Concordo totalmente, a NBA não está a conseguir vender o produto.
Também está difícil encontrar rivalidades entre equipas já que os campeões e as finais tem sido com equipas quase sempre diferentes mas tem que se fazer muito mais para criar narrativas e tornar mais apelativas as finais e até mesmo a competição.
Enquanto a imprensa e os adeptos pensarem só nas equipas dos big markets o produto acaba por ficar menos valorizado.
Por outro lado, os play-offs em termos de arbitragem dentro dos possíveis pareceram-me justos e valoriza para mim a transparência da liga porque, por exemplo, era muito fácil ter colocado os Knicks nas finais se a questão fosse ter audiências.
Talvez seja um sinal dos tempos, mas também partilho da opinião que a NBA têm vindo a perder muito do “encanto” que tinha. Cresci e apaixonei-me pelo jogo a partir dos finais dos anos 80, inícios dos 90, onde para além das rivalidades tanto a Este como a Oeste existia competitividade e os jogos possuíam, muito a parte táctica, defensiva e ofensiva e hoje na maioria dos jogos são autênticos concursos de 3 pontos. Hoje em dia acompanho muito mais o basket praticado na Europa.
Quando a March Madness do college Basket tem sempre mais audiencias que as finals da NBA está tudo dito. Este ano vi essas equipas universitarias a jogar basket com pés e cabeça, defender e atacar como deve ser e só com alguns triplos, dava gosto de ver. Agora na NBA são chuveiros de triplos, muitos jogadores já nem sabem fazer jogadas simples para puntuar. O caso dos Celtics é gritante, basta que não entram 10% dos triplos que meterem e perdem o jogo como aconteceu por duas vezes com os Knicks. Depois vemos jogadores que não conseguem um ataque organizado e a falharam layups que é a coisa mais simples de fazer.
Como tenho escrito aqui, as audienicas da NBA estão a baixar, mas tambem tem a ver com outros meios de ver o jogo que é por stream, quer sejam oficiais ou “inacios”. Muitos jovens nunca virem um jogo inteiro e preferem ver resumos, assim nunca se vão pegar a serio com jogadores. A NBA é a liga das redes sociais e mais nada.
O problema não é os 3 pontos. A revolução dos 3 pontos popularizada pelos Warriors e pelo Steph coincide justamente com um pico enorme de popularidade da liga.
Aliás, isso é conversa de velho de Restelo. Se por um lado compreendo e concordo que ver 50 lançamentos de 3 pontos por jogo possa ser aborrecido, a verdade é que temos equipas com estilos diversificados e há muito trabalho envolvido em gerar lançamentos abertos, não estamos a ver os Rockets do Harden que esses sim lançavam 40 triplos por jogo e muitos eram bem defendidos na mesma. Não é como se o problema para resolver isto fosse meter mais tipos ineficientes a lançar midranges longos ou então mais bola no poste quando os postes não têm skills para isso.
A liga é que não promove ninguém, continua focada em estrelas velhas como o Curry, LeBron, KD e ainda está presa à lógica dos big market que não faz sentido no tempo das redes sociais.
Além de que quis-se promover a paridade e limitar-se dinastias neste novo CBA, isso apenas vai tornar mais complicado promover estrelas e rivalidades se continuar a haver 0 esforço da parte da liga.
Acho que as baixas audiências tanto na fase regular como agora se devem a que os melhores jogadores da NBA não são americanos e se calhar esse factor limita a ligação dos fans para a liga
Acho que não é a razão principal. Na MLB há muitos de Porto Rico, Rep Dominicana, Cuba, Venezuela, Mexico, Coreia do Sul e Japão. Mesmo na NHL há russos, escandinavos, checos e outros.
Se fosse assim o caso na MLB os Dodgers não teriam tantas audiencias, mas os japoneses Ohtani e Yamamoto estão a ajudar em muito na popularidade. Nos Boston Red Sox, que é a segunda equipa mais popular de Boston a seguir dos New England Patriots tem um latino que é o Rafael devers da rep Dominicana. Sim, não me enganei, os Celtics só conseguirem ser a segunda equipa mais popular de Boston só no ano passado, mas são sempre os Red Sox a segunda equipa mais popular. Outra grande estrela dos Atlanta Braves é o venezuelano Ronald Acuña Jr. Nos San Diego Padres é o dominicano Fernando Tatis Jr. Esses que escrevi são as caras das franchises e são realmente muito bons jogadores, não estão alavancadas pela comunicação social.
O problema na NBA não é a liga a criar estrelas ou caras, são as franchises que não conseguem, se conseguem ter algo de jeito a NBA só tem de cavalgar com isso. Na NBA temos vistos franchises que estão quase sempre no top 10 das picks nos drafts todos os anos e não conseguem criar uma equipa de jeito quanto mais uma cara da franchise. Eu vejo muito a ESPN que anda a alavancar artificialmente a NBA e alguns jogadores, parece que é tudo fabuloso. Esses jogadores são só bons, não são os tais que se tornam caras das franchises. Daí estarem sempre a falar nos veteranos que ainda são caras das franchises para manter o interesse do pessoal no canal. Claro que há algumas excepções como o Jokic e Doncic, freak greek e mais um par deles, mas claro não falam tanto deles porque parece que não convem. Preferem falar de alguns que são basicamente medianos, não pegue porque as pessoas não são burras e veem que andam a inventar.
