O mito do gestor como estratégia para maximizar a eficiência

Crio este tópico por ter notado uma tendência, desde o final dos anos 90, para a colocação de gestores à frente de vários serviços públicos. Gestores esses que, muitas vezes, não têm conhecimentos prévios relacionados com a organização que vão gerir. Vemos isto amiúde em hospitais e empresas relacionadas com energia, telecomunicações, etc. Desde sempre questionei a eficiência desta ditadura da gestão em detrimento da experiência. Parecia-me lógico que um médico saberia gerir melhor um hospital, um engenheiro teria mais conhecimentos para administrar uma empresa relacionada com energia e um agrónomo seria a escolha ideal para o Ministério da Agricultura.

O problema é que todas as minhas conclusões baseavam-se no senso-comum, não tendo a objectividade de uma investigação científica. Até alguns dias atrás. Li um artigo no New York Times justamente sobre isto, onde estudavam hospitais geridos por gestores de empresas e outros por médicos. Os dados são bastante claros: os hospitais geridos por médicos têm níveis de qualidade superiores (25%) e se falarmos no tratamento de doentes com cancro o número ainda é maior (33%). Extrapolando isto para a Política (indução minha) podemos perceber porque é que temos assistido a tantos exemplos de má gestão. A questão nem está relacionada com a qualidade dos gestores, mas antes com a sua falta de sensibilidade para abordar assuntos como a saúde, educação, agricultura, energia, entre outros, que dado o seu carácter específico precisam de pessoas com experiência no assunto.

Deixo aqui o artigo:

Link: [url]Are the Best Hospitals Run by M.D.'s or M.B.A.'s? - The New York Times

Para gestões de topo, já nos basta o tema central deste tópico e o que lhe fizeram… :hand: :naughty: >:(

Códigos de complicação do simples :arrow: elitismo corporativista :arrow: sentimento de superioridade sobre a “ignorância” do comum mortal sobre os códigos de complicação do simples :arrow: aproveitamento, desfalque, corrupção, indolência, incompetência (poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente) :arrow: descalabro, colapso, buraco financeiro, crise, cataclismo :arrow: o comum mortal que se aguente à bomboca e que pague pela sua “ignorância”, “ingenuidade”, “preguiça” e “sentimento de impotência e inferioridade”

É uma teoria feita à pressa, mas penso que dá para ter uma ideia do que eu quero dizer. E não sendo especialista em economia, finança e gestão, e respeitando as pessoas honestas que o são, infelizmente tenho a dizer-lhes que a imagem geral da classe é negativa e não geradora de confiança. A tendência é para procurarem sempre desculpas e responsabilidades externas, mas nas horas difíceis não se vê esta classe a assumir a responsabilidade pelos falhanços, antes saindo de cena, por vezes ainda levando chorudas indemnizações, (além do que “desviaram”, os desonestos) e retirando-se na boa vida que podem, agora que se encheram da massa que desapareceu na economia e foi parar a um qualquer offshore ou paraíso fiscal.

Nem todos são incompetentes, é certo, há casos de competência. Aqui estou a centrar-me em serviços do estado ou público-privados, ou mesmo privados, que mexem com o equilíbrio e conformidade das contas públicas, principalmente. Quando vir um gestor de topo assumir as suas responsabilidades pelo colapso económico-financeiro de uma grande empresa pública, ou mesmo por um país (falando agora de outra classe, a dos políticos e governantes), então tenho a certeza, que, nesse dia, não será o Rei a fazer anos, mas o próprio Deus, se existe. Há uma falta de responsabilização total e tudo serve para lançar areia para os olhos dos que ficaram a arder.

Urge meditarem sobre isso, mas meditar não é continuar a esbulhar impunemente como tem sido até aqui. E se fosse só esta classe a fazê-lo, era grave, era calamitoso, mas se calhar não estaríamos tão mal, ainda assim. Não confiava um cêntimo a essa gente.

Calma Hulk, eu não pretendi “malhar” nos gestores com este tópico. :stuck_out_tongue:

Até acho que há bons gestores em Portugal, o problema é a preponderância que começaram a ter na administração dos serviços públicos. Vimos isto, por exemplo, na pessoa escolhida para o cargo de Ministro da Saúde. É uma falácia de todo o tamanho achar-se que um gestor vai chefiar melhor um hospital que um médico. Eu não me oponho, obviamente, à incorporação de gestores nas empresas públicas. Oponho-me antes, e de forma veemente, ao poder quase total que têm adquirido dentro dessas mesmas instituições.

E passo isto para a Política, como referi. Este texto serve sobretudo para reflectir na ideia de ter um agrónomo como Ministro da Agricultura, um médico como Ministro da Saúde, e por aí em diante. Se calhar esta ideia, muitas vezes oriunda do senso-comum, não é assim tão errada.

Eu sei, passei uma vista de olhos pelo teu comentário e pelo artigo, li na diagonal porque já nem tenho paciência para coisas que sendo óbvias, por vezes, como escrevi, se criam “códigos de complicação do simples” para iludir ou camuflar. Mesmo sem o estudo científico que citaste, já tinhas essa ideia, eu também, e o estudo só vem reforçar essa situação.

Os tecnocratas tomaram conta de tudo, são eles que mandam em tudo e vão sempre encontrar uma forma de ligar o complicador e poderem ser eles a “mandar”. Temos exemplos gritantes e aos pontapés na sociedade actual. O esbulho começa em baixo, mas o exemplo vem de cima.

Eu acho que um gestor especialista em saúde, ou um médico com algum tipo de formação em gestão estará capacitado para dirigir um hospital, ainda assim acho em principio preferível que seja um médico a fazê-lo porque a saúde é um tema muito exigente. Por exemplo acho ainda mais grave a escolha do ministro da saúde porque ele vai ter que falar muito sobre problemas médicos e eu não confio tanto nele como confiaria num médico, não confio na sua capacidade política, acho que será mais falível quando fala que um médico ou poítico e para além do mais tenho dúvidas que ele tenha conhecimentos para que a máquina (muito complexa) funcione como deve.

Noutro tipo de assuntos faz-me menos confusão, como por exemplo na agricultura que não é tão “importante”, é menos exigente e tem menos o foco sobre ela. Desde que as pessoas tenham experiência na área acho normal que um gestor assuma um cargo importante de chefia.

Acho normais os resultados desse trabalho e atribuo à exigência do sector. Acho que em outros sectores a situação será diferente.

O problema é que em Portugal a palavra “gestor de topo” em serviços públicos confunde-se com “tacho”.

Salvando-se raras excepções, os demais restantes, são tachistas sim.

Mas quanto a isso dos gestores que são formados na área que têm mais do que outros que não são formados na área, dou-vos alguns exemplos… que ajudam a que isso, poderá não ser 100% certo.

[hr]
Fernando Teixeira dos Santos é professor de Economia.

Como sabemos, fez um optimo ( >:D) trabalho nas Finanças Portuguesas.

Maria de Lurdes Reis Rodrigues é professora universitária.

Teve dos piores pesadelos ao tornar-se Ministra da Educação, inventando por tudo o quanto era sitio.
[hr]

Como disse, nem sempre os especialistas da área fazem o melhor trabalho, depende sempre da pessoa em questão.

Um Semi-OT: No falar dos Ministros, seja no Parlamento ou fora dele, é que se fala em demasia termos Técnicos, quando deveria Informar os cidadãos com mensagem clara e transparente.

Aqui está a minha posta. :wink: