Não é aceitável o rendimento da equipa, esta época, sejam quais forem as razões, explicações e culpados ou bode expiatórios que se queiram encontrar. Investiu-se demasiado dinheiro para o que se vê em campo e para se assistir a uma regressão competitiva após um processo evolutivo que reaproximou os adeptos do clube, nos 3 anos anteriores.
Aliás, em um contexto de responsabilização, o maior quinhão cabe sempre ao líder. É este que decide, é este que delega, é este que escolhe em quem delegar. É o líder que monta a estrutura, dentro das condições existentes ou a existir e a capacidade instalada ou a instalar.
Dito isto e no que respeita à tal gestão desportiva, cujos méritos ou deméritos têm necessariamente que ser medidos pelos resultados, dentro dos condicionalismos próprios de um clube que ganhou 2 títulos de campeão desde 1982, sendo o seu último título em 2002 e que na última década se atrasou perigosamente em relação aos rivais, não vejo como aceitável e quando os adeptos disparam para todos os lados, que se esqueça o passado recente e se desvalorize o trabalho feito em condições muito difíceis.
No primeiro ano de mandato e após a pior classificação da história do clube, o Sporting conseguiu o apuramento para a Champions, coisa que não acontecia desde 2009.
Mais. Foi também e desde 2009, o ano em que o Sporting acabou o campeonato com menos de 10 pontos de diferença para o campeão, quando pelo meio assistimos a horrores e a fossos pontuais de 20, 30 e 40 pontos.
No segundo ano do mandato, o Sporting conquista a Taça de Portugal, algo que não acontecia desde 2008.
Novamente e tal como no ano anterior, com orçamentos espartanos e uma diferença enorme de investimento para os rivais.
Na terceira época, com a contratação de Jorge Jesus e um orçamento mais consentâneo com um candidato ao título embora ainda longe dos custos totais da concorrência, conquista-se a Supertaça e luta-se taco a taco com o Benfica até ao último jogo ( algo que não acontecia desde 2007 ), no ano em que os 2 clubes batem o seu recorde de pontos.
Aliás, nessa época, o Sporting bate o seu recorde de pontos, de vitórias e tem números defensivos e ofensivos muito acima da sua média histórica.
No processo, jogou-se muito bom futebol, chamando os Sportinguistas aos estádios e Alvalade bateu os seus recordes em assistência máxima e média.
2013/2014 74,4%
2014/2015 74,5%
2015/2016 86%
Estes são os aproveitamentos pontuais dos 3 anos anteriores.
3 anos seguidos com aproveitamentos a rondar os 75% ou mais? Só na década de 60. Década de 60, repito.
Com discordâncias pontuais em várias temáticas, erros mais ou menos consensuais e outros cuja análise dependem das interpretações de cada um, a evolução competitiva do Sporting foi uma realidade, em um contexto quase dramático e em que as prioridades até foram a reestruturação financeira e organizativa do clube, ainda assim a aproximação aos rivais foi factual e indesmentível.
E pelo meio, a tal evolução e rentabilização dos activos levaram a que se batessem mais recordes, agora no que respeita a mais valias financeiras na alienação de passes de jogadores.
Não se trata obviamente de ficar satisfeito quando não se é campeão e no Sporting só devemos ficar felizes quando somos os melhores. Ninguém aqui enche a barriga com segundos lugares ou Taças de Portugal. Ou com aproveitamentos pontuais razoáveis quando não há títulos.
Trata-se de ter olhos na cara e memória com maior capacidade que um peixe, para nos lembrarmos de onde viemos, como estávamos e reconhecer o que entendo ser obrigatório reconhecer: trabalho, empenho, evolução, crescimento.
Portanto e não menosprezando o problema de uma época até a ver terrível, que desbaratou recursos financeiros e desportivos e que terá que haver necessariamente alterações, quanto mais não seja a nível estratégico, acho e peço desculpa, ou que faltam olhos na cara ou que a memória é curta. Ou ambos.