Bem este é um tema que, no meu entender, é incontornável e que resulta, no fundo, da crescente mediatização que este desporto e os seus intervenientes adquiriram.
Prova disso, é a imensa pressão na vida diária dos clubes para a “cultura de vitória” (que tanto é referida) dado que as conquistas são, hoje em dia, amplamente compensadas em termos financeiros, não só pelos próprios patrocinadores, como pela consequente valorização dos maiores activos dos clubes, os jogadores.
Esta materialização do desporto não pode, ser dissociada do fenómeno de constituição das Sociedades Anónimas Desportivas ou das Sociedades Gestoras de Participações Sociais que hoje governam os clubes mas também de por uma maior atenção por parte dos apdetos/ sócios/ simpatizantes dos clubes em apreciarem/ discutirem/ comentarem, para além da situação desportinva, a situação financeira destas Empresas.
É neste âmbito que tópicos como este são e devem ser criados.
Não perdendo a linha de raciocínio que criei nos parágrafos anteriores, e tentando fazer a ponte para as perguntas levantadas no início deste tópico, devo confessar que me agrada saber que o Sporting poderá estar a alterar uma estratégia que delineou e que manteve desde há muitos anos (a aposta central na formação) revelando-se agora um player no mercado de transferências dos jogadores, mas do lado da compra.
Admito que muitos e bons foram os jogadores que formámos mas admito também que um clube como o nosso, com a estratégia atrás enunciada, se arrisca a ser conhecido apenas pela formação de jogadores e não pelos êxito e glória (materializados sob a forma de títulos) que os mesmo conquistam. E isso poderá ser mau para o clube, nem tanto para a Empresa. Passo a explicar.
Apesar de mencionar acima que o clube não pode ser dissociado da Empresa, admito que os resultados de um poderão não ser os mesmos do outro, apesar de convergirem para o mesmo ponto, o sucesso.
Se de um clube se exigem campeonatos, taças, conquistas, de uma Empresa, exige-se cashflow, resultados líquidos positivos, dividendos…
E aqui a situação que se coloca é: se o clube gerar conquistas, deverá gerar resultado através da sua actividade “corrente”. Caso contrário, teremos de recorrer à actividade “extraordinária” assente na alienação de activos (jogadores) de modo a compensar os falhanços desportivos. Esta é a realidade do nosso clube até há pouco tempo e, sinceramente, dúvido que possamos continuar a confiar na nossa cantera para podermos garantir a sustentabilidade do Sporting.
Aparentemente, esta situação está a ser alterada por parte da nova gestão. É nesta altura de mudança que deveremos reflectir se a estratégia é a mais aconselhável do ponto de vista desportivo, e claro, financeiro.
Sabendo que o princípio reinante, é o “hoje” e nem tanto o “amanhã”, existe nos clubes do nosso futebol uma ânsia pela renegociação de contratos com patrocinadores e, principalmente, numa antecipação de receitas desses patrocínios de modo a gerar um aumento imediato de cashflow e de capacidade de investimento. Por outro lado podemos sempre pensar em engenharias financeiras imensas que visem esse objectivo, como a criação de fundos de jogadores com capital fechado.
Penso ser do conhecimento comum que existe uma série de conversações com os grandes patrocinadores do clube que estão dentro do contexto que identifico no parágrafo anterior.
Desta forma, concluímos que estamos a reanimar o clube Sporting tentanto viabilizar a própria Empresa (nem que apenas num cenário de curto prazo e que esteja sempre dependente do desempenho desportivo).
O investimento em novos jogadores poderá trazer nova vida ao nosso Sporting pois sabemos, por muito que nos custe, que com o plantel actual (não considerem as recentes aquisições) não conseguimos manter os níveis competitivos exigiveis para sermos campeões e para gerar resultados operacionais.
Coloca-se, então, o problema do retorno do investimento.
Uma presença na Liga dos Campeões (prova capaz de remunerar os clubes de forma exurbitante) é cada vez nas difícil e cada vez mais exigente e é o objectivo principal de qualquer clube nacional (dos 3 grandes claro). Esta situação, poderá justificar um maior investimento (qualitativo e quantitativo) no nosso plantel. Deveremos, no entanto, medir bem as consequências da não qualificação para esta prova, não fazendo depender a nossa capacidade de endividamento de receitas incertas, pensando que estaremos na LC (a gerar receitas elevadas) apenas por comprarmos jogadores caros. Este seria o maior erro de gestão do clube e da Empresa.
No fundo, e em jeito de conclusão, todo o investimento deverá ser assente num projecto consistente, realista, mas acima de tudo, assente no bom-senso, no racionalismo e no pragmatismo que qualquer gestor deve ter no exercício da sua actividade, não hipotecando o futuro da sua Empresa. Se assim for, poderemos estar descansados.
Cumprimentos,
Pedro Pereira