O caso Queiroz

Encontrei um artigo deveras interessante na revista «SÁBADO», que não pude deixar de partilhar aqui com o fórum. Se metade disto for verdade, eu só pergunto: O que é que este indivíduo está ainda a fazer como seleccionador nacional?.

Tomei a liberdade de destacar as partes que considero mais importantes da peça:

«OS INSULTOS, OS BERROS E O RESTO

Gritou com um grupo de adeptos à porta de um hotel na África do Sul, impôes regras de separação dentro da comitiva e recebeu com palavrões os médicos do controlo antidoping. Não serão escândalos a mais para um professor só?

Carlos Queiroz apareceu irritado no hotel Riverside em Durban. Dirigiu-se aos cerca de 30 adeptos portugueses que ali estavam a preparar-se para saír em excursão pela cidade e começou a insultá-los. Eram 8h da manhã e o treinador não queria que fizessem barulho, porque assim acordavam os jogadores da selecção nacional que nesse dia 25 de Junho jogavam com o Brasil o acesso aos oitavos-de-final do Mundial de Futebol. "[i]Os adeptos estavam a fazer alguma confusão, mas de certeza que ele é que acordou os jogadores com os seus gritos e impropérios[/i]" - contou à SÁBADO uma testemunha desta cena. Este terá sido apenas um dos ataques de fúriia e má educação de Carlos Queiroz durante os 47 dias da operação Mundial da África do Sul, que começou a 14 de Maio e acabou com a derrota frente à Espanha, a 29 de Junho.

Um dos primeiros casos aconteceu durante o estágio na Covilhã a 16 de Maio, e poderá levar à demissão do seleccionador. Tudo se passou às 7h45m, quando os médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) chegaram ao hotel Serra da Estrela nas Penhas da Saúde, onde estavam os jogadores portugueses. Ao saber que os médicos estavam ali para tentar recolher amostras para o controlo antidoping, Carlos Queiroz falou com eles de forma agressiva e insultuosa. Referindo-se ao presidente da ADoP, Luís Horta, o seleccionador, perante elementos do staff federativo e de funcionários do hotel, terá mesmo dito: "[i]Porque é que o Luís Horta não vai fazer controlo para a c… da mãe dele?[/i]".

Durante o estágio, uma das medidas que Carlos Queiroz impôs, foi a separação às refeições das cerca de 70 pessoas da comitiva. Na sala principal, havia 2 mesas: numa delas ficavam os 23 jogadores, noutra a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a equipa técnica que incluía o treinador, os adjuntos e os fisioterapeutas. Noutra sala à parte, ficava o “pessoal de apoio” que contava com 18 pessoas, entre elas os cozinheiros, seguranças roupeiros, técnicos de chuteiras e bolas, o fotógrafo oficial, o representante da Nike e até a secretária do presidente da FPF. O seleccionador argumentava que “não havia espaço suficiente” para ficarem todos juntos, mas um funcionário ligado à comitiva, disse à SÁBADO que "[i]isso nunca tinha acontecido antes com Luiz Felipe Scolari, António Oliveira ou Humberto Coelho[/i]".

Antes do jogo Portigal-Coreia do Norte, numa segunda-feira, 21 de Junho, a comitiva da selecção chegou bastante tarde ao hotel Vineyard, na Cidade do Cabo, no sábado à noite. A selecção inglesa que jogara no dia anterior, tinha deixado o hotel nessa tarde e não houvera tempo para preparar todas as salas. Assim, todos tinham de jantar no mesmo espaço. Só que Carlos Queiroz terá dito, referindo-se ao “pessoal de apoio”: “[b]Não quero estes gajos aqui dentro”. As pessoas acabaram por se retirar para os quartos, onde comeram a ceia ligeira, mas a atitude provocou mal estar entre os jogadores[/b].

No Mundial, Carlos Queiroz sempre teve uma relação fria e distante com os futebolistas. Talvez isso possa explicar que uma vez, o autocarro com a comitiva tenha saído do hotel para o treino em Magaliesburg, sem o seleccionador. “Ele atrasou-se e arrancaram sem ele. Isto é quase como uma orquestra ir embora e deixar para trás o maestro”, disse à SÁBADO um dos elementos do grupo. Queiroz ficou furioso. Mais tarde, “deu um raspanete aos responsáveis, à frente de toda a gente e numa linguagem menos própria”.

Ainda no Valley Lodge em Magaliesburg onde a selecção estagiou a maior parte do tempo na Àfrica do Sul, Carlos Queiroz terá tido outras atitudes parecidas.

O seleccionador quis sempre controlar tudo o que se passava, e por isso, dois elementos da equipa técnica alteravam constantemente os menus estabelecidos há vários meses. “[b]Só se preocupavam com a questão das calorias e dos hidratos de carbono, ultrapassando várias vezes as competências dos médicos que estabelecem o equilíbrio nutricional e emocional”, referiu uma fonte. Aliás, segundo outra fonte, Queiroz terá até exigido que a canja não tivesse ovos[/b].

