O Megapassivo a 40 anos segundo um cons. leonino

Ontem passámos o dia a vinagrar mágoas sobre o resultado. Mas ontem dei por este artigo, infelizmente na penúltima página do Record, escondido (como tudo o que tem algum interesse neste tipo de jornais).

É um artigo baseado na análise do economista Jesus Olveira, membro do conselho leonino (não é um dos dois que hoje se demitiu), sobre o passivo do Sporting e o projecto financeiro e o futuro… ou melhor… o buraco.

Talvez com este artigo se perceba um pouco melhor o que anda a ser discutido e o que esteve na base da saída de dois conselheiros, que segundo a imprensa saem em discordância com a forma como o clube está a ser gerido desportiva e financeiramente.

Megapassivo para 40 anos

Dias da Cunha reconheceu que o Sporting deve 50 milhões de contos aos bancos. O economista e membro do Conselho Leonino, Jesus Oliveira, considerou a situação “muito grave” e apreciou-a em detalhe

O passivo bancário do Sporting, avaliado por Dias da Cunha em 50 milhões de contos (250 milhões de euros) levaria 30 a 40 anos a pagar, segundo a avaliação do economista e actual membro do Conselho Leonino, Jesus Oliveira. “Este passivo, mesmo a uma taxa de juro de 0,002%, poderia levar 480 meses [40 anos] a pagar. E, mesmo assim, seria com mensalidades na ordem dos 900 mil euros [1,8 milhões de contos]. É um problema muito grave”, disse.

Perante um panorama financeiro tão catastrófico são “previsíveis” outras duas situações: “O Sporting não estará em condições de pagar e ainda que o fizesse é natural que no final contraísse outras responsabilidades.” A única saída para o círculo vicioso seria o aparecimento de uma situação de excepção, referiu Jesus Oliveira. “O aparecimento de grandes jogadores que permitissem amortizar a dívida através de transferências muito valiosas. No entanto, mesmo nesse caso, é duvidoso que fossem aparecendo os jogadores suficientes durante o número de anos necessário para suprir todas as dívidas”, acrescentou.

As consequências imediatas do buraco económico e financeiro do Sporting são o não pagamento aos bancos e a renegociação sistemática do “project finance” (esquema de pagamento de dívidas contratado com as entidades bancárias). “Julgo que o Sporting não irá pagar a dívida bancária. Paga em publicidade, eventualmente, e o resto os bancos que esperem. Por outro lado, tenho dúvidas que os bancos continuem a emprestar dinheiro às SAD e aos clubes. Podem é começar a renegociar o ‘project finance’ de três em três anos ou de quatro em quatro anos.”

Também poderá haver outras consequências, embora de médio e longo prazo, como a falência económica, financeira e desportiva. “O que aconteceu ao Farense, Salgueiros, ou Campomaiorense pode, noutra fase e de outro modo, suceder um dia a um dos grandes clubes. Porque os clubes não geram receitas suficientes para pagar os juros das dívidas, nem têm receitas para aguentar a estrutura de exploração”, disse Jesus Oliveira. “Pode haver a cosmética da venda de um jogador ou outro para disfarçar. Mas, veja-se como o projecto de autofinanciamento do [novo] Estádio [José Alvalade] se esboroou por completo. Além disso, repito o que afirmei há anos: quem esperar pela distribuição de dividendos da Sporting SAD pode esperar deitado.”

Mas haverá algum meio para atalhar caminho e resolver de uma vez o problema financeiro e económico do Sporting? Jesus Oliveira considera que sim. “Há uma forma de resolver a questão desde que a estrutura financeira dos clubes seja compatível com os administradores, dirigentes e atletas que tem. Solução tem, mas é preciso compatibilizar a receita com a despesa. Tem havido uma má avaliação deste problema”, concluiu o economista e membro do Conselho Leonino."

in Record

Esse também é taliban, é do tempo do Cintra, está feito com o Pinto da Costa, com o Mourinho, com o Duque, com o Bruno Paixão, etc… :smiley:

Quando se diz que o Sporting está nas mãos da banca é disto que se fala. A perspectiva do nosso Clube é arranjar 50 milhões de contos para limpar o passivo ou passar as próximas duas gerações a pagar 200 mil contos por mês ao BES e ao BCP.

