Antes de mais, gostaria de deixar bem claro que não estou aqui a defender as claques do Sporting e respectivos elementos. Entendo serem de grande importância, devido ao apoio incondicional durante os jogos – sejam eles realizados em casa ou fora - mas também tenho consciência dos problemas e dores de cabeça que dão ao clube.
Há já algum tempo que venho defendendo que a morte de Eusébio tem sido uma espécie de fenómeno fracturante que a comunicação social tratou habilmente de mascarar, concedendo-lhe um falso cariz universalista, através de manobras de propaganda abusiva, em qualidade e quantidade. O resultado é óbvio: quem se atreveu a pisar o risco e a opor-se às loas e aos encómios de vão de escada patrocinados em catadupa pelos média, foi apedrejado em praça pública. Convém recordar que a História é a ciência que regista os factos passados tal como aconteceram, gostemos deles ou não, e nesse contexto, é bom que nos deixemos de hipocrisias parolas e aceitemos que a História que recorda Eusébio como um excelente jogador de futebol (um dos melhores do seu tempo), é a mesmíssima que regista uma pessoa mesquinha, invejosa, mentirosa e mal formada. Nem sequer é preciso evocar a famosa história do miúdo que ia perdendo os testículos devido a um pontapé dado pelo «rei» (conheço uma pessoa que esteve presente e assistiu a esse episódio). Basta basear-me naquilo que a comunicação social publica:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=611312&tm=3&layout=123&visual=61
http://expresso.sapo.pt/eusebio-na-capa-da-unica=f686739
http://expresso.sapo.pt/antigo-jogador-desmente-eusebio=f691384
http://www.dnoticias.pt/actualidade/desporto/314568-eusebio-prefere-messi-a-ronaldo
Confesso que não me revejo propriamente nas críticas pessoais a Eusébio levadas a cabo por Mário Soares, mas ainda me revejo menos nas tiradas oportunistas e chico-espertas protagonizadas por aqueles que não perdem uma boa oportunidade para seguirem a monção, obtendo assim dividendos e mais-valias pessoais. Uma dessas pessoas, é o Sr. Jorge Gabriel, comentador do programa «Trio d’ataque», que foi seguramente convidado para formar o trio de comentadores residentes por ser sportinguista, e não por ser um pensador livre ou um «opinion-maker». Não deixa de ser algo irónica a forma como o Sr. Gabriel se refere a todos aqueles que não quiseram guardar o tal minuto de silêncio dedicado a Eusébio no estádio António Coimbra da Mota, ao afirmar taxativamente que «existem uns cretinos mais cretinos que outros». É que esses assobios eram provenientes de uma franja de elementos das claques do Sporting, claques essas das quais o Sr. Gabriel já fez parte no passado, denotando assim uma estranha falta de conhecimento do que é a essência e dinâmica das mesmas. Não afino pelo mesmo diapasão de todos aqueles que decidiram furar o minuto de silêncio, mas como já disse atrás, quer queiram quer não, Eusébio é uma figura fracturante no seio dos adeptos sportinguistas, mais que não seja pelo seu público e assumido anti-sportinguismo. Só por isso, o Sr. Gabriel deveria dar o benefício da dúvida e entender que nem todo o universo leonino tem a obrigação de se rever na figura de Eusébio como cidadão e figura pública, mas não, ao invés, optou uma vez mais e de forma hipócrita, pela capitalização da sua imagem pública, à custa de um acontecimento já de si excessivamente empolado.
Parece que o Sr. Jorge Gabriel ainda não conseguiu entender que comenta num programa em que o mínimo que lhe é exigido por parte de qualquer sportinguista que o esteja a ver, é que defenda o clube de que é adepto, e não as suas opiniões pessoais a respeito do mesmo. Se eu quiser ouvir uma opinião isenta e independente (muito embora polvilhada aqui e ali com algum facciosismo social-democrata), opto pelo Dr. Marcelo Rebelo de Sousa no outro canal. Convinha também que o Sr. Gabriel se informasse convenientemente (já tem 4 links acima) e tentasse perceber aquilo que não está propriamente a um palmo de distância do nariz, mas que também não é assim tão difícil de descortinar, para não termos de ouvir dislates da sua boca. É que se existem cretinos mais cretinos que outros, também existem ignorantes mais ignorantes que outros… ou será antes hipócritas mais hipócritas que outros?