeptos, e de entre outras coisas, ter devolvido ao Sporting um rumo. Que não tem interesse em comer do mesmo prato, onde comem à anos os indivíduos que sequestraram o futebol em Portugal. Em poucas palavras, por ser um homem que eles não conseguem controlar.
Isto está a dar a volta a cabeça a essa gente, e que ninguém duvide, a arbitragem do Duarte Gomes foi só um aviso do que está ao virar da esquina.
Portanto só há um caminho para fazer frente a isto e manter viva a chama do Sporting, perceber que o significado do “12º jogador” é muito mais que um mero slogan de marketing para vender camisolas. Perceber que não podemos deixar o Sporting caminhar sozinho. E mostrar a quem não nos respeita que uma legião de adeptos está disposta a sair à rua para defender o nome do nosso clube, contra tudo e contra todos.