Mas, veja-se como o projecto de autofinanciamento do [novo] Estádio [José Alvalade] se esboroou por completo.
Este é para mim o grande mistério do Projecto, é verdadeiramente inconcebível não haver uma explicação pública sobre este assunto.

A construção do estádio foi planeada tendo em conta as receitas geradas por um empreendimento imobiliário a erguer nos terrenos do antigo Alvalade. Esse fluxo financeiro, dizia-se, seria suficiente para pagar todo o empreendimento.

Entretanto o estádio construiu-se, o Sporting acumula dezenas de milhões de contos de passivo (justificado com a construção do estádio e da academia), o velho Alvalade já não existe, mas também não se sabe de quem são os terrenos nem o que se irá ali fazer. E não há uma palavra de um responsável…

Incrível e deprimente. Como é possível as coisas estarem neste ponto depois de tanta contenção e promessa?

Também li isto no Pasquim II e pensei logo que em vez de estarmos a discutir campeões antecipados deviamos olhar para este texto e pensar na realidade do nosso clube.

O mais curioso, como já foi dito, é que ninguém do Sporting diz nada sobre o que se está a passar: os sócios deviam ser informados ao pormenor sobre esta situação, àfinal são eles os que pagam as quotas.

:roll:

Leão,

Os sócios têm ao seu dispor os meios para obter esta informação, que aliás tinha sido confirmada há algum tempo pelo clube (DC). A questão não é informação sobre o passivo, a questão é a leitura CORRECTA e REALISTA desse passivo.

Quanto isto surgiu alguns argumentaram com a falácia dos “activos que compensam os passivos”. Esquece essa justificação que isso serve para evitar falências e tornar passivos geríveis, mas não os paga.

O passivo é para ser pago. Como? God knows. A verdade é que os instrumentos apontados para pagar as despesas e tornar o projecto viável estão a falhar, como por exemplo o tal projecto do complexo alvaláxia, que está a falhar nos seus objectivos (já olharam bem para aquilo? é natural).

Existe o caminho de esconder a cabeça no buraco e recusar ver a realidade de um projecto que falha clamorosamente, que tem o clube numa situação muito difícil e que se mantém com as soluções de há 10 anos atrás (empréstimos viabilizados pelo pescoço dos seus dirigentes) ou o caminho de começar a pensar nisto tudo antes que seja tarde demais… se é que já não o é.

Destaco por fim esta frase LETAL, que vai ao encontro do que foi falado aqui muitas vezes sobre questões como a dimensão da estrutura do sporting, a quantidade de felizes assalariados e os packs de administradores bem pagos:

“Há uma forma de resolver a questão desde que a estrutura financeira dos clubes seja compatível com os administradores, dirigentes e atletas que tem.”

Mas como dar a volta à situação?

O futebol está no aperto que todos conhecemos, o projecto imobiliário está parado (e que eu saiba já foi adiantado algum dinheiro dos terrenos), não podemos vender meia equipa se queremos ser competitivos.

Isto para não falar das modalidades amadoras, responsáveis pela grandeza que o Sporting tem hoje, que estão também a “contar trocos”.

O que pensa José Roquette disto?

Mauras, tinha esquecido que os sócios podem pedir estas informações, mas lá está: será que todos percebem a situação?

Não…

muitos sócios infelizmente na sua maioria só pensam coisas do tipo:

“até temos um ganda estádio”

“esta direcção fez mto pelo clube, hoje temos um aspecto sério e até temos uma academia”

“o Dias da Cunha é impecável, o gajo nunca se ri e anda a falar no sistema há anos!”

Aliás estou convencido que são exactamente os tais sócios acima dos 50 anos que pensam assim.

O sócio do sporting é muito mais evoluído que o reles orc lampião, mas enferma, como a restante sociedade de um desconhecimento abrangente das questões que interessam, o que torna a sua participação nula.

Obviamente o Sporting tem uma camada de sócios pensantes acima da média, mas na hora da votação estou convicto que são estas tretas que surgem, aidna para mais num assunto emotivo como é o futebol.

Só há uma solução! É ganhar a liga dos campeões todos os anos. Ter prestigio internacional, ter bons jogadores e render com o comércio de produtos do clube.

Mas para isso é preciso ter sucesso desportivo. Quem diz ganhar a liga dos campeões, não é propriamente um exagero, porque sabemos que o prémio é bom, mas ficar nos 8 melhores, já cria uma reputação que atrai fãs e pessoas que por sua vez resolvem gastar dinheiro nos produtos do clube.

Para chegar a esse ponto, porém, é necessário criar uma equipa competitiva, e aí, ou deixa-se de vender o que de melhor temos, ou gasta-se o dinheiro que não existe para comprar qualidade.

O Sporting não precisa disso tudo (talvez financeiramente, face à situação criada).

A meu ver o Sporting precisa(va):

  • de reduzir a dimensão da sua estrutura, no máximo 1,2 empresas com as pessoas a serem bem pagas mas dando o litro, acumulando funções e mostrando o orgulho que deve ser ter a sorte de trabalhar para o clube que gostam (partindo do princípio que são sportinguistas). Se há local onde a entrevista de emprego e as “credenciais” deviam contar é no momento de serem empregados no Sporting, mas parece que conta mais o apelido, o “tio”.

  • de acabar com o entreposto de vices e administradores às dúzias, em trânsito para outras funções, a ganhar do belo. O Sporting não tem vida para poder ser o fundo de pensões dos amigos da oligarquia.

  • de ter dado seguimento aos momentos de impulso: os dois títulos conquistados - mantendo uma coerência desportiva, uma aposta menos soluçante nos bons valores que o clube forma (em inglaterra os owens e os rooneys começam a jogar aos 16,17,18 desde que sejam bons. Não existe a TRETA do “ainda é puto não se pode lançar logo”).

  • de mostrar maior profissionalismo em todas as áreas sobretudo aquelas das quais depende o futuro financeiro do clube: é uma VERGONHA o que se faz no marketing do Sporting, com os sócios e adeptos tratados como animais, que têm mais é de ter disponibilidade temporal e financeira para passar meios dias a renovar lugares, submeter-se aos caprichos de directores de marketing de pacotilha e pagar os aumentos disto e daquilo que lhes passam pela cabeça.

  • de mostrar maior proximidade com os sócios e adeptos. Organizar eventos que não sejam demonstrativos da depressão e desorganização que o clube vive (tipo vice-presidentes a falar e os microfones a falhar, pitas a chamar “Dr” ao Sousa Cintra, etc) - ou seja, tornar a inauguração do Alvalade XXI uma regra e não a excepção.

Conclusão:

continuo a acreditar que o Sporting, apesar de não ter 6 milhões tem os adeptos mais “ricos” de Portugal - os mais bem formados, os mais cultos, com maior poder de compra e com maior grau de fidelidade ao clube. O Sporting aproveita mal, esbanja e até destroi esse património. Ainda este fim de semana demos prova da nossa diferença - tivemos 27 mil e tal adeptos em alvalade. Os da luz, com a hipótese de se isolarem após 10 anos a comer trampa tiveram 20 mil, talvez do melhor que tiveram este ano em jogos contra clubes pequenos.