Há semana, no dia seguinte a primeira vitoria dos Knicks em Boston para os playoffs, meti aqui um video de fãs dos Knicks a ver baseball no Yankee Stadium a festejar a vitoria dos Knicks vendo pelo telemovel. Eles podiam estar a ver os Knicks na TV em casa, bar ou sabe-se lá onde, mas eles queriam ver a cara dos Yankees, Aaron Judge! O estadio estava ali nos 40 mil lugares preenchidos, muitos queriam ver os Yankees sabendo que os Knicks estavam a jogar ao mesmo tempo. Espero que os Knicks conseguem um titulo da NBA em breve, eles bem merecem e vão conseguir se há boa gestão.
Este banco dos Pacers é fenomenal, estão a deixar o povo de Indiana sonhar.
Grandes Pacers!
Se ganharem o próximo…
Ainda bem que tivemos Pacers nas Finais. Provavelmente a este ponto seria uma desilusão para a cidade de Indiana, mas mesmo que percam o campeonato, no mínimo teremos uma série de 6 jogos se OKC vencer como toda a gente esperava. Sinceramente, não via nada os Knicks a dar esta luta pelo matchup (e também não sabia até que ponto achar que Indiana se ia bater bem não era wishful thinking).
mas isso é o que quem segue a liga desde os anos 80 anda a dizer há anos e anos…
estamos sempre a ser chamados de velhos do restelo mas a verdade é que os factos estão aí.
a NBA é um concurso de 3 pontos há muitos anos. além disso, não se pode defender. qualquer toque mais assertivo é técnica. ninguém pode comemorar um “in your face” porque leva técnica e por aí fora.
tiraram a pica toda à liga. transformaram-na numa liga de plástico e vivem dos resumos de 12 minutos.
ah… que ganhem os Pacers!!!
Diria que Quem ganhar o jogo 4 será campeão.
3 1 para os Pacers dará um grande boost, o 2 2 devolve a decisão a Oklahoma…
Estou por OKC, mas Indiana bem merece. Que haja jogo 7 e ganhe o melhor!
Quanto ao tiro de 3 pontos, pouco há a dizer. A partir do momento em que os jogadores começaram a habituar-se a lançar de 3, era expectável (porque 3 pts>2 pts) que aumentasse o número de tentativas de lançamento de 3.
Há alguns anos fiz as contas, e o Steph Curry numa só época tinha CONVERTIDO mais triplos do que as equipas dos Celtics e dos Lakers tinham TENTADO, JUNTAS, durante 3 ou 4 épocas.
Quanto à inexistência da defesa, aí tem o Caro Forista toda a razão.
De forma a “vender” melhor o seu produto a nível global (graças a Larry/Magic primeiro, e Jordan depois) a NBA alterou certas regras e deixou de fazer cumprir outras, de forma a que o basketball fosse o mais ofensivo possivel. Desde a proibição do “hand-check”, às faltas técnicas por qualquer tipo de defesa física.
Quem se lembrar dos Pistons nos anos 80 e dos Knicks no início dos anos 90 saberá que não estamos a falar do mesmo tipo de basketball.
Mesmo o drible no basket bastardizou-se. Antigamente, havia o “palming”, o “carrying”, o “travelling”. Agpra não se apita nada.
Quem alguma vez viu o Magic Johnson (para não ir ao Bob Cousy!) driblar a bola, mesmo que no fastbreak, saberá que eram regras completamente diferentes das actuais, em que um jogador pode fazer o que quiser com a bola em termos de drible, no que antes era obrigatoriamente assinalado como falta (com perda de posse).
Eu também sigo a NBA desde os anos 80, e agora só por saudosismo o faço. Porque esta NBA não tem absolutamente nada a ver, no que toca à forma de jogar (e defender) com o que se via na “época dourada” da NBA.
SL
Isto é tão verdade… a quantidade de passes não assinalados. Lebron, Harden entre muitos outros.
A NBA tb já não me cativa muito
Vitoria de okc.
Indiana teve um choke monumental no 4º período. Tremeram por todo o lado e foram mais eles a perder do que OKC a ganhar.
Mas está a ser uma final aborrecida e sem brilhantismo. Joga-se de forma muitíssimo individual, defende-se mal e porcamente, os árbitros tomam decisões que não se entendem, mormente em relação a flagrant fouls que na NBA são meros encostos, dando a sensação de terem uma monumental falta de tomates para assumirem o que é evidente nas imagens.
Nem Shai está a ser “A” estrela que esperava que fosse na final.
Aliás, para mim, neste momento o MVP de OKC na final é Caruso e nos Pacers é Siakam pelo que dão à equipa de um lado e do outro, no meio de alguma mediocridade.
Não é de espantar a descida de audiências. Como eu disse há umas semanas, quando em Novembro vi in loco os Knicks - Nets e os Knicks ganharam facilmente, com um jogo de fraquíssima qualidade e acabam nas Conference Finals e não ganham basicamente graças a um dos maiores chouriços da história do basquetebol… isso resume o nível da NBA hoje em dia.
https://x.com/ShamsCharania/status/1934266665035841856
Orlando com um claro aumento de qualidade, equipa jovem, e melhora uma clara falha da equipa nos lançamentos de 3 mas perde 4 picks de 1ª ronda.
Eu acho que os pontos que levantam quanto à mudança de regras são válidos, especialmente no ataque (na defesa nem tanto, tirando os moving screens), mas não podia discordar mais quando dizem que o nível agora é pior. Percebo que se prefira o jogo antigo - gostos não se discutem - mas no juízo de valor já discordo mesmo.
Para mim esta é a melhor era de sempre no que diz respeito tanto ao nível de talento geral (não necessariamente dos melhores jogadores, atenção), e ao nível da complexidade esquemática das equipas, tanto ofensiva como defensivamente.
Por exemplo, muita gente não percebe como é que esta equipa de Indiana é tão boa, mas é exactamente porque têm 8 ou 9 jogadores que são capazes de lançar, driblar, passar e entender o jogo a uma baseline boa. Isso é raro mesmo hoje, mas indo para trás seria mesmo completamente impensável. Isso, por sua vez, tornava o jogo bem menos exigente a nível defensivo em termos esquemáticos. Há a percepção de que hoje não se defende, mas eu diria mais que é simplesmente muito mais complexo defender hoje do que era lá para trás.
Se quiserem perder um tempinho, recomendo 2 vídeos muito bons a esse respeito. O 1o sobre a temática da defesa, que saiu agora:
E o segundo é uma análise a 1 jogo por década desde os anos 60, com uma discussão mais macro sobre as tendências de cada uma delas e mudanças entre elas:
Não percebo muito de basquetebol mas do que vejo concordo com o que dizes.
Hoje em dia há jogadores com 2,05 a entrarem para o cesto com uma facilidade… e ainda lançam de 3…
São autenticos postes mas com características de bases ou extremos.
A equipa de Indiana tem lá vários: Toppin, Turner, Siakam…
Post interessante.
Alguns comentários:
1- Quanto à “defesa”.
Dir-se-á que quanto melhor a defesa, mais difícil será o oponente marcar, correcto?
Mas, se é esse o caso, porque é que nas últimas três épocas temos visto os melhores números DE SEMPRE de eFG% e TS%?
Vou dar um exemplo: no apogeu do Showtime Lakers, em que comemos de cebolada os malditos Cetics (1984-1985), a média na liga era de .495eFG% e de .543TS%. Numa altura em que se dizia que as equipes não defendiam, que era só correr e atirar, etc.
Última época: .543eFG% e .576TS%.
Ah, e enquanto que em 1984-1985 a média de triplos tentados por jogo andava pelos 3, na última época rondou os 37pg.
Em 1984-1985 as equipas concretizavam 1 triplo por jogo. Época passada, 13.
É possível agora defender-se melhor, quando as percentagens de tiro são muito superiores, considerando ainda que o tiro mais difícil no jogo (o triplo) é muitissimo mais procurado?
2- Como escrevi num post acima, isto tem a ver com a revolução que o triplo trouxe à NBA. 3pts>2 pts. Nem sequer estamos a falar do mid-range shot (2 pts), que agora se considera um desperdício.
Havendo boa movimentação de bola no ataque, encontrarás colegas de equipe na linha dos 3 pontos, com má marcação. Ou, se os jogadores do perímetro estão a ser bem defendidos, tens o 1-on-1 para o cesto (onde não podes ser tocado).
3- O Caro Forista falou dos Indiana Pacers, que têm “8 ou 9 jogadores que são capazes de lançar, driblar, passar e entender o jogo a uma baseline boa”.
E concordo.
Mas isso não é propriamente novidade.
Várias equipes ao longo da história prevaleceram (nem todas foram campeãs - como os Pacers não vão ser) pela força do colectivo, e não pela sua “superstar”.
Desde logo, os Bad Boys Pistons. Os Spurs de Tim Duncan. Os Heat de Jimmy Butler/Adebayo. Os Nets de Jason Kidd. E, imagino eu, muitos outros.
4- Fora as novas tácticas na NBA (com ênfase no decréscimo da possibilidade de defesa física e do tiro de três), não estamos, a nível individual, a ver algo que não tenhamos visto antes: O Giannis é uma besta. Barkley e Karl Malone. Luka e Jokic são magníficos. Larry Bird com menos e mais centímetros, respectivamente. Etc, etc.
SL