“Não foi por Alcochete que…”
… que Bruno de Carvalho foi destituído e expulso.
Este é o novo spin comunicacional, desde que o Ministério Público pediu a absolvição de Bruno Carvalho no processo da invasão à Academia. Spin que ganhou maior dimensão após a sentença do tribunal de 28/05
Algum enquadramento relativamente ao que foi uma guerra institucional, em que uma das partes, por “vencedora”, fez da justiça do clube arma de instrumentalização política, com a validação da maioria dos sócios ( e quanto à vontade dos mesmos, já lá irei )
Não sou jurista e apesar das diversas vezes que me debrucei sobre os estatutos do clube, dando-lhes uma atenção que nunca pensei dar mas que não é supresa para o comum sportinguista que além de treinador de bancada, se vê a braços com discussões cerradas sobre estatutos e finanças, não me arrogo de os conhecer de fio a pavio. Nem tenho essa pretensão e sequer paciência. Peço desculpa.
Mas há questões que me parecem ser de entendimento demasiado básico para serem passadas em claro, quando o têm sido, unicamente para cumprir determinadas narrativas e agendas pessoais.
Na leitura dos estatutos, por mais que uma vez vemos referências a conceitos como solidariedade, lealdade, isenção, imparcialidade, transparência e verdade. Além das regras formais de relacionaciomento da instituição com os sócios, dos diferentes órgãos e formalismos a cumprir, os direitos e deveres desses órgãos e dos sócios, etc…
Todos nos lembramos do post Madrid de Bruno de Carvalho, da resposta dos jogadores, da resposta à resposta e das incidências do jogo seguinte, com o Paços de Ferreira, onde houve alguns assobios ao presidente da altura.
Após esse jogo, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, um mês e meio depois da relegitimação da direcção numa AG com quase 6.000 sócios, com 90% de aprovação, pede a demissão do Conselho Directivo.
Em 16 de Maio, no dia após o infame ataque a Alcochete, o CD informa em comunicado:
7- Como sempre afirmámos, o Clube é dos Sócios e estes devem, em momentos relevantes, ser sempre ouvidos. Neste sentido, enviámos hoje ao Senhor Presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Sporting Clube de Portugal, um pedido de Assembleia Geral Extraordinária a ser marcada o mais breve possível, para analisar a situação actual do Clube, auscultar os Sócios e dar todas as explicações que estes entendam necessárias.
AG que a MAG se escusou a convocar, obrigando a direcção a realizar informais sessões de esclarecimento em 3 pontos diferentes do país.
A 17 de Maio, Marta Soares “explica a sua demissão”. Todos nos lembramos de, em directo e em vários canais de televisão, da sua “explicação”. Todos nos lembramos de como voltou para trás, “porque não enviou carta para o CFeD”, órgão também demissionário e que nunca mais ninguém o viu ( já agora, pesquisem os estatutos - à data - e vejam as suas orientações para casos em que haja a demissão em bloco da MAG e do CFeD. Não existem. São omissos.
A 28 de Maio:
Um presidente demissionário, mas em funções, que não se circunscreveu à “gestão corrente”, pois a AG foi convocada sem pedido dos sócios e sim por prerrogativa da sua posição.
Em 31 de Maio, é nomeada a Comissão de Fiscalização, cujos membros tinham posições claramente anti Bruno de Carvalho e a que este chamou de pelotão de fuzilamento.
Um pequeno resumo do que escrevi até aqui: um PAMG que incumpriu com os seus deveres de solidariedade e lealdade ao pedir a demissão de um dos órgãos, com aprovação massiva um mês e meio antes, um PMAG que formalmente incumpriu com o pedido de AGE solicitada pelo CD no dia 16 de Maio, um PMAG que convoca uma AG de destituição com base em Alcochete e sem pedido dos sócios ( formal e validado ), um PMAG que incumpre com os deveres de isenção e imparcialidade ao nomear uma Comissão de Fiscalização com clara agenda pessoal.
Ora é após esta data e os factos referidos, que o Conselho Directivo toma decisões que motivam agora o tal spin ( mas já com uma AG de destituição convocada ).
Em 1 de Junho:
Que convoca a AG de aprovação de orçamento ( obrigatória e outra que a MAG recusou a convocar ) para dia 17 desse mês e as eleições para os órgãos demissionários para 21 de Julho.
Portanto a “usurpação de poderes” deu-se num contexto não só de órgãos demissionários mas sim de incumprimento desses órgãos com as suas funções violando estatutos e, quer queiram quer não, convocando AGs onde os sócios seriam ouvidos.
Volto a sublinhar: AG de destituição foi convocada antes de qualquer acção do CD e após o incumprimento reiterado dos estatutos e das suas funções, por parte da MAG.
Foi convocada porque? Alcochete. Ponto.
Vamos agora às AGs de suspensão e expulsão. Uma pelos processos disciplinares abertos por um órgão não eleito e com clara agenda política, outra pelo actual CFeD, por “factos” ocorridos no Verão 2018.
AG de suspensão:
Cuja convocatória:
No dia 4 de Dezembro.
Bruno de Carvalho detido 2 semanas antes.
AG de expulsão:
1ª semana de Julho 2019
Em pleno arranque da fase de instrução do processo de Alcochete.
Coincidências?
Óbvio que não. Chega de fazer dos sportinguistas parvos. Alcochete, o linchamento mediático, e o assassinato de carácter, foram a pedra de toque da destituição e expulsão, onde os visados não tiveram a oportunidade de serem cabalmente ouvidos, em processos anti democráticos e imorais, após a manipulação das massas com suporte em boa parte da Comunicação Social e de alguns “pontas de lança” dos rivais e de alguns “notáveis” do Sporting que sempre viram Bruno de Carvalho como uma afronta aquilo que eles chamam de “seus valores”.
Considero totalmente abjecto este spin de alguns, à laia do cumprimento dos estatutos, cumprimento que eles desconsideram quando não serve os seus intentos.
Já agora, uma nota e a razão da imagem do principio do texto.
Não finjam que o processo desonesto que nos levou até este ponto, não aconteceu, mesmo que para o mesmo não tenham contribuído.