O futebol português peca em muitas coisas, entre elas pela falta de originalidade. Por isso, desde há muito que a família Sportinguista sabia que mais tarde ou mais cedo, encontraria ao virar da esquina uma arbitragem habilidosa preparada para travar a nossa caminhada. Calhou ser o Mota, mas podia ter sido outro qualquer.
O momento também não foi escolhido ao acaso, nas vésperas de um benfica-porto, era fundamental garantir que o Sporting não somasse 6 pontos nos jogos com o Nacional e Estoril para nos impedir de ganhar uma vantagem perigosa para os interesses do sistema, que labora sobre a ideia peregrina de que o título em Portugal é uma disputa a dois, não fazendo nós parte desta dança.
Salta também à vista que neste nosso futebol ainda existe quem pense que o Sporting é um clube que se pode desrespeitar. Uma dessas personagens dá pelo nome de josé fontelas gomes, o presidente de uma tal de apaf que até hoje ninguém percebeu para que serve, ou que contributos positivos já trouxe ao futebol nacional.
O sr fontelas tem uma particularidade engraçada, sofre de “ouvido selectivo” quer isto dizer que só ouve o que lhe interessa e quando lhe interessa. Na maior parte das vezes não ouve nada, faz ouvidos de marcador, assobia para o lado e finge que não é nada com ele. Curiosamente no ultimo sábado deu-lhe para ouvir. Não foi certamente por coincidência. O fontelas é dos que pensa que achincalhar o Sporting é desporto nacional, e por isso pode fazê-lo sem que lhe sejam assacadas responsabilidades.
O que mais irrita nisto tudo é a hipocrisia desta gente. O Presidente do Sporting não disse nada que dirigentes de outros clubes já não tivessem dito de forma bem mais grave e insultuosa. Comentou uma arbitragem que todos os analistas consideraram fraca e com influência na verdade desportiva ao anular um golo limpo, adulterando assim o resultado final do jogo. Contudo só a voz grossa de Bruno de Carvalho parece ter acordado o presidente da apaf.
Faço aqui um à parte para manifestar profunda indignação com a forma como está a ser usado o primeiro golo frente ao Belenenses para de alguma forma “desculpar” o golo anulado ao Slimani. Ainda ontem dizia o Jaime Pacheco que o BdC só se lembrou de falar agora, mas sobre o tal pénalti nada disse. E é este o tom geral das críticas, que termina sempre da mesma forma “os 3 grandes não se podem queixar porque são sempre os mais beneficiados e no final, a coisa está ela por ela.” Só por má-fé alguém pode dizer que a coisa “fica ela por ela”. Faça-se uma contabilidade séria sobre os últimos 10 anos de arbitragens em Portugal e logo me dizem se os 3 grandes são assim tão beneficiados ou prejudicados de forma igualitária…
Voltando à arbitragem. Esta situação está a tornar-se insustentável e tem de ter um fim. O Sporting não pode continuar a ser o bobo da corte nas mãos desta gente. Não pode ser sempre contra o nosso clube que a apaf endurece o discurso, faz ameaças, boicotes, etc…
Estou em querer que todos nós, nem que seja por uma única vez, já nos colocamos na pele de presidente do Sporting e nos perguntámos sobre o que faríamos se estivéssemos no seu lugar. Eu já fiz esse exercício mais que uma vez e confesso, chego sempre à mesma conclusão. Enquanto clube estamos de pés e mãos atados.
Legalmente não podemos recusar ser dirigidos pelo árbitro nomeado pela liga. Não podemos exigir árbitros estrangeiros nos nossos jogos. Não podemos como retaliação impedir que os nossos jogadores, dos diversos escalões de formação até aos A, sejam chamados às seleções. Reclamar para a FIFA é pura perda de tempo. Pedir que o relatório dos árbitros sejam públicos, não aquece nem arrefece. Em resumo resta-nos protestar publicamente, não nos calarmos, mas isso serve de pouco porque quem nos prejudicou não tira dai consequências.
Por isso ser tão difícil sair deste círculo-vicioso em que estamos mergulhados. Não basta ter um grupo de jogadores com qualidade, um treinador competente, uma estrutura para o futebol que sabe o que anda a fazer, um presidente dedicado, trabalhador que tem um plano e um rumo para o Sporting. Não basta estarmos preocupados em arrumar a nossa casa, confiando que as pessoas que dirigem as instituições que governam o nosso futebol vão fazer bem o trabalho delas.
Infelizmente não funciona assim. Os interesses instalados são muitos e giram à volta de meia-dúzia. Quebrar este jogo de interesses não vai ser fácil, e será a batalha mais dura que o presidente vai ter pela frente.
Eu estou preparado para não ser campeão este ano, aliás nem esse foi alguma vez o objectivo para esta época. Mas gostava, por uma vez que fosse, de reconhecer no eventual campeão algum mérito por ter conseguido o título fruto do que jogou dentro de campo. E não ter mais uma vez aquela velha sensação de que tivemos a assistir a um campeonato estilo wrestling, onde tudo antes de acontecer já estava previamente combinado. Infelizmente parece que ainda não vai ser desta.