O filme retrata a história de uma personagem “oportuna” que acaba com tudo nas mãos. Nas primeiras cenas, ele surge-nos, qual homem das cavernas, com uma barba farta, à procura de ouro e prata numa mina em pleno deserto nos finais do séc. XIX. O acaso leva-o, posteriormente, à descoberta do “sangue da terra”, que em breve se tornará para si tão essencial quanto o sangue que lhe corre nas veias. A partir daí, e na companhia do seu filho H. W, apresenta-se como um oil man [homem do petróleo], e assim se define a sua personagem. Daniel, a certa altura, deixa-se seduzir completamente por esse demoníaco ouro negro, tornando-se na razão da sua existência, retirando-lhe, gradualmente, todas as réstias de humanidade.
Perguntarão vocês, o que é que isto tem a ver com o Sporting? Mais do que se imagina à partida! Recorrendo a uma pequena comparação [Daniel Plainview, Paulo Bento] facilmente chegamos à conclusão que ambos não eram “nada” e passaram a ser “tudo”. Passaram a ter de lidar com as pressões do dia-a-dia [treinador], passaram a ter de lidar com todo um grupo de trabalho ao seu dispor [jogadores], passaram a ter de lidar com determinadas exigências [títulos] e sobretudo, passaram a ser o rosto de uma grande identidade nacional [Sporting]. Nem todos conseguem de “um dia para o outro” arcar com tamanhas responsabilidades mas lá no fundo [época 2008/2009] todos sabemos que poderá existir algum “sangue derramado”. Posto isto, é unânime no universo leonino que este é o ano do “tudo ou nada”.
É verdade que com ele [Paulo Bento] voltámos às “conquistas” [2 Supertaças, 2 Taças de Portugal] mas se nos anos anteriores ainda poderia existir alguma margem de manobra, no que concerne a “desculpas”, este ano esse mal terminou. O Sporting investiu muito bem no mercado de transferências [Rochemback, Caneira, Grimi, Izmailov, Postiga] e assume-se como “principal” candidato ao título. É um facto. Eu sei que ainda é cedo para se fazerem abordagens [no risco de se virem a revelar precipitadas] mas este principio de campeonato está repleto de questões, às quais, provavelmente, nenhum de nós terá “resposta”. Algumas delas costumam ser apelidadas de “boas dores de cabeça” embora me convença de que benéfico têm muito pouco. Outras já são + complicadas e que quando feitas costumam gerar total discrepância. Porquê o mau futebol? Quem deve jogar à direita? E na esquerda? Temos jogadores à sombra da bananeira? Quem é que tem lugar no meio campo? Porque é que não exercemos um pressing alto? Quais as razões para a linha defensiva estar tão recuada? A charutada para a frente é o nosso futebol? Quem vão ser os avançados?
[Problemas, Questões, Resultados]
Certo dia, Einstein disse “Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes.” e este tem sido um dos problemas do Sporting de Bento. Quantas vezes já questionámos a “casmurrice” e “teimosia” deste treinador? A frequência assustadora e repetitiva com que assistimos à mesma falta de vontade, à mesma ausência de futebol, à mesma incapacidade táctica e aos mesmos discursos transformam este Sporting, numa equipa demasiado previsível e ao alcance de qualquer “estrutura” minimamente responsável. Vejo-me forçado a começar pelo futebol [que é isso?] que tem sido praticado. É verdade que vencemos ao Braga [1-0], ao Belenenses [2-0] e ao Basileia [2-0] mas em nenhum destes jogos praticámos futebol, digno desse nome. Eu sei que o que interessa são as vitórias mas para mim essa coisa da “bola” tem muita importância, quanto + não seja para evitar dissabores [barcelona, benfica]. E com isto, utilizo a célebre frase de Ralph W. Sockman “Cuidado para que as vitórias não carregem a semente de futuras derrotas.”
Parece-me que existem 2 erros decisivos [vamos abstrair-nos de quem joga onde e como, por uns momentos] que comprometem o futebol em Alvalade. O recuo excessivo da primeira linha defensiva, quase que “grita” por ajuda e “obriga” os médios a recuarem no terreno para providenciarem linhas de passe deixando completamente sozinhos 2 “emplastros” lá na frente [PL] e isso remete-nos ao outro problema. Afastamento entre os sectores. A distância do meio campo para o ataque é uma coisa absurda e condiciona toda uma pressão alta que devia ser exercida rapidamente. Basicamente, é um “free ticket” para atacar que nos retira toda e qualquer possibilidade de originar o proclamado “contra-pé” e que faz da “charutada” uma filosofia de jogo. Como se pode reparar, tudo isto acaba por estar “conectado” e são [para mim] a origem dos nossos problemas em campo. Há quem goste de vir buscar orçamentos, balneários e afins para justificar algo tão simples quanto isto.
Agora, seria realmente imprudente da minha parte abordar os “problemas” sem apontar o dedo à outra vertente [jogadores]. E, como em tudo na vida, existem “métodos ideais” para triunfar. Não vou arriscar aqui um “11” porque estaríamos a entrar num campo demasiado subjectivo para o meu gosto e que está dependente de inúmeros factores [forma, disponibilidade, condição física, empenho, lesões] mas devo e posso dar a minha “posta”. Começo pela esquerda [DE] que deverá ser entregue a Grimi [jogos + defensivos] e a Caneira [jogos + ofensivos]. Ambos garantem tranquilidade e consistência aquele flanco, embora nenhum deles tenha como “atacar” uma qualidade [Ronny e Veloso não contam]. No centro da defesa, apenas existe uma solução e nem me venham com + nenhuma [Polga, Tonel] e na direita [DD] talvez Caneira esteja perto de ganhar vantagem. Eu gosto muito do Abel mas sem “protecção” [Rochemback] permite demasiado espaço ao adversário.
No meio campo é onde residem as dúvidas + importantes e que não podem ser respondidas com clareza [tenham isso em conta]. Cada jogo tem uma história, e cada história tem as suas personagens. Existem jogadores “talhados” para determinado tipo de jogos e outros que nem por isso. A falta de vontade e alguma displicência pode custar-nos 1 fabuloso jogador [Rochemback] embora aquela posição não seja de facto, a dele. Neste sistema [losango] ele não se sente “em casa” até porque colocá-lo a trinco seria ainda + penoso do que o ver a arrastar-se pela lateral e daria, certamente, ainda + problemas ao Sporting. Veloso, Moutinho, Izmailov e Romagnoli parecem a solução ideal mas quem tem + 2 destes [Vukcevik, Rochemback] não pode colocar as mãos no fogo por ninguém. A dupla de ataque será provavelmente a posição que estará + dependente do momento de forma de cada um, existindo 3 jogadores [Yannick, Derlei, Postiga] para apenas uma vaga (!!).
Estas são as bases deste ano, aqui estão os nossos problemas e é com isto que vamos atacar o título. Se no final “vai haver sangue” não sei, mas é para isso que os problemas existem: para serem resolvidos! :arrow:
[Edit] - Já tinha este artigo na “ponta da lingua” há muito tempo mas quis aproveitar uma vitória para não me acusarem de “bater no ceguinho” e afirmarem que “tenho de me curar”. Fiz o que pude. :arrow: