Mesquita Machado fez um apelo para que a sua renúncia à presidência da Mesa da Assembleia Geral da Federação “sirva
para uma reflexão profunda no futebol português” e para “que deixe de haver estas autênticas poucas-vergonhas” na arbitragem.
O presidente demissionário da Assembleia Geral (AG) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) voltou a criticar duramente as arbitragens dos jogos do Sporting de Braga com Benfica e FC Porto e frisou “não pactuar com estas situações”.
“Espero que esta minha atitude sirva para uma reflexão profunda no futebol português e para que deixe de haver estas autênticas poucas-vergonhas, em que há sempre os mesmos beneficiados e os mesmos prejudicados”, adiantou.
Mesquita Machado, que falava durante uma conferência de imprensa realizada no Estádio Municipal de Braga, onde marcaram presença dirigentes do clube arsenalista e da Associação de Futebol de Braga, considerou ainda que o Sporting de Braga “é o alvo a abater” por causa da luta mais apertada este ano para o acesso à Liga dos Campeões.
“Acho que não deixa dúvidas a ninguém. O Braga pratica um excelente futebol dentro das quatro linhas e, não porque a bola bateu no poste, mas porque o homem do apito não deixou, está numa posição na tabela classificativa que não reflecte a verdade desportiva”, disse.
O também presidente da Câmara Municipal de Braga acrescentou que “se não fossem [os pontos] que lhe foram espoliados, o Braga liderava” o campeonato, considerando, por isso, a prova “uma falsidade”.
Mesquita Machado voltou a pedir a demissão do presidente da Comissão de Arbitragem (CA), Vítor Pereira. O autarca frisou que as últimas declarações do responsável da arbitragem, que afirmou que “quem não gosta não vá aos estádios”, constituíram “as gotas de água” para dizer “basta”.
“É tempo desse senhor deixar de dirigir a arbitragem portuguesa”, adiantou Mesquita Machado, considerando as afirmações de Vítor Pereira uma “afronta aos espectadores”.
Em relação à sua renúncia, referiu: “Não tenho condições para continuar como presidente da AG da FPF, sob pena de estar a pactuar com esta situação. É com pena e tristeza, mas consciente que este gesto possa acabar com a pouca vergonha”.
Quanto às “verdades” que prometeu revelar, disse já ter dito “muitas” e voltou a frisar ter tido “conhecimento de que teria havido influências externas para que o árbitro fosse alterado” no jogo com o Benfica. Prometeu dizer “nomes quando for aberto um inquérito pela Procuradoria-Geral da República”, para “não prejudicar essa investigação”.
Para o presidente da Liga de clubes, Hermínio Loureiro, também sobraram algumas alfinetadas: “Também tem responsabilidades, é o presidente da Liga. Respeito o seu silêncio, mas eu, no lugar dele, tomaria as medidas necessárias para colocar termo a este tipo de situações”.
Mesquita Machado referiu que o hiato de duas semanas para decidir pela renúncia - entre as primeiras críticas depois do jogo com o Benfica, na Luz, e o jogo de sábado, com o FC Porto - deveu-se porque esperou que fossem tomadas medidas, mas, acrescentou, verificou no jogo seguinte “que
a pouca vergonha prosseguiu”.
In Record
A Montanha pariu um Rato, Mesquita Machado prometeu mas não cumpriu.
Ficamos de novo sem saber nomes, factos nem verdades.