A percepção do ser fácil vem do grupo de miudos partilhada em ambiente familiar. Não tenho pretensão, nem quero julgar essa mesma percepção. eles têm direito a tê-la.
Se não queimas etapas com este perfil de atleta que, em tenra idade, é diferenciado (técnica e fisicamente) e se não lhes dás “dificuldades” para que possam evoluir táticamente, coletivamente, mentalidade competitiva (não digo trabalho porque estes miudos trabalham muito) e se nessa altura não lhes pões à frente as oportunidades necessárias para os manteres motivados, há o risco de “desmotivarem”/desligarem e até desaparecerem. E podemos fazer as considerações que quisermos sobre este processo, etc etc a minha intensão com o comentário não é fazer juizo de valores.
Foquemo-nos no mais recente exemplo de sucesso, o Quenda. É um miudo que de tenra idade é diferenciado técnica e fisicamente, melhor que os colegas de treino “todos” os dias, mais forte que o adversário que apanha pela frente “todos” os jogos (e ser melhor nem sempre significa ter sempre sucesso, marcar 100 golos ou fazer 100 fintas, mas é a percepção de que o próprio atleta tem em termos de superioridade sobre o outro atleta que apanha pela frente, seja no treino ou nos jogos [para o propósito do comentário não façamos julgamentos de valores sobre a percepção que um puto de 14 ou 16 anos tem]). Em termos individuais tivemos de queimar etapas para que o Quenda fosse sujeito a mais dificuldades individuais, para que que trabalhasse também as questões coletivas, táticas, resiliência, mentais etc Depois de tudo isto tivemos de lhe dar as oportunidades certas. O Quenda passou por um caminho quase perfeito (mérito dele) mas a gestão individual dos aspetos tecnicos, táticos, coletivos, mentais e das expectativas pessoais do jogador em relação à sua carreia alinharam-me de uma forma quase pefeita e é por isso que ele hoje joga regularmente nos A.
Eu percebo que queiramos sempre pôr as nossas equipas à frente de qualquer processo individual de desenvolvimento, e também não julgo isso. Mas acho que naquela geração em específico, gerir tamanha quantidade de atletas diferenciados num só balneário não era fácil nem bom para eles, nem para a geração. Por isso é que dois seguiram o seu caminho individualmente, já nesse ano.
Nós podemos entrar pelo caminho de comentar qual é o perfil mental de jogador que serve para o Sporting e qual o que queremos nas nossas equipas, nada de errado com isso. E uma coisa não implica a outra. Só acho que temos a melhor matéria prima e temos de maximizar essa matéria prima que temos na formação para o objetivo final. Não nos adianta ter a melhor matéria prima se no final do percurso ela é utilizada noutros campeonatos pela Europa fora.
Nota final:
Não falo de 2009, mas aquela geração de 2008 (22/23) era, na minha opinião, a mais forte de Portugal em termos individuais, de longe. Mas concordo em discordar contigo, e não tem mal nenhum
Outra nota:
Eu não disse que o Julio vai ou não ser uma bomba, o que digo é que se não for bem gerido, não terá essa oportunidade. Ele e outros.