Perante o “constante incumprimento dos horários” que ameaçava o plano de recuperação dos jogadores, o médico Nuno Campos terá mesmo posto o lugar à disposição. Um dos casos mais graves aconteceu após o jogo-treino com Moçambique em Joanesburgo, a 8 de Junho. Os jogadores participaram num jantar-convívio com os empresários, mas, devido ao ambiente de euforia com sucessivos pedidos de autógrafos e de fotos, acabaram por não ter tempo para comer. “Estas situações de atrasos e de mudanças de planos, eram constantes. Houve um dia em que os cozinheiros fizeram comida para o almoço por 3 vezes, mas teve de ir toda para o lixo”, conta a mesma fonte.

Apesar dos vários incidentes na África do Sul, são os insultos aos médicos da ADoP que o podem afastar da selecção. A FPF que se deverá reunir de emergência ainda esta semana, poderá invocar justa causa para despedir o seleccionador, que tem um contrato até 2012. Assim, não terá de lhe pagar a cláusula de rescisão, estimada em 3,2 milhões de euros, mas que poderá chegar aos 5 milhões.

O que se passou na Covilhã, está a ser alvo de um inquérito pelo Instituto do Desporto de Portugal. No seu contrato, Queiroz tem uma cláusula que o obriga a defender a imagem da FPF e a lei prevê uma multa de 3.500 a 10.000 euros para quem impedir ou perturbar a recolha de amostras no âmbito do controlo antidoping. Ainda assim, a FPF poderá tentar chegar a acordo com Carlos Queiroz, que deixaria o cargo com uma pequena indemnização.

Não foi só no Mundial que o seleccionador se revelou mal-educado e agressivo. Já em Novembro de 2006, em declarações ao site desportivo Sportugal (entretanto extinto), Carlos Queiroz ameaçou o agente FIFA Salem Jawad com “um murro na cara”. O jornalista que entrevistou o então treinador-adjunto do Manchester United, lembra à SÁBADO: Ele dizia “Esse filho da p… desse iraniano anda a usar a imprensa para me extorquir dinheiro, mas não vai ver nem um tostão”. Em causa estava o contrato que Queiroz assinara com a Federação dos Emirados Árabes Unidos em 1998, em que receberia 350 mil euros no primeiro ano e 430 mil no segundo, comprometendo-se a pagar 10% a Salem Jawad. O processo foi para tribunal e Queiroz foi obrigado a pagar 80 mil euros, embora tenha interposto recurso.

Este ano, a 6 de Fevereiro, Queiroz terá agredido no aeroporto de Lisboa, o comentador desportivo Jorge Baptista com 2 murros, após uma troca de insultos. O comentador da SIC defende, em declarações à SÁBADO, que Queiroz deveria ter sido alvo de um processo disciplinar por parte da FPF. "[i]O Scolari que defendeu um jogador dele (Quaresma), dando um murro ao jogador sérvio, teve de pagar uma multa milionária (30 mil euros). Disseram que comigo era uma questão pessoal, porque eu já o conheço há 20 anos, quando eu estava na agência Lusa e ele nos júniores da selecção, mas isso foi para retirarem a responsabilidade dele o ter feito como seleccionador[/i]".

António Boronha, ex-dirigente da FPF e primeiro a publicar no seu blogue (http://antonioboronha.blogspot.com/) a frase com a qual Queiroz terá insultado os médicos da comissão antidoping, diz que os últimos comportamentos do seleccionador são inaceitáveis e também uma surpresa. “Até há 2 anos, tinha ideia que ele era uma pessoa correcta e aberta à crítica, mas parece que a difícil campanha para o Mundial, o perturbou”.

A SÁBADO tentou contactar a FPF e Carlos Queiroz, mas tal foi impossível até à hora de fecho desta edição.»

in Revista “Sábado”, de 29 de Julho a 4 de Agosto de 2010
Artigo de Carlos Torres e Pedro Miguel Neves.

Está tudo farto dele, principalmente os jogadores. O Ronaldo não o suporta. Um “treinador” que tira qualidades a um dos melhores jogadores do mundo não podia continuar na selecção. O Madaíl foi quase que obrigado a tentar desfazer-se do “adjunto”. Agora a FPF só quer evitar pagar-lhe a (milionária) indemnização. Mais uma. ::slight_smile:

O pior é se a notícia que saiu ontem no JN for verdade. Se for o Paulo Bento a substituir o Queiroz, não se ria se chore…

O único treinador português que eu veria com bons olhos para substituir o Queirós, já assumiu recentemente outro projecto. Falo do Fernando Santos.

Mas a ver vamos o que isto vai dar.