Nobel da Paz 2010 - Liu Xiaobo

Como não vi nenhum tópico sobre o vencedor do Nobel da paz deste ano decidi abrir eu mesmo. Se houver bloqueiem. Poderia ser mais um Nobel como tantos outros, mas só o facto de ser chinês já correu meio mundo e… muita tinta. Algumas personagens importantes no panorama europeu e mundial já se manifestaram o seu agrado quanto à nomeação, mas o que poderia ser uma simples recompensa pelo trabalho realizado ao longo da sua vida está a transformar-se numa guerra política e quiçá económica. É que o activista é… chinês num país onde a ditadura e força económica estão de mãos dadas.

A mulher de Liu, Liu Xia, declarou-se "absolutamente encantada" ao saber da atribuição do Prémio e pediu "com insistência" ao Governo chinês para libertar o seu marido.

O galardoado era um dos favoritos deste ano, tendo dedicado a sua vida a defender os direitos humanos dentro e fora do seu país. O também ex-professor de Literatura de 54 anos passou as duas últimas décadas a entrar e a sair de estabelecimentos prisionais chineses por defender e lutar por uma reforma democrática.

Hoje, o seu percurso valeu-lhe o primeiro Nobel da Paz para o seu país, com o comité a salientar que há muito que acredita que “existe uma relação próxima entre os direitos humanos e a paz”, reforçando que o próprio Alfred Nobel disse que são um pré-requisito para a “fraternidade entre nações”.

Contudo, o debate que antecedeu a escolha levou o próprio director do Instituto Nobel Norueguês a confirmar, na semana passada, que um responsável político chinês o advertiu para as consequências que uma decisão destas acarretaria em termos de diplomacia com a China. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros foi peremptório, em Setembro, ao declarar que Liu violara a lei e as suas acções eram “totalmente contrárias aos propósitos do Prémio Nobel da Paz”. E ameaçou que se o prémio avançasse que os negócios noruegueses na China ficariam em risco, com uma referência directa à gigante do petróleo e gás, a Statoil.

Apesar do alerta, o comité avançou e, em comunicado, destaca que Liu “tem sido um forte porta-voz na aplicação dos direitos humanos fundamentais também na China”, considerando-o mesmo um “símbolo” desta luta.

Outros dos oponentes à escolha foram, no entanto, mais inesperados, como vários outros activistas que lutam pelos mesmos objectivos. Numa carta que usa expressões tão fortes como “espezinhar os direitos humanos”, um grupo acusa mesmo o Liu de ter difamado outros dissidentes e de muitas vezes ser pouco severo com os líderes chineses, abandonando mesmo algumas causas.

Entre algumas nas iniciativas mais conhecidas do agora Nobel da Paz, destaca-se o manifesto que promoveu em Dezembro de 2008 e que ficou conhecido como “Carta 08” – em analogia com a “Carta 77” dos dissidentes da Checoslováquia comunista – e que foi publicada no 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem das Nações Unidas. Liu Xiaobo, após ter participado nos protestos da Praça Tiananmen, em 1989, foi já detido várias vezes. Na última detenção, um ano após a carta, foi condenado a onze anos de prisão.

O publico

Governo chinês critica atribuição do Nobel 8 de Outubro, 2010 O governo da República Popular da China já se pronunciou acerca da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo, fazendo saber que considera que a escolha do dissidente chinês «viola» a integridade do Prémio Nobel da Paz.

Hora e meia após o anúncio do prémio, a primeira reacção veio do ministério dos Negócios Estrangeiros, que fez saber que Liu Xiaobo «violou a lei da China e foi condenado à prisão por órgãos judiciais chineses», refere a AP.

O porta-voz do MNE chinês argumentou que «o prémio Nobel da Paz devia ser atribuído aos que trabalham para promover a harmonia étnica, a amizade internacional, o desarmamento e os que organizam encontros pacíficos», porque «esses eram os desejos de (Alfred) Nobel».

Em Portugal, o presidente da Liga dos Chineses, Y Ping Chow, declarou que a atribuição deste Nobel da Paz «não significa nada» por não ser «isenta». De acordo com a Lusa, o representante da comunidade chinesa portuguesa garantiu que a escolha de Liu Xiaobo tem «uma intenção política e um objectivo claro, colocar o mundo contra a China».

SOL

A notícia seguinte é muito peculiar…

Comunicado não refere situação dos direitos humanos na China Barroso aplaude Nobel mas não insiste na libertação de Liu Xiaobo
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, felicitou o dissidente chinês Liu Xiaobo pela atribuição do Nobel da Paz, vendo nela uma “mensagem forte a todos os que no mundo se batem pela liberdade e os direitos do homem”. Mas não apelou à sua libertação.

A AFP assinala que o comunicado de Barroso não faz referência à situação dos direitos humanos na China, nem ao pedido repetidamente feito pela União Europeia para a libertação de Xiaobo.

Ao contrário, o Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, reclamou a “libertação imediata e sem condições” do novo Nobel da Paz. “Temos em Xiabao um dos mais ardentes defensores dos direitos do homem que combateu pela liberdade de expressão por meios pacíficos”, refere a sua declaração

Barroso encontrou-se no início da semana com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em Bruxelas, durante a cimeira Ásia-Europa. O presidente da Comissão e o presidente da UE, Herman Van Rompuy, disseram nessa altura ter pedido “progressos” em matéria de respeito pelos direitos humanos.

Jerzy Buzek encontrou-se durante uma visita oficial à China, em Maio, com a mulher de Xiaobo, a quem exprimiu solidariedade.

O publico

E ninguem fala do 1 milhao de Euros de “Prémio” que ofere a Eleicao de Premio Nobel da Paz? :wink:

Acho que ele não quer o dinheiro para nada. Está preso, é um activista, o que lhe move são os ideais. Ao contrário do senhor Nobel de 2009, na qual acredito que tenha as melhores das intenções…

O governo chinês proibiu a passagem de imagens televisivas do momento da decisão do Nobel.

É normal… Agora o facto de terem escolhido um chinoca, na qual acredito que tenha sido pela sua obra, mas não deixa de ser curioso a alfinetada a uma potencia que ameaça à vários anos a Europa e é olhada por desdenho. Repito, o homem deve ter merecido o Nobel, mas não deixa de ser uma ironia, ou não… Vive-se tempos difíceis e qualquer assunto, por mais insignificante que seja, é usado por arremesso. Uma nova guerra fria está instaurada.

Pelo menos até este preciso momento (22h28), salvo o erro, aproveito para elogiar as palavras do PCP ao ilustre Liu Xiaobo, o galardoado com este prémio: nenhumas.