Quantos adeptos “mete” o Sporting quando entra em momentos em que, mais do que ganhar, as pessoas andam satisfeitas com o clube, com o empenho, com a qualidade do trabalho e com a orginazação? Recorde-se a moldura humana de épocas com as de Jozic, Inácio e Jardel.

No entanto para que isto seja uma realidade têm de mudar as pessoas. O Sporting precisa de gente que não se ache maior que o clube. Precisa de gente que não tenha a postura de andar a fazer um favor ao Sporting. Precisa de gente que respeite e tenha noção do património que os associados e adeptos representam, que acarinhe esse património e o aproveite, pois está muito mal aproveitado.

O Sporting precisa de gente competente e ao mesmo tempo simples. Gente profissional mas humilde. Gente com amor ao clube. Gente com espírito de missão e que a cada dia se sinta pequeno ao chegar ao Alvalade XXI.

A construção do estádio foi planeada tendo em conta as receitas geradas por um empreendimento imobiliário a erguer nos terrenos do antigo Alvalade. Esse fluxo financeiro, dizia-se, seria suficiente para pagar todo o empreendimento.

Entretanto o estádio construiu-se, o Sporting acumula dezenas de milhões de contos de passivo (justificado com a construção do estádio e da academia), o velho Alvalade já não existe, mas também não se sabe de quem são os terrenos nem o que se irá ali fazer. E não há uma palavra de um responsável…

Ah, aqui estas no meu terreno, ora la vai, neste momento e ja quando estava a ser planeado, o projecto imobiliario (nao so o do Sporting mas o de todos os estadios) nao passava de uma fantasia surrealista, nao havia ninguem no mercado imobiliario que seriamente acredita-se que fosse possivel nesta fase do campeonato vender esse betao todo, vejam o fiasco do Alvalaxia e ja veem que e assim, ainda noutra nota os estadios teem outras perolas como aquela historia da manutencao ser zero nos primeiros anos, isto porque os estudos previam casa cheia em todos os jogos em casa (!!!), mas o que e grave e que se vendeu o euro 2004 como a salvacal do pais e dos clubes e afinal foi um fiasco de todo o tamanho nesses aspectos chegando ao cumulo de ter servido de trampolim para a venda da mais prolifica empresa portuguesa de contrucao civil aos espanhois…

@mauras

se me permites, subscrevo na íntegra o que acabas de escrever.

conheço pessoas que trabalham nas relações públicas do sporting e digo-te que o esbanjamento de dinheiro é algo de inacreditável. A todos os níveis, desde os administradores de todas as empresas do universo sporting (que nem sei bem quais são…) até aos palhaços que antes dos jogos se põem de microfone na mão a dizer baboseiras e a apresentar concursos de trampa.

O que o Mauras nos tráz, penso que não seja novidade para ninguém. De tempos a tempos aparecem uns teóricos que botam opinião, definem o objectivos e traçam caminhos. Nada de novo.
Se a memória não me atraiçoa, este conselheiro já passou pelo clube, e por consequência natural, faz parte do grande património humano de responsaveis pelo brutal passivo. Nada de novo.
No nosso País, um bom ministro das finanças é sempre aquele que por lá passou à uma duzia de anos, mesmo que nessa altura fosse reconhecidamente " desajeitado" para a função, logo… nada de novo.
Comprar arbitros, viciar jogos, participar nas proximas 10 Liga dos campeões, comprar arbitros estrangeiros, parcerias com um “digno” magnata russo, é a minha receita mágica para resolver o passivo.
Aqui também já não é novidade.

Grande Projecto (de falência), obrigado valorosos sportinguistas que nos colocaram nesta situação, ainda por cima, desde que me lembro,sempre em contenção de despesas :shock:

Mas, advinho eu, que uma carta de grande valor está para sair da (entrar na??) manga.

Como já tenho dito, eu não sei fazer contas, pois por mais que faça nunca consigo contar acima dos 30 milhões de contos, mas enfim … como sou analfabeto.

Saudações Leoninas