Já cheira mal esta já mais que gasta postura de «somos uns desgraçadinhos» ou «não temos dinheiro para grandes loucuras», já começa a enervar o mais pacato dos santos (sportinguista, bem visto).
Enerva, não porque tenhamos nós «meros» sócios ou simpatizantes (esse bando de «chatarrões» que de acordo com alguns conceituados dirigentes leoninos, está a mais na estrutura do clube) o capricho de pedir o que é incomportável ou de exigir o que é inexigível, mas sim pelo simples facto de olharmos todos para o lado e para cima e ficarmos assim como que… incrédulos. Dois dos principais avançados do futebol cá do burgo (Marcel e Adriano) escapam-nos por entre os dedos. O primeiro, ao que consta, vai para os merdosos e creio nunca ter sido sequer sondado por ninguém do Sporting; o segundo foi hipótese, mas ao que tudo indica, está a caminho do Porto. Nem sequer está em causa a valia de qualquer um desses avançados – até poderiam ser autênticos flops no Sporting - mas tão somente a inépcia de quem dirige o meu clube, verdadeiras andorinhas de fatinho engomado e sapatinhos envernizados, incapazes de se movimentarem nos meandros do mundo das transferências. Já lá vai o tempo em que jogadores dados como certos nos merdosos ou no Porto, vinham parar a Alvalade.
Só existem 2 formas de contratar bons jogadores: ou há dinheiro e se contratam os que têm nome no mercado, ou não há dinheiro e terá de haver ao serviço do clube gente competente e capaz que conheça os principais campeonatos por esse mundo fora, de modo a poder descobrir verdadeiras «pérolas» escondidas, muitas delas ainda em idade de mamar, mas que demonstrem qualidades inatas para a prática do futebol. Infelizmente, no Sporting, não existe nem uma coisa, nem outra e parece estar tudo há espera do milagre do nascimento de Quaresmas e Ronaldos todos os anos, não para brilharem nos relvados, obviamente, mas para… serem vendidos. Não me venham cá com a «treta» de que os jogadores brasileiros, argentinos, africanos, da Europa de leste, etc., que jogam em alguns dos campeonatos de menor expressão por essa Europa fora e não só e que depois são contratados pelos Reais, Juventus, Milões, Barças a peso de ouro, é tudo jogadores incomportáveis para a nossa bolsa; se estiverem atentos, constatarão que a esmagadora maioria deles, nem sequer 3 milhões de euros custaram aos clubes que os contrataram…
Voltando à questão inicial, já não há «pachorra» para aturar este constante derrotismo, esta permanente resignação. Já estou pelos cabelos com frases como «Não andamos a nadar em dinheiro» ou «Não sei onde eles vão arranjar o dinheiro para aquelas contratações», quando o que é facto é que os nossos rivais arranjam sempre dinheiro para tudo e mais alguma coisa, venha lá ele de onde vem. O Sporting é um clube que luta pelo título de campeão nacional de futebol (pelo menos, eu ainda quero acreditar que assim é) a par de mais 2 ou 3 clubes, mas deixou de ser o 2º clube em Portugal para passar a ser o 3º. Não podemos estar invariavelmente a seguir a via da «calimerização», da desigualdade de oportunidades, da teoria da conspiração, sob pena de continuarmos a «ver passar a Banda» e de qualquer dia passarmos de 3ºs para 5ºs ou 6ºs. Há que defender a todo o custo e com unhas e dentes os interesses do Sporting. Se os outros investem em situações financeiras semelhantes ou piores que a nossa, nós também o podemos fazer, senão, que se investigue e desmascare aquilo que poderá configurar um caso de concorrência desleal. Que se descubra de onde vem o dinheiro dos nossos rivais e que se denunciem essas situações fraudulentas; o que não podemos é continuar a curtir o nosso triste fado e malfadada sina, entregando ano após ano «o ouro ao bandido». Os anos passam, as épocas também e cada vez nos afundamos mais.
Os maus dirigentes não são apenas saloios e boçais que partem os vidros dos carros com garrafas de água mineral; esses para mim até são os menos perigosos porque mostram o que são e não escondem nada a ninguém. Os que me preocupam, são os cultos, de fatinho e gravata e que nos cantam a «canção do bandido» do projecto salvador, qual canto da sereia que nos embala de forma inapelável. Há algum tempo, quando aqui disse que não compreendia o que movia um homem como Roquette que não gosta nem nunca gostou de futebol, a proceder a tão drásticas mudanças no seio de um clube que vive de e para o desporto-rei, chegando mesmo a avançar a explicação de que havia interesses económico-financeiros por detrás do famoso projecto, ia caindo o Carmo e a Trindade. Mais tarde, quando voltei a chamar a atenção de todos os participantes para o por(maior) do apoio de José Roquette a Dias da Cunha, referindo que se fosse o projecto (o genuíno projecto) que estivesse em causa, a direcção de Dias da Cunha, de tão desastrosa que foi, jamais poderia receber os encómios de Roquette, havendo logo aí algo que não batia certo, parece que ninguém percebeu. Hoje, não tenho pudor algum em dizer que Roquette está muito longe de ser o «salvador da Pátria» como muitos o consideram e nem sequer os 2 campeonatos ganhos quando geria os destinos do clube servem de defesa ou atenuante; todos sabemos que esses 2 campeonatos se devem ao inconformismo de Luís Duque. Aliás, foi o próprio Roquette que confidenciou que esses 2 campeonatos, nem sequer estavam previstos no projecto, será que alguém se lembra disso?.. O que estava previsto, era sermos auto-suficientes em matéria de formação, atingirmos o passivo «0» no início do século, não sermos dependentes dos (in)êxitos do futebol, ganharmos 3 campeonatos em cada 5 épocas, etc., ou seja, tudo aquilo que ainda estamos à espera que aconteça.
Entretanto, novos dirigentes, precisam-se. Gente com sangue e ideias novas. Gente que não nos surpreenda com frases como «Não sei onde eles vão arranjar dinheiro para contratações» ou pior ainda: «Não entendo porque é que se dá tanta importância ao futebol neste clube». Como devem calcular, é frustrante tentar ensinar equações diferenciais a quem ainda anda a tentar perceber porque é que 2 mais 2 é igual a 4.
Este foi apenas um desabafo que pode muito bem durar até às próximas eleições porque como já havia referido, este não é o meu Sporting; o meu Sporting recomeçará a partir daí, espero eu… :!:
