Transcrito da edição de hoje de “O Jogo”, sem mais comentários.
Bilardo confessa ter dopado Brasil do Itália’90
A revista “Ventitres”, da Argentina, entra para a História como o suporte que ajudou o Brasil a refazer a História da sua participação no Mundial de 1990, na Itália, a primeira vez que a “Alvi-Celeste” batia o “Canarinho” na história dos confrontos entre as duas selecções dos países amigos mais rivais da América do Sul. Ao publicar uma entrevista de Carlos Bilardo em que o antigo seleccionador argentino confessa “não ter como negar” que havia tranquilizantes na água das garrafas que foram dadas a jogadores brasileiros para beber.
Maradona já falara do assunto, mais de 14 anos depois de Branco - ex-FC Porto - se ter queixado de que sentira tonturas após usar a “mamadeira” da “Alvi-Celeste”. “O Globo” conta tudo na sua edição de ontem, de como Bilardo tentou, mas não conseguiu, iludir a pergunta do jornalista da “Ventitres” ao agora comentador desportivo. “Não posso dizer que não aconteceu”, começou por dizer “El narigón”, que parou de crescer apenas esta semana. “O senhor não nega que tenha acontecido, e o senhor era o responsável pela equipa”, disse o jornalista - “Sim (não nego), mas não sei…”
Sabia, e Maradona, um dos protagonistas da história, já o havia dito, no final do ano, mas a um programa de pouca audiência, como refere Janaína Figueiredo, correspondente em Buenos Aires. “Eu dizia ao Branco: ‘toma, toma’. E ele tomou tudo. Depois, ficou todo tonto, mal conseguia chutar a bola”, comentou Maradona, divertido até à gargalhada com o recordar da história.
A história diz que Bilardo terá mandado o massagista acrescentar à água alguns tranquilizantes, para acalmar os brasileiros, e Maradona conta que quase todos os jogadores do escrete “pediram água a integrantes da equipa argentina” os quais entregavam a garrafa baptizada segundo as instruções que tinham sido dadas.
Sebastião Lazaroni, que comandava o Brasil, surgiu ontem a pedir uma medida enérgica da FIFA contra os mentores de tamanha pulhice. “Não importa se já fazem 14 anos ou 14 dias. Devia haver uma punição exemplar para o Bilardo e para o massagista. E a Federação Argentina deveria ser advertida”, disse Lazaroni, que lembra ter responsabilizado, ainda assim, os seus jogadores naquele momento. “Disse-lhes que como atletas experientes não poderiam cair em nenhum golpe”, lembrou Lazaroni, que fala agora no tradicional “Boa noite, Cinderela”, um golpe usado em casas nocturnas quando se dopa um cliente para o roubar em seguida. Numa primeira abordagem, Ricardo Teixeira, o presidente da CFB, preferiu adoptar a posição do passou, é passado, e reconheceu que a Argentina ganhou porque foi melhor do que o Brasil.
“O Globo” aproveita o momento de luz sobre o episódio para lembrar que mais nódoas históricas podem ser lavadas, acaso apareça uma “Ventitres” a armar semelhante 31. Desde logo, o negro fenómeno que atacou Ronaldo no dia da final do Mundial de 98, na França. Convulsão? Quem sabe, né?